domingo, setembro 10, 2006

Minha barca

Minha barca, seguindo essas correntes,
Que levam os naufrágios ao meu peito;
Que fazem do que fora, contrafeito,
E do nunca, talvez, impertinentes...

Barca, náufrago, afagos e serpentes...
Mares, marés, luares... Meu defeito
Maior, sentir teu bafo arfando. O jeito
É vagar, por quaisquer tais penitentes...

Vastos mastros, as altas ondas, ritos...
Ledos medos, segredos, odes, mitos...
Minha barca navega sem ter termo...

Meus destinos, meu mundo vai, na barca...
Quem me dera fugir, mas cruel Parca,
A minha barca, a vida, tudo é ermo...