sexta-feira, novembro 03, 2006

Fotografia

Metas repletas são cometas
Não cometas os erros que prometo.
Completo meus desejos de poeta
Com certas não concertas nem completas.
Disfarças...
As garças, as graças e as farsas...
Me dano, medonho e sem pano,
Meu plano maior é teu engano...
Acordei tarde, a noite tinha sido terrivelmente difícil. O retrato na parede me persegue como se fosse um cão policial.
Um doberman...
Bem sei que nunca mais terei o prazer de ver teu rosto.
Composto por pedaços dilacerados dos meus sonhos e dos meus amores. Antigos amores...
Nada mais restará nem vaso nem flores, rancores...
Retrato na parede... Composição informe e desinformadora.
Formatei todos os meus delírios em uma única fotografia.
Noites a fio, trabalho fiel de fiadeira...
Fio a fio, talhe a talhe. Uma escultura estranha e temerária...
Bebi tuas gotas e transformei em uma chuva; a bem dizer, em chuvisco...
A infiltração te levou e desmanchou a fantasia.
Do retrato na parede me sobrou somente a sombra.
Sombra de quem se foi e nunca existiu.
Misto de amor e de desejo, desbaratados os meus pesadelos e esperanças, bato a porta e vou, peito aberto, à espera do novo dia...