MINHA GENTE, NADA FALO
Minha gente nada falo
Sobre o que pensa a saudade
Sobre esse tempo mais triste
De vagar pela cidade
Procurando descrever
O que nada mais diria
Se conseguirei viver
Longe dessa fantasia
Que me traz até você
Dona dessa poesia.
Quero esperança do beijo
Nesse afã dessa saudade
Transgredir todo desejo
Vagando pela cidade
Que poderia buscar
Nesse seu corpo meu par
Na vida dessa viola
Nessa dor que desconsola
Que me faz tão sofredor
Eu busco pela alegria
Nunca rimar mais com dor
Quieto sobre a nostalgia
Que amassa a massa da dor
Cavalgando em serventia
Nos sertões do meu amor
Nas costas do meu cavalo
Batendo no sangrador
Curando todos agravos
Nos cravos cortes que calo
Nas asas do voador.
Meu sangue bate feroz
Tenta vida e tanta paz
De nada mais ser capaz
Senão ouvir minha voz
A voz do peito sangrado
Desse amor desesperado
Que nunca mais esqueci
Desse canto mais calado
Que trago hoje para ti
Pela fresta da janela
Aberto o peito, por ela,
No medo do cantador.
Sabes de tanta magia
Tantas quantas que podia
A majestade do dia
Trazer nessa poesia
Que acalma e não mais machuca
Que trava e nunca complica
Colocando na cumbuca
Com suas luvas de pelica.
Necessito teu perdão
Abrindo meu coração
Tendo medo desse amor.
Quero o céu, tua boca.
Quero estrelas nesse céu
Quero te fazer mais louca
Descobrindo no teu véu
O final de tanta luta
Sem uso da força bruta
Numa opção mais divina
Ser a lua cristalina
Que salta e mais me ilumina
Nesse céu abrasador.
Quero a esperança de óculos
Quero o desejo dos loucos
Quero não ter mais as máculas
Nem os teus segredos poucos
Quero o gosto mais vadio
O cheiro desse teu cio
No vazio peito agreste
Quero esse amor inconteste
Que me incitas, pois parece,
Que nosso mundo padece
Desse sonho encantador.
Quero ser o teu menino
Ser teu louco desatino
O mais triste e o mais feliz
Quero te ter meretriz
E sendo essa minha atriz
Me atirar ir sem destino
Caçando ao léu sem espanto
O manto alvo, belo branco,
O canto do teu desejo
Nesse mais agudo beijo
Nessa angústia desse amor.
Quero ter-te tão sincera
Do dom dessa vida, austera.
Numa proposta sem nexo
De percorrer nosso sexo
Com a fúria de animal
Com ânsias de ser voraz
Capaz, traduzir na paz,
O que da terra é o sal.
O mais de tudo, o eterno
Vestido com o mesmo terno
Que na noite primitiva
No meio desses convida
Pois que seja mais ativa
O que sempre fora vida
Da doce vida o condor.
Das trufas mais ansiadas,
As delicias saciadas
Com esse ar de protetor
Com o andar navegador
Com as sendas mais floridas
De todas as que, das vidas,
Foram todas subvertidas
Em nome das mais sagradas
Das plagas mais ansiadas
Das noites iluminadas
Das doces noites de amor.
Quero tua vida minha
Quero ter tão pobrezinha
A luz de teus olhos tontos
Quero ganhar esses pontos
Mesmo não ser vencedor
Quero ter o teu amor
Puro e pra sempre sincero
Não quero ser vencedor,
Ser simplesmente vencido
Quero em ti, o que mais quero,
É poder estar perdido
Ao ouvir o seu pedido
Nem Sempre compreendido
Desse amor sem ser vencido
Sem ter nenhum vencedor
A não ser o nosso amor
Amor de tantas saudades
De tantas felicidades
E de luzes envolvidas
Pelas nossas próprias vidas
Sempre achadas, e cumpridas,
Sangue e suor, divididas,
Entre o antes e o depois
Antes de voar nos sonhos
No rocio dessas lágrimas
Que sempre compartilhadas
São as nossas mãos. Algemas
Da vida, das mesmas gemas,
De todos os nossos temas
Os mais felizes comuns
Onde fomos nós e uns
Nesse caminho tão uno
O mesmo gosto do sumo
Da mesma doce maçã.
Num único hoje, manhã
Comum da febre terçã
E que nunca se adivinha
A não ser o que mais vinha
Do gosto do nosso amor!
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