Eu também tenho um "pé na cozinha"...
Certo dia, naquele pequeno reino beira mar, havia um homem muito sábio.
Vivendo sempre perto do riacho que atravessava todo o território do minúsculo reinado, sem nunca ter saído dali, conhecia a vida de todos os moradores.
A resposta a cada pergunta feita vinha pelo vento, trazida pelas águas ou no canto dos passarinhos.
E sempre havia uma notícia nova, a toda hora, transitando pelas ondas que captava, no seu silêncio e na sua mansidão.
Como já estava ali há mais de oitenta verões, conhecera todos os reis e súditos, a todos, desde o nascimento até a morte.
O rei atual era filho da lavadeira, pobre lavadeira que vivera limpando as manchas das roupas dos ricos. Da mesma forma que seu filho queria, a todo custo, limpar as manchas deixadas no reino pelos antigos soberanos.
Esses eram todos pertencentes a nobreza do local, filhos dos barões e dos condes, príncipes e princesas que , como a maioria dos reis, viviam do trabalho dos súditos.
Houvera um rei poliglota, famoso por ter aprendido vários idiomas, menos o dialeto usado pelos súditos.
Isso não era novidade, já que os reis anteriores também não sabiam falar aquela língua pobre, bem diferente do idioma oficial do reino.
Termos como liberdade, fraternidade, solidariedade, tinham sido extirpados do idioma real, por alguns reis antigos que por lá apareceram, principalmente Ernesto I e Emílio I, acusados de terem mandado matar e desaparecer com alguns rebeldes.
Após a intervenção de alguns nobres idealistas, como um tal de Odisseu. Aristocratas, sabedores de seu poder escravizador e contando com a ignorância mantida estrategicamente, dos súditos, finalmente aceitaram fazer eleições.
No começo tudo deu certo, os súditos fragilizados e famintos, mantiveram os aristocratas no poder, como era de se esperar...
Um representante dos súditos, o filho da lavadeira citado acima, tentara, sob o escárnio dos aristocratas, várias vezes chegar ao reinado.
Um dia, por descuido dos aristocratas, ou quem sabe pela falta de qualidade dos candidatos destes, comprovando o ditado que diz que “água mole em pedra dura...”, o filho da lavadeira ganhou a eleição.
O rei Henrique I e II, famoso no mundo inteiro por sua capacidade de falar sobre tudo e não dizer sobre nada, irado e tentando boicotar de todas as formas o seu sucessor, principiou a vender todos os bens do reino, permitindo que todos os aristocratas que quisessem, por meio do Banco do Estado Real, retirar tudo o que quisessem.
A fome começou a se espalhar no reino, e o preço dos alimentos disparou.
Para surpresa de todos, o filho da lavadeira, que falava melhor o dialeto do que o próprio idioma real, começou a recolocar no dicionário, as palavras solidariedade, dignidade, igualdade e liberdade.
Enquanto isso, o sábio da beira do rio, ouvia tudo e nada falava, somente pensava nas ironias da vida...
Como conhecia todos os moradores do reino, sabia muito bem que os súditos, que nunca foram ouvidos pelos reis antigos, agora só falava no dialeto desconhecido por estes...
Por conta disto, os aristocratas estavam falando, falando, ofendendo o rei, tentando aprender a falar o dialeto dos pobres.
O sotaque demonstrava que ainda não tinham aprendido, quem sabe um dia?
O sábio do rio assistia a tudo e se ria, sabedor de que nada mais engraçado que um lorde tentando demonstrar que tem “um pé na cozinha”...
Vivendo sempre perto do riacho que atravessava todo o território do minúsculo reinado, sem nunca ter saído dali, conhecia a vida de todos os moradores.
A resposta a cada pergunta feita vinha pelo vento, trazida pelas águas ou no canto dos passarinhos.
E sempre havia uma notícia nova, a toda hora, transitando pelas ondas que captava, no seu silêncio e na sua mansidão.
Como já estava ali há mais de oitenta verões, conhecera todos os reis e súditos, a todos, desde o nascimento até a morte.
O rei atual era filho da lavadeira, pobre lavadeira que vivera limpando as manchas das roupas dos ricos. Da mesma forma que seu filho queria, a todo custo, limpar as manchas deixadas no reino pelos antigos soberanos.
Esses eram todos pertencentes a nobreza do local, filhos dos barões e dos condes, príncipes e princesas que , como a maioria dos reis, viviam do trabalho dos súditos.
Houvera um rei poliglota, famoso por ter aprendido vários idiomas, menos o dialeto usado pelos súditos.
Isso não era novidade, já que os reis anteriores também não sabiam falar aquela língua pobre, bem diferente do idioma oficial do reino.
Termos como liberdade, fraternidade, solidariedade, tinham sido extirpados do idioma real, por alguns reis antigos que por lá apareceram, principalmente Ernesto I e Emílio I, acusados de terem mandado matar e desaparecer com alguns rebeldes.
Após a intervenção de alguns nobres idealistas, como um tal de Odisseu. Aristocratas, sabedores de seu poder escravizador e contando com a ignorância mantida estrategicamente, dos súditos, finalmente aceitaram fazer eleições.
No começo tudo deu certo, os súditos fragilizados e famintos, mantiveram os aristocratas no poder, como era de se esperar...
Um representante dos súditos, o filho da lavadeira citado acima, tentara, sob o escárnio dos aristocratas, várias vezes chegar ao reinado.
Um dia, por descuido dos aristocratas, ou quem sabe pela falta de qualidade dos candidatos destes, comprovando o ditado que diz que “água mole em pedra dura...”, o filho da lavadeira ganhou a eleição.
O rei Henrique I e II, famoso no mundo inteiro por sua capacidade de falar sobre tudo e não dizer sobre nada, irado e tentando boicotar de todas as formas o seu sucessor, principiou a vender todos os bens do reino, permitindo que todos os aristocratas que quisessem, por meio do Banco do Estado Real, retirar tudo o que quisessem.
A fome começou a se espalhar no reino, e o preço dos alimentos disparou.
Para surpresa de todos, o filho da lavadeira, que falava melhor o dialeto do que o próprio idioma real, começou a recolocar no dicionário, as palavras solidariedade, dignidade, igualdade e liberdade.
Enquanto isso, o sábio da beira do rio, ouvia tudo e nada falava, somente pensava nas ironias da vida...
Como conhecia todos os moradores do reino, sabia muito bem que os súditos, que nunca foram ouvidos pelos reis antigos, agora só falava no dialeto desconhecido por estes...
Por conta disto, os aristocratas estavam falando, falando, ofendendo o rei, tentando aprender a falar o dialeto dos pobres.
O sotaque demonstrava que ainda não tinham aprendido, quem sabe um dia?
O sábio do rio assistia a tudo e se ria, sabedor de que nada mais engraçado que um lorde tentando demonstrar que tem “um pé na cozinha”...
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