sexta-feira, dezembro 01, 2006

Remorso é a indigestão da alma. P. Veron


Não quero comentar sobre o que fiz.
A vergonha me toma por inteiro,
Quem fere seu amigo verdadeiro,
Merece, neste mundo ser feliz?

Desculpas não invento pois não tenho,
Os erros cometidos não mais voltam,
As mãos que acariciam se revoltam
A dor não posso dar como um empenho.

Bem sei quanto quiseste esta mulher
As noites que passaste sem dormir.
Não posso e nem pretendo te ferir
Mas faças neste instante o que quiser.

Às vezes escondidos sob um manto
De placidez serena e tão tranqüila,
A boca que nos beija já destila
A lágrima que fará o nosso pranto.

Só posso te dizer que está comigo
Aquela por quem, tolo, definhaste.
Se corto tuas pernas, tiro a haste,
Perdoe mas eu tento e não consigo

Me afastar.Se sou lume ela é falena
Depois do amanhecer; sol –helianto
As notas musicais de nosso canto
Confundem-se na mesma bela cena.

Eu amo, nos amamos, somos uno.
Nas noites que dormimos, mesmo sonho.
No mar que freqüentamos, sol risonho,
Sereia que se deu a deus Netuno...

Porém eu já percebo tanta dor
Trazida pelo vento dolorido
Do remorso de termos te traído
Na face, essa vergonha, esse rubor!