sexta-feira, dezembro 21, 2007

SONETOS 002

Fernanda


Mais terras que percorra, não terei
Senão brilhos, olhares, e canções.
Em todos os desertos, fui o rei,
Embora nunca houvesse corações!

Procurando esta lua, descasei,
Não me deste sequer os teus verões
As terras sem destino, descansei,
Amores se explodindo em amplidões...

Meu mote falta sorte, sobra morte...
A noite que me trouxe esta ciranda,
Por certo provocando fundo corte,

Não deixa outro caminho em minha sina.
Na boca carmesim desta menina,
Amores se traduzem em Fernanda!


Fernanda: Ousada, inteligente, protetora




Flávia


Não quero teu amor, isso não quero.
Quem inventou amores não sabia
Que, mal nasce este amor, morre meu dia.
São versos que não faço nem venero.

Amor é sentimento cruel, fero.
Vem fazendo esta estúpida sangria,
Rasgando, maltratando a melodia.
Nada além de ilusão jamais espero!

Conheço bem promessas e mentiras...
Não quero teus carinhos, quero nada!
Esperanças cortadas, várias tiras,

O canto que prometes, não suporto!
Embora dos meus sonhos, seja porto...
Flávia, vais me cegar, brilhar, dourada!


Flávia: Dourada



Flora


Te cantarei canções do coração!
Naturalmente bela, estrela minha...
Nas cordas do sonoro violão,
A dor desta saudade se avizinha...

Em teus braços, serei uma avezinha
Procurando por tua proteção...
Teu amor, meu amor vem e se aninha
Meu canto está repleto de ilusão...

Cobertor dessa noite longa e fria,
Quem dera regressasse enfim, agora!
Deusa primaveril, das flores guia

Meu amor não suporta tanta espera,
Retorne então, querida, a Primavera
Só poderá chegar contigo, Flora!



Flora: Uma referência à Deusa da Primavera




Francisca



Coração vagabundo passageiro
De tantas esperanças vãs perdidas...
Procuro por amor o tempo inteiro,
Já não me bastariam nem mil vidas...

Na boca sequiosa, despedidas
E encontros, refazendo seu viveiro.
As noites que vivi mal resolvidas
Esperam pelo verde do tinteiro.

Esperança; poder enfim parar.
Mas alma passageira, tão arisca,
Espera veramente outro luar...

Coração, viajante vagabundo,
Cismando em procurar, no vasto mundo,
Um outro amor igual ao de Francisca!


Francisca: Uma referência aos franceses, francesa



Gabriela



Liberdade! Cantando suas lutas,
Suas marcas, ferozes cicatrizes,
As dores e torturas, fortes, brutas...
Os tempos transcorridos, infelizes...

Os homens e seus gritos, não escutas,
As cores vão mudando seus matizes
As penumbras noturnas, duras grutas...
Liberdade sangrando, tantas crises...

Esperança, entretanto, já ressurge
Nos olhos amantíssimos, serenos...
Minha felicidade, plena, turge

Em braços carinhosos se revela.
Nestes braços amigos, bons, morenos,
Da lua que sonhamos, Gabriela!



Geórgia


Um grito forte ecoa no meu peito.
Estrela amiga minha, redentora!
O verso que procuro, mais perfeito,
Espelhando teus sonhos de cantora

Adormece buscando-te no leito
Constelar. Quero amar quem já se fora
Cavalgando por mundo. Contrafeito,
Brado-te pelos céus, ó salvadora!

Tropicais paraísos em teus dedos,
A mão que reproduz, fecunda a terra,
Dispondo de fantásticos segredos.

No horizonte meus olhos, um sinal,
Procuro por teus rastros, mata e serra...
Vou te buscar, Geórgia, neste astral?



Geórgia: Agricultora



Geralda



A vida traz batalhas, armistícios...
Há momentos de guerra em plena paz,
Porém, quando morremos, nem resquícios,
A morte, rigorosa, não compraz...

Há pélagos profundos, precipícios,
Onde quem mergulhar não volta mais,
Quem busca tolamente por indícios
Percebe como a guerra é má, audaz...

Nas lutas sem demora, nada sobra.
Amores e fantasmas dos amores
Por eles, mordazmente, um sino dobra.

Aos olhos sonhadores só desfralda
A lança dos que pensam vencedores,
Nas mãos dessa guerreira que é Geralda...

Geralda: Aquela que doma com a lança



Giane


Abençoado o dia em que te vi!
Andavas pelas ruas da cidade,
Da bela e tão amada Mirai.
O tempo inda corrói, resta saudade...

Estava passeando por ali
Em férias, a buscar tranqüilidade.
Neste mesmo momento percebi
Um fascinante lume, claridade!

Estava transtornado pela dor,
Dor que nunca pensei que minha.
Juventude se ilude com amor.

Rimas pobres, meus versos juvenis,
Andavam vagabundos, à tardinha...
Giane, aquela tarde fala anis...


Giane: Deus é cheio de bênçãos




Gilda


Tantas vezes procuro pelo cheiro
Dos olhos deste amor que não conheço.
Vasculho por planetas, mundo inteiro,
Muitas vezes, eu creio, não mereço!

Amor que se demonstre verdadeiro
Mudou e não deixou seu endereço.
A seta procurando pelo arqueiro
Não sabe, nunca viu, vive do avesso...

Espero companhia que me leve
De novo a tantas praias que esqueci.
Verão que se transborda frio e neve

Não deixa primavera, sol e rosa...
Procuro angustiado, estou aqui,
Por Gilda, companheira valorosa!


Gilda: Aquela que tem valor, valorosa.



Giovana


Ninguém jamais dirá que não te amei;
As nuvens que carrego; testemunhas...
Nos barcos que hoje trago, me atrelei
Na busca d’outros sonhos que compunhas,

(As tábuas deste amor), a dura lei...
Mas quando te cravava minhas unhas;
Por certo, tantas vezes eu pequei,
Distante das promessas que propunhas...

Amor que dilacera morte explana,
O grito da discórdia dominava.
Morreu de inanição a soberana

Lua. Morte sutil e tão temprana,
Saberia que aurora não chegava
Nos ermos desse amor por ti Giovana!




Gisela


O trunfo que guardei p’ro nosso caso
Esqueci de jogar n’hora fatal.
Amor quando termina, finda o prazo,
Não passa de arremedo, vai sem sal...

O sol poente morre neste ocaso,
Sem brilho não clareia o matagal
Dos sonhos. Não flamejo e nem me abraso
Nos raios deste amor, tolo final...

A noite que pensei que fosse dela
Não veio nem virá, morreu apenas...
As cores desbotadas na aquarela,

Não fazem do cenário bela tela.
Não trazem, no horizonte, suas cenas,
Restando só meu trunfo, amor, Gisela...




Gláucia

Na ponta dos pés, manso e calmamente,
Procuro pelos rastros desta lua...
O rio que me leva, na nascente,
Mostrava uma sereia bela e nua.

Infernos, paraísos, roda a mente;
Mas a busca não pára. Continua...
Lusco-fusco me invade, de repente,
Mas o desejo, ardente, se acentua...

Remansos e cascatas se revezam,
Os traçados lunares são meus guias.
Saudades e tristezas; como pesam!

Caminhos que persigo, são dourados,
Vislumbro, do claror, as fantasias...
Te vejo Gláucia: os olhos esverd’ados...



Glória


Cingindo meus amores, velho sol.
Perdido entre esplendores, morre chuva...
Os olhos disfarçados, sem farol,
Escondem-se em teu pranto de viúva.

Ao gerar este vinho tinto, a uva,
Da mansidão transborda em etanol;
A mão que me maltrata perde luva.
O brilho que me mostras, girassol!

Mas sabes que amanhã já me revolto,
Não quero ser somente teu espelho.
Amarras que me prendes sempre solto;

Amores se repetem, velha história!
Em todos os momentos, me assemelho
Na busca do esplendor que me deu Glória!



Glória: Brilho, magnificência, esplendor



Graça


Um dia, passeando no Estoril;
As águas fascinantes, Tamariz...
Meu coração deixado no Brasil,
Nos olhos de Milena, a bela atriz,

Achando que pudera ser feliz.
Em plena primavera, num abril,
O céu tão gracioso em seu matiz,
Num misto de vermelho com anil.

Ao ver, tão calmamente desfilando
As pernas mais bonitas que já vi,
As cores deste céu foram mudando...

Olhar mais indiscreto não disfarça
Fixo, permanecendo por ali,
Na beleza da deusa lusa, Graça!

Graça: Deusas da mitologia que tinham o dom de agradar




Helga


Criando meus castelos, descobri,
Os olhos desta calma criatura.
Por vezes procurei. Estava aqui
A mansidão que salva e me traz cura.

Por tanto sofrimento que vivi,
Por tantas punhaladas da tortura,
Nas vezes em que distâncias percorri
Buscando a claridade em noite escura.

Agora que te encontro, sou feliz.
Encontro a principal finalidade
De tudo que sonhei, do que já fiz.

Meu coração pesando aqui do lado,
Encontra, no final da tempestade
Em Helga o sol que brilha e é sagrado!


Helga: Sagrado



Henriqueta


Nos olhos violetas a quimera,
Feroz devoradora de esperanças...
Tragando todo amor que se venera
Ferindo totalmente, suas lanças...

Quimera companheira me tempera
Com ácidos humores das vinganças.
A dor que não se queima, regenera
Não some e me consome, más lembranças...

Na poderosa bruma, meu naufrágio.
As nuvens que escurecem não dissipam.
As mortes dos amores já me estripam.

Angústia no meu peito é seu pedágio.
Quem dera ver da vida outra faceta,
Na luz que não dissipa, em Henriqueta!

Henriqueta: Senhora da pátria, poderosa


Ercília Hercília


Manhã que nunca veio, morre tarde.
A cor destes teus olhos, frágil lume.
Amor tão terebrante nega alarde,
O sol embora fraco, traz perfume.

A cor desta esperança já se encarde.
O verde desbotado, teu ciúme.
Transforma-se vazia, é tão covarde;
Meu medo, é cordilheira cobre o cume...

O raio das manhãs, me nega aurora.
Nos meus jardins sofridos, morre a tília
A morte, tantas vezes, me namora;

Mas quando a noite cai, profundo talho,
Me lembro da manhã plena de orvalho;
Me lembro d’ outros olhos, os de Hercília!


Hercília: Orvalho



Hilda

Nas guerras, nos amores e na paz,
Foram tantas promessas que fizeste
Duvido, meu amor, se inda é capaz
Saber se o sol nasceu no oeste ou leste.

O vento de esperanças não me traz
O rumo que perdemos e que deste.
A mão que me tortura é tão tenaz
O fogo vence amor, lhe queima a veste.

Recebo das batalhas, a notícia
Que tantas vezes, finjo que não quis.
A dona do meu sonho de carícia

Retorna para, enfim, viver comigo.
Distante das guerrilhas, do perigo,
Com Hilda, certamente, sou feliz.


Hilda: Donzela da batalha, guerreira



Hortênsia

As flores do jardim de nossa casa
Em plena primavera, tantas cores!
Calor dum sentimento que me abrasa,
Trazendo mais perfume para as flores;

O vento, calmamente, tanto apraza
Vestindo de esperanças minha dores.
Fogueira das paixões ardendo em brasa
Volúpias que me trazem meus amores...

Tenho culpa se quero ser feliz?
Em todas estas flores do jardim,
Algumas com raríssimo matiz.

São lumes duma tão pobre existência
Que teima feramente estar em mim.
Entre todas as flores, bela Hortênsia!


Hortênsia: Aquela que cultiva o jardim, horticultora


Iara


Do teu caminho conheci segredo
Dos mansos passos luzes, brilhos, paz...
Penas que foste embora logo cedo,
Deixando apenas a lembrança audaz

De uma guerreira impávida, sem medo.
Tanta tristeza minha noite traz!
Na vida eu merecia um outro enredo.
Será que prosseguir, eu sou capaz?

Pois quando enfim chegar o triste inverno,
O coração vazio, quieto e triste.
Amor que merecia ser eterno;

Jóia entre tantas jóias, a mais rara,
À dor da punhalada não resiste
A ausência deste amor que se foi, Iara...







Ieda


Ieda: Favo de mel



Tantas vezes deixado sem carinho,
Nas ruas e nos bares, solidão!
Madrugadas passadas tão sozinho,
Enlouquecendo, rasgo o coração!

Quem sempre alçou seu vôo, passarinho,
Ter que ficar na espreita do perdão?
Amor assim dantesco, um ser marinho,
Precisa urgentemente solução.

Nem em todas as ruas das metrópoles,
E nem nessas bodegas, botequins,
Encontro a salvação sutil da própolis.

Estrada que me sobra é mais cruel,
Meios se justificam pelos fins?
Onde se esconde Ieda, favo e mel?


Inês


Inês


As mãos macias desta deusa nua
A passear tanto carinho insano.
Minha alma satisfeita então flutua
Das santas alegrias já me ufano.

A boca me promete e morde, crua,
Viajo por espaços outro plano;
E a noite encantadora, continua...
Não me permitirá jamais engano...

O mundo, quando um Deus amante fez
Não tinha inda metade desta luz
Que, clareando a vida, me conduz

Aos braços desta minha amada Inês
Me rendo aos teus caprichos, teu desejo...
A boca escancarada pede um beijo...
Teu beijo, meu amor, querida Inês!




Iolanda
Iolanda: Violeta


Por vezes esperei felicidade,
Tantas manhãs perdidas sem ninguém!
Queria teu amor; isso é verdade,
A paz tão esperada nunca vem...

Olhava para os lados... Quero alguém!
Mas a vida negava a claridade;
Meus olhos procurando, nada além!
Não posso nem sequer sentir saudade?

Embalde, tantas noites sem perfume,
Quem dera te sentir doce lavanda.
Repetindo, a toda hora, meu queixume...

Meus olhos esperando na varanda,
Uma violeta resta sob o lume.
Mas quando enfim virá a minha Iolanda?





Ione


Ione: Violeta

Minha casa vazia, nada resta...
Poeira se acumula no meu quarto.
A vida se mostrando pela fresta
Como um raio solar! Eu vivo farto

Das noites que pensei viver em festa,
Das lutas incessantes, não me aparto.
Pretendo certo dia, já me molesta,
Viver a sensação do amor, do parto...

Meu lar abandonado, vida seca...
Na vida sem amor, como se peca!
Espero teu chamar, ao telefone.

Do que tínhamos, vida em paz, completa,
Sobraram as lembranças e a violeta
Vermelha que esqueceste aqui Ione...


Iracema: Anagrama de América


Amor tão delicado nunca vi...
Andávamos felizes, flutuando.
O melhor desta vida estava aqui!
Consigo ser feliz, somente amando...

Mas, tantas tempestades, me perdi.
Com todo esse meu mundo desabando,
Os olhos lacrimejo, só por ti!
As dores retornaram, cruel bando...

Amor é sentimento tão fugaz!
Ao mesmo tempo livre, está cativo.
Se temos ou não temos, cadê paz?

Amar é simplesmente um velho tema
Que por ele remoço, sonho e vivo...
Procuro por teus olhos, Iracema!


Iraci


Iraci: Mãe do mel


Doçura de teus lábios, minha amada!
Promessas de luares sobre a terra.
Tantas vezes sonhei, não deu em nada,
A vida prometeu a paz na guerra.

Amor que traz carinho, também ferra;
Amor que traz aurora e madrugada
Desmaia no luar detrás da serra,
A mão que acaricia anda cansada...

Não quero o sofrimento que vivi
Na ausência da mulher que cedo quis...
A verdade da vida estava em ti.

Ao mesmo tempo inteira e por um triz,
Me trazes tanta mágoa e sou feliz.
No doce de teus beijos, Iraci...


Irene


Irene: Pacífica

Quantas vezes na guerra e na saudade,
Trincheiras diferentes ocupamos.
As armas mais diversas que enfrentamos
Jamais nos esconderam claridade...

Palavras mal usadas, na verdade,
São armas que no fim, sempre que usamos,
Ferem-nos, nos maltratam e nos cortamos...
Depois de tantas lutas, liberdade!

Mas, como viciado não resiste
À distância daquilo que vicia,
A noite que retorna encontra triste

Amor que se transforma, mas perene...
Depois de tanta guerra, novo dia,
Procuro me aninhar, teu colo, Irene...


Íris


Íris: Anunciar

Velhas embarcações, mar tenebroso...
Os ventos e tufões, as tempestades.
Um coração vazio e andrajoso
Esmola pelas ruas das cidades...

Deseja desfrutar de todo gozo
Prometido nos sonhos. Liberdades
Seus desejos. Porém, é perigoso
Amar, trará os ventos das saudades...

Um sonho acalentado nunca morre.
O mundo é tão pequeno pr’a quem sonha
Loucura apaixonante deste porre.

O brilho se reflete n’olhos, íris...
A dor de não amar já me envergonha...
Espero alucinado um sinal: Íris!


Isabel / Isabela


Isabel: Deus é a minha aliança
Isabela: Deus é a minha aliança

Isabela, bela Isis, minha luz!
Abelha-mel que adoça e que maltrata.
No mel desta colméia se produz
Enigma que me educa enquanto mata.

Desejo de deslumbre, de alcaçuz.
Na picada feroz amor retrata,
Carinho de guerreira, de um obus...
No verso que lhe faço, me destrata...

Beijando e me mordendo sem pudores
Amante desejada, quero o mel!
Vasculha por destinos, fossem flores...

É manto que me caça e que me alcança.
Amor tão mavioso de Isabel,
Pacto que fiz com Deus, nossa aliança...




Isaura


Isaura: Igual aos outros


És minha áurea manhã, vivo teu brilho.
Respiro enfim teus ares, sou feliz!
A dor, durante tempos, estribilho,
Distante dos sonhos já não diz.

Escassas provisões , perdido o trilho,
O rumo das estrelas sempre quis.
Ao deus do amor sincero já me humilho:
Não deixe retornar um céu tão gris!

Tens a beleza rara de quem ama.
Tens a fortuna imensa na bela aura!
Da vida que persigo, fogo e chama.

Perdido sem teu olhos, vago o mundo.
Perdoe se te canto assim Isaura,
É que de amor, enfim, meu mundo inundo!



Ivone


Ivone


Não quero a solidão como parceira;
É águia desdenhosa que se ri
Do sofrimento amargo, vida inteira,
Que longe dos teus braços, eu vivi...

Na embriaguez dos sonhos, a videira.
Meu mundo sem sentido estava ali
Deitado, em vão, com outra companheira
Achando; me encontrava, e me perdi...

Não quero a solidão nem a saudade!
Preciso urgentemente te encontrar!
Viver sem ter amor como?Quem há-de?

Não posso suportar este ciclone,
Solidão, que jamais quer me deixar.
Ser feliz? Só contigo, amor Ivone...

(Retorne, se não der, mande teu clone!)



Jacinta


Jacinta: Nome de uma pedra preciosa

Deus me fez tão feliz por conhecer
A beleza estampada neste astral,
Toda a força do lume sideral
Encontro em fatal brilho de prazer.

No mundo, simplesmente quero ter
De todo esse universo, num aval,
Fortaleza que invade todo o ser
Fazendo meu viver sensacional.

Quero o gosto das fontes maviosas,
Quero essa sutileza que domina;
As noites de prazer, voluptuosas.

As cores do infinito que Deus pinta
Com o brilho dos olhos da menina
Que achei; eternidade. Amo Jacinta!



Jacqueline


Jacqueline: Aquela que supera

Tantas dores a vida nos promete
São montanhas diversas, ventanias...
Ao passado, a tristeza me remete
Fazendo transtornar as melodias

Da festa, serpentina com confete
Nos meus ultrapassados carnavais.
O tempo que se foi não mais repete,
A alegria vivemos, nunca mais!

Das dores que acumulo pela vida,
A ausência desta luz que já morreu,
Da minha mocidade, despedida...

Não há mais sequer lua que ilumine
O meu céu sem estrelas, puro breu,
No brilho dos meus olhos, Jaqueline!


Janaina


Janaina Rainha do mar

O mar, tempestuosa divindade
Habita essas entranhas colossais
Distante de qualquer u’a claridade,
Nestes abismos, seres abissais...

Redescubro, enfim, toda a mocidade,
Na busca dos amores que jamais
Encontrei, puros, livres de verdade,
Sem temer tempestades, ondas, cais...

Vagando pelos astros nada tive,
As estrelas disfarçam sentimentos..
Mergulho por gigante mar, declive...

As águas, todo o mar já me domina,
Penetro nas entranhas, rasgo os ventos,
Em busca da Rainha Janaina!


Jandira


Na brancura, luar, tão mavioso!
A pele me recorda pura seda,
Busco-te, meu olhar vai sequioso,
Nesta grande alameda, na vereda

Florida por jasmins. Neste oloroso
Caminho, minha vida se envereda
Buscando meu futuro glorioso
Esperando que amor divino ceda.

Te quis ó companheira deslumbrante
Não deixe que essa vida em vão me fira,
Te quero como amigo e como amante.

Me deixe ser deveras teu gigante,
No meu canto amantíssimo, és a lira;
Vereda dos meus sonhos? É Jandira!



Jane


O sol posto, nas nuvens solidão!
Meu verso enamorado de teus braços.
Embalde repetindo esta canção,
Meu sonho procurando teus espaços.

Aguardando-te intero o coração
No tinteiro da tarde nos terraços
Mais altos, nos bordados da amplidão,
Precisamos atar os velhos laços...

Ficavas abrigada das tempestas,
Amor não necessita que se explane
É gás que me cintila em gozos, festas.

Lembrança dolorosa não se acoite
Amor que não se orgulha deste açoite,
Descansando nos braços teus, ó Jane!



Janete

Fonte límpida e fresca dos amores...
Nos cantos destes pássaros felizes,
As searas prometem tantas flores,
Abraçadas nas asas das perdizes...

Na pompa onde se mostram tais pendores,
Não sei desses receios nego crises.
Os alamos as luzes os odores
No mato se misturam mil matizes...

Neste missal criado por um Deus
Luxuoso desfile se repete,
Nas várzeas e montanhas, olhos meus

Deslumbramento tal que me compete
Pintar na poesia luz e breus,
No centro deste quadro está Janete!




Janice


No viço destas folhas, primavera
Reflete-se nos raios deste sol;
Paramento divino, girassol
Altares catedrais, uma tapera.

Tudo reluz, paisagem, quem me dera
Pudesse percorrer, ser o farol.
A natureza orgástica... Na fera
Que repousa, reparo um triste rol.

As marcas tão profundas, dentes, garras.
Escondo-me, sou presa, neste arbusto,
Num átimo rompendo essas amarras

Reparo nos teus olhos, minha fada...
De frágil, num repente, sou robusto.
Na força que me dás, Janice amada!


Janine


Janine: Deus é cheio de bênçãos, Deus é gracioso


Amor que tão distante, em vão não me compete...
Vestida de saudade, a lua se entristece...
É lagrima que cai, inunda este carpete.
A dor, embevecida, amarga tela tece...

Amor que nunca cura, embalde se repete,
Não adianta crença, esqueça sua prece...
Desfila a solidão, a lua por vedete,
Minha pobre esperança, em lágrimas fenece...

Porém me resta o canto, o meu fiel parceiro...
A benção mais divina inunda o mundo inteiro!
Por tanto tempo quis o brilho da manhã!

O canto abençoado atravessando o mar...
Inunda o sofrimento, acorda o meu luar.
Nas bênçãos de Janine, o meu belo amanhã!


E-books

Jenifer


Recebi sua carta, minha amiga.
Em todas as palavras um adeus...
No fundo de minha alma vá, prossiga,
Consigo não irão os olhos meus...

A sensação que tenho, tão antiga,
Desfeitos tantos sonhos de himeneus,
E de querer, enfim, que já consiga
Viver mais plenamente os sonhos seus...

Bem sei que depois disso vou sozinho...
É certo que tentamos ser felizes.
O fio deste amor jamais foi linho,

Não quero recordar a nossa dor.
Vivemos nosso céu, vieram crises,
Jenifer me trará de novo amor!


Jéssica


Jéssica: Jeová é salvação


Não chore tanto assim, o dia virá!
As dores são promessas de esperança.
Nas mãos deste teu Deus, de Jeová,
Amor virá com paz numa aliança...

A lua irá brilhar, lado de cá,
Nunca deixe morrer esta criança
Que brinca no teu peito e viverá
Enquanto houver um Deus e confiança!

No brilho das estrelas, o perdão,
Nos raios da manhã, sol gigantesco!
Nosso amor se alimenta de ilusão.

Não de deixe levar em perdição,
Jéssica, um pesadelo assim, dantesco,
Não vive em nosso amor, de salvação!


Joana


Joana: Deus é cheio de bênçãos, Deus é gracioso.


O rio deslizando em cachoeira,
O vento assobiando mansamente.
A mata se entregando vorazmente,
Aguarda a noite plena e verdadeira...

Os sapos, as corujas nesta beira
De rio, tanto amor solto se sente
Nas pedras, nos remansos... Claramente,
A terra se enamora mais faceira.

Rios, matas... Meu sonho delirante...
Sozinho, procurando minha amante,
A vida me traz cura, noite sana...

Dois olhos graciosos se debruçam;
Claridade do amor, já me esmiúçam,
Acordo em teu olhar, benção! Joana!


Joice


Joice: Alegre, divertida, jovial



Nesta manhã risonha estou feliz!
As dores se esconderam, nuvem leva...
Quem fora da alegria um aprendiz
Esquece que na noite vive a treva.

Manhã do meu amor, sempre me diz
Que em peito apaixonado nunca neva.
O brilho deste sol, lindo matiz,
É como um pescador com boa ceva...

Nas danças destas nuvens passageiras,
Meus olhos acompanham o festejo.
Reflexos do rei sol nestas ribeiras!

Libélula voando... A lavra, a foice...
Nos olhos regozijos do desejo!
Na minha juventude, um brilho, Joice!


Judite


Judite: Louvada


Nos meus caminhos longos e tristonhos
As noites se fizeram revoltosas...
O rumo das estrelas nos meus sonhos,
Passam por essas sendas venenosas...

Deixaste tantas urzes nos medonhos
Rastros que irão levar às nossas rosas!
Por que essas duras sebes nos risonhos
Jardins de luas tão maravilhosas?

Nosso amor necessita dos espinhos?
Tão cruel essa lei que me legaste!
Das gaiolas vislumbro belos ninhos!

As dores nos amores têm limite!
Depois de tantas lutas, o desgaste...
São duros os caminhos à Judite!


Julia

Julia: Aquela que é brilhante, cheia de juventude


Quem dera ter a força que me trazes!
Em tua vida, demonstraste gana.
O meu amor, lunar, muda-se em fases,
Desenhou minha sina, uma cigana...

Amor que não perdura, cadê bases?
A dor que não se cura, não me engana.
Nas cartas que escondi, perdidos ases.
Poeira da saudade? Amor espana!

Não posso reclamar tua atitude.
O mar que te deixou me trouxe luz.
Amor que se renova, traz saúde...

Desculpe se pareço meio rude,
A mão que me carinha, me conduz;
Nos olhos trago Julia, a juventude!


JULIANA


Enrubescendo a face, envergonhada,
Calada, neste canto, uma menina...
Sonhando com favores de uma fada
A vida, tantos sonhos descortina!

Guerreiros são heróis de capa, espada,
Um príncipe virá! É sua sina...
Em plena fantasia, a madrugada
Num átimo abrirá toda a cortina...

Menina que carrega a dor temprana
Não sabe dos fantasmas que terá!
As sortes escolhidas da cigana,

O sonho da menina morrerá!
Mas, quieta, nos meus sonhos, Juliana,
Eternamente bela, brilhará!




Julieta


Tempos distantes, longe, pego a pena
E desenho teus olhos radiantes!
Saudade deste tempo nunca acena,
Os ventos me trouxeram dois amantes!

Nas mãos mais imprecisas, triste cena!
As cores juvenis, embriagantes!
Olhos, luar... Amor cego condena
As dores vencerão, são mais constantes!

Um rouxinol cantando, a cotovia...
O sangue enrubescendo toda a neve...
Amor tão furioso morre breve.

Na morte deste amor; a dor, cometa...
Mas sempre viverás; és fantasia!
Amor que já renasce: Julieta!



Karen

Karen: Aquela que tem graça, delicadeza

Desfilando a beleza da pantera,
Caminha tão distante do meu dia...
A vida de esperanças degenera...
A noite que persigo, está vazia.

Quem dera seu amor ser meu, quem dera!
Os meus mares não passam, simples ria...
Na graça feminina mora a fera,
Que morde, que me rasga... Acaricia...

Nos passos veludosos nem barulho...
Num átimo mergulha, dá o bote.
Ser a caça, seria meu orgulho!

Mas olhares desvia e se disfarça
Na sua vida, simples estrambote
A espero afinal, Karen, minha graça!



Karina


Karina: Aquela que tem graça, delicadeza


Mudanças! Necessito de mudanças...
Já me flagraste tonto pelas dores
Que sempre impediram festas, danças...
Agora já não quero mais amores.

Um dia, me recordo das crianças
Correndo no jardim de belas flores.
As luzes que ficaram nas lembranças
Não me deixam sentir mais os olores...

Jogávamos no sonho nossas vidas
Julgávamos viver eternamente...
Histórias deste amor, mal resolvidas...

A noite vem trazendo chuva fina,
Meu mundo se desaba, de repente!
Nos escombros dos sonhos vi Karina...


Kátia

Kátia: Aquela que é nobre, pura e imaculada


Por mais que te quisesse não devias
Fazer do meu caminho, minha cruz...
Embora te procure como luz,
A vida me apresenta novas vias...

As ruas que prometo são vazias,
Mas brilho de outros olhos já seduz
Quem pensa ter luz própria e que reluz,
Mesmo que carregando essas mãos frias...

Pensava que podia ser feliz,
Ser feliz, ser feliz! Repito tanto!!!!
Dos beijos que mentiste, peço bis.

Desejo ter fulgor da Via Láctea
No rastro das estrelas meu encanto,
Na espera deste amor que me deu Kátia...



Kelly

Kelly: Donzela guerreira



Não posso mais temer a tempestade,
Decerto me percebes mais audaz.
Não temo nem sequer a claridade
A minha vida passa em plena paz.

Recebo enfim a grande novidade
Que o vento da saudade já me traz;
De novo, pois, passeias na cidade.
Pensava tantas vezes: nunca mais!

Quem tanto amou implora se revele
Verdades que esquecidas me maltratam,
Destinos que se perdem, se desatam.

Quem fora amargurada me repele,
Quem sabe agora amores se relatam
Nos versos que dedico a ti, ó Kelly!



Laís


Prevejo minha sorte transformando
A treva do viver em cristalina
Água que me bendiz, se derramando
Na fronte da mulher que me alucina...

As dores se esvaindo, vão em bando,
Em busca de outro templo, de outra sina.
Nos páramos distantes se dourando
O manto que a verdade descortina...

Marmorizado brilho de esperança
Que nas constelações, livre, se avança.
É tempo de tentar ser mais feliz.

Amor que se desfez, podre e disforme;
Renasce nos teus olhos, belo, enorme;
Me leva nos pendores a Laís!




LARISSA


A noite me convida a passear
Sob as belas estrelas deste céu.
A luz que se reflete no luar
Emana da princesa, branco véu.

Nas ruas onde passo te encontrar
E como desfrutar do puro mel.
Bela noite, passando devagar,
Cometas desfilando, vão ao léu...

Nos cantos mais bonitos, tua voz.
Rainha dos meus sonhos de cobiça!
A boca que me morde tão feroz

Não sabe do prazer que desfrutei,
Da noite de luar quando fui rei,
Nos braços delicados de Larissa!


Lavínia

Lavínia: Do hebraico: purificação

Sons etéreos, os silfos, calmo vento...
As folhas balançando suavemente,
À beira das cascatas, chamamento
Divino...libertando corpo e mente...

Canto da cachoeira, o pensamento
Transcorre neste rio mansamente...
Tão distante, esqueci meu sofrimento
Na imensidão profunda e delirante.

Nessas águas tão límpidas me banho.
Perfumes doces, flores, primavera.
Lembrar do que vivi, parece estranho.

Imagem benfazeja duma santa
Criatura, distante, uma nova era...
Lavínia calmamente canta, encanta...


Leda


Leda: Alegre, contente, jovial, risonha

Meu coração, em festa, comemora
Notícias que recebo no jornal.
A vida que teimava-se ir embora
Ressurge destas cinzas, maioral.

A boca melindrosa quando, outrora,
Beijava-me com força assaz brutal
Fornalha que incendeia e me devora,
Escondeu-se depressa e nem sinal.

Mas hoje, por capricho ou por saudade
Regressa novamente na cidade.
Boca que entre risos e desejos,

Muitas vezes assopra depois morde,
Procura dentre tantos o seu lorde.
Volta Leda aos plebeus e loucos beijos!



Leila


Leila: Negra como a noite

Sua beleza d’ébano desfila
Nas ruas que ilumina com sorriso.
Os olhos desejosos fazem fila,
Em busca de encontrar o paraíso.

Beleza fascinante em minha vila,
Amar é necessário e mais preciso.
O mel que minha abelha já destila,
É raro e mavioso, perco o siso.

Vencido pela pele bela, escura,
Minha alma dolorida pede cura
Pergunto aonde está, me responde: ei-la!

A deusa que desfila, meu remédio!
A vida sem seus braços, puro tédio.
Permita-me lhe amar. Ó santa Leila!




Leilane


Leilane: Flor celestial



Dos espaços celestes, bela flor,
Trazendo tanta sorte e tanta paz.
Encontro seu perfume e seu calor
Nos astros que mergulho amor audaz.

Recebo desta vida o meu pendor
Imerso neste brilho que me traz
A flor celestial, seu esplendor...
Quem me dera colhê-la! Sou capaz?

O perfume no lume em tudo espalha,
Recendendo universo em sua malha.
Uma flor generosa pelo astral...

Meus olhos a procuram pelo espaço,
Uma mão divinal desenha o traço.
Em Leilane esta flor, celestial!


Letícia

Letícia: Alegria

Meus olhos em total ansiedade buscam
Pelo céu essa estrela apaixonadamente
Bela. Estou tão distante... Eu quero, simplesmente
Seu brilho constelar. Os outros já se ofuscam...

Estrela radiosa, o meu verso se encanta
Com o teu raro lume. Embalde te procuro!
O céu, tão invejoso, esconde-te na manta
Pelas nuvens formada, o mundo fica escuro...

Quem dera se pudesse, estrela, ver teu brilho,
A vida, então, seria enorme fantasia.
O meu olhar vazio, espera por teu trilho!

A cada noite nova, um sonho de delícia...
Em ti, estrela amada, um canto de alegria!
O céu mais ciumento, esconde-me Letícia


Lídia

Lídia: Irmã


No cigarro que fumo amor em espirais...
Distante, cai a noite; o vento me tortura...
O canto que sonhava, estribilha: jamais!
Não quero conceber minha total loucura!

Alvíssima menina, o meu preciso cais.
A barca que sonhei, no mar de tanta alvura;
Esconde-se infeliz, tanta tristeza traz...
Quem dera se tivesse amor que, santo, cura!

Vivendo a solidão, cigarros devorando,
O medo desta luz, que tanto me fascina.
Embalde, procurando, o mar que fosse brando...

Sou pobre passarinho engaiolado em dor.
O rosto que se mostra, a mais doce menina...
O vento me tortura, em Lídia, meu amor..


Lidiane


Lidiane: Irmã

Um canto de saudade... Um resto de paixão...
Amante dedicado, espero por teu colo...
Mergulho num segundo, o meu limite é o solo.
Sonhando, vou morrendo, em busca do perdão!

Valsavas, numa noite, em plena fantasia...
O teu vestido, branco, um sonho mais feliz.
A vida me sorria, o teu amor me quis!
As águas deste rio, o vento me trazia...

Porém, em mendicância, a noite ressurgiu.
O canto da esperança esconde triste ardil.
A noite em minha vida, abraça-me, feroz!

Bradando, então, teu nome; espero, enfim, notícias.
Quem dera reviver meu mundo de delícias...
Amada Lidiane, escute minha voz!




Ligia

Ligia: Natural da Lígia, região da antiga Alemanha


Eu gostava do mar, isso nunca escondi.
Mar, praia, areia, sonho! As ondas e sereias.
Amando sobre a onda, o sol tramando teias...
No Rio de Janeiro, em Santos ou aqui.

Praias, ondas, marés... Nas conchas, belo canto,
Na pele, puro bronze, o tempo não tem pressa...
Porém a tempestade, explode mais depressa.
As ondas em procela, o mundo em desencanto...

Meu verso, enamorado, esgota-se na lama.
O sol que fora amigo, explode em dura chama...
O tempo transtornado, um resto de esperança

Adormecida luta, embalde, se destrói.
A craca em meu navio, o casco já corrói.
É morte, sem ter Lígia, a negra noite avança!



Lílian Liliana

Lílian Liliana: Lírico, ou lírio

Célere veio a noite entranhada de medos...
Um sorriso resiste, a noite não perdoa.
O pensamento livre, os céus já sobrevoa.
Quem sabe desta noite encara seus degredos.

Pensamento me leva, acima d’arvoredos.
A noite se revolta, um brado forte ecoa.
Da luta não me solta, embarco na canoa
Dos sonhos, companheira... Eu guardo seus segredos...

Também conheço o dia, aurora é minha amiga.
A noite não percebe a morte que periga!
O brilho da alvorada, espreita este martírio.

Bem sabe que travei com a noite em tempestade.
Na luta que sonhei, venceu a claridade!
Em Lílian minha amada, a força d’alvo lírio!



Lívia


Lívia: Pálida, lívida

Cinzas, a tarde cinza em nuvens, escondida.
A chuva que virá decerto me entristece...
Em lágrima vertida, em pranto, minha prece...
Parece que perdi o rumo, em minha vida!

Quem fora mais sereno aguarda que decida
A mão que me machuca, o canto se endurece;
Na tarde nebulosa, a tempestade desce...
A juventude morta esconde-se, perdida...

Um dia, a mocidade em toda plenitude,
Sonhei com teu carinho, amor sempre se ilude.
Manhã ensolarada, a primavera cálida...

Depois, entardeceu... Tantas nuvens chegaram...
A tarde acinzentada; as manhãs se acabaram...
Lembranças doces, Lívia, alvor da manhã pálida...




Lorena


Lorena: Louro ou folha de louro

Na flor mais olorosa amor mais que perfeito...
Na dança, uma promessa, a tal felicidade!
Amor quando sincero, escusa-se de alarde.
Espero por teu colo, aguardo no meu leito...

Embora verdadeiro, escondo meu defeito.
Não venha me dizer que é pura falsidade.
É que paixão não deixa a tal sinceridade
Ser plena como quero. Amor é desse jeito!

Mas eu posso dizer que te amo plenamente,
Pois em todo esse jogo, a gente sempre mente!
Em toda a minha vida eu quis essa morena.

Agora, a primavera explode num verão
A dor, antiga fera, em plena solidão!
Total felicidade: abraço-te Lorena!




Luana


Luana: Africano, de Luanda


África, paraíso! Em sonhos, a percorro...
Deserto, na savana, em meio a tantas cores...
Um leão corre solto... As matas, suas flores.
Um céu pleno de anil, na rubra terra, o forro...

Um peito enamorado em busca de socorro;
Buscando, na floresta, o cheiro dos amores.
Na savana angolana, estrelas multicores!
Estou apaixonado! Em braços mansos, morro...

Lembro-me da menina, uma deusa angolana!
Seus olhos, meu farol; quão bela era Luana!
A vontade de voltar, o meu coração manda.

Distante, no Brasil, um verso triste faço.
Quem dera viajar rasgando todo espaço
E num segundo só, voltar para Luanda!


Lucélia


Lucélia: Luz, iluminação



A lua no sertão, meu amor sertanejo...
Abrindo essa janela a lua, intensa brilha.
Promete a minha vida imensa maravilha.
A lua se esbaldando, espelha meu desejo...

Vem cá minha morena, espero por teu beijo.
A lua faz o claro, então vamos na trilha.
As urzes no caminho, espreita e armadilha;
Um sonho cristalino; olhar brilhante vejo!

A lua, companheira, anseia pela aurora.
Estrela tão formosa, a cena se decora!
Ó lua do sertão! Meu sonho e minha luz!

Lucélia me deixou, roubou a claridade.
A lua que carrego, a lua da cidade...
Da lua do sertão, ficou só a saudade...


Lucia


Lucia: Luz, iluminação

Orvalhada manhã, um vento tão suave.
O sol emoldurando esta cena fantástica.
A mão de um deus artista, a cena, bela plástica.
Meu coração amante a bordo desta nave...

Um passarinho livre, uma apaixonante ave,
No trilho desta luz minha alma fica estática.
Vento em minha narina, uma essência aromática
Num átimo embriaga. A vida sem entrave...

Delícia desta paz, é tudo que preciso.
No orvalho da manhã, decerto, o paraíso.
Na maciez do canto, um sonho de pelúcia...

Um beijo da alvorada, o coração desmaia...
Debaixo deste sol, a onda em minha praia,
Amor tão transbordante: a luz que me traz Lúcia...


Luciana


Luciana: Luz, iluminação


Que importa ser feliz? A vida não promete...
Um rasgo de saudade invadiu o meu quarto.
De tanto que sofri, eu ando meio farto.
A lua já fugiu, intrépida vedete...

Depois que já se foi o amor de Elisabete,
Meu coração não quer saber de novo parto
Na parede, jurei, não quero mais retrato.
No carnaval da vida, em cinzas meu confete.

Versejo e não me caso; amores vêm e vão!
O que ficou aqui? Vadio coração!
A mentira do amor, te juro, não me engana!

De fraudes ando cheio, agora vou vazio.
Sossego meu cantar, não quero um novo cio...
Mas eis que em ti, reparo e embarco em Luciana!



Lucilia

Lucilia: Luz, iluminação

Escrito na minha alma, amor mais verdadeiro;
Trazendo, no seu lume, em claridade, o dia...
No calor deste afago, a dor se derretia.
No mar de calmaria, escorre qual veleiro.

Amor, um lago calmo, embora traiçoeiro.
É vale mais florido, e pleno em poesia.
A fonte da esperança, alma em rebeldia.
Amor, em cada parte, universo inteiro...

No verde esmeraldino, a cor dessa esperança,
Acalentando ao velho, acorda uma criança.
Amor brandura e dor; amansa e depois trama.

Ao manso traz loucura, acalma em destempero.
Do amargo desta vida, amor é um tempero.
Mas, na luz de Lucília: amor, serena chama...



Ludmila


Ludmila: Amada do povo


Na morte e no amor, a vida me maltrata.
No beijo que me deste, escondes a vil fera.
Ocultas em teu rosto, a face da quimera.
Amor promete a calma, a dor vem e desata.

Embarco todo o sonho, aguardo uma fragata;
A morte traiçoeira, está na espreita, austera.
Mas, ser feliz um dia, amado; quem me dera!
A vida se demonstra eternamente ingrata!

Minha alma em reboliço aguarda a calmaria;
A trilha do desejo, esvai-se em fantasia.
A dor, contrariedade, esboça-se de novo.

O tempo me comprova; a fortuna me trai.
Minha esperança é livre alça vôo e se vai.
Lembrança de Ludmila, amada do meu povo!



LUÍSA

Luisa – guerreira gloriosa


Minha alma repartida, aparta-se de mim...
Do meu corpo se solta em busca de paragem.
Num vôo delirante, inicia a viagem.
Mal sabe seu começo, espera tenha um fim.

Na boca de Luisa, um vivo carmesim;
A promessa de paz passou a ser miragem.
Minha alma, transtornada; em plena decolagem
Pressente, nesta boca, um promissor jardim.

Nas mãos desta guerreira a santa piedade,
Promessa de viver, enfim, felicidade.
Minha alma já se encontra em manso vôo, em brisa...

Na glória deste amor, a vida esplendorosa.
Na trilha da guerreira, a lua gloriosa...
Minha alma, adormecida, em pleno amor, Luisa!



Luzia


Luzia: Guerreira gloriosa

A Musa, traiçoeira, escolhe como e quando
Surgir em minha vida. O vento já trazia,
Ao mesmo tempo, vai. Nenhuma poesia!
E toda a fantasia, esvai-se como em bando.

Mas antes que esta Musa espalhe-se, voando;
Espero que consiga um pouco de alegria:
Fazer um verso manso a quem se prometia.
A vida se transcorre e o dia vai passando...

Pois bem querida amiga; o verso? Vou tentar!
Não sei se falo em sol, do mar ou do luar.
Mas te prometo um canto, a Musa anda invisível...

Luzia é gloriosa, guerreira sem igual,
No amor me trouxe rosa. Na vida, carnaval.
Desculpe-me, querida. Sem Musa, é impossível!



Madalena


Madalena: Magnífica, do hebraico cidade de torres, cabelos penteados

O homem guarda a fera, em sua vida cresce;
Na mão que me maltrata, a dura tirania.
Na luz que sempre nega, a fera já rugia.
A mesma mão que bate, a outra me oferece!

A boca que pragueja, esquece-se na prece.
Palavra que consola, a mesma que injuria.
A morte deste amor, é sua fantasia!
O canto que me ofende, a ti ele apetece.

O gosto da derrota; emolduras em glória,
A queda que me corta; em ti, vira vitória.
Depois de tanta dor, a ponte de safena.

Não mais estás aqui, fingiste ser mais nobre.
A vida traça um plano, espero que te cobre.
E quanto a mim, irei na luz de Madalena!


Magali


Magali: Pérola, corresponde a margarida

Vencida a minha angústia, aguardo a claridade.
Ferido pelo beijo, eu vivo uma mudança;
Qual velho eremita, em plena castidade,
O beijo que me deste, é pleno de esperança!

Machuca enquanto cura, esmera-se em saudade;
Embora benfazejo, esconde uma vingança.
A boca mira o alvo, amor é sua lança.
Beijo ressuscitou amarga e má lembrança!

Por que fizeste assim, reviveste o tirano
Adormecido em mim durante mais de um ano.
Guardo no coração, as dores que vivi...

Dentro do meu peito, a fina, atroz areia.
Espalha um novo canto, encanto de sereia.
Qual ostra, então pari pérola:Magali!


Manoela


Manoela: Deus está conosco


Dona do claro olhar, por ti estou chorando...
Em toda vida tive o sonho, a fantasia;
De ver aqui do lado, um brilho qual o dia.
Pergunto-me em silêncio : sonharei até quando?

Depressa foste embora, a vida foi passando;
Ao mesmo tempo fui, porquanto já sabia
Que nunca mais aqui, teu brilho encontraria.
Serei feliz? Jamais! A vida se escoando...

O brilho deste olhar não sai do pensamento,
Relembro deste azul em cada vão momento.
A noite dolorida, em sonhos, me revela

O canto da esperança está pleno de enganos.
Jamais hei de encontrar, depois de tantos anos,
Beleza sem igual, olhar de Manoela!


Mara


Mara: Amargo, amargosa


A vida tão amarga em sangue já me pinta,
Trazendo em sua senda o gosto do perigo.
Passei a vida inteira esperando um abrigo,
No sangue em minha veia, escassa e pouca tinta.

A chama desse amor, há muito está extinta;
Procuro por carinho, embalde, não consigo.
Embora dura a sina, aos trancos vou, prossigo...
Só peço: amarga vida, iluda mas não minta...

A noite desdenhosa, ardendo em fogo brando,
No pesadelo amaro, a vida vai passando.
Amor, eu desconfio, uma jóia bem rara...

Quem dera, nessa guerra, um resto de vitória,
Seria, p’ra quem luta, a mais imensa glória.
Distante disso tudo, amarga, espreita Mara...



Marcela

Marcela Uma referência a Marte, o deus romano da guerra


A guerra traz a morte, a vida se esvai, breve.
Amor, talvez, prometa, a proteção do escudo.
Quem ama nunca pensa, a morte o deixa mudo.
Um arco doloroso, a vida então descreve...

Quem sabe desta sorte, em guerras não se atreve.
Fugindo da batalha, esconde-se de tudo.
Assim se deu comigo, eu sempre não me iludo.
Um peito enamorado, em paz fica mais leve...

Não me deixo levar pela vontade insana
Que tantas vezes dá de guerra leviana;
Sustento-me em teu braço, a vida fica bela!

Não quero essa navalha, espero doce estima,
Por não viver batalha, a nossa vida prima.
Marcela, em nosso amor, a paz sempre se sela!


Márcia


Márcia: Uma referência a Marte, marcial, guerreira



A solidão cruel, é tudo o que receio.
Não quero pr’esse amor, noites negras, escuras.
Não quero a caminhada em estradas mais duras.
Na salvação da lua, amor brilhante, creio.

Viver manso calor deitado no teu seio.
O gozo desta vida, eu sei que me asseguras,
O nosso amor foi feito em torno destas juras.
É doce compaixão, o fim, início e meio...

Amor que sempre brilha em noite enluarada
Vereda que prossegue em doce madrugada,
Nos campos do meu sonho; aurora bela, traz...

Não trago mais a mão disposta, fosse garra,
Amor nos trouxe o laço em leve e frouxa amarra.
Márcia, na mão macia, a promessa de paz!


Margarida

Margarida: Pérola

A natureza traz fantásticas lições.
Por isso nunca perca o brilho de esperança.
Por mais que esteja escuro,a manhã logo alcança
A calmaria vem depois de furacões.

A boca que te beija espalha as ilusões.
Na mais incrível guerra uma antiga aliança.
O homem mais sisudo, um dia foi criança.
Amor mal se distrai, espera por perdões.

Nos mares, a pobre ostra, em dor descomunal;
Ferida pela areia, em louco ritual;
Gerando tal beleza, o dom maior da vida.

Transmuda o grão de areia em pérola sublime.
Do escuro desta vida, a luz que me ilumine.
Assim é nosso amor, pérola, Margarida!


Maria


Maria: Rebelde, soberana

Neste verso que faço, amor é dor tirana.
É canto que se perde, em busca da nobreza.
É vento e refrigera, abraça-se à tristeza.
Matéria que tortura; é santa e é profana.

É vida em que me perco, é noite que se dana;
É duvida cruel envolta em tal certeza,
É força que agiganta, amansa a natureza.
É confusão gentil, engana e desengana...

Amor tempestuoso, um rei mais soberano.
Não me permite rumo, inverso em cada plano.
Tormenta em profusão, é lua em pleno dia.

Um labirinto louco, enigma e solução.
Ao mesmo tempo mata e traz a salvação.
Rebelde e soberano, amor lembra Maria!



Mariana

Mariana: Aglutinação de Maria e Ana

Buscava meu caminho em senda quase escura,
Os rios, bela fonte, em doce melodia.
O rumo desta estrada, incerto, eu não sabia.
Só sei que caminhava, a trilha tão bela e dura.

Na fonte cristalina, o frescor d’água pura,
Entretanto estranhava, estava sempre fria.
Por mais forte esse sol, mais e mais se resfria.
Na senda maviosa, estranha criatura.

O meu olhar, curioso, embalde se detinha;
A senda que segui, decerto não é minha!
Um olho mais atento observa e não se engana...

O meu caminho é leve, as fontes são risonhas...
Não tem nenhuma dor, não tem águas medonhas.
Mas, logo que acordei, o adeus de Mariana...




Marilene


Marilene: Aglutinação de Maria e Helena

Quem dera se eu pudesse encontrar a ventura
Que a toda gente traz plena consolação.
Que traz a mansa luz e esconde escuridão.
Transforma a dura pena em fonte de ternura.

Acalma o violento e o enche de brandura.
Sossega a tempestade, acalma o furacão.
Eleva-nos ao monte e nos traz amplidão.
A quem sofre: esperança, aos doentes, a cura!

Quem dera se eu tivesse esse dom, meu encanto.
A dor que, hoje, maltrata; ah! Não doía tanto...
Felicidade, então, seria um bem perene.

Para sempre alegria, amor pleno de glória.
Nem um traço de dor, já morta, sem memória
Quem dera se eu tivesse amor de Marilene!


Marlene

Marlene: Derivado de Madalena


A vida turbulenta, as águas deste rio
Que em louca tempestade espalham nas ribeiras.
A chuva em enxurrada enchentes verdadeiras.
Neste calor ardente, um terrível estio.

Saudade do teu colo, o coração é frio.
Atrocidade louca, as dores costumeiras,
Inverno contumaz sem vento e sem palmeiras.
Da amara solidão, incrível, inda rio...

Se Deus já me esqueceu, não sintas, de mim, pena.
A morte, sorridente, aproxima-se, acena.
Não quero ser eterno, a dor será perene!

A cura não encontro o rio não se amansa.
Na festa desta vida, eu me esqueci da dança.
Quem sabe a despedida esteja em ti, Marlene?




Marina


Marina: Oriunda do mar


Tão distante do mar, meu pensamento voa...
Onde encontrar, meu Deus; um raio de esperança?
Olhando pr’o horizonte a vista não alcança,
Minha alma dolorida, é certo, não perdoa...

No trono desta deusa, um cetro sem coroa;
O marulho inda escuto, esparso, na lembrança.
A vida vai passando, o tempo sempre avança.
Um grito alucinado ao longe inda se ecoa.

Onde está t’a beleza? Espero a formosura
Do olhar que me deixou, em noite mais escura.
A dor é penetrante e me lateja, fina.

O meu mar se revolta em procelas terríveis.
A minha vida perco, em dores invencíveis.
Ungüento que mitiga? Encontra-se em Marina!


Marisa

Marisa: Aglutinação de Maria e Luísa ou Maria e Elisa

Como posso fechar esta fatal ferida?
O tempo vai matando, em nós, a inocência.
Em vão eu rezo aos céus, pedindo por clemência.
A dor inebriante, invade e nos convida

À tentativa errante, o ser feliz na vida.
Ordena, o deus amor, a dura penitência.
O látego cruel promete tanta ardência
Vejo-te na chegada, esperas despedida...

O corte que fizeste, o fio desta espada;
Depois que despediste, a vida trouxe nada.
Nem chuva que refresque e nem a mansa brisa...

A vida se resume em aflição e penas.
As noites nunca mais serão calmas, serenas.
Por que feriste assim, quem tanto amou, Marisa?



Maristela


Maristela: Estrela do mar


“só sei é que depois, muito depois,
Apareceu uma estrela no mar”



Amor pleno em mistério, encharca-nos de sonhos...


Um dia, em bela praia, um grão de fina areia,
Olhando para o céu reparou na beleza
De estrela que fulgia, amante natureza...
Acostumado à praia, ao canto da sereia,

Sabia não havia, um fogo que incendeia
Que traz a plena chama, invade com leveza,
E faz o grande amor repleto de incerteza.
A noite tece a tela, a vida tece a teia...

O tempo se passou, estrela e grão distantes...
O quê que aconteceu com os pobres amantes?
A vida tece a teia, a noite em aquarela...

Do caso apaixonante, uma lição eu levo.
Ao amor? Nada impede! E por isso carrego,
Minha estrela do mar, amada Maristela!


Marli

Marli: Nome de uma povoação francesa


Amor é sentimento em vias de extinção.
A boca que me beija assim tão à vontade,
Decerto já beijou metade da cidade!
É retrato instantâneo, invade em profusão.

Um segundo que passa inventa outra paixão.
Por que vou ter ciúme em pouca lealdade.
Eu sei, não é mentira, amor é de verdade.
Isso tudo é hormônio...Amar? a solução!

Beija aqui, beija acolá... Não pára de beijar.
O neon brilha tanto, apagou o luar!
Estou ficando velho, agora eu percebi!

Sem pinho, serenata? A lua dança axé.
Amor sem carro novo? Amigo, não dá pé.
Ainda bem que achei meu par, minha Marli...


Marta

Marta: Senhora da casa

O teu olhar decerto, eu sinto, não perdoa.
Desculpe se te tomo a luz e claridade.
No fundo não pretendo o gosto da saudade.
A mão que não carinha, aquela que magoa...

O pensamento é ave esperta, sempre voa.
Não quero essa gaiola, eu amo a liberdade!
Embora não prometa eu terei lealdade.
À noite, após a festa, a vida fica boa!

Não venhas me dizer que julgas na aparência
Se for assim, também, que eu tenha paciência.
Se bem que na verdade a vida não me aparta.

Eu gosto do teu colo, o resto não importa.
Senão que vou fazer? Aberta, vive a porta.
Quero ficar aqui, na nossa casa, Marta!



Michele

Michele: Quem é semelhante a Deus?

Um deus enamorado, em sonhos, te esculpiu.
Beleza iluminada, estrela radiante.
Por certo ele te quis, pensou ser teu amante.
A pele tão morena, os olhos são de anil.

E lua enciumada, esquiva-se sutil,
Deus Hélio radioso, em raios, triunfante;
Abraça toda a terra, um beijo delirante.
E neste mesmo instante, um girassol se abriu.

Depois, envergonhada, a flor logo murchou.
Porém, pobre quimera, o deus que te criou,
Em nuvens vira fera, a chuva, a tempestade...

Mal sabe essa natura, a mulher tem caprichos.
Michele, toda bela, em busca d’outros nichos,
Deitada em minha cama. Em plena liberdade!


Mirela


Mirela: Milagrosa

Alegro-me em te ver amiga, andei perdido,
Na procura da estrela, esqueci que sou humano.
O céu está distante, aqui é outro plano.
Acho até que tive sorte, eu podia ter caído.

Mergulhado no abismo após ter derretido
O sonho de voar. Cometo tanto engano
Porque sou sonhador. Depois disso me ufano.
Fechando os olhos, vou. Perco todo o sentido!

Amiga, teu amigo aguarda um triste fado,
Depois da dura queda, o sonho sepultado.
Mas, teimoso, não paro, aguardo outra viagem.

Que vou fazer da vida, espero uma resposta.
De milagre em milagre, um dia viro posta.
Mirela, milagrosa, amiga, uma visagem...




Miriam


Miriam: Senhora


Cansado desta luta inglória e mais feroz,
Sonhando com a paz, amar é tão preciso.
Procuro pelo rastro, espero o paraíso.
Grito desesperado, estou perdendo a voz...

Ribeiro, minha vida, esquece-se da foz.
Insana madrugada, em vão, vai sem juízo.
A minha vida, inteira, imenso prejuízo.
Meu verso se transborda em pura dor, atroz...

Por que tu me deixaste, isso eu não merecia!
Sujeito à tempestade imerso em fantasia...
Do que pensei na vida, a morte não demora.

Amor que é tão sozinho, esmaga, pois tirano.
Espero por teu braço, a vida sem engano.
Miriam, do meu mundo e do sonho, senhora!



Mônica


Mônica: Só, sozinha, viúva


Na noite, solitária, o vento qual chibata
Batendo na janela. Amor, triste, partiu...
Um canto longe, vago, uma lágrima,mil...
A vida se esvaindo, a dor maltrata...

A solidão noturna, a saudade retrata.
O mundo que sonhara, um átimo, ruiu...
O castelo, a princesa... O mundo já traiu.
Na morte, se enlutara, a volta não tem data,

Mas espera o momento onde possa encontrar
O motivo da vida, o brilho do luar...
Nesta eterna neblina aguarda pela chuva

Que nunca vem. Final de tudo, sofrimento...
Nesta janela aberta a voz triste do vento...
E Mônica sozinha, o leito, de viúva...





Nadia

Nadia: Espírito de luz


Em toda tua vida, em tudo foste eleita,
No sonho que me embala, intensa claridade.
No tempo que me resta, a plena eternidade.
Minha alma ao te saber, se eleva e se deleita.

A mão tão delicada, a boca mais perfeita...
O lume d’uma estrela imensa intensidade,
Espírito de luz, total imensidade!
O dia em que chegaste, a vida satisfeita!

Meu verso te procura em cada pensamento,
O medo que tortura, esparsa-se no vento.
Ao ver-te, me imagino, alçando pleno vôo...

Quanto mais alto estou, mais perto estou de ti.
Emoldurou-te Deus, no sonho que perdi.
Nádia, desde que foste, eu nunca me perdôo!



Nadir


Nadir: Vigilante

Quem fora simplesmente mar vazio,
Espera com total ansiedade,
Que a vida sem ter rios de saudade
Não deixe seu amor morrer vadio...

Deleita-se com brilho em mar sombrio,
Acalenta ilusão de liberdade.
Esquece a noite fria e sem maldade
Aguarda por calor no novo estio.

O sonho de salvar-se vai crescendo
Enquanto o duro inverno vai morrendo.
Embora nunca deixe de sentir

O frio que, covarde não lhe deixa.
Quem foi do amor escravo espera a gueixa
Que vai se incorporando e traz Nadir.




Nair


Nair: Aquela que é luminosa



Quem neste triste mundo se perdeu
Nunca teve os caprichos bons da sorte,
A paz nunca chegou. Viveu sem norte,
O sonho que foi claro escureceu.

Quem sempre desfrutou do negro breu,
Sabe a profundidade e dor do corte.
Em plena vida aguarda a fera morte.
Esquece de viver, assim como eu.

Sou trama que não teve mais emenda,
Um velho beduíno sem a tenda.
Sou noite solitária e dolorida...

Nair é com certeza o santo cais.
Depois um outro porto, nunca mais.
A última esperança em minha vida!





Nancy


Nancy: Aquela que é cheia de graça




Toda a minha emoção, é verso sem sentido.
É canto que maltrata um coração sem lume.
É flor que não encanta, a falta do perfume.
É mar que não navego o leme dividido.

Morto, no esquecimento, a sensação do olvido
Invade minha cama, escuta meu queixume.
Sou boca que te morde, a falta de costume,
Retrato na gaveta, há tempos esquecido.

Sou fumo que evapora esparso em triste vento.
Poeira dessa estrada, o céu sem firmamento.
O pouco do que fui, está guardado em ti.

Pois foste um relampejo, um pouco de esperança.
Confesso, nunca mais, saíste da lembrança.
Meu único momento feliz, contigo, Nancy...





Nara


Nara: O que está bem próximo, mais próximo


Quem me dera sonhar um verso mais feliz
Que me trouxesse paz sensação que não vi.
A minha vida, triste, esqueci, por aqui...
Minha alma, tão sozinha esteve por um triz.

Nos bares, cabarés, minha alma meretriz;
Sou pó, sou resto, o nada. O futuro? Perdi
Em meio a tanta coisa, a lama onde cai,
A faca penetrante, a marca, a cicatriz...

Na pureza do olhar desta mulher tão bela,
A garra da pantera, estico e se revela.
Tua carne desejo, o beijo desampara...

Porém nesse segundo, ingenuidade tua,
Que me amas, eu percebo... Enfim achei a lua!
Enfim achei a vida, e me salvaste, Nara!



Natacha/ Natalia

Natacha / Natalia: Nascimento, dia natalício


Há tempos fui feliz pois era amado.
Tantas vezes sorria, até cantava
Por caminhos risonhos. Esperava
Que a vida sempre fosse um verde prado...

Tinha você... Meus filhos... Ao meu lado!
A cada novo dia renovava
Minha felicidade. Nenhuma trava...
Mas a cruel quimera, o triste Fado

Num instante infeliz tudo mudou.
E nada do que fui aqui ficou...
A morte me rondando, sorridente...

Mas quis Deus, num momento de carinho,
Que eu não seguisse o rumo mais sozinho
Renasci em Natália, de repente...






Neide


Neide: Nadadora

Na noite, caminhando pelos bares,
Em busca deste sonho que morreu.
Mesmo na claridade, o negro breu.
As lágrimas impedem os luares...

Procuro nos bordéis e nos altares;
Amores que se foram, restou eu...
Nem sombra do que fui sobreviveu.
Nesta noite de ronda, dor aos pares

E meus olhos perseguem esperança...
A cada novo beijo, nova dança,
Aumenta esta distância: vida e paz...

Ninguém percebe, morro a cada instante.
Procuro minha amada, minha amante...
Só Neide a me salvar da dor voraz...


Neusa


Neusa: Nadadora

Nas ruas desfilava a bela forma, esguia;
Trazia em seu olhar, um raio de luar.
Vontade de viver, vontade de chorar...
Amor fora distante, em plena asa do dia...

Sua beleza rara, a deusa não sabia;
Criança que matava, a cada meu sonhar,
Não via, distraída, a promessa de mar
Que, embalde lhe trazia, em minha poesia...

As ilusões cruéis fatais e terebrantes...
Meu mundo se perdia em olhos tão distantes...
Quem dera Deus me desse amor da bela deusa...

A vida, num repente, em rara em mansa luz,
Talvez não me pesasse e fosse leve, a cruz...
Nas ruas desfilava, a minha deusa: Neusa...