sexta-feira, dezembro 21, 2007

SONETOS 006

Redenção

A noite me trazendo o mar imenso
Em mansa calmaria que me invade,
Acendo meus desejos neste incenso
Qual fora em atitude uma saudade...

Saudade deste tempo que passei
Em busca deste Deus que não mais vejo.
Agora que a mortalha traz a lei,
O manto desta dor, forma o desejo...

Desejo de saber do meu futuro
Nos olhos desta guia, primavera...
O resto da canção, seguindo escuro,
O tempo que passei, minha nova era...

Agora que te encontro ao fim do dia,
Renasce meu amor, em poesia...

Amor e Sonho

Cortando num galope pelo céu
Mergulha em teu sorriso, num segundo,
Receba com carinho teu corcel
Que sonha vir também tragando o mundo...

As mãos que acariciam teu desejo
São mãos mais delicadas e precisas,
Fazendo dos meus sonhos, sem ter pejo,
As horas e delícias mais concisas...

Corcel que deleitando não se cansa
De ter uma esperança de te ter...
Recebe todo o vento da lembrança
Do sonho que começa a te envolver...

Não deixe que se queime quem te espera,
Corcel que se devora por pantera...

Amor e Desejo

Serpente que sonhavas em delícias
Por
entre tuas pernas passeando,
Fazendo dos prazeres e sevícias
Desejos que deliras desfrutando...

Quem dera ser a serpe que t’anseias
Nas noites delicadas e gentis,
Entrar e penetrar por tuas veias
Causando teus delírios mais febris...

Enrosco em tuas coxas tão morenas,
Depois de conhecer os teus caminhos,
Com tais temperaturas não amenas
Deitar tão bravamente nos teus ninhos...

Desejas da serpente, um louco beijo,
Serpente que te invade, com desejo...

Eu te Desejo, meu Amor...


Amargurada tramas com a lua
Maneiras de forjar loucos desmaios,
No cio que te encontro, seminua,
De todos os desejos, mansos raios...

Desfruto dessas flóreas emboscadas
Que tramas sem saber que te tocaio.
As prendas que me deste, vão guardadas
Nas flores que escondeste, logo caio.

Pairando nossos sonhos mais secretos,
Em torno desse mar que já se orvalha.
Os dedos competentes seguem retos,
Cortando teu prazer, doce batalha...

Te quero desejando sem ter medos,
Amor que já desvenda teus segredos...

Minha Grande Amiga

Amiga, nossa noite já promete
Portanto não se esqueça do detalhe
Que quando tanto amor já se intromete
Promessas de desejos fundo entalhe.

Amiga como é bom saber que vens
Trazer quem sabe a luz que necessito.
De todos os meus toscos, pobres bens,
A noite que vieres, nosso rito.

Amiga me fartando de teus beijos,
Não deixo de sentir certo ciúme
Sabendo que repartes teus desejos,
Quais flores que se encharcam de perfume.

Mas venha, nessa noite, minha amiga,
A mão que acaricia, em si me abriga...

Amor em Paz

Teus
olhos que em meus olhos já cintilam
Aos deuses os meus olhos agradecem,
Esquecem dos rancores que destilam
Nas horas que em teus olhos não se esquecem.

Alagas com teus rios os meus potes
E fazes de meus fios tantos cortes,
Amores que vivemos são meus motes
Embora não se percam nossas sortes....

Jazido sobre a cama que me dás
Desmaio nos teus braços sedutores,
Vencido te desejo, amor em paz,
Nas múltiplas feições de tantas cores...

Querendo formosura sem igual,
Amor que tanto tenho mel e mal....

Onde andas?

Nas torres que mergulhas, altaneira,
Esqueces dos teus sonhos bloqueados,
Vivendo das tocaias mais certeiras,
Invades meus caminhos e meus prados...

Amando quem amei e não voltou
Depois de tanto tempo, não me esqueço.
Padeço destes restos do que sou,
Sem pena, ao fugires, enlouqueço.

Procuro por teus rastros mas não acho,
Não tenho mais o faro que já tive
Não quero que maltrates, sou capacho
De todos os momentos nada vive...

Não vejo mais teus olhos sedutores,
Perdido nesse mundo, sem amores...

Meu Jardim...

Flores no meu jardim esquecidas...
Jasmins e brancos lírios derradeiros,
Crisântemos e rosas ressequidas
Amores se perdendo, corriqueiros...

As rosas, violetas, dálias, lírios;
Não sabem quanto tempo eu procurei,
Passando meus amores nos martírios
Achando que podia, mergulhei...

Agora que o jardim, tão sem cuidado,
Em urzes, nos espinhos sequer flor,
Eu lembro desse amor novo, encantado,
Quem sabe possa ser o salvador?

Porém, ao ver distante o teu abraço,
Deitado em meu jardim, vem o cansaço...

Eu sempre vou amar...

Eu amo meu amor completamente,
Em atos e palavras, cada dia...
Vertendo nesse amor, o corpo, a mente,
Invade mansamente a poesia...

Amor que não se mede e se procura
Em atos e desejos delirantes.
Vibrando totalmente de ternura,
Amor que se tortura nos rompantes...

Amantes deste amor quase sincero,
Dormimos abraçados, sonhos vários,
Nos braços que mergulho sempre espero
O canto em liberdade dos canários...

Amor que plenamente não me ilude,
Porém vivo esse amor em plenitude...

Eu Quero Teu Amor

Nessas tênues vertentes deste rio
As águas que te banham deliciam.
Diluo meus desejos no teu cio
Pelúcias que os amores propiciam...

Desfilo meus dedos em teus portos
Atraco meu navio no teu cais.
Os medos não demoram, vivem mortos,
Pois sabem que temor não terei mais...

Cortejo cada toque mais profano,
Remessas de delírios e prazeres
Noturnas fantasias sem engano,
Que são tramadas, basta tu quereres...

Eu quero teu amor, manso cortejo,
Em tantas explosões do meu desejo...

O Nosso Amor

Não falo mais em lágrimas nem gritos
Noturnos, nem vazios dentro da alma...
Amores que avassalam velhos mitos
Trazendo toda a paz que já me acalma...

Não falo mais em promessas disfarçadas
Nem nos medos inerentes ao amor.
As noites em carinhos, se passadas,
Não deixarão espaços ao rancor...

O templo dos amores, nossa cama,
Deliciosamente num incenso
Perfumando toda nossa chama
Trazendo um prazer santo, imenso...

Falo dessa ternura que tivemos
Na brasa deste amor em que vivemos...

Desejos de Amor

Assim nossos desejos tão carnais
Em tantas rebeldias se processam
Forjando em nossa cama carnavais
Em todos os momentos recomeçam

E tramam nos seus frêmitos delírios
As horas mais incríveis sem receios,
Beleza para os olhos, meu colírios
Na dura turgidez de belos seios...

Não cabem nem discursos da arrogância,
Nos lábios encardidos sem pudor,
Aromas sensuais, doces fragrâncias,
Misturas dos prazeres e do amor...

Ao ver teu corpo nu enlanguescente
Amor que se refaz tão de repente...

Nossos Sonhos de Amor

Nos sonhos mais febris, alvissareiros,
Procuro teus espasmos sobre mim,
Guerreira conquistando outro guerreiro
Inundo as fortalezas, perco enfim...

E ganho na derrota imaculada
Sem medo do castigo que mereço,
Avanço tuas rotas minha amada,
Em cada novo passo, um endereço.

Roçando meu desejo em teu delírio,
As rocas encontradas cada atol,
Servindo de ternura e de martírio,
Aguardo o nascimento desse sol.

Que trama nosso amor, doce veneno,
Matando e me tornando mais ameno...

Amor, por acaso...


Eu não temo má sorte nem quebranto
Apenas acredito nesse amor.
Que vive e sobrevive desse encanto
Que trama e que transforma em vencedor.

Amor que não se intera com fastios
Em mansa letargia sempre vence.
Quebrando tolos potes mais vazios,
Em todas as essências me convence...

As pernas que me traçam tantos nós,
Os dentes que já cravam minhas costas.
Nas horas em que estamos mais a sós,
Vencemos dos quebrantos as apostas...

E nada mais supera nosso caso,
Nascido e construído num acaso...

Amor e Fantasia

Qual mansa borboleta em vôo breve
As asas delicadas deste amor,
A mão de quem deseja não se atreve
Com medo de ferir a leve flor...

As luzes bruxuleiam lusco fusco,
A lua entreabrindo-se modesta,
Não cabe um movimento se mais brusco,
A natureza amando em plena festa...

O sol devagarinho sobe a serra,
Tramando nos seus raios sensuais,
Amores se espalhando em toda a terra,
Vontade de te amar, de querer mais...

Amada não se esqueça deste dia,
Amor que nós fizemos, fantasia...

Meu Amor...

As luzes diluídas na tristeza
Espelham a minha alma sem te ter,
Recebo desta vida tais rudezas
Que nada neste mundo dá prazer....

Mas vejo uma esperança renascendo
Em plena tempestade que forjei.
De tudo que vivi, amor nascendo
Dizendo ser feliz, a nova lei....

Passei por tantas pontes inseguras,
Andando pelas matas mais fechadas.
As noites maltrapilhas tão escuras,
As horas não passavam, tão cansadas...

As alegrias ressurgem sem tormentos,
Amores nos amores, alimentos...

Te Desejo!


Os braços belos, livres sobre mim
Tramando seus segredos, desatinos...
A boca desejosa e carmesim
Badalam pensamentos tantos sinos...

Eu quero te querer a cada dia
Desta forma mais mansa e solidária
De toda minha luz em fantasia,
A vida nunca mais tão temerária...

Sem mágoas ou torturas, nosso céu;
Nos sonhos mais dourados e felizes.
Espero me esconder em teu dossel,
Curando minhas dores, cicatrizes...

Amor que não me esqueço de cantar,
Espero teu desejo em meu olhar...

Amor e Paixão


És deusa radiante em formosura
Na
boca tão perfeita quão sedenta.
Delírios, tantas graças e ternuras,
Paixão que me alucina, violenta...

Nas flores que plantei, perfeita rosa,
Ávida dos mais doces sentimentos.
Beleza que mortal e dolorosa
Transtorna vagamente, por momentos...

Amada me perdoe se magôo
Ao ver tanta beleza me transtorno...
Alçando o pensamento em pleno vôo,
Depois de tanto tempo já retorno

E digo da paixão que me domina,
Nas pétalas da rosa, minha sina...

Amada..

Na mágica opulência de teus braços,
Deitado entre tais prismas da beleza,
Recebo da ternura finos traços
Envoltos nas luxúrias, fortalezas...

Te quero meu deslumbre e fantasia,
No frescor da manhã que já desponta,
Vivendo nosso amor em harmonia,
No reino que bem sei, do faz de conta...

Amada a quem dedico esses meus versos,
Abraços e carinhos são meus motes...
Nas fontes de tais gozos mais diversos,
Desejos que me encarnas, vários lotes...

Amada quem me dera ser teu nexo
Na noite que tivemos, suor, sexo...

Olhos vorazes

Caminho por estrelas quando vejo
Os olhos divinais que tanto quis.
Sabendo que vertido meu desejo
Na boca que me fez ser tão feliz...

Montanhas escaladas nos mistérios
Das noites que passamos acordados,
Amores envolvidos sem critérios
Demonstram velhos sonhos decorados...

Amada que me trouxe liberdade
Das fontes que percebo inigualáveis,
Vasculho pelos becos da cidade
Os olhos divinais inalcançáveis...

Divinos sentimentos são capazes
De penetrar amores mais vorazes...

As Tramas do Amor

Dançavas sobre a cama nos volteios
Em formas delicadas de serpente
As mãos vão deslizando sobre os seios
Fazendo nosso amor onipresente...

Volúpias e carinhos se procuram
Retorcem delirantes nessa trama
Levemente as bocas se torturam
Trazendo essas estrelas para a cama.

Recebes meu amor com frenesi,
Descanso minha vida sobre a tua,
Depois de tantas coisas que perdi
Me encontro em paraíso, toda nua...

Amando quem me fez um vencedor,
Vencido pelas tramas deste amor...

Tens origem no mar que mergulhamos
Nas noites belicosas, insensatas,
De tanto que nas vagas nos amamos,
Desfilam nos teus olhos, as cascatas...

As púrpuras violetas que cultivo
Em lástimas que tento não fazer,
São feitas deste mundo mais esquivo
Que invado, toda noite, no meu ser...

Surgindo como a lua nos espaços,
Vindimas dos amores no meu peito.
Trespasso assim as algas e sargaços,
Plantando no meu peito, amor perfeito...

Nas cores das auroras que procuro,
Nas ondas deste amor, já me torturo...

Abraço Amigo

Não pense que essa voz, se já cessasse,
Parava de chover tanta saudade,
A vida que em promessas não renasce
Padece sem disfarce, de maldade...

Mistérios denegrindo nossos sonhos,
Proponho nossos passos mais serenos.
Ao menos esquecermos dos medonhos
Caminhos emboscados em venenos...

O lago peregrino do meu peito
Em tantos desafios se perdeu,
Não sei se enfim terei qualquer direito
De fuga ou claridade neste breu...

A luz que salvará, tenho comigo,
Abrigo do teu braço tão amigo...


Minha Amiga

Não quero teu silêncio minha amiga
A noite poderá ser derradeira...
A vida que em promessas se periga
Denota uma saudade verdadeira...

Saudade do que fui e já perdi,
Saudade do que fomos, no passado,
Saudade que encontrei ao ver-te aqui
Saudade do que fora mais amado...

Saudade da verdade que não sei,
Saudade desse mar que navegamos.
Saudade do que nunca esquecerei,
Saudade dos amores, nunca amamos...

Saudade da mulher que é minha amiga,
Amada, uma ternura, tão antiga...

Ame!

Desejo que a verdade te agracie
Com os beijos delicados deste amor
Que nada neste mundo te resfrie
Intensos os desejos com fervor...

Acostumaste a voar sem ter as alas
Que, em veros versos sempre mentes.
As luas que pretendes açoitá-las
Penetram calmamente nossas mentes.

Mas foges destes brilhos sem saber
Embora somos feitos deste sal,
A vida que transtorna cada ser,
Em dívidas da sorte, no final...

Na dúvida que corta nosso canto,
Abrace nosso amor, em puro encanto!

Eu Amo!


Minha infância longínqua, entardecida,
Lembranças esquecidas neste outono,
Passando tão veloz a minha vida,
Vivida nestas cores do abandono...

Depois de tanto tempo tão distante,
Os campos e arvoredos desta infância,
Percebo no teu colo, minha amante,
O brilho desse tempo, uma fragrância...

Cansado dos caminhos mais doridos,
Arrasto minhas dores nas saudades
Das penas e das ânsias, nos olvidos,
Ficaram tantas luas, tempestades...

Agora que retorno deste mundo,
Deste teu puro amor, eu já me inundo...

Sonho de Amor

A boca abrasadora que me toca
Ao mesmo tempo louca, se transforma,
Detalhe de minha alma não retoca
Pois quando enfim me beija, nada informa...

Teus olhos esquecidos adormecem
Num canto desfilando tantos lumes...
As horas que vivemos apetecem
Encharcam nossa cama de perfumes...

Roubamos tantas cores e fragrâncias
Embora não saibamos destes cais.
As cordas embebidas das estâncias
Dividem nossas mãos descomunais...

A boca escancarada sempre ri
Do sonho deste amor que trago aqui...

Amar Simplesmente

Desejo tão errante te procura
Estamos tão parceiros e distantes.
Na borda do caminho da amargura
Nas curvas das montanhas deslumbrantes...

Devíamos amar tão simplesmente
Quanto respiramos, sem perguntas...
As mãos se deslocando totalmente
Seriam bem mais fortes, quando juntas...

As pedras que carrego tão pesadas
Entranham em meus ossos, não me largam.
Os sonhos de manhãs mais orvalhadas
Em tantos palavrões mordem, afagam...

Mas saiba que eu te amei, porquanto te amo,
Por isso, dessa ausência, eu te reclamo!

Canto De Amor

Espinhos que coroam nosso canto
Em formas eriçadas tão agudas,
Vermelhos os desejos, verso e pranto,
Não queimam nem precisam mais ajudas...

São formas dolorosas deste fogo
Que espalhas pelos campos destas flores...
Amada não se pode crer no jogo
Que arriscam, mais ariscos, os amores...

O certo é que tremulo sem sentir
As pernas temerosas laceradas,
O canto nos espinhos do porvir
Afoga minhas dores des’peradas...

Enquanto tanto amor manso e cruel
Nos leva loucamente para o céu...

Caprichos de Amor

Caprichos dos amores que geramos
Gerânios e fragrâncias de jasmim,
Dourados os destinos que traçamos
Morrendo sem amor dentro de mim...

Mas nada mais recorda que teu canto
Em cordas e versões mais delicadas.
As portas, escancaras, não sei quanto;
Deitada nessas camas mal amadas...

Recordas nossos ramos, arvoredos,
As árvores morrendo sem teus olhos,
Jardins que te procuram, sem segredos
De flores que desmancham-se, sem molhos...

Amores que geramos não vivemos,
Apenas abortados mal nascemos...

Amor e Desejo. Por que não?


Se chamo meu amor aqui num canto
E falo que desejo seu prazer,
Parece que desaba um negro manto
Vontade de morrer ou de sofrer.

Ofensas quando falo que te quero
Parece, na verdade que não amas.
Se falo desse amor um riso fero
Desponta e reacende velhas chamas...

Amores e desejos quando fundem
Formando um só composto da paixão,
Apenas nossos lábios se confundem,
As pernas encolhidas no seu não...

Que faço, minha amada, simples beijo
Já basta p’ra acender o meu desejo!

Eu Te Amo, simplesmente...Te Amo!


A dor maior que trago, o desamor,
Festeja uma saudade que sentimos...
Vibramos com tesão, farto calor,
Nas horas divinais, nos divertimos...

Porém depois de certo desengano
Causado por ciúmes, não sei bem;
O vento vai mudando, novo plano,
Será que depois disso, sem ninguém?

Desculpe mas não quero ser mais chato,
Amor que tanto temos somos tantos,
As águas que inundaram outro regato,
Não podem te causar tantos espantos...

Amada, minha lua é par constante,
Seu brilho, já me basta, deslumbrante!

Meu Amor espero por ti...

Espero minha amada que não vem...
Eu creio que talvez jamais virá;
Por certo se perdeu com mais alguém
E nunca mais meu mundo encontrará...

Amada que desfeita num luar
Deitada numa relva tão macia,
Sabendo que talvez possa encontrar
As mãos silenciosas e vazias,

Buscando noutro porto, noutro cais;
Amores que se fazem mais constantes,
Não venha pros meus braços nunca mais,
Quem dera se eu soubesse, enfim, bem antes...

Mas saibas, minha amada, não sou mudo.
E canto nosso amor morto, contudo...

Amor Eterno...

Ela chegava, amada e tão silente,
Deixara minha porta escancarada,
Passo a passo, senti que simplesmente
Quase em nada lembrava minha amada...

Os olhos faiscantes do passado,
Agora estavam foscos, parco brilho.
Quiçá o que mudou, atordoado,
Foi o sentido claro do meu trilho.

Talvez aquele ardor que já sentira
Dormita nalgum canto tenebroso.
Embora o fogo queime em mesma pira
Contava nesse corpo o mesmo gozo...

Mas creia, meu amor inda é mais forte,
É meu último trunfo contra a morte!

Eterno Amor

Pensara que esse amor já se acabasse
Nas curvas que derrapa a cada dia.
Tentara acreditar simples disfarce
A máscara que usara, de alegria...

Pensara que teu braço mais cansado,
Envolto nos abraços fosse frio,
A mansidão do tempo, lado a lado,
O coração exaspera e vai vazio...

Pensara que jamais fosse tão franco
Ao ver envelhecer quem tanto amei,
Nestes cabelos, neve, todo branco
O manto da saudade que guardei...

Mas nada, eu percebendo que inda te amo,
Com olhos no passado, porvir tramo...

Amar Sem Medo


Não temo mais a face da quimera
Disfarces vou usando pela vida.
Eternamente em plena primavera
Espero por teus cânticos, querida...

Saudade tão perversa, não me toca,
Tocaias que preparo são diversas.
Amor mesmo demais, quando sufoca
Prefiro que essas dores tão perversas...

Não temo a solidão, inverno e frio,
Anseio pelos seios da morena...
Não temo um coração triste e vazio,
À noite a solução de longe acena...

E mostrando esse amor em claros dentes
Sorrisos dessas pernas envolventes...

Obrigado Amiga

Amiga, minha vida foi depressa
De pressa e de pressão perdi meu rumo...
A noite em tantos versos se confessa
E nada do que tive mais arrumo...

Na sombra que vagueio sem paragem,
Imagem da mulher que nada quis,
E fiz desses meus sonhos a viagem
Em busca de outro porto mais feliz...

No triz que representa quase tudo,
O tanto que não fui já vai disperso.
Sabendo que talvez, porém, contudo,
Moeda que ganhei, puro reverso...

Amiga no teu trilho, maravilho,
A sorte que estampaste em nosso filho..
.

Perdoe Minha Amiga

Nos guizos da alegria, sou palhaço
Que tento ser feliz sem teu amor...
Esqueço e já tropeço no compasso
Te abraço fortemente sem pudor.

Amada como é bom pisar na areia
Sentindo esse calor que a praia traz,
A mão que acaricia e que semeia
No fundo o que precisa é ter mais paz...

Amiga minha amada, minha amante,
Defronte desta estátua da quimera,
Convido passearmos num instante
Buscando dessas dores, primavera...

Amiga me desculpe se sorrio,
Esquenta um coração sofrido e frio...

Amor Perfeito


“Da manga rosa quero o gosto e sumo”
Dos braços da morena meu regaço
Evaporando amor, etéreo fumo,
Deitando no teu colo meu cansaço...

Eu te desejo esteja certa disso,
Como quem beijaria mansa flor.
De todo amor que nasce em belo viço,
No vício um precipício em denso amor.

Perfumes inebrias, meu incenso,
Intenso como quem quer ser feliz.
Amor se bobear ficando imenso,
Deseja toda a rosa em seu matiz...

Não deixe que esse canto se desfaça
Brincando qual criança em plena praça...

Amor Ao Entardecer


Dois velhos caminhando pela praça
Futuro nos trazendo um bom passado,
A vida no momento em que se abraça,
Meu braço nos teus braços, apoiado...

Amiga que me deu a vida inteira
Nos braços que me dás, tantas histórias...
De vida que mostrou-se verdadeira
Guardada num recanto, nas memórias...

Aos poucos nos unindo sempre mais,
Tornamos espelhares mas distintos,
Unido sem ser uno, isso, jamais...
Nos sangues tão diversos, todos tintos...

Dois velhos caminhando com ternura,
Depois de tanta vida, uma ventura...