domingo, dezembro 23, 2007

SONETOS 093 E 094

No fogo colossal de tuas ancas,
Balanças meus olhares, perco o rumo.
As noites que passei sozinho, brancas,
Depois que enfim te vi, ganham aprumo.

As mãos que, viajantes seguem francas,
Espremem da maçã perfeito sumo,
E mansamente, meiga, quando espancas,
Prazeres mais airosos sobem, fumo...

Menina me ninaste e me enganaste,
Serenamente engoles, presas, fera.
O amor que não desnuda não se gera,

A dor do teu legado faz contraste,
Amantes tresloucados... quem me dera...
Nas ancas que rebolas? Me mataste!

X

Vive em teu coração uma andorinha
Voando na procura d’outro mar...
Tua alma viajante vai sozinha,
Na espreita de poder, enfim, amar...

Esqueces tuas dores, pobrezinha;
Vestígios de saudade no luar.
Os cantos te fizeram avezinha
Que pede, simplesmente, p’ra voar...

Quem poderá fazer enfim, que as asas
Aprendam os segredos deste céu.
Teu corpo se acendendo todo em brasas

Os
beijos são promessas do desejo.
A mão que te acarinha, fogo e mel,
Percorre estes caminhos sem traquejo...

X

Amiga, quando andaste entre serpentes
Que formam estas plêiades doridas,
Adaga que prendeste entre teus dentes
Mostrando nesta força uma saída,
Em meio a tantas gentes maldizentes
Achaste a solução da despedida...

Agora em teu retorno, doce mel
Deixado após ferrões destas abelhas,
O brilho descortina-se no céu,
O fogo se faz manso, sem centelhas.
Trotando calmamente o teu corcel
Eu bebo a maciez que em mim espelhas.

O sonho que espalhaste continua;
Amiga sê bem vinda, a casa é tua.

X


Amor que nos envolve e não deixa
Sequer uma esperança de fugir,
Se sou um samurai, tu és a gueixa;
Sem queixas, nosso amor vem me pedir

Que toda eternidade seja pouca
Para esse imenso mar de amor sem fim,
No grito de alegria, a voz mais rouca
Percebe todo amor que existe em mim...

E sou feliz por ter esta aliança
Que envolve um coração insaciável,
Rito fenomenal de uma esperança
Que era antes deste amor, inconsolável.

No peito, uma emoção transborda em festa
Vivendo
em cada dia que me resta...

X

Desenhas; no meu corpo teus afrescos
Marcados com batom em lábios quentes.
Decifrando vontades, arabescos,
Explodem em prazeres mais urgentes.

Nos sonhos mais profanos e dantescos
Tu surges em volúpias envolventes.
Loucuras deste amor canibalesco
Que entorna-nos vorazes e contentes.

Fazemos mil caminhos impossíveis
Em trilhas tão fogosas, sem ter siso.
Em posições diversas, incabíveis,

No gozo que renova a mocidade,
Numa explosão de tal ferocidade,
Invado, de repente, o paraíso...

X

Lembranças delicadas, posto vivas,
Contemplam meus momentos mais atrozes.
Ouvindo vagamente roucas vozes,
As horas vão passando sugestivas.

De tudo o que guardei, expectativas
Em dias mais difíceis e velozes
Invés de companheiras, tão algozes,
As noites sempre frias, pensativas.

Deixando no passado tantos louros,
Troféus que antes julgara imorredouros
Abandonados morrem, perdem chama.

Pergunto, minha amiga, como e quando
O tempo se fará suave e brando,
O nada por resposta triste, clama...

X

SIMPLESMENTE, UMA AMIZADE


Gargalha tolamente qual palhaço
Desengonçado sonho que criei
De ser nos braços dela, um vivo rei,
Porém a dor chegou em duro traço.

Agora indo sozinho, o quê que eu faço?
Se tudo o que eu queria, não terei.
Vagando em solidão, amiga, eu sei,
Que o mundo vai fechando o forte laço

Asfixiado sigo em tempestade,
Um reles vagabundo, coração.
À margem dos caminhos da paixão,

Morrendo pouco a pouco, a mocidade.
Apenas sobrará uma ilusão?
Quem sabe depois disso, uma amizade?

X

Amiga, tantas vezes fui sozinho
Em busca desta estrela que perdi,
Um pássaro se perde sem ter ninho,
Por isso, companheira, estou aqui,
Na busca deste afeto, teu carinho,
Felicidade sei que existe em ti.

Cansado de saber que nada vinha,
Adormeci meus sonhos sem remédio.
A sorte benfazeja que não tinha,
Distante não procura mais assédio.
Apenas solidão, velha vizinha,
Salva-me em versos tristes deste tédio.

Um sonho que trouxer felicidade
Apenas tão somente em amizade...

X

Andávamos nos vales procurando,
Em meio a tantas urzes, brancos lírios...
O céu como escultura, nos levando,
Envoltos em carícias e delírios...

O vento que soprava manso, brando,
Em teus olhos belezas qual colírios,
Buscava, sem saber que estava amando.
A vida não deixava crer martírios...

Montanhas e seus cumes azulados,
O verde desses campos e esperanças...
Beleza sem igual, divinos prados.

Deus, com toda certeza em orações
Guardou
a nossa imagem nas lembranças...
Num hino tão divino aos corações!

X

X

Quando te conheci eu não sabia,
Nem passava sequer em pensamento,
Que amor tresloucado uma anarquia,
Fizesse tempestade em cada vento.

Mas, no fundo, bem sei que este tormento
Transforma-se na festa da alegria
Quando juntos, unidos num momento,
Sabemos praticar democracia!

Nos opostos, amores se completam,
Os turbilhões, devoram-se, vorazes...
Democraticamente se projetam

Tornam-se mais ferozes; são audazes.
Descobrimos de um modo nada terno
O mais perfeito tipo de governo!

X

Nos vazios celestes, nada assoma,
As pétreas solidões são nebulosas.
Nas vagas mansidões mais tenebrosas,
Só trevas percorrendo, como um coma...

Ao nada, junto ao nada, nada soma,
Os sons são sem sentido. Desairosas
Ventanias varrendo, vagarosas,
Tempestades terríveis, tudo toma...

Nestas vazias, vastas amplidões,
Silêncio em solitários corações
Siderais sentimentos virginais,

Esparsas e longínquas tais estrelas,
Tantas vezes sonhei pudesse vê-las,
Mas ao ver os teus olhos... não vou mais....

X

Para os meus passos tortos, desvalidos,
Encontro uma esperança benfazeja
Tomando meus segredos e sentidos,
Nos braços desta lua sertaneja.

Tocando em mansidão os meus ouvidos,
Seu canto é o que se quer e se deseja,
Matando tais tristezas, tempos idos,
Amor por minha pele, já poreja.

E faz de cada sonho a redenção.
Sabendo que viver não é só sonho.
Por isso minha amada eu te proponho.

Viver o que nos resta de emoção,
Num mundo mais bonito e mais risonho;
Falando deste amor que é solução

X

Dominando;em prazer, meu paladar,
O gosto de teus lábios sedutores,
Invadem minha noite, num luar,
Semeia em minha cama, chama e flores.

Prometem em delícias, os albores
Que cedo, na manhã vêm entornar
Em luzes e perfumes tentadores,
Na espreita do calor de luz solar.

Teus beijos, minha amada, paraísos,
Que tanto imaginei ter noutra vida.
Meus passos que antes foram indecisos,

Agora sem temores, decididos,
Mostrando que encontrei uma saída,
Para os meus passos tortos, desvalidos...

X

Trazendo uma certeza em tal magia
Que invade cada sonho que eu tiver,
Nos braços delicados da mulher
Repletos de emoção, plena alegria.

Tu és o que o amor já bendizia
E não somente acaso, ou bem qualquer.
Contigo, pode vir o que vier
Que sei que viverei em harmonia...

Nós somos passageiros deste barco
Que leva com certeza ao porto, ao cais.
E traz em fantasia, muito mais

Do que somente um gosto, opaco, parco.
Uma ambrosia rara de encontrar,
Dominando em prazer, meu paladar...

X

Amor a traduzir felicidade,
Refulge em minha vida, raro brilho.
Não vê por certo, em nada um empecilho
Que o impeça de saber da claridade

Do dia que se faz em liberdade
Dourando
cada passo deste trilho,
Reflete no meu peito este estribilho
Capaz de me trazer à flor da idade.

Ao velho transformado em um menino,
Amor faz seus milagres, todo dia.
Nos raios deste albor, eu me ilumino,

E canto, sem delongas, tal poder.
Amor nos ajudando a renascer,
Trazendo uma certeza em tal magia...

X

Deitado nos teus braços, tão serenos,
A noite vai passando calmamente.
Distante dos perigos, dos venenos,
Meu barco singra o mar e assim pressente

Os cais que tanto quis, bem mais amenos
Vivendo em calmaria, de repente,
Sabendo: ser feliz se faz urgente,
Percebe deste amor, os seus acenos..

E vai sem ter nem dúvidas nem medos,
Na busca pelo sonho mais audaz
De ter na vida inteira a plena paz.

Sabendo conhecer os meus segredos,
Afasta para longe, a tempestade,
Amor a traduzir felicidade !

X

Sentindo que a ventura já me alcança,
Entregue a devaneios carinhosos,
Os dias se tornando maviosos,
O mundo em mil promessas sempre avança.

Redime minha vida da lembrança
De tempos doloridos, horrorosos,
Teus braços delicados e sestrosos
Mostrando uma verdade bem mais mansa.

Agora que te tenho, amada minha,
Não temo mais a negra solidão,
O fogo da alegria se avizinha,

Ardendo no meu peito, tal paixão.
Prossigo por caminhos mais amenos,
Deitado nos teus braços, tão serenos...

X

Amor que invade tudo, firme e forte;
Qual fosse tempestade, vendaval,
Mudando a minha sina, rumo e norte,
Se torna cada vez mais colossal.

Amor tão soberano em nobre porte,
Raiando a claridade em festival,
Impede que a tristeza em fino corte,
Afete meu destino, traga o mal.

Eu sou feliz querida, nunca nego,
Por ter tua presença aqui comigo.
Andara tão sozinho em trilho cego,

Sem ter sequer um brilho da esperança
Nas asas deste amor, onde eu me abrigo,
Sentindo que a ventura já me alcança!

X

O tudo que desejo, o bem que eu quero;
Apenas encontrei nos teus abraços.
O mundo dolorido rude e fero,
Se perde na cadência dos teus passos,

Tu és amor mais puro que venero,
Ocupas coração, sem dar espaços
Aos medos tão cruéis, tristes mormaços,
Que queimam e magoam, desespero...

Vieste qual raiar de uma alvorada
Em brilhos infinitos, benfazejos,
Roubando toda a cena com teus beijos,

Na glória de viver, tão ansiada.
Contigo renasceu a minha sorte,
Amor que invade tudo, firme e forte...

X

Diante de beleza, imensa, tanta,
Calado, não consigo mais falar
Recebo em cada raio do luar
O brilho que me entorna, e me agiganta.

Tu tens a formosura que me encanta;
Jamais eu deixarei de te adorar.
Minha alma extasiada sempre canta
Em doce serenata a te buscar.

Eu quero teu perfume em cada verso,
Recendes a milhões de belas rosas.
As estrelas imitam-te, invejosas,

Vagando em mil tiaras no universo,
Perdidas, sem destino, morrem cais,
São flores sem perfume e nada mais...

X

Neste teu corpo esguio e sensual
Encontro meus prazeres preferidos.
Meus passos te procuram, decididos,
Mergulham meu desejo colossal

Nesta escultura rara e magistral
Em bronzes delicados refletidos,
Dos raios do deus sol que, recebidos,
Fizeram este ser fenomenal...

Tu és glória suprema da natura,
Cravejada de perlas tua boca.
Nas mãos a maciez de uma candura,

Nos pés delicadeza de uma santa.
A vida a decifrar-te é muito pouca,
Diante de beleza imensa, tanta...

X

Relíquias esquecidas, no passado,
Por deuses que vieram do infinito,
Demonstram que estiveram sempre ao lado
Daquilo que é mais nobre e mais bonito.

Um canto de prazer extasiado,
Amor que nos tomou em doce rito,
O gosto de teu beijo delicado,
A solidez divina do granito.

A cor destes teus olhos sonhadores,
A fonte dos desejos, os teus lábios.
O céu em seus matizes, belas cores,

Os deuses na verdade foram sábios.
Percebo esta presença divinal,
Neste teu corpo esguio e sensual.

X


Após um cansativo e longo dia
Procuro descansar meu corpo lasso
Deitando no teu colo, teu regaço,
No fogo do desejo e da alegria.

O canto que distante não ouvia
De pássaros canoros. No teu braço
Se mostra divinal, cura o cansaço.
Refaz meu mundo inteiro em tal magia.

A força que me trazes, vivifica
Uma esperança a mais de ser feliz.
A sorte se demonstra rara e rica

Em cada novo toque uma certeza:
És tudo o que desejo, amor que eu quis,
Um verso mais perfeito da beleza...

X

Minha alma se refez em nova aurora
Assim quando te vi, num outro dia,
Qual tônico que logo revigora
Bebi de tua boca esta alegria.

Tristeza e solidão jogadas fora,
A vida de repente renascia,
Agora uma alma nova aqui já mora
Envolta com delícia e maestria.

Paixão ardente e louca me trazendo
O gosto tão febril da mocidade.
Aos poucos me sentindo renascendo,

Em desvarios, tonto de emoção,
Refez-se a juventude, na verdade,
Moleque sem juízo: o coração!

X

Às vezes agradeço ao Nosso Deus
Por tudo que me deu em boa sorte.
Os olhos tão bonitos, faróis teus,
Que traçam os meus rumos, sina e norte.

O gosto desta boca sequiosa
Que traga minha boca em louco beijo.
A pele delicada e tão cheirosa,
Na tradução perfeita do desejo.

Joelhos delicados e bem feitos,
Em pernas longilíneas exatas,
Os seios alvos, duros, e perfeitos,

Quadris que movimentam erupção
Os braços que me tomam enquanto atas
Os meus formando quase uma oração...

X

Um novo Olimpo sinto nos teus braços,
Tomando no teu corpo esta ambrosia,
Percorro cada monte, teus espaços,
Faminto do maná desta alegria.

Insanos dedos formam novos traços,
No gozo magistral onde se ria
A deusa mais profana. Logo, lassos
Entregues meus desejos fantasias...

Uma Afrodite em sede prazerosa,
Devora-me sem tréguas, todo o tempo.
Fazendo do meu corpo, um passatempo,

Semeia multidões de tílias, rosas,
E assim, sem sequer pena, me alucina,
Em mãos e boca sacra, enfim, divina...

X

Procuro novamente, um outro rumo
Que sirva de caminho, como um guia,
Distante deste sol que queima, a prumo,
Dourando levemente a fantasia.

Por vezes me magôo e me consumo
Nas lutas tão vorazes, dia a dia,
Percebo que jamais eu me acostumo
Sem ter uma certeza de alegria.

Às vezes vou seguindo tão cansado,
Na busca de teu braço doce e amigo.
Querida, me perdoe ter alçado

Um vôo bem maior que imaginara.
Nas horas de confronto e de perigo,
Percebo que amizade é jóia rara...

X


Sentada no seu quarto, uma rainha
Entregue a devaneios mais ousados,
Rondando mil vontades, em pecados,
Expressa uma certeza que se aninha

No fogo do desejo sempre vinha
Lembrança de outros dias já passados,
Dos homens tão cruéis e delicados,
De tudo que queria e que não tinha...

Refém destes delírios, na janela,
Percebe um movimento mais sutil,
Um anjo assim erétil, varonil,

Adentra no seu quarto, lança em riste.
Deitando mansamente por sobre ela,
Provando que o amor, inda persiste...

X

Abrindo uma cortina, adentra o sol,
Beijando a bela ninfa delicada;
Recende tal ternura em arrebol,
Ela se entrega nua, extasiada.

Seu corpo se enrodilha, caracol,
Aos lábios deste sol, dama encantada,
Um paraíso imenso, em raro escol,
Abraça esta princesa desnudada...

Ousado, devorando esta nudez,
O astro rei derramando seu tesouro,
Cobrindo o belo corpo com fino ouro

Demonstra sua força em altivez
Fecunda
com seu sêmen vaporoso
Esta mulher entregue em pleno gozo...

X

No cofre onde os amores vão guardados,
Segredos escondidos, chaves tantas,
Debaixo destes vários cadeados,
Dois olhos delicados... já me encantas.

Quem disse dos prazeres, dos pecados,
Morrendo em mãos vazias, loucas, santas.
Agora meus momentos aguardados
São feitos dos desejos que me implantas.

Eu quero conhecer teu rico cofre,
Podendo decifrar tuas vontades.
Quem vive em solidão, por certo sofre,

Não sabe deste dia, as claridades.
Saber de teus recônditos profundos,
É conceber milhões de raros mundos.

X


Amor igual ao teu não se concebe
Nem mesmo eu imagino, nem o quero,
A lua quando o sol; mansa recebe
Acalma o astro rei, deveras fero.

Na boca fonte clara, amor se embebe
E traz sabor divino que venero
Vasculho cada rastro nesta sebe
Que leva aos braços teus; assim espero.

Tu és a redenção, uma ventura
Que emana calmaria em ânsia louca.
Nos lábios de coral sensível gosto,

Trazendo uma emoção plena em ternura,
Eu quero mergulhar em tua boca,
Deixando um sentimento assim exposto...

X

MINERVA, COMPANHEIRA DO DEUS CRONUS.
AJUDE-ME A ENCONTRAR MINHAS RESPOSTAS
FORTALEÇA-ME MÚSCULOS E TÔNUS
AS MÃOS A TI MANTENHO ERGUIDAS, POSTAS

DÊ-ME NA TUA LUZ, LÚCIDO BÔNUS
QUE TRADUZIREI, CARNES MAIS EXPOSTAS
MEUS NERVOS, OLHOS, LÁGRIMAS COMPOSTAS
CUJO PREÇO A PAGAR SERÁ MEU ÔNUS.

DE PODER, NA VELHICE SER MAIS FORTE
NÃO TEMER MINHA DOR SEQUER A MORTE
SABER TANTO VITÓRIAS OU DERROTAS

LEVAR MEU BARCO, ASSIM POR OUTRAS ROTAS
PACÍFICO CAMINHO PELA SORTE,
SEM FUGIR NEM DAS LUTAS MAIS REMOTAS...

X

Percebi desde o dia em que chegaste
Que a casa se mostrou mais perfumada.
A sorte, num segundo tu mudaste.
Das trevas que eu vivera? Resta nada.

Vieste qual um sonho de ventura
Tornando minha vida mais bonita.
A vida que eu tivera, triste e dura,
Refaz-se bem distante da desdita.

Ao ver-te, tela rara em quadro belo,
Percebo quanto posso ser feliz.
Por isso em cada verso de revelo
O que meu coração por certo, diz.

Agora que eu te tenho aqui comigo,
Saudade vai morrendo, vil castigo...

X

A sorte que desejo, toda minha;
A quem transmite sonhos inocentes,
Em meio a tempestade que já vinha
Rangendo, temerosa, todos dentes,

Encosta no meu ombro, assim se aninha
Sorrindo com seus olhos tão contentes.
Delicadeza frágil de avezinha.
Término dos meus dias penitentes...

Pois ela, minha dita que ansiei
Por tempos, longos dias, muitos anos...
Fazendo dos meus sonhos soberanos,

Caminho para o amor, em nobre lei.
Agora que chegou, minha alma fala
Abrindo o peito, o quarto, a casa, a sala...

X

FALAR DE TUA AUSÊNCIA, MINHA AMADA
NO TORPOR DESSAS TANTAS MADRUGADAS,
VOU CAMINHANDO, ÀS CEGAS, PELA ESTRADA
PROCURANDO ENCONTRAR TUAS PEGADAS...

SOLTO, EM VÃO, MINHA VOZ DESESPERADA,
PROCURO EM OUTRAS MÃOS, TUAS AMADAS
MAS NADA ENCONTRO, NÃO ENCONTRO NADA,
A NÃO SER TUAS SOMBRAS NAS CALÇADAS;

NESSA MINHA SAUDADE ; QUE TORTURA!
TE PROCURO POR TODOS OS CAMINHOS,
ME RESTA TÃO SOMENTE ESSA AMARGURA,

DAS TRILHAS DOS MEUS PASSOS; TÃO SOZINHOS,
MINHAS NOITES EM BUSCA DA CANDURA,
VOU PROCURANDO, EM VÃO POR TEUS CARINHOS...

X

Surgiste tão terrível, dura treva,
Um coração mais gélido, um granito.
Na sensação cruel de um mundo aflito,
Tomaste meu amor em fria leva.

Se o mundo, sem perdão por certo, neva,
Um sonho de esperança, assim, bendito,
Soltando em pleno espaço, um louco grito,
Futuro mais feliz, por certo ceva.

Os dias são vorazes, e ferozes,
Mas sei que vencerei meus medos todos,
Recendo ainda tristes, velhos lodos,

Porém ouço distante novas vozes
Que falam deste amor que um dia vem
Nos braços de quem amo ou de outro alguém.

X

Olhar incendiando, mais lascivo,
Em púrpuras orgias, tão sangrento.
Tomando toda a vida em vão momento,
Mantendo o meu desejo sempre vivo.

Sentindo este poder que é convulsivo,
Tornando a minha paz, duro tormento,
Num gozo mais feroz e violento,
Prazer que é dolorido e aflitivo.

Com fome desdenhosa, vil serpente,
Invade demoníaca, meu quarto.
E a vida se transforma, de repente.

Deixando meus momentos mais amargos,
Porém ao me sentir, de amores farto,
Seus braços me incandescem, longos, largos...

X

Em meio a mundos tristes vou gelado,
Recebo uma mensagem dolorida.
Dos olhos que tivera imaginado
Serem a solução de minha vida,

De tudo o que sonhara, estou calado,
No gosto tão amargo, despedida
Vivera certo tempo apaixonado,
A força de vontade combalida...

Sou quase inexpressivo, morro breve,
Em busca do infinito, estou vazio.
Nos olhos embotados, pura neve.

O coração sozinho vai sombrio.
Amar como eu amei? Ninguém se atreve,
Inverno devorando todo o estio...

X

"De todas as maneiras vou te amar!"
Por todos os meus mares e campina...
Nas ondas que se vão, neste luar...
Coração que se entrega, descortina

A vida que jamais pode esperar...
Um bolero orquestrado, a louça fina...
O tempo amaciando sem sangrar...
Meu coração descrente hoje imagina...

De todas as maneiras... Tão distante...
Quando partiu, deixou vazio o peito...
Tempestade rugindo, delirante...

Quem partiu só saudade me deixou...
Nem a força, seguir para adiante...
Quem me dera esperanças, as levou!

X

Eu quero que tu sejas mais feliz,
Só isso já me traz felicidade.
Um novo mundo, encanto, se prediz
Na voz de nosso amor em liberdade.

Sumindo toda a dor e cicatriz,
Prevejo e quero solidariedade
Material do amor que eu sempre quis:
O bem virá com naturalidade.

Permita te querer além do amor,
Além de um pertencer, sem possessão.
Nas mãos que unidas fazem com vigor

Uma colheita imensa com paixão.
Carinhos de quem é bom lavrador,
Arando essa seara, a do perdão...

X

No beijo prometido e delicado
Salivas que se tocam, se procuram,
No abraço que trocamos, bem marcado
Os males desta vida já se curam,

No colo tão gostoso após cansaço
De todas desventuras desta vida,
Atando nosso amor eterno laço
Jornada a cada dia decidida.

Gostoso poder ser o teu amado,
É bom saber que em ti tenho este afago,
E ser pelo teu sol iluminado
Na placidez serena, como um lago...

Morena és meu desejo minha sina...
Promessa de uma luz diamantina.

X

Pela areia molhada dessa praia,
Desfilo toda minha solidão.
Por mais que o pensamento me distraia,
Nada tenho, procuro solução,

Para que toda angústia se distraia,
Abandonando esse cruel pendão,
Disfarçada, a saudade inda se espraia
Permitindo sentir que amor é vão.

Tentáculo medonho me conduz,
Impede minha livre caminhada,
Na busca do que fora minha luz...

Na praia em que eu te espreito, não há nada
A não ser a lembrança feito cruz
De quem se fez um dia, minha amada...

X

Andorinha perdida faz verão?
As cores que roubei de um falso arco íris.
Num prisma repetido na amplidão,
A refração impede que me atires.

As forças se refletem no perdão.
Nos sonhos mais felizes, eras Íris,
Mas tudo não passou de uma ilusão.
Meus olhos embotados, vagas íris.

Solução pode ser, rima jamais...
Andorinha não pode mais voar...
Suas asas cortadas, sem Raimundo...

Mundo, mundo, me inundo e sou capaz,
Andorinha não tem onde chegar!
Como é vasto e cruel nefasto mundo!

X

Meu rito recomeça novamente,
Amar e desamar, amar de novo...
Parece que virei clarividente
Do mesmo paladar, contigo provo
Mas sei que talvez venha,( sou descrente)
Um gosto renovado noutro povo.

Amiga, estou cansado desta liça
Que faço todo dia em prol da vida.
O amor que já perdi não se cobiça
Nem traz alguma chance de saída.
Minha âncora que é feita de cortiça
Garante esta esperança assim, perdida..

Só posso garantir que, na verdade,
O que nos sobrará: uma amizade...

X

Quem fora companheiro de uma dor

De amar demais e nunca ser amado,

Conhece do carinho o seu valor

E canta sem temor. Apaixonado!

De todos os meus medos, no sol-pôr

Da noite tão vazia avizinhado,

Matando o que restava do calor,

O quarto em que eu dormia; tão gelado...

Vieste com teu brilho de cristais,

Num lume deslumbrante, em fogo ardente.

Mostras do quanto o amor, se faz capaz.

Nas ânsias e delícias, luas cheias

Debruçam nas ameias, de repente,

Enquanto em nossa cama me incendeias!

X

TODO O PODER DE UMA AMIZADE

Percebo em teu abraço dedicado
A sorte que comigo se avizinha
Deixando bem distante um vento irado,
A vida não será mais tão sozinha.

Querida, caminhando do teu lado,
Eu sei que a solidão é bem mesquinha,
Andando par a par, bem compassado
Meu braço nos teus passos já se alinha.

E assim, amiga, vejo que outro dia
Virá com plenitude em força exata.
Na amizade este efeito de cascata

Nos torna bem mais fortes, disso eu sei.
Além do que jamais conheceria,
A paz tão soberana eu encontrei...

X

AMIGA, AMIGA


Falar deste desejo de amizade
Depois de estar desfeito; opaca bruma,
É como procurar a divindade
Num paladar sereno que acostuma

A quem se descobriu em majestade
E
sabe que esta vida, nos perfuma
Em acalantos doces, liberdade
Para a qual quem conhece sempre ruma.

Meu peito dolorido e machucado
Esgarçado sem dó por um amor,
Gritando tresloucado em alto brado,

Na busca de um carinho acolhedor,
Amiga, me perdoe meu passado,
Recolha deste esterco a bela flor...

X

À SOLIDÃO

Antiga companheira, a solidão,
Persegue cada dia que vivi.
Ternuras que cedi, num furacão
Se tornam... Dos tornados me esqueci,

Mas, companheira amada me diz não!
Me acompanha lá longe estando aqui
E a sigo, obediente como um cão!
Por tantas vezes quase que a perdi!

Mas, sorrateiramente se revolta,
Ordenando cruel o seu retorno...
Tentando ser feliz, mas a dor volta.

Negando a liberdade,vivo em torno.
Antiga companheira, tenha dó!
Pelo amor do bom Deus, me deixe só!!!

X

AH! MEU QUERIDO AMOR...

Se já te procurei pelos altares,
Nada encontrarei, nunca mais te vi...
Se já te procurei pelos luares,
Onde mais irei, nunca, nem ali...

Constelações, estrelas, sol, Antares...
Realmente estou certo, te perdi...
Não vou mais te buscar nesses lugares.
A dor que me legaste vive aqui.

Oprimido, perdido não te vejo...
Se nada mais espero, meu desejo
É poder renascer num novo parto...

O futuro esquecido, tenebroso...
O mundo me carrega, pavoroso...
Fantasma perambula no meu quarto...

X

EU TE ESPERO, MEU AMOR...

Espero-te, pressinto essa presença.
Nas minhas insensatas madrugadas,
Sonhando, tantas vezes ansiadas
As mãos que me trariam recompensa.

Nas torturas definho. Me convença
Que estás aqui, manhãs nem bem raiadas,
Procuro em cada espaço... Das geladas
Noites em claro, amor tudo compensa!

Não consigo dormir, noites insones,
Procuro-te ao tocar de telefones,
Em todas cercanias dessa casa.

Mas, em vão, nunca estás! Por onde vais?
Sem ter mais nem notícias, perco a paz.
Ansiedade queima em fogo e brasa...

X

Minhas lágrimas caem, são mendigas...
Imploram por teu beijo e tua boca.
As flores que murchamos, são antigas,
Na vida que passamos, sendas loucas.

Nos caminhos plantaste urzes, urtigas.
Minha voz, de implorar, ficando rouca.
Marinheiro, naufrágios, mas nem ligas.
Restou de tanta luta, luz bem pouca...

Sem ter tua presença tão amada,
Nas portas d’ilusão, perco meu mar...
Não espero teus ninhos, braços, nada...

Queria novamente te encantar...
Abra teus braços, dê-me esta ansiada
Manhã. Eu não me canso de esperar...

X

Tua negra beleza; meus delírios...
Realeza gentil de chama e fogo
Espreito belos peitos, nosso jogo
Negra beleza sobre os alvos lírios.

Teus lábios, carnes.... Doces, bons martírios...
Tuas coxas roliças, peço em rogo,
Tantas preces, nas faces desafogo,
Teus olhos, claridades, meus colírios.

Venero a negritude, tua pele,
Teu andar tão sublime, me compele
A buscar nos divinos céus, sons, banjo...

Amar-te tanto, claros mansos beijos,
Saciando, assim, todos meus desejos,
Na mais bela mulher que é deusa e anjo...

X

Quando Deus, distraído, permitiu,
Por esquecer as portas entreabertas.
Uma luz dessas raras tão incertas
Aproveitou-se então, dos céus fugiu...

Como um anjo que, livre decidiu,
Conhecer um planeta. Nas ofertas
Que tinha a seu dispor, as asas certas
De que na Terra a vida enfim surgiu;

Escolheu tal planeta pra viver.
Mal sabia que assim podia ter
Escondidas; as asas noutro arranjo.

Cresceu bela mulher, que me fascina.
As asas ocultadas, da menina?
Eu descobri palpando-te meu anjo...

X

Angústia se transforma em meu remédio...
No frio em que profanas, sem saber...
A noite me permite teu assédio,
O mundo que vivemos, vai morrer...

Em troca me darás terrível tédio...
A chave me levaste, sem querer...
Saltando da janela deste prédio,
Num cântico, em promessas quero crer...

Os passos doloridos da existência
Vontade de gritar, chamar teu nome...
Nas raias da loucura em vil demência.

O vento que trouxeste, congelou.
A noite que chegava, agora some.
Errante procurando, quem eu sou?

X

O véu que te cobria era tão branco...
As asas que voavas assassinas!
Sorriso meigo, branco, amigo, franco...
Nas asas que voavas, minhas sinas...

O véu que te cobria, belo flanco
Descobria asas, tuas asas finas...
Franco sorriso, siso franco. Manco
Coração... tuas asas descortinas...

No véu que te cobria teu sorriso...
Nas asas que voavas, coração!
Francos os teus sorrisos... Te preciso...

Não mintas por favor, não quero o não...
Nas asas que me mostras meu destino...
Os sonhos delicados dum menino!!!

X

Adormeces, suave, num divã...
Nunca sonhas comigo, bem o sei.
Os teus olhos fechados. Amanhã
O sol virá beijar o que sonhei...

Vou vivendo intranqüilo neste afã.
Em toda a fantasia que criei,
Tu vens tão bela e nua cortesã.
Mal sabes quanto tempo eu te esperei...

Eu sonhava acordado, nem me vias...
Voavas transparente, num corcel,
Caminhavas, angélica, no céu...

Lambiam-te serenos, ventanias...
As rosas que choravam tua ausência,
Imploravam pediam por clemência.

Mas não ouvias, ias solitária,
U’a passageira alada, temerária...
E a noite te abraçava, solidária...

X

Recebo da paixão um leve vento
Tocando em minha face, me arrepia.
Dando-me a sensação que eu bem queria
Do fogo e do desejo, um bom tormento.

Queimando-me voraz, às vezes lento,
De vertigens numa alta penedia,
Delícias de delitos e magia
Preparo, me contenho... Não agüento.

Entregando-me inteiro sem fronteiras
Que possam limitar o meu desejo.
As mãos do amor, por certo, feiticeiras

Invadem minha mente e, assim prevejo,
No gosto da maçã, santo pecado
Em benção divinal, apaixonado..

X

São flores sem perfume e nada mais,
Amores que já tive antes de ter
A sorte de poder te conhecer
Rainha dos meus sonhos triunfais.

Rastreio cada passo aonde vais,
Seguindo o teu aroma, meu prazer,
Contigo vou sentindo renascer
O mundo que eu queria, assim, demais.

Sou qual um passageiro deste trem
Chamado por alguns, louca paixão.
Sabendo que de noite sempre vem

A chama que me queima, sem perdão.
E envolto na beleza soberana,
A vida majestosa não me engana...

X

Aquecida ao calor deste verão,
Felicidade faz-se sem cobiça
Abrindo mansamente o coração,
Não planeja nem guerra sequer liça.

Amor, se verdadeiro rega o chão,
Não traz notícia falsa em dor postiça.
Exorciza tristeza e solidão.
Não precisa de padre e nem de missa

Amor sem ter mentiras nunca jura,
Seus gestos traduzindo uma certeza.
É feito de delícia e de ternura,

Não carece de sonhos temerários,
Resiste a qualquer baque em correnteza,
Navio que não teme mais corsários...

X

NOSSO AMOR

Nosso amor, se arrastando, vai aos trancos...
Em meio a tantos botes venenosos...
A chuva destruindo esses barrancos,
Os dias se transcorrem melindrosos.

Pés descalços; feridos, ficam mancos
Os sonhos? Pesadelos tenebrosos!
Nós nos cortamos sendo muito francos
Nossos desejos mortos, pavorosos...

Amor que não se cansa de ferir,
Fortuito se escorrega em novas camas
Não sabe nem espera p’ra sair.

Amor que se derrete em tristes chamas
Nas brasas apagadas da saudade,
Confunde insensatez com liberdade

X

Das terras estrangeiras o meu sonho
Em forma de mulher encantadora;
Das dores que carrego, redentora.
De todos os caminhos, mais risonho.

Quem teve tanta dor, mundo medonho;
Já sabe que ao te ter a vida aflora
E jamais deixará quem tanto adora.
Nada quero saber e te proponho

Que vivas, do meu lado, o que me resta
Abrindo meu futuro. Na seresta
Onde sempre estivemos, par constante,

A nossa melodia nos levanta.
Com bela voz , Amor sempre encanta...
Deixa-me ser, da vida, novo amante!

X

AMAR VOCÊ!

Erguendo-se do mar, já me sorria
Em prata, em pedrarias, vem luzindo.
O verde em teu olhar reproduzindo
As águas deste sonho em fantasia.

A lua se desmancha em raios, fria,
Em gotas de alvo brilho, seduzindo
Em busca de um amor que seja infindo
Além do que bem sabe, assim teria.

A deusa se mostrando, uma Afrodite
Dos mares tropicais, vem nua em pêlo.
Desejo! É tão difícil assim contê-lo,

Ultrapassando todo o meu limite.
A noite num segundo se incendeia
Aos olhos sensuais desta sereia...

X

O NOSSO GRANDE AMOR.


Um canto que se mostra suave e leve
Em tons tão delicado te suplica
Que venhas madrugada em lua rica
E seja, o mais depressa, enfim mais breve.

Distante das tormentas, peço, leve
O Olhar que sedutor, beatifica,
E rumos tortuosos retifica,
Na fome que nos toca, em que se atreve.

As almas se perdendo, sedes loucas,
Na fúria destas noites, nossas bocas,
Salivas que se buscam, se misturam.

As dores bem distantes desta cena
Na doce sensação que nos acena,
Os tédios, mágoas, medos, já se curam...

X

AMIGA, AMIGA...


Magias que se fazem prediletas
Tornando nossas vidas mais benditas,
Em noites maviosas, infinitas,
De luas e de estrelas tão repletas.

Em meio a tantas luzes me completas,
Confirmas toda a bênção das escritas,
Deixando bem distantes as aflitas
Canções que nos feriram, finas setas.

Amiga, em delicado e doce aroma
Demonstra teu sorriso calmo e franco,
Abrindo calmamente tantas portas.

Ao ver-te carinhosa em bela soma,
Abrindo o coração, sangria estanco
E deixo estas tristezas, todas mortas...

X

EU AMO TANTO...

Vagueiam sem destino meus olhares,
Estrelas vasculhando com carinho,
Na busca pelo amor que, de mansinho,
Se foi para outros cantos e lugares.

Sentindo o teu perfume nos altares,
Em luas, em canções, sonatas, pinhos,
Meus olhos são pobres passarinhos
Escravos dos meus sonhos, morrem mares.

Essências delicadas e sutis
Adentram cada poro, cada verso.
Sinceramente, amor eu fui feliz,

Mesmo que este querer siga disperso
Rondando sem destino este universo,
Eu sei que tive tudo o que bem quis...

Z

AMO VOCÊ!

Ao me encontrar na solidão completa,
Me imaginado tão distante, errante...
Eu me lembrei de teu cantar poeta,
A minha vida, um transformar constante

Que busca em nosso amor; uma outra meta:
Não mais viver somente pelo instante.
Felicidade; amiga predileta
Mal percebi que estava ali, adiante.

Em feminina forma me beijavas,
Nossas carícias, estelar princesa...
Não percebi que logo eu te encontravas.

Nos teus cabelos refletindo luzes
De uma esperança sempre tão acesa
Disfarçada, aos prazeres me conduzes...

X

A FORÇA DA AMIZADE.


A noite vai caindo dura, espessa,
Distante de meus sonhos e delírios.
Assim que, de repente, eu adormeça,
Recomeçarão todos os martírios.

Marcado por terríveis desenganos,
Meu tempo de viver vai se esgotando,
Embalde se fiz outros novos planos,
Pergunto sem respostas até quando?

As mãos vão prosseguindo mais vazias,
Apenas com meus medos tatuadas.
Encarceradas sempre as alegrias,
Distante da saída, sem estradas.

Apenas uma força, na verdade,
Conduz a minha vida: uma amizade...

X

EU AMO TANTO VOCÊ!

Ao perceber teus passos nessa escada,
Taquicardia tenho, fico tonto...
Minha alma fica toda alvoroçada,
Os meus olhos brilhando... Já me apronto.

Espero mais solene essa chegada.
O tempo se arrastava nem te conto,
A vida parecia desastrada...
Agora que te tenho e que estou pronto,

Não fico de tocaia, nem calado...
O mundo me parece, faz sentido...
Tanto esperei... Quero viver ao lado

Dessa mulher, minha esperança e luz...
Nessa alegria, amor foi convertido,
As minhas horas, tua mão conduz...

X

TUA AMIZADE


A vida se passando como fosse
Um vento que me toca mansamente,
Revelo o quanto quero, de repente,
Amar esta emoção que a vida trouxe.

Recebo o teu carinho, sempre doce,
No abraço mais suave e calmamente
Invade essa alegria corpo e mente,
No sonho em que viver, cedo tornou-se.

Saber de uma amizade tão sincera,
Que traz o renascer em primavera
A
quem já se perdera em sobressalto.

Quem tem o teu apoio sempre ganha,
Em força soberana e luz tamanha
Que faz o coração subir mais alto.

X

MEU AMIGO

Eu lembro das crianças que nós fomos,
Correndo nos quintais de uma esperança.
O vento que me toca, das lembranças,
Traz frutas, artimanhas, jogos, gomos.

Destes pomares – passado – caem pomos
Que juntos se demonstram alianças
Marcados por saudade e temperanças,
Refaço na memória o que nós somos.

A vida se passou mais desastrosa
Assim nos afastando, caro amigo.
Por vezes maltrapilha e dolorosa,

A sorte se banhando em vil perigo,
Porém resta a certeza, caprichosa,
De que sempre estarei junto contigo.

X

AMIGA

Não sei se na verdade a quem tu chamas
Apenas te dirá por que vieste,
De estrelas radiantes, bem celeste,
O certo é que em calores, longo inflamas.

Na sorte que demonstras, me reveste
De toda uma certeza quando clamas
Por mundo mais feliz em fortes chamas,
A vida não se faz apenas teste.

Sabendo que talvez melancolia
Atinja um coração sereno e casto,
Espero que perceba a fantasia

Na qual amor engana a quem abriga.
Por mais que o mundo seja imenso e vasto,
Eu estarei contigo, minha amiga...

X

O PODER DA AMIZADE


Amiga Deus nos trouxe esta ventura
Que sempre se renova a cada dia.
Passamos por estrada mais sombria
De tais procelas, mar em noite escura.

A solidão, pantera que murmura
Matando uma ilusão que esperaria
Quem; por vezes, se enfurna na clausura
Distante de sonhar com alegria.

As dores nos tomando sem parar,
Fechando estas janelas, nega o mar,
Sem chances de escapar de tal tormento.

Em meio à temerária escuridão,
Encontro na amizade a solução
Que aplaca a tempestade e acalma o vento...

X

EU TE AMOOOOOOOOO

Na turba mais festiva em noite rara,
Desfilas Esmeralda, sou Quasímodo,
Apenas um fantasma que se ampara,
Na súcia de ladrões, tal qual um sínodo.

Embrenho meus desejos sem limites
Nas trevas das noturnas solidões.
Estrelas nos teus olhos; acredites,
Refletem sobre tantos foliões.

E vejo-te dançando seminua
Em fogos de artifício, em luz intensa.
Meu sofrimento em gozo continua
Na espreita deste amor por recompensa...

Depois, já tão cansada, me sorris,
E neste instante; juro, eu sou feliz!

X

APAIXONADO POR VOCÊ


A voz tão poderosa destes ventos
Por sobre fortes vagas do oceano;
Demonstram este querer tão desumano
Que forma em minha vida, meus lamentos.

Rugindo nos tufões mais violentos
Um poderoso amor se mostra insano,
Mudando de meu barco rumo e plano,
Faz do cantar feliz, duros lamentos.

Calando no meu peito surdos gritos,
Trazendo uma incerteza em agonia.
Porém, por um momento, uma alegria,

Acalma estes tormentos tão aflitos
E muda, num segundo, amansa as vagas;
No instante em que me beijas e me afagas...

X

TE AMO, TE AMO...

Ao te ver caminhando tão fogosa
Percebo por que foste sempre minha
Ao sentir teu perfume, bela rosa,
Pergunto por que vais assim sozinha?

A boca te ofereço carinhosa,
Do teu corpo, o desejo se avizinha.
Tanto tempo esperei, moça formosa,
Não sei por que esse amor nunca me vinha.

Não posso conceber: eu não resisto!
Amar sem ter teus olhos? Um absurdo!
Por isso e tão somente, assim insisto.

Viver sem ter amor? Não mais prevejo.
Amor assim demais, me deixou surdo,
Somente ouvindo a voz de quem desejo...

X

NOSSO AMOR...

Ao erguer os meus olhos sonhadores,
Rondando teu sorriso e tua boca,
A febre me queimando em sede louca
Não tínhamos talvez tais dissabores;

As marcas indeléveis dos amores,
A cama que vivemos foi tão pouca,
A voz a me chamar, teimando rouca,
Não fomos nem sequer quais amadores

Ao erguer minhas mãos postadas, prece...
Não pergunto a que vens nem se virás,
Amor que não viveu, cedo fenece,

A porta deste altar chamado vida,
Espreita verdadeira, pede paz.
Na chave desta porta, despedida...

X

NOS TEUS OLHOS...

Quanto mais eu te vejo, menos sinto...
Teus olhos são distantes, mas presentes...
Quando estás assim perto, são ausentes;
Quando digo: conheço-te, mais minto.

Mas, paradoxalmente; se me tinto
Com cores de outros olhos ou vertentes
As mudanças; tragando minhas lentes,
Nos teus olhos, então, os meus eu pinto...

Quem me dera saber do não sabido,
Meu olhar, nos teus olhos, escondido.
Reflexo que embriaga, deixa louco...

Conhecer minhas dores e destino,
Ao mesmo tempo eu vago e perco o tino,
Mergulhando em teus olhos, pouco a pouco...

X

Eu quero o teu amor, doce menina

Que sedutora invade o pensamento.

Aos poucos vem tomando, me alucina,

Não deixo de querer um só momento.



A minha vida à tua se destina,

Tu és minha alegria e sentimento.

Na boca esta certeza cristalina

De que não terei arrependimento.



Encontro uma certeza em cada verso

Que faço procurando o teu regaço.

Entre tantas estrelas no universo



Tua presença meiga, é o que se espera

De quem já no final, cansado o braço;

Aguarda o renascer da primavera!