domingo, dezembro 23, 2007

SONETOS 115, 116 E 117


Por mais que eu te pareça um idiota
Que diz em cada verso, estupidez.
Qual erva que daninha também brota
De um chão sem ter adubo, insensatez.

A colisão, decerto, mostra a rota
Aonde pouca coisa já se fez.
Amiga sem ter flores, cheia a cota
Perdoe se demonstro uma altivez.

Apenas vou viver o que me resta
No colo mais amigo da saudade.
Palavras em desperdício; não infesta

Jogada solta ao vento, não maltrata.
Quem teve pelo menos amizade,
Não cospe em quem o espelho não retrata.

X


Alguma coisa a mais que uma esperança
Alguma coisa a mais que só carinho.
Alguma coisa a mais senão se cansa
E volto, novamente a ser sozinho...

Alguma coisa a mais que essa promessa
Alguma coisa a mais que meu soneto.
Alguma coisa a mais que essa conversa
Eu não te peço nada e nem prometo...

Alguma coisa a mais que poesia
Alguma coisa a mais que simples sexo
Alguma coisa a mais que fantasia.
Amar; tenha certeza, é bem complexo...

Se queres ser assim, ó doce amada
Com certeza serás A Namorada!

X

Atordoado, eu sigo a minha sanha
Querendo ser feliz, mas isso é mito.
Às vezes sem sentido me desdito
E a dor de uma saudade, leda, entranha.

O verso que elaboro, vai aflito
O tempo se passando em noite estranha
Arrasta-se este dia no infinito
E a solidão se mostra então tamanha...

Minha alma sem abrigo; má, bastarda,
Nas ânsias de um encanto que já tarda
Já farta não encontra a claridade.

Quem dera se na boca que cuspia,
Sorriso transparente de alegria
Viesse no formato de amizade...

X


Em brônzeos nimbos, tarde vem caindo
A Natureza em plena rebeldia
Em brumas tantas vai reproduzindo
O que, faz tempo, o coração sentia.

Futuro imaginado, calmo e lindo
Morrendo sem vontades, dia a dia.
Desesperança aos poucos vem agindo
Portando em todo sonho uma agonia.

Mas quando, ao ver amiga o riso franco
Que trazes com ternura e sensatez
O céu de escuro breu torna-se branco

E faz da tempestade, leve brisa,
Num porto de bonança e placidez
Meu céu em belas cores já matiza...

X


Encontro de desejos e volúpias
Em noites, rondas, loucas fantasias
Mil corpos que se vendem; pesos, rúpias
Ciganas, bruxas, magas... Ardentias.

Mentiras deslavadas são sinceras
No encontro de loucura, riso e fé,
Abertas coxas, pernas e crateras
Carne viva vendida; um cabaré.

Fetiches e desejos realizados,
A gargalhada oculta mil esquemas
Lambidas, beijos sáficos trocados
Eternas noites, vivas piracemas.

Quadris esfuziantes: dança e cama.
A lua embevecida nem reclama...

X

Passando minha vida como errante
Buscando em noite escura, a clara lua...
Querendo tanto amor, forte e constante,
No sonho que em teus braços, continua....

Vieste com teu canto de sereia,
Nos caracóis, nas praias, tantas ondas.
Deitado sob a luz da lua cheia,
Mil luas desfilando assim, redondas...

Eu quero em teu fervor, o meu prazer,
Eu quero essa fervura, ebulição.
Na ronda que de noite irei fazer
Em busca de te dar toda emoção.

Abaixe a luz da lua, só um pouco,
Amor assim demais, prazer tão louco...

X

Amiga passo a passo caminhamos
Em trevas e medonhas tempestades.
Nas pedras do caminho nós achamos
As forças tão contrárias das maldades.

Às vezes pedregulhos desviamos,
Em outras sobressaem calamidades
Não temos nem senhores, donos, amos,
Nossas lutas procuram liberdades.

As mãos não levam armas, calejadas,
Pois sabem que esta força está conosco.
Por mais que o dia surja opaco e fosco

Nossas almas irão mais desarmadas
Poder que nos uniu já traz potência
É feito de amizade, amor, clemência...

X


Na visão destes astros tal beleza
Que se espalha por sobre essas campinas
Nos raios um sinal desta grandeza
Se espalhando cobrindo essas neblinas.

Meus versos florescendo em cada canto
Refletem sentimentos que procuro.
Rastreio nestes raios, teu encanto,
Um porto mais feliz e mais seguro.

Amor de tantas luzes eu bendigo,
Em ouro, solidário assim floresce.
Que bom poder contar, enfim, contigo.
Em todos os meus dias resplandece.

Amor, na transparência do cristal,
É rumo, é meu destino e meu final!

X

Em tua delicada formosura
Gerada neste etéreo sentimento.
Rompendo toda a dor duma clausura
Com a força impassível deste vento.

Não sinto mais os dramas da vivência
Nas forças indizíveis que bloqueiam
Causando tantos medos, inclemência,
Nas amplas armadilhas que incendeiam.

Maravilhosamente embriagado
Pelas fontes divinas, dolorosas,
Que trazem os espectros do passado
E forjam novas noites mais saudosas.

Mas sinto que na luz deste luar,
Poderei novamente me encontrar...

X


Meu amigo, nas trevas, nas penumbras;
Nossa vida escondendo a claridade,
Quando nem o final tu deslumbras,
A luz que se irradia na amizade...

Força que sempre trama uma esperança
Depois de tantos dias de martírio.
Somente na certeza de aliança
Nos salva da loucura e do delírio...

Amigo, turbulências usuais,
As pontes que tentamos se quebraram.
No final deste mar sequer um cais,
Nossos sonhos sem rumo, naufragaram...

Se resta uma amizade verdadeira,
Não há porque temer a terra inteira!

X

Depois desta borrasca em juventude,
Passando por terrível solidão;
Vazio, sem saber da plenitude
Que encharca todo jovem coração.

Depois da timidez que me afligia,
No manto da saudade e da tristeza;
Era; amar, tão somente fantasia,
Deixada em algum canto, sem beleza.

Depois das noites brancas, sem ninguém,
Depois do medo cego, sem carinho...
Agora quando a madrugada vem,
Olhando para ti, não vou sozinho...

Aprendo, a cada dia, esse segredo,
Amar é ser feliz, e perco o medo...

X

Nas lágrimas do mar que preencheram
A taça de cristal dos meus afetos.
Nas tantas madrugadas, se perderam,
Ironias de antigos desafetos...

Nessas tantas quimeras que enfrentei
Em busca dum viver mais venturoso.
Sabendo que por vezes não achei
Caminho que me fora dadivoso.

Trazendo meus amores com saudades,
Fazendo dos meus versos a navalha,
Quiçá talvez encontre na batalha,

Os medos que me deram liberdades.
Amando muito mais que imaginara,
Nas garras da pantera, amada rara...

X


Por mais que seja rude a natureza
E trame, com destino, tantas dores.
As formas delicadas da beleza,
Por muitas vezes negam os amores...

O fio que nos traz felicidade,
Que prende à vil matéria sempre corta.
Deixando tão somente uma saudade,
Atada a esperança semi morta.

Nas horas mais sinistras desta vida,
Amiga, com certeza estás aqui.
Não pense que, de amor, foste esquecida;
Enquanto tanto amor já me perdi...

Sabendo que da sorte, vou logrado;
Amiga, como é bom te ter ao lado...

X

Amigo, no meu peito irei guardar,
Protegendo de tantas intempéries,
Não importando a luta a se lutar.
Amigo é coisa rara. Nunca em séries...

Nas noites tenebrosas, sem luar;
Nas horas mais difíceis dessa vida,
Quando não há mais porto pra atracar.
Quando não há sequer uma saída!

Quando esta vida sangra sem perdão...
Quando a dor vem, penetra com maldade
Quando estamos perdidos, solidão.

Quando estamos vagando na cidade.
Quando as portas se fecham... A amizade
Conhece as sete chaves, coração!

X


Amigo, procurei tua navalha,
A carne necessita ser profana...
Não permita de Deus a nova falha,
Prefiro a podridão à doce cana.

Tua voracidade que trabalha
Esmagando meus ossos na roldana,
A morte enfrentarei, letal batalha,
Na lividez cadáver podre emana...

O câncer me consome metastático,
Espero meu final, parado estático...
Sorriso ameaçante finge cálido...

A mente não suporta essa exaustiva
Luta. Só me restando ficar pálido...
Nem a puta esperança resta viva!

X


Amada, estás aqui dentro de mim,
Tu és minha metade da maçã,
Entraste em minha pele até no fim,
Na cicatriz risonha, em cada afã,
Um mesmo coração batendo assim
Numa cumplicidade de alma irmã.

Espelhas o meu rosto, minha face,
Espelhas o meu gozo, minha dor.
É como se uma vida se atrelasse
Numa imantada luz, num esplendor.
Meu corpo no teu corpo, um bom disfarce,
Na conjunção divina deste amor

Em total resplendor, rara centelha
Mostrando que minha alma em ti se espelha

X


Meus parabéns! Amigo nesta data
Comemoramos juntos – bela festa –
Esta emoção feliz que se retrata
Louvando a maravilha que se empresta

Num dia tão sublime para nós
Que somos seus amigos verdadeiros.
Atando a cada dia mais os nós
Contamos com teus braços companheiros...

A vida nos trazendo dores, medos,
Também nos mostra a sorte triunfante
Quando revela assim os seus segredos

Mostrando que não sou tão solitário
Por isso, é que agradeço e neste instante
Desejo-lhe feliz aniversário...

X


Ó bela ninfa, musa dos meus dias...
As percas me perseguem, meu navio...
O mar que naveguei, foi tão bravio.
Das sereias sobraram fantasias...

As serpentes marinhas... Baco, orgias,
Nesse teu brilho, velas e pavio...
Aceso meu desejo, dor e cio,
Espero pela musa, mãos macias...

Vi teu corpo, naufrágio e tempestade.
Os deuses, procurando claridade,
Profanaram as luzes que emanavas...

Roubaram-nas enquanto flutuavas.
Noite que não sabia nem brilhar,
Depois disso, resplende no luar!

X

A noite sedutora emoldurava
Cenário deste sonho alvissareiro.
A lua tão lasciva decorava
Todo o céu transformado num tinteiro.

O rastro das estrelas transportava
Amor em gozo intenso e feiticeiro
Desejo em nossa cama anunciava,
Nos braços deste amor, mar derradeiro.

As algas fosforescem no oceano
Testemunhas reais deste romance.
A noite em louca orgia, em cada lance

Refaz toda luxúria e todo gozo.
Pena que o sol surgiu cedo, temprano...
O mar derrama as ondas, caprichoso...

X

Preciso ter, contigo, paciência.
Se tantas sensações tu me provocas
Preciso deste amor qual penitência,
É como me perder no mar, nas rocas...

Por vezes, tenho ganas de partir,
Deixar o nosso amor sem solução.
Mas sinto que é melhor eu te pedir
Antes que a vida traga decepção...

Eu tento te entender, nem sempre é fácil,
Mas creio, meu amor que vale a pena.
Não quero na verdade, ter-te grácil,
Nem sempre valerá fazermos cena.

Pois bem sei, amanhã, sol vai nascer;
E toda a paciência irá valer...

X

Na vida se seguia errante e cego,
Sem ter sequer um porto chegada,
No mar que tantas vezes não navego,
No corpo da mulher, linda, encantada...

Na fada que me dera esta esperança
De ser bem mais que tudo, companheiro.
Rasgando o velho mapa da lembrança,
Faltando tantas cores no tinteiro.

Fugiste de meus olhos, minha amada,
Não posso mais cantar o nosso amor.
Se temo, nesta vida, a longa estrada,
A morte já se mostra, em esplendor...

Por isso, meu amor, não mais prossiga,
Se não for minha amada. Minha amiga.

X

Teus claros olhos, bela enamorada
Que parte sem talvez dizer adeus.
São rumos que se perdem leda estrada,
Se perdem espelhando os olhos meus...

Não trago na memória como ou quando
Perdi os meus caminhos de alegria.
Agora sem teus olhos fulgurando,
Pergunto ao meu amor onde andaria?

As horas esquecidas, vãos momentos,
Perdidas sem saber onde encontrar.
Espero te encontrar, rosa dos ventos,
Olhares que me guiam pelo mar...

Nos mares dos teus braços e carinhos,
Teus olhos que me levam, meus caminhos...

X

Descendo pelos rios, busco o mar.
No mar que me mostraste, docemente.
As margens; levemente, vou tocar
Deixando me levar pela corrente...

Em teus redemoinhos, um perigo,
Sorrisos de prazer bem mais sutis.
Vivendo este delírio, estou contigo;
Querendo sempre mais, pedindo bis...

Lambendo em tua boca, versos de amor,
Sorvendo cada gota de prazer.
Percebo em teus desejos, meu calor
Que invade e faz a terra se aquecer...

Viver tão grande amor, a nossa tônica,
Nesta explosão divina, louca, atômica!

X

Não deixe que a tristeza te consume.
Assuma uma atitude mais sadia.
Mudando deste jeito de costume
A vida te trará uma alegria...

Não deixe que te vejam abatida,
Sorria, confiante na vitória.
Pois mesmo na derrota em nossa vida
Na luta é que se encontra a tua glória...

Erguendo o teu olhar neste horizonte
Por cima dos espinhos e dos cardos...
Se espelhe na beleza desta fonte
Assim te ficarão mais leves fardos...

Amiga, não demonstres teus receios
A vida dá os fins e mostra os meios.

X

Sentada displicente, perna aberta,
Parece que não vê guloso olhar,
Vontades e desejo ela desperta,
Num sorriso pressinto provocar.

A blusa transparente mostra os seios
Mamilos estourando no algodão,
Cabelos sobre os ombros. Meus anseios
De ser desta potranca o garanhão...

Atrás desta calcinha sensual
Eu imagino rubros lábios belos
Que ao beijo se umedecem. Triunfal
Queria com a língua recebê-los

E os pelos que adivinho; bem podados,
Sorrisos displicentes, mas safados...

X


Do néctar deste amor que sorvo inteiro,
Deitando em tua cama, meu prazer.
Eu quero usufruir do verdadeiro
Maná que irá dar forças p’ra viver...

Beber cada gotícula dispersa,
Lamber cada centímetro que trazes.
Não ocupar a boca com conversas,
Mudando de cenários, camas, fases...

Eu quero emudecer enamorado,
Não ver o tempo nunca, nem pensar...
Saber que te encontrei; e, sem pecado,
Nos teus vales profundos, mergulhar..

Tornando ilimitados, nossos versos,
E navegar, contigo, os universos...

X

Atado nos teus laços, sem poder,
Andando acorrentado em teu amor.
Não quero desfazer deste prazer,
Eu quero te seguir por onde for.

Não vejo sacrifício no te amar,
Amor assim demais, não mais resisto.
Jamais vou me esquecer de te adorar,
No cais que eu aportei, amor, existo...

De tantas cicatrizes que suporto,
Tatuas só carinhos, toda noite.
Nas lâminas do amor, feliz, me corto,
As marcas dos teus beijos, nosso açoite...

E quero essa tortura novamente,
Na cama em que derramas, lava quente...

X

Tanta saudade sinto deste tempo
Que a vida já levou pra nunca mais.
O vento do passado sempre traz
O que me parecia passatempo.

Amores que se foram e não voltam,
Amigos que perdi na longa estrada.
Resquícios de uma vida demarcada
Por flores e os espinhos que as escoltam.

Mas tenho mais saudades, te garanto,
Daquilo que não fui e poderia.
Deixar sangrar, sem medo nem do pranto,
Não mais silenciava ou conteria

Esta avalanche imensa de emoção,
Mesmo que fosse apenas ilusão...

X


Num sonho mais sagrado, em manso amor,
Amada tão distante nunca vinha.
Vencendo esta distância sem temor,
Trazendo uma esperança toda minha.

Do mimo que este amor já me inundou,
Estimo nossas noites maviosas,
E todo meu jardim se perfumou
Das várias, diferentes, tantas rosas...

Amor se não der jeito não se forma,
Amor sem ter direitos não vigora.
De tudo quanto amor, amor informa,
Te quero meu amor, mas venha agora...

Nos planos mais diversos que possuo,
Amor que nos faz uno, sendo duo...

X


A vida se escorrendo na corrente
Que leva para a foz de um grande rio,
Às vezes congelada, em outras, quente,
No fundo, o mundo segue seu pavio.

Por tantas vezes ando descontente
Porém a fantasia, eu sempre crio,
Não posso caminhar indiferente,
Mas tenho o coração dorido e frio.

Esgarço todo o tempo sem proveito,
Olhando para o teto e do meu leito
Espero a morte vir, de boca aberta.

Sem nada que me impeça, minha amiga,
Velho redemoinho desabriga
E a vida prosseguindo mais deserta...

X


No toque mais sutil e audacioso
Excita-me querida, e mostra quanta
Vontade de viver maravilhoso
Momento em que o dique se arrebenta

Em louca inundação. Deixa fogoso
Corcel que num galope se agiganta
E num tropel, decerto, prazeroso,
Qual garanhão com força se levanta.

E mordes os teus lábios num convite
À festa perseguida e mais audaz.
Assim o tempo escorre e sem limite

Nas fúrias em tempestas, avalanche...
Depois que meu amor te satisfaz
Eu quero devagar, minha revanche...

X


Amor que me tramara novo canto
Se espanta com teu brilho, mulher-sol.
E vive se explodindo num encanto,
Na mágica atração por teu farol.

Das Minas mais douradas do meu sonho,
As pedras preciosas, diamantes.
Te quero, minha rosa, te proponho,
Os dias mais amantes e brilhantes.

Conquanto nosso amor é néctar puro,
É sol que se embrenhando traz a lua.
No mármore esculpi nosso futuro,
E a vida, transformada, continua...

E sinto que faremos novos filhos,
Nos raios tão sedentos, nossos trilhos...

X


Feliz aniversário eu te desejo
Amiga e companheira inseparável
Futuro bem melhor sempre prevejo
Ao lado de pessoa tão amável.

Um ano a mais de vida e de emoção
Dando-nos, com certeza uma alegria.
Na força da amizade, exaltação
Trazendo em pleno sol, o novo dia.

Amiga, parabéns é o que te digo
Desculpe estes meus versos tão singelos.
Espero sempre estar junto contigo

Usufruindo sempre do prazer
De termos dias claros, calmos, belos
Tua existência eu venho agradecer...

X


Tu finges que vai dar e nada faz,
Apenas fica assim, sacaneando.
Tu sabes que foder-te já me apraz
Mas nada, nem pedindo ou implorando.

Só sarro, meu amor, não satisfaz.
Pergunto sem resposta aonde e quando.
De tudo, por favor, eu sou capaz
Pra poder ver meu falo penetrando

Até mesmo um boquete tu não pagas,
Só fica me zoando. É sacanagem.
Acendes a fogueira e não apagas.

Sacana, vagabunda... Uma vadia
Que faz do meu tesão, tal molecagem
Desculpe te dizer: é putaria...

X


Nos teus orgasmos, múltiplas viagens
Encontro uma volúpia insaciável
Intumescido grelo... Tais imagens
Além do que pensara imaginável

Descortina belezas em miragens
De
um tempo em que sabia impenetrável
Caminho que mostrava estas paragens.
Agora tua língua mais amável

Grudada em meu caralho, mais faminta
Lambendo a cabecinha, desce mais
Até que em pleno esporro, satisfaz...

Depois de tanto gozo: xana e cu,
Fogueira que queimava, estando extinta,
Descansa calmamente em corpo nu...

X

Permita Deus que o tempo sempre flua
Em plácidos caminhos, com encanto.
Que a dor de uma tristeza não influa
E cesse; minha amiga, todo o pranto.

Por vezes solitários pela rua
Olhamos para baixo ou para o canto.
Mal percebes que a vida continua
E a lua, toda noite traz seu manto.

Não deixe que esta mágoa, enfim progrida
E tome um coração que sei singelo,
À tua lucidez, eu sempre apelo

Pois sei quanto mereces, nesta vida,
Viver felicidade em plenitude.
Mude então, querida, de atitude...

X

Na lira do cantor, vibrante voz,
Que sempre declamando seu amor;
Vencendo a solidão demais atroz,
Recebe com tais ânsias mais fervor...

Ardentes emoções que me devoram
Paixão pecaminosa e sempre santa.
No vento desses beijos comemoram
Letreiro de néon do amor que encanta

E sinto que padeço da loucura
Santificadamente procurada.
Que aos poucos, me detém e me tortura
E faz a vida ser bem mais sagrada.

Te amo sem temer sequer a morte,
Querida nos teus braços, minha sorte!.

X

Meu pai, eu te agradeço em simples versos
Por teres sempre estado junto a mim.
Por mais que sejam outros universos
A vida vai passando, e mostra enfim

Sentidos que em outra hora tão diversos
Convergem com o tempo. E sendo assim,
Unimos novamente tons dispersos
E matizamos juntos; um céu clean.

Interessante ver quanto mudamos,
Depois da mocidade em rebeldia
Aos
poucos, sem saber nos encontramos

E vemos que este espelho mostra em luz
Caminhos
congruentes- quem diria-
E cada gesto teu, se reproduz...

X

Quanto tempo não vamos para a praça!
Das noites que vivemos de tão belas,
Restaram só lembranças, só fumaça...
Amávamos sinceros sob estrelas...

Nada mais restou, a vida esparsa,
A lua e as estrelas que há delas?
Um riso melancólico disfarça...
Nos olhos iluminam outras velas...

Quanto tempo sem praças nem passeios...
Amávamos tranqüilos sem ter medo.
As mãos mais atrevidas buscam seios,

Bem baixinho, trocávamos segredo...
Os amores trocaram seus anseios
E agora, tristemente, dormem cedo...

X


À porta do juízo, meus pecados.
No precipício louco sigo em frente...
As hastes que me prendem nos costados,
Um grito agonizante faz demente.

Chibatas dilaceram. Amputados;
Braços e pernas. Vou morrer, somente...
Os olhos tento ver, estão furados.
As danças dos fuzis na minha mente...

Primeiro que sangrar delira a gralha.
O rosto dilacera. O pau de arara.
Não há um vencedor nessa batalha...

-Respira esse infeliz, vai bater mais!
Um teimoso sorriso em minha cara
Como se perdoasse Satanás!

X

A poesia está, deveras, morta;
Eu não tenho esperanças que reviva
A musa dos meus sonhos está cambota,
Destino de quem fora sempre altiva...

Se nem a solidão bate na porta,
Meu coração batuca e já se esquiva,
A lua está sem brilho e morre torta.
O beijo se envenena na saliva

A moça que eu queria se esquivou;
O resto dos meus sonhos? Aposento.
O coração depressa se entregou.

Amores que passaram tão estóicos,
Amor-bradicardia, bate lento...
Matando decassílabos heróicos!

X

Somente quem não quer a recompensa

De toda esta bondade que semeia,

E nem numa alegria sua, pensa,

E nem deixa as pegadas nesta areia



Quando nos carregar pelos caminhos

Mais duros que por certo surgirão,

Mostrando que não vamos mais sozinhos,

Entregando a sua alma e o coração;



Somente quem não quer ser conhecido

Pelos atos concretos de esperança,

Jamais precisa ser reconhecido,

Numa alma com pureza de criança...



Vivendo e sempre agindo em destemor,

Conhece a plenitude de um amor!

X


No manso transcorrer destes meus versos,
Buscando a formosura divinal,
Que corre, vaga solta, os universos
Distantes deste amor, grande, abismal.

Eu sinto teu perfume que se espalha
Em todas as estrelas, pirilampos...
A dor duma saudade, qual navalha,
Espalha quando estás longe dos campos

Por onde caminhávamos, querida.
Em meio a tantas flores olorosas;
Minha alma de tua alma, distraída,
Encontra mais espinhos do que rosas...

E quero te inalar, meu louco vício.
Amada, estás comigo, desd' início...

X

Tua boca em audácia me procura
E beija devagar a tesa glande
Com toque de malícia e de ternura,
Aos poucos o meu falo já se expande

Num misto de vontade e de aventura
Não há quem nos segure, nem quem mande
Neste desejo insano que tortura
E ao mesmo tempo aumenta, e mesmo grande

Não se compara ao gozo que virá
Depois de mil orgasmos pressentidos
Certeza de que tudo brilhará.

Na tarde, na manhã na madrugada,
Usando e abusando dos sentidos
Findando com a chuva, assim, dourada...

X

Avanço minha mão pelos teus seios
E desço até chegar ao Vênus Monte
Abrindo úmidos lábios, doce fonte
E sugo teu clitóris sem receios.

Estamos dominados por anseios
Que fazem do prazer nosso horizonte,
A boca é tão somente simples ponte
Volúpias e luxúrias, loucos veios.

Na cópula fantástica a promessa
Do orgasmo que virá como um vulcão.
E devagar, querida sem ter pressa,

Cavalgas com vontade o garanhão
Que explode num prazer sensacional
E alaga tua gruta divinal...

X

Na volição transmuda um sentimento
Que fora extasiante e vai sombrio
Abscedando num último momento
Cortado bem profundo a sangue frio.

É melhor abortar o sofrimento
Do que seguir sozinho e tão vazio.
Tua amizade serve como ungüento
E permite, afinal, que tenha estio.

Voláteis as palavras de quem ama,
Apenas são figuras de retórica
Numa passagem leda e meteórica

Amor que não passou de simples chama,
Agora adormecendo sem sentido,
Merece por outrem ser substituído...

X


Perdidos, bem distantes da verdade,
Pastores vão levando ao desamor,
Ovelhas vêm no escuro, a claridade
Longínqua fomentada no terror.

Amar é conhecer a liberdade
Saber que temos Bom o Grão Senhor,
No Reino onde perdão com amizade,
Permite a plenitude e o esplendor.

Hipocrisia varre o pastoreio
Levando tanta ovelha à perdição.
Cajado que é forjado no receio,

Mentindo e ocultando das ovelhas
A mágica sincera do perdão,
Pastores escondendo estas centelhas...

X


Querida, como é bom te ter comigo,
Na força que encontrei nos braços teus.
Ajuda a superar qualquer perigo,
Certeza de que existe um grande Deus.

Nas horas complicadas, em que penso,
Que tudo não terá mais solução.
Eu sinto que este teu amor, imenso,
Por certo há de salvar meu coração.

Nas cortes, nos espinhos, tantas urzes,
Feridas terebrantes, nas escaras;
Marcadas pelas duras, tristes, cruzes,
Quando esperanças ficam bem mais raras.

Eu tenho esta certeza que me cura.
As mãos desta divina criatura!

X


Meu caminho seguindo pela vida,
Transcorrendo gentil e tão risonho;
E mal contendo, luzes em meu sonho...
Recebendo o calor na despedida.

Em todos teus respiros, ó querida;
Muitas vezes deparo, tão medonho
Quanto cruel, deixando-me tristonho...
Por tantas vezes, foste já vencida...

Morrer por ti, me sinto até capaz;
Quanta delícia, amiga, o vento traz...
Nas tuas mãos, tão alvas quanto belas,

Quisera Deus, poder tê-las singelas,
Na ternura do cais, saveiros, velas...
Companheira possível, és a PAZ...

X

Parceiro inseparável de quem sonha,
Amigo de quem quer só aprender.
Levando à fantasia má, risonha,
Eterno companheiro em dor, prazer.

Por páginas e letras viajamos
E vamos para além, de tempo/espaço.
Liberta a sociedade, mata os amos,
Nos acompanha sempre passo a passo.

Em papiro, papel ou na internet
Ao conhecer e ser, já nos remete;
Sem ele como haver democracia?

Na sua companhia dia a dia,
Assim evoluiu a humanidade
Assim se concebeu a liberdade...

X

Nosso amor proibido, que destino!
Nossas horas de sonhos, de ternura.
Quanta beleza em ti eu descortino
Sei que me trará tanta loucura...

Te sabendo menina-primavera,
Neste outono que teima em me tomar.
Tua boca macia, quem me dera;
A vontade de sempre, sempre amar...

Mas a tarde caindo, e não te vejo,
Este tempo passando, solidão....
Encontrar meu desejo, teu desejo,
Eu estou explodindo de paixão!!!

E te quero, comigo, sem demora,
Antes que a primavera vá-se embora...

X

A palavra se solta e vai liberta
E nada pode enfim a controlar.
As coisas vão passando por passar
Quem dera se eu pudesse ser poeta

Teria uma palavra mais dileta
E tudo voltaria ao seu lugar.
O rio vai correndo para o mar,
Traçando, no caminho a sua meta.

Quero o gosto das lavras e das minas
E as águas deste rio, cristalinas.
Meu sonho vai morrendo – assim – embalde.

A palavra se perde sem saber
Aonde encontrar um bem querer
Que venha por amor ou amizade..

X

Espero ter teu corpo nessa noite
Envolto na magia sedutora
Que trama em quimeras, meu açoite,
Fazendo desta noite redentora...

Nas luzes transparências e desejos...
Orelhas e segredos, na libido
Os dentes sussurrando mansos beijos
Mergulhos no oceano descabido.

As rotas percorrendo, matas, grutas,
As mãos são mensageiras do prazer.
De tanto que desfruto e tu desfrutas
A vida não se cansa de nascer...

Amor eu te desejo em noite escura,
Derrame de ventura e de ternura...

X


Atado com firmeza por correntes
Que entrementes feriram cada pulso.
Entre os medos e os sonhos, sei que sentes
Vontade de esganar. Um ledo impulso.
Meu sentimento vazio e sempre avulso
Amordaçando o canto entre meus dentes.

Uma alma que incrustada em penedia
Distante
; no oceano sem ventura.
De tudo o que sonhei, esperaria
Ao menos um restolho de ternura.
Porém a vida segue vã e fria
E cada vez mais treva em noite escura.

Ao menos se tivesse um bom amigo
A vida não seria desabrigo..

X


Assim pensava, amada, já faz tempo;
Julgava nunca encontrar o grande amor.
Pois de tanto encontrar só contratempo;
Espinhos deturpando cada flor...

O medo se apossava e não saía.
Os dias eram feitos solidão.
A chuva, na minha alma, só caía,
Viver sem ter sequer uma emoção...

Mas quando conheci minha princesa,
Trazendo com seu vento, primavera...
O mundo transformado em tal beleza,
Até na mansidão, quedou-se a fera...

Mas hoje, nesse dia iluminado,
Descubro; estou por ti, apaixonado!

X

Sonhando com as tramas que vivemos,
Vivendo nestas tramas do sonhar.
Perdendo nossos rumos, percebemos
O gosto mais amargo a me tragar.

Meu verso se envolvendo nestas tramas
Se forma deste mesmo material
Que traz toda a beleza destas chamas,
Nas camas que te fazem sensual.

Eu quero amanhecer a cada dia
Imerso nestes versos que te faço,
Sabendo que um momento de alegria
Depende do desenho em que te traço.

Eu quero caminhar por toda vida
Sem temer nem sequer a despedida...

X

Se te tenho, deitada, lasciva,
Nesta cama que sei, de repente.
A lembrança que trago, tão viva,
Me arrastando, qual fosse corrente.

Nos teus lábios o gosto tão doce,
Da garapa, do mel, do prazer.
Tanto amor o teu bem já me trouxe,
Nos teus braços, viver e morrer...

Flamejante desejo do gozo,
Espalhando teu mel sobre mim.
Bem querer, que me tens, generoso,
Transbordando em amor, quero sim...

Nos teus seios, um toque divino,
Deste sonho real, cristalino...

X


Nas horas mais difíceis, sofrimento,

A rosa, em seu perfume, me inebria.

Na sensação gostosa deste vento

Toda emoção, serena, e tão macia.



Do sonho de poder, a flor tocar,

Em todas suas pétalas, carinho...

Jardim dos sentimentos, cultivar,

Certeza de não ser, jamais, sozinho.



A flor que me encantou, está distante.

Só sinto seu aroma e nada mais.

Quem dera se esta rosa deslumbrante

Ouvisse o meu cantar de amor e paz...



Espero te encontrar. Ah! Quem me dera!

Seria renascer a primavera!

X


A rosa delicada em seu perfume
Espalha pelos ares tal olor
Que colibri encharca-se em ciúme
E
louco se debruça sobre a flor.

Apaixonadamente a rosa ri
O colibri deseja um beijo seu.
A rosa que deseja o colibri,
Parece que um amor ali nasceu...

Depois de tanta espera, quem diria,
A rosa de vaidosa se faz mansa,
O colibri voando em alegria,
As pétalas da rosa pensa, alcança...

Amor que tudo sabe e tudo vê
Sorrindo, te procura, mas cadê?

X

Não quero recompor minha tristeza,
Nem sinto a tempestade do desmanche
Não quero penetrar tua defesa
Nem creio em calmaria ou avalanche...

O gosto que pressinto nega a alteza.
Não quero mais prever tua revanche
Sem o teu brilho inócuo de princesa
O dia surgirá por certo blanche...

Por mais que me perturbem tais mentiras,
Ou as verdades cruas bem fingidas
Por mais que em tantas farsas sempre atiras

As camas que hoje estão mais repartidas,
Abrigarão ou mostrarão relento?
A resposta estará solta no vento...

X

O teu sorriso traz felicidade
Da forma mais completa e maviosa.
Vivendo nosso amor, intensidade,
Pensei doce perfume duma rosa...

Mas vi que tanto espinho não deixava
Tocar em tuas pétalas, querida.
Em cada noite a mais que te adorava
Maior o corte, sempre uma ferida...

Ao ver tanta beleza no jardim,
Ao ver em tantas flores, meu desejo,
Sabendo que te quero só p’ra mim,
Mansamente, sem medo dei-te um beijo.

Vou despindo-te aos poucos... Louca senda
Que encontro enquanto um sonho se desvenda.

X


As fascinantes noites tentadoras
Produzem emoções tão fabulosas,
As coxas que se tocam redentoras,
Jardins que se procuram querem rosas.

As nossas carnes trazem tal perfume
Que vão embriagando em cada toque.
Vencida a tempestade do ciúme
Procuro em tuas formas meu enfoque.

Desejo destas doces, mornas fontes,
Neste mormaço intenso que me queima,
Observo neste sol meus horizontes
Na cama, me ofereces guloseima

Que quero desfrutar cada pedaço,
Sem me importar sequer com o cansaço...

X


Eu sou o que sobrara enfim de outrora,
Retalho de emoções vagando só.
Quem teve uma esperança em pão de ló
Numa doce ilusão, sozinho chora

Sentindo em amargor, fel e jiló
Não resta quase nada, a dor aflora
E mói minha alegria, em dura mó
Restando tão somente o medo, agora.

Mas vejo renascer em outro canto
Aquilo que eu pensara ter perdido.
Refazendo num átimo, sincera;

A força soberana em que me encanto
Depois de ter deixado em triste olvido
Tua amizade molda a primavera...

X


Montado no cavalo da ilusão
Entrando em teu castelo, em teu destino,
Recebo a baforada da emoção
Ao ver-te ali deitada, me alucino!

Vencendo, do castelo, estas defesas,
Invadindo teu quarto, nos umbrais,
Nas formas tão sutis delicadezas,
Desnudo-te no olhar e encontro a paz.

Princesa adormecida, te encontrei,
E quero me entregar aos teus delírios,
No leito da princesa, hoje sou rei,
Nossas batalhas nunca têm martírios.

Cavalgas mansamente teu corcel,
E loucos, nossos sonhos vão ao céu!

X

Saudade me cobrindo com seu manto,
Um resto de esperança ronda a casa
Tomado de surpresa, com espanto,
Como reacendesse antiga brasa

Percebo que tu chegas, entretanto
É mais uma ilusão que não apraza.
Intensa insanidade: rio e canto,
E o relógio dispara e nunca atrasa...

Trazendo em doce brisa uma lembrança
Que esvai-se dia a dia na fumaça.
A vida num vazio; vai, avança...

E o tempo já me diz: não voltarás!
Tecido da esperança já se esgarça
Apenas solidão, a noite traz...

X


No vinho deste corpo me embriago,
E bebo em cada gota meu destino.
Deitando no teu colo, quero afago
E morto de cansaço, desatino...

Eu quero em ti sorver cada minuto
No cálice mais fino e predileto,
Neste desejo insano, manso e bruto,
Em tua boca vou e me completo.

Tu tens a maravilha em plenitude,
Teu rosto demonstrando tal firmeza
Que me encanta apesar da juventude.
Tua característica beleza

É rara de encontrar e de se ver,
Farol que prenuncia amanhecer...

X

Jamais eu conheci o alvorecer,
Sorrisos que recebo? De ironia.
Encontro só mormaço em cada dia
E a vida se ocultando, sem prazer.

Vontade; às vezes tenho, de morrer
Quem sabe bem melhor isto seria
P’ra quem tanto se deu sem receber
A mocidade esvai-se em agonia...

As flores no canteiro não granaram
Seus polens são estéreis, frágil sonho...
Os ventos da esperança me enganaram

A tarde vai caindo em frio inverno.
Mais um ano sozinho e tão tristonho,
A morte é liberdade neste inferno...

X

Não tenha tanto medo assim, querida
Por certo encontrarás o teu querer
Que vem e nos abranda toda a vida,
Invade e nos domina todo o ser.

Não se deixe ficar nem abatida
Mantenha uma esperança que faz crer
Que toda boa luta, se vencida,
No fim só nos dará muito prazer.

Terás o teu amor bem junto a ti
Bem sei quanto é difícil uma espera,
Também desejo muito e não perdi

O sonho de viver com este alguém
Que traga, em seu carinho, primavera
E seja meu eterno amor, também...

X

O mar de uma saudade traz o corte
Profundo que jamais se cicatriza.
Quem dera se encontrasse então a morte
Porém sei que ela chega e não avisa.

Não tive, eu te garanto a boa sorte
Que faz da tempestade, leve brisa.
O vento da saudade bate forte
E nem um sonho bom contemporiza.

O mar desta saudade, com tristezas
Invade minha praia em maremoto.
O manto da esperança morre roto

O céu acinzentado sem belezas
Afasta o que – quem dera – claridade
Deixando o rastro amargo da saudade...

X

Comprazo neste dia esfuziante
Em que comemoramos mais um ano
Ao lado da pessoa deslumbrante
Que sabe nos trazer sem desengano

Beleza de viver a cada instante
E tem num mundo belo e soberano
Palavra mais amiga e fascinante.
É sempre para todos tão humano.

Por isso não podemos te esquecer,
E vamos sendo assim reafirmar
Quão grande, minha amiga, o bem querer

E estimo que tenhamos nossos laços
Atados pela vida que chegar.
Receba com carinho meus abraços...

X

A força de um carinho em amizade
Permite
que esta vida siga em paz.
Quem teve tão somente um mal que enfade
Conhece todo o bem que assim se traz.

Na luz que nos guiou, intensidade
Que emana deste amor que nos apraz.
E a vida transcorrendo sem alarde
Olhando para frente, mais audaz.

Eu quero que percebas; minha amiga,
Belezas que oferecem nossa senda.
Segredo de um enigma se desvenda,

Pedindo em solução que se prossiga
Ao lado de quem tanto nos quer bem
Com força pra enfrentar tudo o que vem...

X


Quem dera se eu pudesse, caro Amor
Ser teu amigo estando sempre ao lado
De quem se faz eterno enamorado
E busca nos seus braços recompor

O mundo de um outrora sonhador
Que vive tão somente do passado,
E agora vai morrendo desolado
Sozinho, sem estio e sem calor...

Amigo deste sonho que decora
Noites maravilhosas e distantes.
Mas sei que nada disso tenho agora,

Somente a solidão faz tempestade
Nos olhos de quem vira os inconstantes
Sinais desta improvável amizade...

X

Meu sonho em calmas sendas quando pousa
Longínquas maravilhas; adivinho.
Meu beijo em tua boca assim repousa
E encontra no teu corpo um belo ninho.

Não quero mais saber se há outra cousa
Que possa avinagrar um doce vinho,
Meu sonho, uma liberta mariposa
Voando atrás de um lume: o teu caminho.

A noite solitária se faz triste,
Escura em plena treva, quem resiste?
Porém dentro do sonho, amor contenho,

Tua boca macia – sinto – vem,
Porém de manhã cedo, nada tenho,
Do meu lado, na cama, só ninguém...

X

A bela flor do sonho, devagar,
Pousando sua mão meiga e tão terna,
Aos poucos lentamente faz brilhar
Minha imaginação como se eterna

Fosse cada noite a deslumbrar
Nos olhos de quem amo, tal lanterna
Que vem todo o caminho alumiar
Em página de amor, rara e fraterna.

Mergulham pirilampos borboletas
Num mar onde cavalos, mil estrelas
Passeiam lado a lado com cometas

Refletem num sorriso deslumbrante.
Quem dera se pudesse percebê-las
Nos sonhos da mulher, amada amante...

X


Nossa cama em seda pura
Nos lençóis, renda e cetim,
Travesseiros de ternura
Teu amor que é só pra mim.

Sopra um vento com brandura
As magnólias no jardim
Solidão se fez tortura
E morreu pra sempre sim.

Nasce flor que sem abrolhos
Rebrilhando nos meus olhos
Traz beleza que me acalma.

Colhendo delas aos molhos
Recebendo alento, com calma
A perfumar a minha alma...

X

Só quero esta delícia de querer-te
Poder ter teu carinho e te abraçar;
Meus braços em teus braços, envolver-te
E sempre que puder, poder te amar...

Me nina se quiseres, meu amor,
Menina, se quiseres, sou feliz.
Eu quero esta beleza, mansa flor,
Fazendo-me, do amor, um aprendiz...

Eu quero o vento doce do cerrado
Trazendo uma esperança pro meu canto.
Quem dera se por ti eu fosse amado,
Quem dera inebriado em teu encanto,

Meus versos não seriam mais tristonhos,
Meus sonhos, sem temor, bem mais risonhos!

X


Nos teus lábios calor, tanto desejo.
Eu te sinto tocando devagar
Neste beijo sereno que eu almejo
O mundo que antevejo, vai brilhar...

Neste ensejo divino uma esperança.
O bafejo da sorte que preciso,
Sabendo deste amor que já me alcança,
A sorte se aproxima sem aviso.

Eu sei que nada mais te importará
Senão este murmúrio em teu ouvido,
Quem sabe neste encontro surgirá
Um novo resplendor de amor, sentido.

Nas noites que teremos envolventes,
Sabor destes teus lábios, doces, quentes...

X


Eu quero teu sabor de doce mel
Escorrendo em delícias provocantes.
Pedacinho gostoso do meu céu
Trazendo mil prazeres delirantes...

Eu quero teu sabor-cana caiana
Roubando da garapa essa delícia.
Quem sabe tanto amor nunca se engana
A vida se promete com malícia.

Eu quero teu sabor de doce prenda
Na festa, na quermesse dum amor.
Paixão desenfreada não é lenda,
Maltrata adocicando e traz calor.

Eu quero a serenata em chocolate
Amor
que sem juízo lambe e bate...

X


Lésbia nervosa, fascinante e doente,
cruel e demoníaca serpente
das flamejantes atrações do gozo.

Dos teus seios acídulos, amargos,
fluem capros aromas e os letargos,
os ópios de um luar tuberculose...

CRUZ E SOUZA


Em teus seios, dois pomos delicados,
Romãs em raro tom, roséolas claras.
Meus dedos e meus lábios bem treinados
Numa sucção audaz que contemplaras

Cruel quase mordaz e sem pudores
Vontade de saber desta nudez
Exposta no dossel; recende a flores
Em cujos cheiros perco a lucidez...

Depois da empreitada em letargia
O
sono se aproxima, mas quem há de
Dormir se encontro ali a fantasia
Se o sonho é mais dorido que a verdade...

Mal sabes que teu corpo me alucina,
E nele encontro o vício, uma morfina...

X

Amor que se prepara calmamente
Com gosto de certezas e de sonhos.
Delira neste canto, fartamente,
Promete novos dias mais risonhos...

Amor que me deslumbra e me fascina,
Trazendo a cada dia um novo sol,
Eu sinto que este amor já me domina,
Sou falena seguindo este farol...

Amor feito pimenta com o mel,
Lambuza minha boca de alegria
Sem nuvens, me promete um novo céu,
Repleto do desejo em harmonia.

E quero, depois disso, mergulhar
À noite, nos teus braços, no luar...

X

Do pequenino pé macio e branco.
Sobe... cinge-lhe a perna longamente;
Sobe... – e que volta sensual descreve
Para abranger todo o quadril! – prossegue.
Lambe-lhe o ventre, abraça-lhe a cintura,
Morde-lhe os bicos túmidos dos seios,
Corre-lhe a espádua, espia-lhe o recôncavo
Da axila, acende-lhe o coral da boca,

CASTRO ALVES




Sob luz em profusão do meio dia,
Desnuda-se em seu quarto, abro a janela
E vejo em total êxtase e alegria
Nudez incomparável. Nua e bela

Mal percebendo quanta fantasia
Irradia. Faminto, sempre ao vê-la,
Eu sonho com momento de magia
Em que possa, voraz, audaz, comê-la.

Lambendo o liso ventre sem pudores,
Chegando ao matagal tão desejado.
No bico de seus seios, duros, túmidos

Um arrepio mostra seus fulgores.
Num gozo convulsivo demonstrado
Pelos grotões divinos, doces, úmidos...

X

De sol em plenitude vem vestida
Aquela que tocando leve o peito
De uma emoção bendita foi nascida
Neste momento raro e mais perfeito.

A senda em que caminha, florescida
Alva e serena faz-me satisfeito
E mostra como é bela e boa a vida
E sabe que o carinho, seu, aceito...

Os raios iluminam os seus passos
Clareiam olhos tristes, cinzas, baços,
As rosas brancas marcam sua estrada.

Num sonho todo branco de quermesse
Sua alegria santa mostra em prece
Todo
o valor que tem a sua estada...

X

Eu quero te sentir completamente
Dois corpos que se entregam sem medida,
Em plena simbiose, de repente,
Unificados numa mesma vida.

Ávida sensação inflama; intensa,
Na desmedida entrega, inundação...
O sexo em perfeição, a recompensa,
Imensa desta louca sensação...

Eu quero inebriar-me de teu ser,
Voluptuosamente devorar
Sem pontes, sem pudores, quero ser
Inteiro, totalmente e me grudar

A ti nesta delícia indescritível,
Contigo, sem limite, indivisível!

X

O medo me domina e me tortura,
Procuro a solução, mas vou cansado...
Elevo-me além, mais... Ganhando altura
Mas cada mais alto, encurralado...

Ansiedade volta em cada sonho,
Mergulho meus desejos neste mar.
Também não vejo nada, o mar medonho,
Paredes que não posso navegar...

Sorrio, é o que me resta, nada mais...
Eu sei que esta resposta já perdi.
Não tenho mais meus pés, esqueço o cais,
E tudo que pensara, nem aqui...

Apenas vou fugindo de mim mesmo,
Vagando sempre só, sozinho a esmo...

X


Eu quero-te em desejo mais profundo
Vivendo em sensual felicidade,
Gritando um sentimento para o mundo,
Sangrando em cada verso de verdade.

Ardendo sem temor na mesma chama
Que traz ao meu viver uma alegria,
Dizendo em liberdade quando se ama,
Vivendo nosso amor em sincronia.

Eu quero me entregar ao nosso amor
Sem medo de saber que sou feliz,
Carinho tão divino e salvador
Que faz com que se encontre o que se quis.

Serei o companheiro que sonhaste
Aquele que quiseste e desejaste...

X

Amortalhado sonho em que investira
Uma importante parte desta vida.
Um sonho que se tem em que se aspira
Encontrar, de repente, uma saída.

Não quero mais portar a mão que atira
Nem mesmo ser aquela distraída
Que permitindo um corte em fina tira
Maltrata em mansidão fera, omitida.

Eu quero ter a força da amizade
Que apóia e que permite um novo passo
No rumo abençoado da verdade.

Por isso em novo canto, companheira,
Sentindo sempre firme o teu abraço,
Caminhar junto a ti, a vida inteira...

X

Tu trazes em teu corpo as opulências
Que atraem meus olhares e desejos.
Vestida com detalhe em transparências
Alvura
que provoca relampejos.

As noites que passamos; indecências
Pecados e loucuras sem ter pejos.
Na cama mil prazeres, florescências
Tomando de alegrias em lampejos.

As línguas passeando quais serpentes
Que buscam suas tocas, suas furnas.
As magas sensações que diuturnas

Jamais impedirão prazer intenso,
Teus lábios vão descendo mais ardentes,
E perco o meu juízo e o bom senso...

X

Sonhando com o encanto do momento
Em que se concretize este desejo,
Vivemos espreitando o sentimento,
Vontade de poder te dar um beijo...

Tocar a tua pele mansamente,
Sentir cada detalhe desejado,
E mergulhar profunda e mansamente
Te percorrer sem rumo, enamorado...

E ter cada segundo eletrizante
Emoldurado em nós qual rara tela,
Num toque tão sereno e provocante
Que todo esse prazer já nos revela...

Eu quero te sentir, pele macia,
Na noite que tivermos, de alegria...

X

Meu peito vai mudando o batimento,
Meu coração, depressa, está confuso.
Às vezes bate rápido, outras, lento,
Das horas me parece esquece o fuso.

Já procurei saber por que desanda
Um coração que sempre foi cordato,
Tal músculo, por certo, ninguém manda,
Mas ando preocupado, isso é um fato.

Depois de tanto tempo, controlada,
Minha pressão dispara e nada cura.
Só sei que sentir isso já me agrada,
Trazendo a sensação de uma ternura...

Agora, ao receber o teu recado,
Já sei: é que me encontro apaixonado!

X

Ela é boazuda e é bela como uma fera.
Minha amada é lúbrica, é casta, é catinguenta.
Minha amada tem bocas e bocas de sorver,
de sugar, de espremer, de comer.

Darcy Ribeiro


Minha amada abrindo as pernas
Mostra a boca mais faminta
Nossas noites são mais ternas
Meu pincel adentra a tinta

E se borra num instante
Dentro da gruta molhada.
Cavalgando num rompante
Deixando a fenda alagada.

Minha amada me conquista
Com tesão e com vontade,
Não há fome que resista

Nem há sede que não cesse
Quanto mais desejo cresce
Aumenta a saciedade...

X

A buceta da minha amada
tem pêlos barrocos,
lúdicos, profanos.
É faminta
como o polígono-das-secas
e cheia de ritmos
como o recôncavo-baiano.

Bráulio Tavares



Faminta, minha amada não descansa
E sempre desejando quer bem mais,
Lúdicos movimentos pernas trança
E quer depois de novo, frente, atrás...

Quando o prazer em fúria vem e alcança
Distâncias gigantescas, abissais,
Nem mesmo assim, gulosa, ela se amansa
Num ritmo mais frenético e voraz

Pedindo em lambidelas, mais carinho
Até secar a fonte, totalmente.
A greta umedecida quer enchente.

Tenazes os desejos, descaminho
E arrisco outro galope, outra viagem
E vislumbro o Nirvana. Uma miragem?

X


Sonhei com um tesouro, qual menino,
De pedras preciosas recheado;
Num diamante imenso me ilumino,
Neste rubi sem par, apaixonado.

Numa esmeralda esplêndida, esperança
De ter este coral de cor tão rara,
Dum ouro sem igual, nossa aliança,
Amor que se mostrou jóia mais cara.

Na gema que encontrei; tão mais precisa,
Em forma de menina-flor morena,
Minha alma embevecida, poetisa,
Ao ver o tal tesouro logo acena.

E diz-te nesse beijo assim, querida,
Que bom um paraíso em plena vida!

X

O prazer que na orgia a hetaíra goza
Produz no meu sensorium de bacante
O efeito de uma túnica brilhante
Cobrindo ampla apostema escrofulosa!

Augusto dos Anjos


Em lúbricos volteios me enredando
Os seios desafiam gravidade.
Orgástico momento enveredando
Numa explosão que traz sensualidade.

Bacantes se misturam, transparências
Em sedas, rendas, linhos, organdi.
Comparsas em sutis malemolências
Meus lábios vão vorazes sobre ti

Num átimo desnudo-te e devoro
Com ânsias e volúpia inesgotável.
Caminhos escondidos eu defloro,

E sorvo cada gota, sangue e gozo.
Na senda que noutra hora impenetrável
Adentro com prazer tempestuoso...

X

Menina como é bom saber que queres
O que sempre bem quis meu coração.
Neste jardim repleto, malmequeres,
Rosas, jasmins, até manjericão,

Das flores olorosas que conheço,
Guardando na memória seus perfumes,
Mil delas prometeram meu tropeço,
Morrendo sem cuidados, com ciúmes...

Porém uma viceja soberana
Aguada com carinho e solidez,
Minha alma engalanada não se engana,
Conhece a perfeição com que se fez

O sonho de viver apaixonado,
Pela morena flor do meu cerrado!

X

Sentir o teu perfume em minha cama
Deitada sem espinhos, minha rosa.
Eu quero me enredar na tua trama
A boca enveredar, audaciosa.

Eu quero te fazer minha menina,
Menina em que desejo uma mulher,
Que logo me devora e me domina,
Fazendo neste amor, o que quiser.

Sorver-te qual sorvete lambuzado,
Beber cada gotícula de orvalho.
Deixando-te sentir-me enamorado
E conhecer teu corpo, cada atalho...

Depressa vem o tempo de encontrar-te
Correr, pintando o sete, fazendo arte...

X


Melhor é foder primeiro, e então banhar.
Esperas que, curva, sobre o balde se ajeite
O traseiro nu miras com deleite
E tocas-lhe entre as coxas a reinar.

Bertolt Brecht


Percebo a curva aberta que promete
Delícias e loucuras em que esbalde
Aquele que mansinho se arremete
Nas coxas bem gostosas. Mas, debalde

A moça se recusa e então não fode.
A bunda volumosa uma bela anca,
Que andando com molejo, assim sacode
Mostrando todo o fogo de potranca.

Queria tão somente penetrar
E desfrutar de todo este deleite
Porém a rapariga não quer dar
Quiçá fosse beber todo o meu leite.

Insisto e nada tenho. Vou sonhar
Com dia em que eu puder a penetrar...

X


Quero conhecer a puta.
A puta da cidade. A única.
A fornecedora.

Carlos Drummond de Andrade.



Quem dera se eu soubesse desta puta
Que vaga a noite inteira pela rua.
Porém esta moleca mais astuta
Fugindo de meu braço, qual flutua

E a busca nunca cessa. Quero a gruta
Em lúbrica umidade, doce e nua
Porém somente um eco é que se escuta
E esta procura insana continua...

Eu sei que ela se entrega a todo mundo,
Nas camas, nos motéis, matos e carros,
Engole uma serpente e tira um sarro

A puta da cidade é soberana.
Será que tenho o corpo tão imundo
Que nunca encontrarei divina xana?

X

A roupa espalhada pelo chão,
Dá-me, simplesmente, essa certeza;
De quem me prometeu a realeza,
Deixando vagamundo o coração.

Dos passos insensíveis no porão,
Moldado em leda vida, sem defesa
Porém quando chegaste em sobremesa
Demonstra-me
verdades da lição

Aprendida na noite em que vieste:
Que por mais que se pense no cipreste,
Que por maior que seja seu tamanho,

E por menor que seja, tão tacanho,
Um sonho me alimenta desde antanho
E feito em amizade, me reveste.

X

Amanheceu. Peguei minha viola
E fui estrada afora a procurar
Amor que eu sei demais, pus na sacola
Na busca de quem possa me ajudar

Encarar cada curva desta estrada
Que embora tão difícil; pedra e cardo,
Com uma companheira vira nada,
Mais leve carregar, assim, o fardo.

Um coração moleque e sem maldades
Trazido do sertão cria coragem
Ao encontrar teus olhos, claridades
Que são belos faróis nesta viagem.

Eu sinto em cada curva do caminho,
A força de quem nunca vai sozinho.

X


Amor que, tão intenso, nos consome,
Em louca sedução alucinante,
Impede que este rumo eu já retome
Explode em alegria, a cada instante.

Nos queima e nos devora, totalmente,
Ardendo em nosso peito, sem juízo,
Vulcânicos caminhos, a vertente
Direta para o caos e o paraíso...

Mergulho num arroubo e perco o tino,
Amor como um posseiro, devastando,
Já zomba do que fui, muda o destino,
E vai, sem ter limites, me tomando.

Na sedução do amor, hipnotizado,
Vivendo sem fronteira, apaixonado!

X

Mas eu preciso, enfim, continuar
Seguindo minha estrada, o meu caminho
Na busca em cada canto a vasculhar
Até poder topar com festa e vinho

Nas mãos de uma mulher, que com carinho
Entrega o coração sem me cobrar
Arranco da roseira tanto espinho,
Adoço, com seu mel o imenso mar.

Um violeiro que é feito trovador
Já sabe dar valor à luz da lua,
Que iluminando os passos vem propor

A todos, indistinta claridade;
Atrás dessa janela bela e lua
Na caça desta tal felicidade...

X


Certa manhã, o sol mostrando a cara
Prepara o coração para a viagem
Que sei será difícil, mesmo amara,
Mas tenho uma esperança na bagagem

E sei quanto ela vale e quanto ampara
E mesmo que fizer qualquer bobagem,
A lua que de noite alumiara
Com mansidão me traz a fresca aragem.

Carrego no bornal o teu retrato,
O peito vai aberto, sem temor.
Caminhos com espinhos, pedra e mato

Porém uma amizade verdadeira
Esperando quem chega vai compor
A tralha que carrego na algibeira.

X



Quem ama e só tem laço, e assim fraqueja
Não sabe desta missa nem metade
Amar não é só ter o que deseja
Precisa ter a força na verdade

De quem sabe que a vida relampeja
E molha quem não teve liberdade,
O fim de todo amor, que se preveja,
Já passa pelo fio da saudade.

Nos olhos da morena, dei um nó
Atado com vigor e com coragem.
Agora com certeza não vou só

Seguir o meu caminho, uma viagem
Que mesmo que se faça em tanto pó,
Encara as tempestades que ultrajem.

X


Quem quiser casar com a princesa
Pensando na coroa que é dourada
Espere que ao findar da correnteza
O rio vai secar numa invernada.

Escondida detrás da realeza
Não sobra, na verdade quase nada,
Quem vive neste mundo por riqueza
Já perde, num espinho, meia estrada.

O bom da vida, amigo, é liberdade
É um valor sem preço, vem de graça
Quem se vende passando a ser cativo

Não sabe o que perdeu na realidade
A realeza é porta da desgraça
Amigo é bom ficar com o olho vivo...

X

Amizade sincera é um remédio
Que cura ou que mitiga qualquer mal,
Mesmo quando a tristeza faz assédio
A solidão se chega em baixo astral,
Quem tem amigo, nunca encontra o tédio,
Já vence a tempestade no final.

Abraços mais sinceros, um sorriso
Que é franco e que se faz sem dar alarde
Conselho de um amigo é mais preciso,
É bom primeiro ouvir antes que, tarde
A porta em pensavas paraíso
Se mostrando infernal, na realidade.

Amigos não nos mentem. Falsidade
Caminha bem distante da amizade...

X

Eu louvo em cada verso uma amizade
Que vem sem ter cobranças ou descontos.
Num justo sentimento, a claridade
Atinge nossa vida em tantos pontos.

Caminhos que se mostram na verdade
Não são definitivos nem vão prontos
Porém ao definir prioridade
Não devemos vagar ermos e tontos.

Ao lado de quem posso confiar
O passo vai mais forte e mais preciso.
Às vezes tão depressa ou devagar

Mas sempre na constância necessária,
Apoio não somente é dar aviso
Compartilhar a curva temerária...

X

Amar, foder: uma união
De prazeres que não separo.
A volúpia e os prazeres são
O que a alma possui de mais raro.
Caralho, cona e corações
Juntam-se em doces efusões
Que os crentes censuram, os loucos.
Reflete nisso, oh minha amada:
Amar sem foder é bem pouco,
Foder sem amar não é nada.

LA FONTAINE


O sexo quando é feito por fazer
Sem ter uma emoção associada
É claro que também dará prazer,
Porém depois de tudo, resta o nada.

Amor que não tem sexo, na verdade,
Aos poucos se esvaindo até morrer
No fundo um sentimento de amizade,
Assim é simplesmente um bem querer.

As sensações diversas se completam
E deve ser por isso minha amada
Que aos poucos vou sentindo que esmaecem

E sinto que depois já se deletam
Vontades de te ter, enamorada.
As plantas sem cuidados, adoecem...

X

Aquele jardineiro que cuidava
Com toda uma alegria desta flor,
Um dia, adoecido não pensava
Senão como era belo tanto amor.

Ardendo numa febre tão insana
Sonhava com perfume inesquecível.
Porém toda a certeza que se emana
Não conta com fator imprevisível...

A flor não percebera que o jardim
Por mais que parecia estar cuidado
Não tinha mais o cheiro dele enfim,
Daquele jardineiro adoentado...

Não sofra assim, dizia o velho cardo,
À jovem bela flor lá do cerrado...

X


Tua alma, então, ficando a observar
Reparo num detalhe, em sutileza,
Que mesmo que pareça te importar,
Não dás ao companheiro uma grandeza

Que possa pelo menos demonstrar
Carinho de quem senta à mesma mesa
Ou nada juntamente num só mar.
Será que não se trata de defesa?

Tu tens todo este aspecto de rainha
Narcísica presença em minha vida,
Chegando, em egoísmo, à crueldade.

Mesmo quando a tristeza se avizinha,
Tu finges caminhar mais distraída.
Percebo no teu caso, insanidade.

X

Amigo, tantas vezes em audácia
Mal
percebia o rumo que entranhava,
Às vezes me perdendo na falácia
Nada do que quis eu encontrava,

Pensando ser feliz a queda vinha
E tudo o que eu tivera, simples sonho,
Mostrava que em verdade eu nada tinha
Senão um falso mundo tão bisonho.

Agora é que percebo que os conselhos
Que deste, com certeza com carinho
Não eram simplesmente torpes, velhos,
Alumiavam sempre o meu caminho.

E assim com dor e corte eu aprendi
Que o bem da lealdade encontro em ti.

X

A poesia, amada, nunca morre,
Assim como esse amor que imaginamos.
Quando a tristeza vem, amor socorre
E nos refaz intensos qual sonhamos...

Na rosa da emoção, a poesia,
Eterna companheira dos amantes,
Nos versos que entoamos; fantasia,
Que forra o nosso peito, por instantes...

O brinde que fazemos ao amor,
Em cada verso vivo, nossa meta,
Permita que se diga ao sonhador
Da profunda ilusão de ser poeta.

A rosa que nos guia, essa aliança,
Eternizada sempre na esperança!

X

A saudade me clama, (é tão teimosa)
Não se esquece jamais meu sobrenome...
As bênçãos divinais, canteiros, rosa,
Meu tempo indefinido... Tudo some...

Saudade se demonstra gloriosa
Baixinho me chamando pelo nome.
Os marcos do que tive verso e prosa.
Meu fígado, meus olhos, cedo come...

Já vem despetalando o coração.
Afaga-me qual fora um pobre cão.
Alaga-me nas lágrimas que mente...

A vida se resume no perdão,
Saudade vai chegando, lentamente...
Meu mundo já desaba, de repente...

X

A saudade é tormento, esmaga o coração...
Procura pelo porto, encontra podre cais...
Saudade dolorosa em busca do perdão
Esbarra na vontade, e vai pr’a nunca mais...

Saudade que me corta, em tanto sonho vão,
A resposta, sempre ouço, a mesma, pois jamais
Saudade terá mesa em toda essa amplidão.
A dor dessa saudade a saudade me traz...

Recordo-me do beijo, amor que já morreu...
O céu que sempre brilha; invernoso nublou.
A noite que era clara e já se escureceu

Demonstra quem eu fora e nunca mais serei,
O tempo que sonhava e que já se acabou
Foi um tempo feliz onde amar era a lei!

X

Choravas, triste noite vinha breve,
Tuas mãos doces, belas e macias,
Dando a bela noção de branca neve
Distantes dos meus sonhos, fantasias.

Em meio a teus soluços, agonias
De quem te adora tanto e não se atreve
A propor noutro mundo, as alegrias
De um tempo em que esta vida seja leve.

Testemunhar teu triste sofrimento...
Eu não te deixarei um só momento
A manhã, te prometo, será mansa.

Mas tenho que partir, a noite vem...
E nela uma esperança: ser teu bem,
E termos bem mais forte uma aliança.

X



-Pois sei que logo vens me procurar
Disseste-me em total embriaguez.
Tu acreditas sempre que este mar
Retorna à mesma praia toda vez.

Porém eu mais pareço com luar
Que em fase diferente, insensatez
Costuma a nuvem negra superar
Trazendo para a Terra em limpidez

A
noite em plenilúnio, uma esperança
De dias mais sinceros e felizes.
Tua palavra; amada, não me alcança

Trazendo no meu peito a liberdade
Bem sei o que motiva quando dizes
Tão logo, noutro amor, a dor te invade.

X


Amor que me liberta e que me prende
Na rede da emoção que me transtorna.
Qual nuvem que esfumaça e que se ascende
À terra em tanta chuva vem, retorna...

Trazendo no silêncio tantas novas,
Fazendo da emoção seu canto leve
Se negas, entretanto tanto aprovas
Que a chuva cairá, decerto, em breve...

Não tenho mais o medo de cantar
Amor que se prendeu sem liberdade,
Agora livremente quer voar
Nos campos, nos botecos, na cidade...

Eu quero te sentir completamente,
A vida, transformada, de repente!

X

Hipnotiza-te
com seu guizo
envolve-te
em seus anéis
corredios
beija-te
a boca em flor
e por baixo
com seu esporão
te fende te fode

e se fundem
no gozo

FERREIRA GULLAR

Entranho um falo ardente em tua toca

E meto este esporão com fome e fúria

Na louca transgressão desta piroca,

Promessa tão insana de uma incúria.

E mexes teus quadris, divinas ancas,

O gozo compartilhas com imagens

De mais de uma dezena de potrancas

Que invadem com mil mágicas miragens

Rebolas sobre mim, abertas fendas

A língua me mordisca no galope

E enfim orgasmos múltiplos desvendas

A sede não permite nem quer stop

Quando a serpente em leite então poreja

A boca mais faminta bebe e beija...

X

A madrugada vem me segredar
Em sonhos delirantes, pavorosos,
A traição de quem em loucos gozos,
Levou toda esperança sem pensar

Naquele que se expôs por tanto amar.
Que teve certos dias prazerosos
Momentos que, decerto, fabulosos
Trouxeram uma alegria assim, sem par...

Restando em minha cama, uma saudade
Que em toda madrugada vem, invade,
Deixando tão somente esta agonia

De te saber distante, em fantasia,
Quem sabe te terei de novo um dia,
Um sonho que bem sei ser falsidade...

X


Amor o sabe - expondo aos deuses a epopéia
Singela de seu cu magnífico, um espelho
Límpido da beleza, que ali quer se ver
Pra crer. Cu feminino, que vence o viril
Serenamente - o de efebo e o infantil.
Ao cu feminino, supremo, culto e glória!

Paul Verlaine

Rosácea maravilha em orifício
Que
se abre aos meus desejos e carinhos
Depois de certo tempo, um belo vício
Feito defloração nos mesmos ninhos.

Um belo cu se ganha e se conquista
E quando se arreganha, um rei supremo,
Que faz tão bem ao gozo quanto à vista
Ao vê-lo, eu sou sincero ainda tremo

E penso nas batalhas e rodeios
Nos não que temerosos tanto ouvi,
Não são oferecidos como os seios,
Na guerra que ganhei, também perdi

Na busca dos prazeres me alucino
Ao ver da fêmea o cu, não me domino...

X


Chegando neste mundo em plena festa
Uma alegria imensa para os pais.
Agora mais um ano que se empresta
À sorte de te ter, é bom demais,

Querida amiga, assim o que nos resta
É ter uma certeza que este cais
Uma esperança nova sempre gesta
Trazendo uma emoção que é feita em paz.

Outro ano a mais depois daquela data
Dever ser sempre tão comemorado
Pois a alegria viva quando inata

A todos ilumina com certeza,
Querida, como é bom te ter ao lado,
Sentado frente ao bolo, nesta mesa.

X

Orvalho beija flor de manhã cedo
Deixando um colibri mais enciumado,
Vadia; a rosa entrega sem segredo
O cofre de seu gozo arreganhado.

Abelha que chegou entra no enredo
Bacante, o roseiral belo e safado,
Não tem sequer juízo e não tem medo
Se mostra numa orgia, deslumbrado.

E néctares voando pelo vento
Que ao ver tanta alegria também quer
A rosa topa tudo o que vier,

Sorrindo se abre toda e sem lamento,
Se deixa carregar na correnteza
Com pose de rainha ou de princesa...

X

Merda é veneno.
No entanto, não há nada
que seja mais bonito
que uma bela cagada.
Cagam ricos, cagam pobres,
cagam reis e cagam fadas.
Não há merda que se compare
à bosta da pessoa amada.

Paulo Leminski


Seu corpo sensual, quando se entrega
A todas as volúpias do desejo,
Roçando suas coxas já se esfrega
E chupa com delícia em cada beijo.

A mão sem ter limites já navega
E a foda mais gostosa, assim prevejo.
Na vulva em tanto ardor cabeça cega
Se embrenha, chuva feita em relampejo

Dos
gritos e gemidos, explosões,
Loucuras se misturam; tentações
Eu lambo teus recantos e salivas,

Depois ejaculando em mil ogivas
Nós misturamos lúbricos humores
No amor que é sem vergonha e sem pudores.

X

O sol que descortina um quente abrigo
Protege a terra inteira de uma treva.
Assim também te vejo meu amigo
Quando a tristeza má já vem e neva

O sonho que mais quero e que persigo
No dia a dia, cresce e se conserva
Nos protegendo sempre do perigo;
Uma amizade é bela quando em ceva

Regada
com total fidelidade,
Arada com rastelo da emoção,
Adubo muito bom para a amizade

Protege com certeza, o coração.
Remédio quando salva, na verdade
Tem sempre do carinho, a santa mão.

X

Uma flor nos cabelos da menina
Que traz neste sorriso a sedução.
Perfuma enquanto a tarde se ilumina
No sol extasiante da paixão.

Vem logo que eu te quero, sorte e sina,
Afaga com carinho um coração
Que bate com mais força e se ilumina
Aos olhos da rainha do sertão.

A flor que ela carrega tem perfume
Que eu não encontro mesmo numa rosa,
Adoça minha vida, e sem queixume

Prossigo nesta senda maviosa
Que é feita desta flor que desabrocha
No coração menino da cabrocha...

X

Não penso noutra vida, companheiro,
Ao lado da viola e deste rio,
Pescando com certeza o dia inteiro
Quer faça sol ou mesmo até no frio.

Não me chame, querido de vadio,
Não tenho outra vontade e vou ligeiro
Buscando inspiração um verso eu crio
E jogo esta tristeza no cinzeiro.

À noite em lua cheia, no terreiro,
Viola ponteando com saudade
Do amor que já se foi, tão traiçoeiro

Deixando só restar a liberdade,
Também pra que sofrer se o verdadeiro
Amor sempre se faz de uma amizade.

X

A formosa morena que deixou
Meu coração sofrendo em cachoeira,
De lágrimas o chão já se alagou,
E nada de voltar moça trigueira.

Na casa de sapé, tanto ventou
Que um dia desabou a casa inteira,
Somente o seu retrato lá ficou
Mostrando o quanto a sorte é traiçoeira.

O rio vai correndo no sertão
As águas; eu bem sei, vão dar no mar,
As lágrimas fazendo migração

Decerto encontrarão linda morena
Que um dia ao perceber a água salgar
Talvez volte pra mim, mesmo por pena...

X

Descendo o Pantanal numa chalana
Passando por remansos, corredeiras
Vontade de chegar é soberana
Saudades são cruéis e matadeiras.

Distância de quem amo, desumana,
Desejos em palavras verdadeiras;
Meu peito apaixonado não se engana
Encara; se preciso, cachoeiras...

Quem teve nesta vida uma paixão
Entende este meu verso enamorado.
Um coração ferido e maltratado

Por tantas desventuras. Solidão,
Já sabe quanto é dura esta demora
Na espera de rever quem tanto adora...

X

Cavalo galopando sem domínio
Vazando pela estrada, um poeirão
Causando em quem olha tal fascínio,
Acelerando sempre o coração.

A liberdade é feita em cavalgada
Em
sonhos que ninguém pode conter.
Sem hora de partida ou de chegada
Assim também a vida deve ser.

Como um cavalo solto sem amarras,
Viver sem montaria em rédeas soltas
Do amor não se prender em frias garras

O céu sendo o limite sem rodeios,
A crina e a cabeleira sempre soltas,
Enfim: amor perfeito em meus anseios.

X

Fiz uma casa branca lá na serra
Prá móde nóis podê ansim morar,
Distante da cidade, tanta terra
É percizo com força caminhar.

Porém o bom cabrito nunca berra
Pensei, aqui comigo, vai voltar
Mas quando uma vontade já se emperra
Ninguém vai conseguir modificar.

Esta casinha branca, abandonada
Depressa começou, em tanta teia
Ficar como uma marca nesta estrada

Da terra e da poeira, tão vermeia
De branco não tem nada mais, senhor,
Matando de anemia, o meu amor...

X


Num altar, no oratório, numa orada
Em mil preces pedi, aos Céus ajuda
Para enfrentar as dores desta estrada
Que tantas vezes vai sem quem acuda;

Um passarinho triste em plena muda
Uma alma que se esvai, enamorada,
Ficando sem ninguém morre miúda
Depois de tanta luta, resta o nada...

Mas vejo uma presença que em arranjo
Divino
, atravessou a minha vida,
Quando pensava estar ela perdida

Vieste minha amiga, como um anjo
Que Deus ouvindo as preces, me enviou,
E a seca do meu peito, aliviou...

X

Meu coração seguindo uma boiada
Que desce do sertão para encontrar
A noite tão sonhada, iluminada
Nos braços da morena a me esperar.

Meu verso se perdendo não diz nada
Somente como é bom poder plantar
Semente de uma flor apaixonada
Que um dia noutro peito vai brotar.

Boiada vai passando mais ligeira
Encontra nos caminhos, secas, rios.
Assim também a vida feiticeira

Nas montanhas e várzeas, sol e chuva
Às vezes os meus dias são vazios,
A solidão cortando qual saúva...

X

Uma fogueira acesa a beira mar-
Sonho de mineiro é ser caiçara.
As ondas vão chegando devagar
E a noite em lua cheia faz-se clara

Quem veio do sertão, e se antepara
Com toda esta beleza a deslumbrar
Já valoriza muito a noite rara
E com viola e beijo, vai sonhar...

Sertão que abandonei faz pouco tempo
Distante, eu lá deixei bela morena,
Saudade vem trazendo um contratempo

Porém outra morena já me acena.
Mas se é amor sincero ou passatempo,
O que importa é viver de forma plena!

X


Não vejo um embaraço que me impeça
De seguir caminhando sem temores,
Amada por favor. Cumpra a promessa
E espalhe nesta estrada belas flores

Pra que a gente prossiga a caminhada
Na busca desta tal felicidade,
As flores perfumando nossa estrada
Encantam cada passo e na verdade

Ajudam caminheiros, andarilhos
Que vivem tão somente por amor,
Assim iluminando nossos trilhos
O mundo se mostrando encantador

O trovador que inventa num repente,
Garanto, meu amor, fica contente...

X


Espreito um passarinho de tocaia
Armando uma arapuca, um alçapão
Tomara que no dia que ela caia
A paz volte de novo ao coração.

Menina sabiá segura a saia
Que o vento vai chegando em supetão;
Se a saia levantar, vista não traia
É bom demais poder ter a visão!

Descendo a cachoeira, fosse um rio
Que te banhasse nua, toda tarde.
Eu te garanto não te dava frio

O fogo da paixão quando nos arde
Não deixa um só momento mais de paz
Porém é saboroso o mel que traz...

X


Meu canto se faz simples como o sol
Nascendo sobre os montes no sertão.
Uma esperança trago por farol
Alumiando sempre o coração.

Não vejo nada além neste arrebol,
Somente me acompanha a solidão.
Procuro uma amizade, um girassol
Que não quer mais sofrer desilusão.

Amigo quando chega traz alento
E ajudando a encarar o novo dia
Apascentando a dor, trazendo ungüento

E transformando o triste em alegria.
Meu canto vasculhando num momento
Procura uma amizade; quem daria?

X

Na Serra do araçá eu encontrei
Morena mais bonita do sertão,
Por isso, meu amigo, eu lá deixei
Um resto de esperança e o coração

Quem teve amor sincero como lei
Já sabe quanto dói a solidão,
O frio da saudade eu enfrentei
Nas cordas de um sonoro violão

Que canta a noite inteira em serenata
Lembrando
da morena tão bonita.
As águas deste rio, na cascata

Batendo em cada pedra faz barulho.
Meu coração sozinho então se agita,
Também quem me mandou ter tanto orgulho?

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