quinta-feira, janeiro 03, 2008

HAIKAIS

Procurei a rosa
Nos espinhos encontrei
Promessa de dor...

X


Lago assoreado;
Com os olhos rasos d’água,
Todos lagrimando...

X

Canta o sabiá
Nas palmeiras poluídas..
Terá solução?

X

O sol estrelar

Ao ventar ou explodir

Vira pirilampo?

X

Pobre borboleta
Sem as asas quer voar...
Mas vento traz chuvas...

X

A cobra rasteja
Carregando uma semente
Presa nos seus dentes...

X

O vento soprando
Nos coqueirais, nas palmeiras...
Êxtase total...

X


Noite em ventania
Pirilampos
se perdendo,
Pensam ser estrelas...

X

Um raio que cai
Espalhando em fogaréu
Ais
da natureza...

X

Vento em temporal
Alagando
todo o mangue

mata caranguejo?

X



olho de água às cegas
no meio da tempestade
vira cachoeira

X

Refém da saparia
O silêncio da lagoa
Morreu sinfonia...

X


Do mármore frio
Porém em rara maciez
Belo multiforme.

X

Ao escorrer, a água
Encontrando as corredeiras
Adivinha o mar.

X

Frio que enregela
Mostrará depois de tudo
Mais belos matizes.

X

Na boca da noite
Bela lua engravidada
Parirá o sol.

X

Cigarra cantando
Ao trazer a primavera
Floresce esperança

X

Rastejante cobra
Quando se levanta traz
O poder do bote.

X

Destino da estrela
A morte espetacular
Trágico poder.

X


O outono prepara
Para este invernal caminho
De uma hibernação.

X


Lua se espalhando
Ao deitar sobre este mar
Engravida um sonho.

X

Morcego dormindo
De ponta cabeça sabe
Traduzir a vida.

X

Nas pedras rolando
A tempestade mostrou
Poder de mudança...

X


O sapo coaxando
Vem chamando para a festa
Lua se enrubesce...

X

A areia engravida
A pobre ostra maltratada
Beleza agradece..

X

Aquela Garrincha
Ao namorar uma estrela
Virou astro Rei.

X

A Maracanã
Encontrou naquele Galo
O canto mais alto...

X

gambá quis a rosa
incompatíveis perfumes.
Virou cachaceiro...

X

Pruridos da urtiga
Ao se espalhar pelo vento
Sabor de pó de mico..

X

O macaco prego
Saiu correndo depressa:
Tubarão martelo!

X

Perereca pula
O sapo nem percebeu
Sorriso da traíra...

X

No raí das cores
Os corais em mil matizes
caem estrelares...

X

Chovendo verão
Na tempestade, alagados
Arrebentação.

X

Pleno carnaval
Bem distante da alegria
Saudoso pavão...

X


Andorinha voa
Em busca de outras paragens
Mas não faz verão

X


helianto ao ver
a claridade do sol
fica hipnotizado

X

pingo d’água foge
descendo pela cascata
beija grão de areia

X


anfíbios sem vida
nesta carne ressequida
espelhos da Terra

X


no último lampejo
charnecas silenciosas
descansam em paz

X


cupins e baratas
passeiam pelo deserto
resistência heróica

X

decomposição
atingindo estes cadáveres
a vida sorri...

X


sinais de fumaça
se espalhando na floresta
não é fogo fátuo...

X

pedra em solidão
recebendo a ventania
desfaz-se: erosão.

X

carnívora fera
adormecendo em quietude
apascenta a selva

X

as nuvens passando
numa transfiguração
refletem a vida

X

mar em fogaréu
nos desertos se espalhando
herança vazia

X


grânulos de vida
esporos em liberdade
última esperança?

X

geleira desaba
em gotas lacrimejando
causa inundação

X

estrela enamorada
mergulhando sobre o mar
amor meteórico

X


mar em tempestade
na procela interminável
praia é tão distante...

X

seca e vendaval
natureza gargalhando,
simples reação...

X

leão adormece
enquanto a leoa caça.
rei? Hiena ri.

X


incêndio na mata
a floresta está chorando
em mil galhos verdes...

X


Esgoto sacia
Baratas, ratos e vermes,
Lauta refeição...

X


Ano vai passando
Carregando em suas costas
Erros cometidos.

X


As folhas caindo,
No outono vão desnudar
A alma do arvoredo..

X

Peixe voador
Invejando a gaivota
Vira refeição...

X

Vento assobiando
Ao espalhar as notícias
Dissemina pânico.

X

Nas ondas do mar
Em marulhos e procelas
Santa calmaria

X


Pássaro liberto
Esquecendo da gaiola
Qual prisão perpétua.

X


Chocalhos avisam
Maravilhas infantis
Ou botes certeiros

X


Bilhões de galáxias
E nelas bilhões de estrelas.
Pobre grão de areia...

X


Terra em alvoroço
A
força da natureza
Feita em tempestade

X

Rio busca a foz
Nesta luta contra o mar
A fecundação

X

Sementes no chão
A chuva cai mansamente
Proliferação

X

estrela do mar
busca na alga florescência
e asas pra voar

X


a montanha escala
cada raio de luar
procurando estrelas

X

corisco no céu
vai riscando em palavrões
pânico na mata

X


fogo na floresta
espalhando a novidade
o gado vem aí...

X


Vento cata-vento
Repercutindo num eco
A nova estação.

X


As asas libertas
De um canarinho da terra
Ainda que tardias.

X

Ar primaveril
Em perfumes espalhados
A vida refeita.

X

Mesmo devagar
O jacaré no seco anda
Mas na areia atola...

X


No rastro de paca
Se tatu caminha dentro
Eros agradece...

X


Piranha gulosa
Jacaré nada de costas
Campeão Olímpico!

X

Tico-tico sai,
O godero faz a festa
Viva o DNA

X


Formigueiro alerta
Aí vem tamanduá
Bicho linguarudo...

X


Nas ondas do mar
Caranguejo não é peixe
Ou será que ele é?

X


Bacuraus, corujas
Vagam pela noite escura
Os olhos espreitam..

X


Claro que águia quer
O aquecimento global
Cevando cadáveres...

X


Olho d’água cego
Abortando um grande rio
Mar vira sertão...

X


Alecrim dourado
Nasceu sem ser semeado
E reina no campo...

X


Estrela cadente
Ao passar pelo deserto
Viu extrema luz

X

Galinho da Serra
Cantando numa gaiola
Saudades da mata

X

A planta carnívora
Fazendo da podridão
Seu melhor perfume

X


num sessenta e nove
minhocas hermafroditas
"dando se recebe"...

X

Haikai meia nove
Uma estimulante idéia?
Um número a mais?

X


Urubu rei
Na matilha de chacal
Terá primazia?

X

Touro mesmo bravo
Leva a pecha de chifrudo.
Marido de vaca...

X

galinha galinha
coitado deste galo.
Vai criar peru...

X


Cuco caipira
O godero faz a festa
Pobre tico tico...

X


Jabá jerimum,
Macaxeira e tapioca
Nem cachorro come...

X

Marcadores: