ROTINA E DESESPERANÇA
Aquele dia não seria diferente dos outros, a vida vai em ondas como o mar. Vai e volta, ondula e, embora não se repita, sempre retorna para o local de onde veio. Da terra, da água, dos elementos todos, continente e conteúdo.
A mão cansada de tantas escritas, de tantas labutas, da força bruta e da esperança curta.
Capaz de fazer sol ou talvez de chover.
Chuva na alma é lágrima na certa. Mas é bom que limpa os olhos para poder ver melhor o novo dia.
Fantasias e ilusões se despedem da realidade, mas logo essa vem e desabam-se todos os castelos. A areia volta a ficar disforme e repete-se o mecanismo intrincado que leva do nada ao nada.
Dia comum, homem comum, com um sonho comum, como um outro qualquer.
Qual quer que seja a causa, os percalços cansam os pés descalços e machucam. Resultado: calçar de novo a bota. Embotam os pensamentos, mas nada mudaria.
Nada mudará.
A rotina que a retina absorve, conserva viva toda espreita, toda espera, mas nada.
Mais nada poderia transtornar mais do que a ausência. Nem a presença.
Ele agora tinha certeza de que ela fora embora. Embora a cama desfeita denunciasse a companhia.
Entre saudade e alívio, a opção era dupla, ou tripla, tripas expostas do relacionamento que se partira, extirpado, estripado, expulso de maneira comum, portanto sórdida.
Sabia que ela não o amava mais. Nem ele, tampouco. Nem a ela e nem a ele mesmo. A mesmice, mumificara o que ficara dos murmúrios de amor.
A meia idade, a meia luz, a meia vida, a meia esperança, as meias soltas ao lado da cama. Meio de vida de pobre, classe média, média com pão e manteiga. Vida pingada como o pingado do boteco, no teco-teco que nunca decola.
De cola firme, colada ao peito, calada no peito, na calada da noite.
O te quero nem mais nem tento, invento, no mesmo intento.
Preferia o tento a contento no mesmo canto sem encanto, desencanto.
Destilando o destino, ir embora.
Mas nada adiantaria, ele bem sabia que nada adiantaria.
O porto aberto, meia garrafa, o porto distante, a porta escancarada, aportando e portando a mesma sensação.
O vazio, o vão, o chão da casa, e o não repetido.
Vestiu a camisa, a brisa esfria e provoca a tosse. Nas troças da vida, as trocas e traças, estraçalhando os traços pretensos.
Na parede, um olhar sem sentido, o mesmo olhar perdido, denunciava que, realmente, aquela vida não seria diferente das outras, quanto mais o dia...
A mão cansada de tantas escritas, de tantas labutas, da força bruta e da esperança curta.
Capaz de fazer sol ou talvez de chover.
Chuva na alma é lágrima na certa. Mas é bom que limpa os olhos para poder ver melhor o novo dia.
Fantasias e ilusões se despedem da realidade, mas logo essa vem e desabam-se todos os castelos. A areia volta a ficar disforme e repete-se o mecanismo intrincado que leva do nada ao nada.
Dia comum, homem comum, com um sonho comum, como um outro qualquer.
Qual quer que seja a causa, os percalços cansam os pés descalços e machucam. Resultado: calçar de novo a bota. Embotam os pensamentos, mas nada mudaria.
Nada mudará.
A rotina que a retina absorve, conserva viva toda espreita, toda espera, mas nada.
Mais nada poderia transtornar mais do que a ausência. Nem a presença.
Ele agora tinha certeza de que ela fora embora. Embora a cama desfeita denunciasse a companhia.
Entre saudade e alívio, a opção era dupla, ou tripla, tripas expostas do relacionamento que se partira, extirpado, estripado, expulso de maneira comum, portanto sórdida.
Sabia que ela não o amava mais. Nem ele, tampouco. Nem a ela e nem a ele mesmo. A mesmice, mumificara o que ficara dos murmúrios de amor.
A meia idade, a meia luz, a meia vida, a meia esperança, as meias soltas ao lado da cama. Meio de vida de pobre, classe média, média com pão e manteiga. Vida pingada como o pingado do boteco, no teco-teco que nunca decola.
De cola firme, colada ao peito, calada no peito, na calada da noite.
O te quero nem mais nem tento, invento, no mesmo intento.
Preferia o tento a contento no mesmo canto sem encanto, desencanto.
Destilando o destino, ir embora.
Mas nada adiantaria, ele bem sabia que nada adiantaria.
O porto aberto, meia garrafa, o porto distante, a porta escancarada, aportando e portando a mesma sensação.
O vazio, o vão, o chão da casa, e o não repetido.
Vestiu a camisa, a brisa esfria e provoca a tosse. Nas troças da vida, as trocas e traças, estraçalhando os traços pretensos.
Na parede, um olhar sem sentido, o mesmo olhar perdido, denunciava que, realmente, aquela vida não seria diferente das outras, quanto mais o dia...
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