domingo, julho 09, 2006

Tucanolândia - capítulo 4 - Ainda bem que quem pagou não foi Fernando... Ou de como é gostoso ir passear na França

Na tucanolândia, a cada quatro anos, pela constituição vigente, haveria necessidade de eleição para a mudança do chefe de estado, sendo proibida a reeleição.

Fernando Caudaloso, famoso pela sua maneira de governar, num escandaloso “toma lá dá cá” sem paralelo na história do pequeno reino tropical, abençoado por Deus e bonito por natureza, estava numa encruzilhada.

Gostou de ficar ali, com suas mordomias, suas viagens ao exterior pagas pelos contribuintes do reinado.

Inclusive, como o avião oficial do reino estava meio que meia bomba, velhinho como ele só, Fernando gostava de ir em aviões fretados, onde levava vários convidados para passearem na Europa ou nos Estados Unidos, motivo pelo qual ganhou o apelido de Viajando Caudaloso...

Essa oposição é fogo, o quê que tem umas voltinhas pela Europa, um cheirinho de civilização não faz mal e, além disso o rei gostava de matar saudades da belle France. Aquilo é que era país para se viver, que idioma fantástico, nada dessa coisa estranha falada em tucanolândia.

Aliás, de vez em quando recebia um ou outro título ou comenda, e tinha que comparecer, isso fazia tão bem ao ego...

Na Constituição do Reino, haveria necessidade de ter dois terços dos votos para uma mudança tão profunda...

O que fazer? Se fosse menos que isso, a base de bajulação bastaria, pois essa já o tinha ajudado a fazer a “Abafadoria Geral” e os engavetamentos das encrencas anteriores.

Mas, esse caso era diferente. Não bastavam as distribuições de favores do orçamento não, os parlamentares queriam mais.

Quando soube da novidade, ficou assustado.

Acostumado a dar milhões de dólares a banqueiros, acreditava que, dessa vez, a situação estivesse perdida.

Conversa vai, conversa vem, teve uma grata surpresa.

Ô povinho barato esse da tucanolândia. Menos de cem mil dólares para cada um.

Saiu quase de graça, mais quatro anos para poder passear, poder fazer favores para os amigos, que maravilha!

Mas, mal sabia ele que havia um grupo de curiosos e fofoqueiros, precursores de um famoso Senador da Terra dos coqueiros, o Bondadeza, que gravaram uma conversa entre dois tagaleras deputados.

A casa parecia que ia cair, ainda mais que os dois, não agüentando a pressão caíram fora. Claro que depois de aprovada a mudança constitucional.

Mas, como o nosso Fernando tem um pé na cozinha, fez promessa para Sete Flechas, entidade protetora dos partidários de Don Fernando Caudaloso, tudo deu certo no final.

A que preço não sabemos, mas mais uma vez, conseguiram engavetar mais um escândalo.

Acredita-se que ficou bem cara a reeleição de Fernando, mas quem pagou a conta foi o povo, então, usando o raciocínio dos fernandófilos, ficou barato...