segunda-feira, novembro 20, 2006

Hercília: Orvalho

Hercília: Orvalho


Manhã que nunca veio, morre tarde.
A cor destes teus olhos, frágil lume.
Amor tão terebrante nega alarde,
O sol embora fraco, traz perfume.

A cor desta esperança já se encarde.
O verde desbotado, teu ciúme.
Transforma-se vazia, é tão covarde;
Meu medo, é cordilheira cobre o cume...

O raio das manhãs, me nega aurora.
Nos meus jardins sofridos, morre a tília
A morte, tantas vezes, me namora;

Mas quando a noite cai, profundo talho,
Me lembro da manhã plena de orvalho;
Me lembro d’ outros olhos, os de Hercília!