sexta-feira, dezembro 21, 2007

SONETOS 009



Nos olhos tantas chamas rutiladas
Das rosas que tentei semeadura,
Amores que me tramam cutiladas
Embarcam os meus sonhos, sem ternura...

No peito uma dureza em diamante
Desfeito
sem saber ser impossível
Viver assim de forma galopante
Buscando ser mais forte e impassível.

Cantando minhas odes e promessas
Nas fontes cristalinas deste amor.
Bem sabes que no fundo não confessas
As tramas que fizemos sem pudor.

Floresce na verdade um sentimento,
Amando, contornando esse lamento...

-


Ao tempo em que tristeza se excedia
Vibrando enquanto tanto que eu sonhava,
Certeza de que nada se passava
No peito que exalava rebeldia.

Vencidas as inglórias naturezas
De medos e vazias engrenagens
Tocando nas feridas, incertezas,
Me levam por insanas, más, aragens...

Amor que se tocaia nas vinganças
Espreita meus enganos e torturas
Matando o que me resta de esperanças
Causando tanta dor, noites escuras...

Mas sinto que não posso resistir,
Somente o que me resta então, sorrir..

-

Amor Cativante

Tramando, tantas vezes, ledo engano,
Proveitos que retiras do meu sonho,
Amando sem querer, causando dano,
Em todos os meus medos me proponho.

A mesma perdição que me causara
Aquela que busquei na fantasia
Amar é cultivar pérola rara
Viver perfeito transe da alegria.

Saber que estás por certo assim sujeito
A todas as vontades mais insanas
Tentando a cada dia ser perfeito,
Escravo destas lendas soberanas.

Amar não é sequer ser só cativo,
Cative quem te adora, amor revivo!

-

Meu Canto de Amor

Não vejo mais a lua que te trouxe
Nem mesmo a mansidão deste meu céu.
Pedindo tão somente que não fosse
Tirar deste espetáculo seu véu...

Saudades de quem fora mais gentil
E sempre me dissera ser feliz.
As cores que emolduras, num abril,
Roubando deste amor todo matiz.

Tal lume que persigo qual falena
Estendes pelos astros sem demora.
A vida que procuro sempre plena
Nas cores, seus encantos, quero agora.

Amor é quase um canto de agonia,
Calor que nos esquenta enquanto esfria...

EU TE AMO!


As sombras das saudades que carrego
São mansas tempestades que recebo.
Se tantas essas dores que não nego
Porém que muitas vezes nem percebo.

Minha alma transtornada já flutua
Por sobre multidões de sentimentos...
Embalde tantas vezes continua
Guardada neste cofre dos tormentos.

Mas amo em esplendor a tua imagem
Guardada nestes cofres da lembrança
Seguindo tão sem rumo, essa viagem,
Espero teu amor sem mais tardança...

As sombras se iluminam quando vejo
Os olhos tão sedentos do desejo...

Amor e Medo

Amor quando em amor desequilibra
E finge que se vai mas nunca vem,
Mas quando meu amor, por certo, vibra,
Aguardo em tantas ânsias, por alguém.

Que teme ser amada por quem sou
E mata uma emoção em pleno aborto.
Se tramo meus destinos, onde vou,
Procuro calmaria no teu porto.

O medo te tomando, cara amiga,
Impede que tu sonhes com firmeza.
A noite se aproxima e não periga,
Mas foges desta forte correnteza.

Amar quem tanto quis, já me parece,
De tanto amor que tens, amor padece...

Sem Teu Amor

Amor sem teu amor, cedo desfolha,
Nas matas que crescera tal criança
Futuro tão sozinho, quando se olha
A dor retorna forte e traz vingança.

Nas curvas desta estrada, meu amor,
Por quantos anos fomos tão sozinhos...
De amores e de dores os vizinhos,
Em pleno sentimento de rancor.

Eu sei que não me cabe nem um canto
Do canto que carregas todo teu.
Apenas vou morrendo, sem encanto,
No manto qual mortalha que me deu.

Mas sei que desse amor que nunca espero
No fundo, d’outro amor, amor eu gero...

-

Deitando neste chão, te peço colo,
Embora nada mais tão obsoleto
Fingir que tão sozinho já me enrolo,
Não passo, sem te ter, simples inseto.

Mas vejo nos teus olhos a promessa
De termos espalhados nosso sonhos.
De tudo que carrego, uma remessa,
Levando por caminhos mais risonhos...

Acordo sem teus braços e me queixo
De amor que não possuo mas desejo.
Rolando nestas águas, triste seixo,
Espera ansiosamente por um beijo.

Que tanto prometeste mas negaste,
Amor para crescer pedindo uma haste.

-


Eu quero estar nos braços de quem amo,
Fazendo destes braços, o meu ninho...
Por vezes tanto chamo, tanto chamo...
E durmo simplesmente tão sozinho.

Amada por que insistes em não ver
Que tudo que desejo, num segundo,
Apenas no teu colo posso ter,
Depois de procurar por todo o mundo...

Não deixe que esta noite me devore
Sem ter os teus carinhos e teus seios.
Amada, por favor, não mais demore,
Que a vida vai tomando os meus anseios...

E depois de tanto tempo sem ninguém,
Eu grito: minha amada... agora... vem!

-

De tanto amor que, um dia, sonhei ter,
O resto da esperança que sobrou,
Nos olhos de quem amo posso ver,
Que tudo foi um sonho que acabou...

O vento que, assoprando na janela,
Lembrando nossas noites tão serenas,
Dizendo simplesmente que foi dela
A vida que passei, em belas cenas...

Não sei se escutarás a minha voz
Que adentra pelas noites tão nubladas,
A chuva que caindo, tão atroz,
Relembra nossas horas bem amadas...

Amor como seria mais feliz,
Se a vida te trouxesse como eu quis...

-

Amor que se tomando de cuidados
Não deixa mais espaço pra saudade
Vivendo tantos dias magoados
Agora só procuro uma amizade

Que traga meu amor em mansa rama,
Sabendo ser divino sentimento,
Amor quando amizade se derrama,
Resiste bravamente a qualquer vento...

Portanto minha amiga não receie,
Se tudo o que fizer for por teu canto,
Amor quando em amor, de amor se ceie,
Em múltiplas facetas vira encanto.

Por quanto tempo andei te procurando,
Amiga que deveras, vou amando...

-


Mergulho meu passado neste rio
Que tantas vezes tenho navegado,
Nas noites mais doridas, tanto frio,
Espero meu amor aqui do lado...

O sono quando chega e não te encontra
Em pouco tempo manda o pesadelo.
Amor quando de amor se desencontra
Aos poucos se tornando um atropelo.

Nos raios deste sol brilhando n’águas
Dos rios e cascatas, um cristal;
Meus olhos se lagrimo, plenas mágoas
Transbordam nesse rio, no final.

Amada não permita que isso ocorra,
Não sei nadar, tu queres que então, morra?

-

Não sabes quanto quero o teu querer
Que espero sem saber se tu me queres.
Mas saiba que não quero te esquecer
Mesmo se me esquecer tu já quiseres.

Adoro te saber bem mais contente
Não gosto que tu sintas o que sinto.
Vivendo teu amor qual penitente,
A dor que sempre trago e nunca minto.

Tu és toda a certeza dum futuro
Guardado nas promessas do passado.
Clarão que não permite céu escuro,
Viver todo esse tempo enamorado...

Do amor que nunca disse se me quer,
Guardado nesta noite, se vier...

-

Ouvindo tantas vozes do passado
Que sempre foram boas conselheiras
Sabendo que já tive teu cuidado,
Agora o que resta são olheiras

Das noites mal dormidas inseguras,
Na cama que rolava, sem ninguém,
Vivendo nestas minhas desventuras,
Amor que se promete nunca vem...

Recebo esses maus tratos com sorrisos,
Que faço se não posso te esquecer?
Apenas destruindo os paraísos
Que cismam em tentar sobreviver...

Não vejo outra saída nem caminho...
Vou enfim, com certeza mais sozinho...

-

Quem dera se esse canto de promessas
Não fosse tão somente um simples canto
A vida vai passando em tais remessas
Diárias de ternuras e de encanto.

Recebo tais lufadas com prazer
E vivo tão somente em alegria
Se
nada mais da vida eu irei ter
Senão esta certeza de alegria.

Eu amo como nunca mais pensei
Depois de tanto tempo mais tristonho
Que eu dia neste mundo enfim terei
Certeza deste amor que te proponho.

Eu quero ter contigo tanta luz,
Amor que me protege e me seduz...

-

Nas brandas e suaves melodias
Que em versos te dedico, sem temor...
Amada, como explodem alegrias,
E como, enfim, renasço em pleno amor...

Nos campos que vaguei tão solitário
Vivendo sem saber se sou feliz.
Dos rios deste amor, seu estuário,
Termina no destino que mais quis.

Nos braços da morena tão singela
Que dorme tão calada nesta cama...
A vida recomeça depois dela,
Amor já se explodindo em bela chama.

E chamo por teu nome num momento,
Amada tenho amor, merecimento...

-


Por onde foi que estive sem saber
Nas trevas esquecidas no meu peito
Agora recomeço a perceber
Que em vão tanto vivi insatisfeito.

Nos dias mais complexos desta vida
Os anos se passando sem sentido.
Quem sempre se escondera em despedida
Pretende
ressurgir do triste olvido.

A boca que beijei não beijo mais,
As unhas dilaceram, cicatriz...
Achara que te amando assim demais,

Talvez eu me encontrasse mais feliz...
Amor quando promete ser presente,
Ao longe, calmamente, se pressente...

-

Vivendo sem temer o quanto quis
Amada nas estrelas vislumbrada.
Eu sei que nos teus braços sou feliz
Em busca desta estrela tão sonhada.

No céu das fantasias em que vivo
Coloco minha estrela sem saber
Do amor do qual eu sempre sobrevivo
Trazendo tanta força pr’eu viver.

Não vejo mais as trevas que tomaram
A vida e não deixavam nem sonhar,
Estrelas tão distantes se encontraram
Dançando sob os raios do luar...

Amada, como é bom falar teu nome,
Nos braços dessa estrela, amor me tome!

-

Pouco me importa o sol que tanto brilha
Nas estradas que levam ao passado.
O futuro que espero maravilha
E mostra quanto é bom ser tão amado...

Trouxeste uma esperança mais serena
De ter um novo dia bem contente.
Te quero e te desejo assim, morena,
Paixão que nesse peito se arrebente.

Não sinto mais temores que sentia
Nem quero mais a dor que é tão tirana.
A boca que me emprestas, mais macia,
Abrigo que encontramos na cabana

De amores mais serenos e felizes,
Surgido nessas duras cicatrizes...

-


" Na mesma pedra se encontram, / conforme o povo traduz, / quando se
nasce uma estrela, / quando se morre uma cruz. /Mas quantos que aqui
repousam / hão de emendar-nos assim: / Ponham-me a cruz no
princípio... / e a luz da estrela no fim." Mário Quintana



Na pedra onde se encontram cruz, estrela.
Morrendo estrela nasce então a cruz.
Estrela que na luz, perfeita e bela,
Da forma que esse povo já traduz.

Mas quantos que repousam por aqui,
Hão de emendar-nos sempre bem assim,
Coloquem-me essa cruz mal eu nasci
E a luz de tal estrela bem no fim...

Tal cruz que sempre levo, no começo,
Carrego pelas tramas desta vida,
Ao mesmo tempo em luz eu envelheço
Estrela vai comigo em despedida...

A pedra representa a mesma sina,
Na morte dessa cruz, luz ilumina...

-

Minha alma se abrasando na tua alma,
De forma que se entrega totalmente,
Descubro que minha alma só se acalma
Aos olhos de tua alma mais clemente...

Nos tempos de descuido sofri tanto
Por ter uma alma assim tão dependente,
Vencida por tua alma em tal encanto
Que tudo se sublima de repente.

Por quanto tempo uma alma sobrevive
Sem ter essa tua alma como amiga.
Nos sonhos mais divinos onde estive,
Minha alma sem tua alma já periga.

Por isso, minha amada, te preciso,
Minha alma na tua alma, em paraíso..

-

Suspiro quando passas pelas ruas
E vejo nos teus olhos, meu amor.
Nos versos que componho sempre atuas
Nas nuas madrugadas, esplendor.

Em tudo que não creio, nem desvendo,
Sentir teus mansos passos, que ventura!
Aos píncaros divinos quando ascendo
Encontro tantos laivos de ternura.

Amada, sou feliz por te querer,
E tanto quanto mais alma respira
Esse ar que não pudera prometer,
É musa, sou poeta, amor é lira.

Venha que em meus braços te farei,
Os versos de paixão que procurei!

-

Por tanto que te quis , bem sabes quanto
Espantos e tempestas, afastei.
Ao ver tua nudez eu me agiganto
E passo imaginar que, enfim, sou rei...

Nas cores com que em festas, comemoro,
A vida que prometes delirante.
No corpo em que passeio já demoro,
Sorvendo e decorando cada instante.

Amante do que, bela, representas,
Adoro te saber, deveras, minha...
Paixões quando sinceras, violentas,
Não sabem que a saudade se avizinha.

Mas deixo que este amor flua tão lento,
Nas fantasias todas que eu invento!

-

“Suspiro quando passas pelas ruas”
Em tantas maravilhas me embebedo,
Percebo que ao andares, tu flutuas,
Um anjo que tomou todo o meu credo.

É bela tua carne tão macia,
Tuas pernas são atos de promessa.
Minha alma, mais tremente, tudo espia,
Amando tal beleza, se confessa.

Não vejo mais sentido se não tenho
A doce sensação de tanto amar,
Do mundo de ilusões, aonde venho,
Areia quer sereia em pleno mar...

A vida não seria tão sozinha
Se essa rua... Essa rua, fosse minha!

-

Da janela do quarto, solitário,
Ao ver a tua sombra desfilando,
Meus olhos vão seguindo itinerário
E, aos poucos, dos teus olhos, desviando...

Não quero que tu saibas deste amor
Que traz a poesia em minha vida.
Vencendo tanto tempo sem sabor
A noite se adormece distraída.

Há musica nas ruas quando passas,
Há brilhos diferentes, há romance.
As folhas que no chão, tu sempre amassas,
Impedem que a batida já te alcance,

Do pobre coração que se dispara,
Sentindo esses teus passos, minha cara...

-

Pois tudo que escrevi, a ti pertence,
Em cada verso meu vivo esta história
De amor que a dor medonha já convence
E trama nosso amor em fina glória.

Meu beijo que sonhei depositar
Na boca mais divina que Deus fez,
Roçando em tua pele devagar
Ao mesmo tempo bruto e tão cortês.

Não sei se tu pressentes ou notara
Que sempre mergulhando em tanta luz
Amor que, lapidando, é jóia rara
De gemas preciosas, se produz...

Eu amo teu amor belo e diverso,
Com todas essas forças do universo!

-



Contente deste amor que o peito abriga
Em meio a tantas luzes que passamos.
Querida, me permita, então que diga,
Do quanto que vivemos, nos amamos...

Não tenha mais o medo que impedia
Os passos que precisas conhecer.
E venha, vamos juntos para o dia
Que teima e necessita amanhecer.

Não vejo que tua alma se acovarda
Entendo teus momentos sem coragem,
A noite que virá inda se tarda
Podemos começar nossa viagem.

Eu sei dessas amarras, não reclamo,
Aos poucos vou dizendo que eu te amo!

-


Amor que é meu delírio e meu engano
Escapa em minhas mãos, num só segundo,
Sangrando quase sempre mas me ufano
De ter amor maior que vi no mundo.

Sentindo em cada dia essa presença
Vertida em meus desejos, meu exemplo
De amor que tanto brilhe e me convença
Viver a vida inteira no seu templo.

Encanto que este amor, produz tão cedo,
Invade minha vida, doce encanto,
Fazendo de mim mesmo meu degredo,
Machuca e me promete um novo canto!

Mas sempre que eu a vejo, minha amada,
A noite se transforma em alvorada!

-

Pois sempre que te vejo em ti percebo
O sol que nestes olhos se sepulta,
Do brilho desse amor sempre recebo
A lua que em silêncios nada ausculta.

Nos círculos descritos pela teia
Da lua encantadora em alvos brilhos,
Por vezes, santas horas, me incendeia
A chama que me queima, belos trilhos...

Neblina tão suave que se cai,
Por sobre essa macia e calma relva.
Enquanto a tempestade já se esvai,
Tramando sob a lua, imensa selva.

O sol, tão mansamente, vem tomando
A terra; em teu olhar também amando...

-


Dormia mansamente quase nua
À sombra desta noite esfuziante
Beijando o belo corpo, uma alva lua,
Nos raios um desejo inebriante...

Sondando meus carinhos mais profanos,
Sabia que podia me envolver
Não tenho nem teria mais enganos
Amor que sempre ajuda a reviver

A flor que dentro d’alma se perfuma
Invade sem espinhos, o meu jardim,
A dor ao ver a flor logo se esfuma,
Amor que tanto quis, amando assim...

Se tudo o que fizemos, sem demora,
Nos traz a claridade desta aurora...

-

Fascinado com brilhos do desejo
Neste albor mavioso que é a vida
Quando a noite cai, logo assim revejo
Juventude que há muito achei perdida.

Mocidade remoça um velho peito
Queimado nestas chamas da saudade,
Que aflora julgando ter direito
A viver, neste amor, felicidade!

Amar é mais que tudo, enfim, viver...
Frescor duma manhã anunciada,
É pleno de ternura se esquecer
De tudo que viveu, triste alvorada...

É ter essa certeza, estar altivo,
Poder gritar ao mundo que estou vivo!

-

Ao ter no doce início da manhã
O vento delicado do teu riso
Vivendo esta ternura em louco afã
Encontro nos teus braços, paraíso.

Tingindo esses meus sonhos com as cores
Que roubo da manhã ensolarada
Tramando em teu colo mil amores
E Saiba deste quanto que és amada.

Eu sinto tua fala tão macia
Entrando no meu peito sonhador,
Acordando e com isso, ganho o dia,
Envolto nas entranhas deste amor.

Amor que me entregaste é solução
Que teima e fortalece o coração!

-

Sorria tristemente, já sem brilho,
Um anjo cujas asas se partiram,
Vivendo sem amores, triste exílio,
Nos sonhos que as saudades repartiram...

Deserto mais sombrio se promete
Porém o teu carinho, uma esperança,
Aos mais belos prazeres, me remete,
Deixando um gosto doce na lembrança.

Tua alma que é tão pura, perfumada,
No cheiro dos teus olhos, novo dia...
Amiga quem me dera ter na estrada
Ao menos um momento de alegria.

Não sofras por alguém que não te quis,
Amiga, nos meus braços, mais feliz!

-




Libando nosso amor, qual borboleta,
Que em flores mais sutis trama revôos
Amor talvez a flor mais predileta
Espera um manso beijo em sobrevôos...

Carrego meu amor no meu alforje
Ao lado que é canhoto do meu peito,
Mas temo que saudade em dor se forje
E traga em tempestade, duro pleito...

Amor que se ternura e se libasse
Nas noites mais sozinhas, velhos passos.
Quem dera se esse amor já se encontrasse,
Rolando em nossa cama, nossos braços...

Amor que se encontrara mais perdido,
Tocando desejoso, essa libido...

-


O amor sincero sempre toca eterno
Em tocas, vãos, guerrilhas, casamatas,
No viço que te entranha, duro e terno,
Amor percorre em sonhos, tantas matas...

Percebes o veneno mavioso
Da serpe que te lambe e te devora,
Orvalha essa manhã em pleno gozo,
Tua geografia se decora.

Amor que decifrado qual esfinge
Fornalhas e prazeres reconhece.
Porém quando se ilude ou melhor, finge,
Aos poucos pouco amor já se envelhece...

Amor é tão voraz, louco glutão
Penetra, com seus dentes, coração...

-


Que eu possa amar assim, tão amiúde
Que eu sinta essa paixão que me avassala.
Minha alma se tortura e já se ilude,
Vivendo tão cativa, alma vassala...

Renovo o coração na virgindade
De cada novo amor que possa ter.
Sabendo que te amar, ter liberdade,
Eu sonho todo dia te saber.

Da liberdade intensa, ser cativo,
Vivendo neste amor, a dor e gozo,
De tanto que perdi, eu sobrevivo,
Imerso nas riquezas, andrajoso...

Amor me cativando, me liberta
Adormecendo o peito, sempre alerta!

-

Amiga, como é belo este teu canto
Que espalhas pelos cantos da cidade...
Encontro finalmente, tanto encanto,
Neste manto que me cobre, liberdade!

Amiga, como é bom saber de ti,
Com toda essa meiguice que conquista.
Por vezes enxergando o que perdi,
Só tenho teu carinho que me assista.

Peço-te, minha amiga, que se faça
Da noite que se parte, tão sentida,
O vento que por mais que se disfarça
Caminha pro final de nossa vida...

Amiga, não me deixe essa descrença
Mostrando deste amor, a recompensa!

-

Aflições rebentando, nada resta,
Nas lavras que esperança não plantou.
Cismando tantas vezes, penso em festa,
Porém a solidão, o que restou...

Nos círculos das dores que corroem
Recordações de vidas tão cansadas,
As lágrimas que caem, sempre soem
Nascerem destas noites desoladas...

Eu clamo piedade, ninguém ouve...
Meus olhos empapuço, não percebes...
Amor que na verdade, sei, não houve,
Caminhos destruídos, sendas, sebes...

Angústias violentas neste mar,
Formado por tristezas, tanto amar...

-


Que bom que tu chegaste a minha vida!
Por vezes eu pensara estar no fim.
Agora que te encontro, ressurgida,
Outra esperança nasce dentro em mim...

Dançarmos pelas noites mais felizes,
Vivermos e brindarmos sem temor.
No palco, tantas luzes, as atrizes
Refazem espetáculo do amor.

Não deixe que esta noite degenere
Nas tais ingratidões e desventuras.
O brilho de minha alma se confere
Nos olhos que te enlaçam com ternuras...

Amiga, revivamos fantasia
Neste festim divino da alegria!