sexta-feira, dezembro 21, 2007

SONETOS 023

Teus olhos


Teus olhos cintilantes e fatais
Invadem minha sala, entram no quarto.
Penetram meu amor cada vez mais,
No brilho destes olhos, vivo farto...

Busquei felicidade noutras sendas,
Vivendo, tantas vezes, mais vazio...
Parece, nada via, usar as vendas
Que tampam meus olhares, trazem frio...

Depois de imaginar amor desfeito,
Depois de tantos dias, tão sozinho;
Percebo; ser feliz, é meu direito,
Recebo; dos teus olhos, um carinho...

A luz vem penetrando, num rompante;
A vida se ilumina, neste instante...

MINHA QUERIDA...

Venha; meus amorosos sentimentos,
Retidos por teus olhos tão queridos.
Mesclados pela lua e pelos ventos,
Deixando essa tristeza em meus olvidos...

Meus dedos te acarinham em placidez,
Tua cabeça; deito no meu colo.
Amor que em tanto amor, cedo se fez,
Trazendo tal prazer onde consolo...

Espírito de fera em calmas garras,
Espírito de fêmea em pleno cio.
Aos poucos, mansamente tu me agarras,
Livrando o coração deste vazio.

Desenho minha luz, tão forte e amena.
Flutuo ao teu redor, minha morena...

X

Uma mulher formosa e delicada,
Na doce sensação da pura entrega.
Nas tramas deste amor, glorificada;
Loucuras do prazer, mansa, carrega...

Nas mãos que sempre arranhas e me agarras,
Os dentes entranhando em minha pele.
Nas unhas afiadas, doces garras;
Aos maiores anseios, me compele...

Caminha como deusa; vai desnuda,
No quarto, na penumbra, me enlouquece.
A noite se transcorre tão fecunda,
Vestindo nosso amor de louca prece...

Do seu corpo firme, ereto, majestade;
Sabendo nosso amor, em liberdade...

X

Meus dentes te mordendo levemente,
Aos poucos te entornando, devagar...
Sabendo que em meu mundo, de repente,
Meus barcos tu desejas navegar.

Eu quero a sensação do teu prazer,
Da sede que eu mais quero saciar.
Nos braços e nas pernas me envolver,
Delírios de perder e se encontrar...

Eu quero a maciez de teus cabelos,
Roçando minha nuca num enlace.
Carícias de sentir todos os pelos,
Nas horas em que mansa, tu me abraces...

Eu quero viajar contigo espaços;
Depois ir descansar nos teus cansaços...

MEU AMOR... DOÇURA

Eu trago o gosto doce do melado
Roubado desta boca, meu amor...
Em meio a tantas tramas do pecado,
Na cama, nossa chama, sem pudor...

Eu trago o gosto doce da aguardente
Roubada desta cana, fermentada...
Girando, inebriando, fogo ardente
Deitando meu sabor em minha amada....

Eu trago gosto doce deste mel,
Que escorre em tua boca lambuzando.
Cavalgas meu amor, sou teu corcel,
Sentada sobre mim, me dominando...

Eu trago o gosto doce do prazer,
Que tanto me machuca e faz viver...

X

Voltando seu olhar para horizonte,
Em busca de si mesma, nada encontra.
Sabendo da distância desta fonte,
Às vezes, tão sozinha, se amedronta.

Versando com teus sonhos como mísseis
Percorrem tantas noites doloridas.
A vida trama ardis sempre difíceis
Deixando tantas almas doloridas...

Eu sei que quem partiu não quer voltar,
Assim como percebo teu lamento.
Amiga, tira os olhos deste mar.
O tempo não permite sofrimento.

As mãos que te deixaram não retornam,
Os mares mais distantes já contornam...

X

Enlanguescente deitas sobre a cama...
Volúpias e desejos no cetim.
Estás sensualíssima: Me chama...
Nas erupções vulcânicas, festim...


No jogo sedutor, acesa a chama,
A fogueira queimando dentro em mim...
Delícias produzindo louca trama,
Quem dera, toda vida fosse assim...

As bocas desbravando cada trilha,
Audazes dedos tecem linda renda...
O mundo transbordando em maravilha.


Buscamos mais ferozes, novo afã
A lua salpicando nossa tenda,
Prepara aurora grávida: manhã...

Canto em Liberdade

Eu
falo de opressões e de opressores;
Não deixo de sentir a mão que pesa.
Nem sempre quem professa, professores,
Bem sei que quem confessa não despreza.

Mas tenho meus momentos de esperança
De cantar sem grilhões; um sonho leve.
Sabendo que esperar, nem sempre alcança;
A vida é só momento, passa em breve...

Um ano, um’ outra vida; eternidade...
Deixando meus segredos externados,
Rompendo com qualquer privacidade,
Meus olhos se pesando, consternados...

Quero enfrentar o mar, não sei nadar;
Quero morrer na areia, enfrento o mar...

ESTOU AO TEU LADO

As mãos que te consolam também levam
As mesmas sensações de inadimplência.
Mas são tão calejadas que relevam,
Sabendo que é preciso complacência...

Eu não carrego mágoas, pesam tanto.
Amigo; te aconselho a ser mais franco.
Amor, depois que perde seu encanto;
Sangria que nem sempre eu mesmo estanco.

Por isso estou aqui, meu camarada;
Nas vezes que sofri, tive teu braço.
Agora que esta noite vai nublada,
Os passos cambaleiam de cansaço...

Amigo, nunca apague tua luz,
Pois o seu próprio facho, te conduz...

X

Incessante desejo me domina,
Flutua como um ar tão impalpável.
Por vezes tantas noites me alucina,
Quem sabe, esse amor incalculável...

Tomando tantas formas, mais diversas,
Invade o pensamento e se demora...
Entranha minhas noites e conversas,
Sabendo quem te quer e quem te adora...

Conduz-me aos momentos mais felizes,
Não seca, nem deserta uma emoção.
Repete sem cessar, sem ter deslizes,
Não deixa de encantar o coração.

Pois saibas, todo o tempo em que vivi,
Anoiteço, adormeço; penso em ti...

X

Das trevas que vivemos, no passado;
Das dores incrustadas, sem alento.
Tremula nosso sonho extasiado,
Salvando da tormenta num momento...

Escuto tua voz tão redentora,
No meio da tempesta que aproxima.
Uma amizade em paz, tão duradoura,
Retoma meu caminho em mansa estima...

Mereço uma amizade tão profunda?
Por vezes me indagando sem resposta,
Da solidez que sempre se oriunda,
A vida em amizade é mesa posta.

Amigo, me perdoe se fugi,
Os mares me trouxeram, eis me aqui!

X

Hoje os espaços mostram esplendor
Na beleza dos astros, das estrelas...
Tramando estas estradas com fulgor.
Sob o brilho, milhões de belas velas...

Os anjos passeando neste astral,
Formando qual um bando de falenas.
Vencendo tantos medos, bem e mal,
Pintando todo o céu em alvas cenas...

Molemente recebes meu afeto,
Depois de nossas noites, todas brancas.
Sabendo que este amor é predileto,
Sabendo das venturas que alavancas.

Fluindo nosso amor em manso lago,
Espero teu carinho e teu afago...

Eu te amo

Eu te amo sem porque e sem talvez.
Apenas sinto o vento no meu rosto...
O canto que professo; tanta vez,
Confesso que me dá sereno gosto.

Agostos em minha alma, doloridos
Trouxeram as promessas de setembros.
Se levo tantos sonhos já perdidos,
A vida decepando tantos membros...

Mas amo teu amor tão delicado
Decides com teus passos se inda vou.
Amor que tanto tenho dedicado
Não sabe das estradas que trilhou.



Meu coração sem remo já vagueia
Nos raios generosos; lua cheia...

MEU AMOR ... TEMPESTADES

O gosto da maçã e da pimenta
Que encontro no teu corpo meu amor,
Decerto; tantos diques arrebenta
Invade sem sequer saber de dor...

Morena que desejo totalmente
Imersa neste mar de branca areia
Devoro teus olhares num repente
Acordo, nos meus braços, a sereia...

Decido mergulhar neste oceano,
As ondas me lambendo, cada poro.
Não posso mais querer segundo plano,
Explano essa ternura e me evaporo,

Refaço minha pele em tua pele,
A louca tempestade me compele..
.

X


Se mansa madrugada já desponta
Pressinto nosso amor se derramando.
A vida muitas vezes nos apronta,
Por isso é melhor seguir amando...

Eu quero que me entendas, por favor.
Eu sinto tanto orgulho de dizer.
Aqui neste meu peito, bate amor;
Que expõe toda vontade de viver...

Não sinto mais vontade de partir,
Ao menos deixa estar assim, contigo.
Não quero o teu amor mais dividir,
Eu quero estar em paz, em teu abrigo...

Aberta uma esperança neste peito,
Amar passou a ser o meu direito!

X

Minha rosa dos ventos vai perdida
Em meio a tempestades; sem destino.
Amor que desejei por toda a vida,
Transita neste mar onde termino.

Quero o gosto, teu jeito de viver.
Quero o afeto tão plácido, envolvente.
EU Quero essa certeza de poder
Viver a cada dia mais urgente...

Eu quero a maciez do sentimento
Que faz o meu caminho mais em paz.
Eu quero teu amor, todo o momento,
De tudo que pensei, ser mais capaz...

Eu quero meu timão, sou timoneiro,
Amor de minha vida, verdadeiro!

X

Um coração tão terno nada odeia,
Passado luminoso quer futuro.
A lua se promete toda cheia,
Tomando de promessas céu escuro...

Um coração tão terno nada teme,
Não sabe das mazelas da tristeza.
Minha alma quando vê, depressa treme,
Invade minha vida em tal beleza...

Um violino vibrando em plena noite.
Trazendo nosso amor em serenata.
O canto deste vento nega açoite,
Meu rumo se perdendo em tua mata.

Um coração tão terno quer teu colo,
Semeia meu amor em manso solo...

X

Nos meus braços, teus braços se esqueceram,
Deitada em nossa cama, sem receios...
Aos poucos nossos olhos entenderam
Amor, em nossas vidas, vias, meios...

Mesclando as alegrias e saudades,
Furtivos os carinhos são tão plenos.
Eu creio em nosso amor, diversidades,
Legados de venenos tão serenos...

Ao longe desta rua, nossas casas,
Das ondas emergidas, esperanças...
As horas são fogueiras, queimam brasas,
Tropeçam nossos pés em magas danças...

Eu quero ter o fim da lua cheia,
Deitado nos teus braços, fina areia...

FORÇA, AMIGO

Não sei se ela te quer ainda, amigo.
Mas sinto que isso em ti, tem importância...
O canto que trouxera, nem te digo,
No fundo tanta vida em discrepância.

Confesso que pergunto sem respostas;
Não posso responder assim, por ela.
Eu sei que dela ainda, tanto gostas,
Por isso não consegue saber dela.

Escondida no mundo que querias
Vivendo a viuvez desta saudade.
As noites em que passas; todas frias,
Sem braços, sem mulher, sem claridade..

Amigo; nada mais posso dizer,
Apenas conseguir sobreviver...

X

Que dirás esta noite, amada minha;
Que dirás coração mais sem cuidado.
Voando, arribação, uma andorinha,
Procura nas distâncias, o seu fado.

Emprego meu orgulho em te querer.
Entôo tantas loas ao teu vôo,
Percebo que emolduras o meu ser,
Nas vozes que te chamo, e não ecôo...

Que não seja mais noite de tristeza
Aquela em que te foste, minha amada.
Sabendo voltarás, tenho certeza,
Tal qual uma andorinha desgarrada.

Espero teu retorno em breve ninho,
Salvando o coração d’um passarinho...

PRAZER...

Não quero mais saber se terei paz,
Apenas te decoro passo a passo,
De tanto que sonhei sou bem capaz
De mergulhar bem fundo cada espaço.

Não sei se mais desejo ou se te quero
Apenas comemoro teu prazer
Envolto nos teus braços desespero
E sigo com vontade de te ter...

Depois de nosso amor ter sido feito
Desfeito nos teus braços, meu sorriso,
De tudo que senti, vou satisfeito,
Buscando novo mundo e paraíso...

Eu sinto cada vez mais que estou perto
De semear prazer no teu deserto...

X

A música me toma como o mar
Trazendo para os versos uma estrela.
Estrela que pensei tanto encontrar,
Na noite e no mar, estrela bela...

Meu peito que se inunda do teu canto,
Nas ondas dos meus sonhos, sem quimeras.
Vertendo tais miragens, meu encanto.
Recebe a solidão, vigor de feras...

Vibrando em mim palavras mais doídas,
Navio que se naufraga sem ter bóia.
Fugindo dessas dores, a saída,
Encontro no meu peito, clarabóia...

Imerso em convulsivas emoções,
Trazendo deste mar, as sensações!

X

No sol que acaricia tua pele
Beijando molemente os teus seios.
O vento enamorado me compele,
Buscar teus doces braços, sem receios...

Queimando de prazeres minha tarde
Em versos mais ardentes te traduzo,
Calor que mansamente vem, me arde,
Areias nos óleos me lambuzo...

Que quero uma beleza inteira e nua,
Deitada do meu lado, sem temor.
Nas águas deste mar, alma flutua;
Recebe em tantos raios, meu amor...

O sol vem bronzeando sempre ardente,
Trazendo o seu calor, tão envolvente...

X

Na pintura dos olhos, meus reflexos...
Marcados por pincel quase sagrado.
Procuro nos amores, sensos, nexos...
Encontro meu olhar apaixonado...

Perlas, metais, dourando tais desejos
Que, celestes, mergulham oceanos...
Servindo ao vencedor, meus vários beijos;
Não sabem dos amores, tantos planos...

Se disse que viver é pleno amar,
Verdades e mentiras escondidas.
São flores que inundaram tanto mar,
São dores que embelezam nossas vidas...

Nos beijos tanta seda e tanto brilho.
Amor é meu destino, pedra e trilho!

X


Quando entre dissolutos, veros sonhos;
Minha alma que entranhada nada estranha;
Vivemos dos momentos mais risonhos,
Percorro estes teus vales e montanhas...

Dos céus inalcançáveis, quero o cimo;
Guardando meus segredos pro final.
Se dores com amores sempre rimo,
A culpa é do mergulho neste astral.

Amo, decerto amei e te amarei.
Por tempos, universos mais distantes.
E sempre aonde for eu estarei,
Com passos firmes, sempre tão constantes...

Resplendecendo em tuas luzes meu destino.
Seguindo então teu rastro, cristalino..

X

Por anjo sapientíssimo, imantados,
Teus olhos num tropismo fabuloso
Levando o meu olhar ao lado, atado,
Transindo meus sentidos, pleno gozo...

Salvando-me do inferno da saudade,
Conduzem os meus passos, rumo à vida.
Ensinando à minha alma, a liberdade,
Na chama de teus olhos, adormecida...

Celebram tantos dias de ventura;
Recendem aos espaços divinais.
Produzem despertar da noite escura,
Forjando dos meus versos, tais cristais...

Teus olhos eu bendigo e não me canso,
Espelham meu futuro, que esperanço...

Minha Amiga.

Não faça desta dor o teu remédio.
Não cura e, bem pior, agrava o quadro...
A vida não permite tanto tédio,
Presente no futuro; sempre enquadro...

Refeitos das borrascas e dos ventos,
Não temos mais motivos p’ra ficar
Guardando tantos maus pressentimentos.
Fazendo nossa vida, um triste mar.

Amiga, não se esqueça da esperança.
Aprenda a perceber felicidade,
Não creia que ela venha em festa, em dança,
O gosto mais comum é de humildade...

Amor não é distante. É CORAÇÃO!
E brota em cada gesto de PERDÃO!

X

Amor que me consola e faz viver
É minha própria vida. Uma esperança...
Sustenta e me embriaga de prazer;
É brilho que por sorte sempre alcança...

Atravessa as borrascas, chuvas, guerras...
Vibrante claridade que ilumina.
Passando por montanhas, vales, serras,
Toda uma cordilheira ele domina.

Qual anjo que sustenta tanto sonho,
Nas minhas ilusões a mais querida.
De todos os caminhos, mais risonho;
Embora nos maltrate toda a vida...

Amor é derradeiro sentimento,
Libertando nossa alma, solta ao vento!

X

Meus sonhos de te ter, breve futuro,
Enredam minhas mansas decisões,
Minha esperança chega e salta o muro,
Espera, impaciente, as decisões.

Nas pedras do caminho, que passei,
As trevas, a saudade, minhas dores...
Depois de tanto tempo, hoje bem sei,
Que prenunciariam os amores.

Quando me vi perdido, tão distante;
Decerto não sabia que virias.
Amando-te a partir de certo instante
Percebi claridade nos meus dias....

Agora que te tenho, amor profundo,
Meus sonhos invadindo todo o mundo...

X

Relendo nossas cartas. Quanto tempo!
Saudades que deixaste, meu amor...
A vida nos trazendo contratempo
Mas como nós vivemos esplendor!

Os passeios na praça, nossos beijos...
As brigas, os ciúmes, tantas danças;
Bailes no antigo clube. Meus desejos...
Poucas coisas ficaram. Só lembranças...

Ah! Como vale a pena ser feliz!
Mesmo que enfim, depois, a vida leve...
Eu continuo apenas aprendiz,
Felicidade, eu sei, é vento breve...

Relendo nossas cartas, constatei;
Depois de tanto tempo: Como amei!

X

Ao te ver na distante e tão risonha serra,
O meu olhar te procura, em sonhos derradeiros.
Amargor da saudade em volta dos ribeiros.
Na trilha desta serra a marca d’uma guerra.


A noite sem ter sonho é triste, e me desterra...
Esperas, qual princesa, os bravos cavaleiros.
Eu só posso te dar, amores verdadeiros.
O teu belo castelo, está em outra terra.

A natureza rara, em alegrias, canta.
O pássaro que voa a quem escuta, encanta.
Só Deus nunca me escuta, embalde minha prece...


A nuvem, escondida, aguarda; trará chuva.
A mão que me tortura esmera-se na luva.
A tarde vem caindo, a noite me envelhece..
.

X


Uma dor saborosa me domina
Aos poucos me tomando não me larga.
A dor que docemente me alucina,
Sorrindo quando os olhos meus, embarga...

Dor dolente, cansando dá prazer,
Vasculha meu passado, meu futuro...
Maltrata, ao mesmo tempo, quer saber
Como estou, como vou, ou se me curo...

Mordendo, vem e sopra, caricia...
Recebe, me promete e logo nega.
Sem saber, aos poucos me vicia.
Tanta dor, tanto amor, cedo carrega...

Nessa dor saborosa deste amor,
É chama e se tempera com calor...

X

Bendito seja amor que nos tortura,
Maltrata e nos corrói, depois redime.
Bendita essa mulher, que eu não estime
Outra, pois nela encontro minha cura.


Bendita seja a lua em sua alvura,
Que em seu louvor minha alma sempre prime.
Que meu verso em delírio sempre rime
Em toda essa altivez, toda brandura...

Bendito seja o sol, também a chuva,
Bendito seja o vinho, feito da uva
Sempre erotizada em fantasia.


Bendito seja o cio que transtorna,
Cálice da vida, no gozo entorna.
Bendito esse prazer dia a dia...

X

Por tanto tempo quis lhe procurar,
Nas ruas, nas estradas, sem destino...
Nas estrelas, nas montanhas, no luar...
Buscando sem parar, desde menino...

Por vezes eu pensei ter encontrado
Aquela que seria minha amada.
Mas, depois de alguns dias: tudo errado.
Voltava à minha espera. No fim, nada...

Algumas vezes penso não mereço.
Ao vê-la aqui do lado, carinhosa
De tanto que sofri, eu já me esqueço
Que a vida possa ser maravilhosa!

Meu coração alegre, agora crê;
Minha amada, nasci para você!

X

O beijo que prometes e persigo,
Tramando meu desejo; imensidade.
Eu quero desse beijo, meu abrigo,
Vivendo o meu amor em claridade...

No beijo que roubei, faz tanto tempo,
As garras me mostraste, sem ter pena.
Agora que não temo contratempo,
A vida mais sensata e mais amena;

O beijo nunca larga o pensamento,
É vida que se fez independente.
Vivendo meu amor com sentimento,
Eu quero te beijar completamente...

Das dores e temores, salvador,
Urgência de sentir beijo de amor!

X

COMO É BOM TE AMAR!

Não sinto mais o frio que sentia
Ao ter determinado meu futuro
Sabendo, com certeza que viria
O tempo mais suave e mais seguro.

O manso sentimento que carrego
Amor em placidez, tanta ternura.
Sabendo que desejo nunca nego
Espero nos teus braços, aventura...

Amada não pressinto desespero
Nem dores que me queimam ou maltratem.
A vida nos teus braços tem tempero
Nos nós que não permito se desatem...

Amada, como é bom saber de ti...
Nos braços mais macios, me perdi...

X

Ressona do meu lado, minha amada.
Depois de mansa noite de prazer;
Nos mares que vivemos, embarcada,
As luas sem ter calma, conceber...

Ressona calmamente; ri distante...
Não sei se de alegria ou de saudade.
Amores que passaram claramente
Depois de tanto tempo; nunca é tarde...

Não posso dominar sequer meus sonhos,
Nem tento adivinhar do que ela ri.
Às vezes pareciam tão tristonhos
Os olhos que encontrei e estão aqui.

Mas sabe que eu a amo, isso é que importa,
O seu manso sonhar... Que mar aporta?

X

Deitando em minha cama, mansamente,
Trazendo toda a dor duma ilusão;
Que viera e se fora, totalmente,
Deixando em arremedo, o coração...

Deitando em minha cama, doce momento;
Numa explosão de sonhos e desejos...
A vida que se foi, duro tormento,
Ressurge em tal loucura, nossos beijos...

Deitando nos meus sonhos, abandonos...
Trocamos nos olhares, nossas vidas.
Até que a madrugada traga os sonos,
Recuperamos luas esquecidas,

Amores esquecidos, maltratados...
E num milagre de amor; ressuscitados!

X

Eu te dou estes versos, minha amiga,
Na certeza que sempre me moveu.
Que quanto mais a vida nos periga,
Mais sabes que estarei ao lado teu...

Semeias esperanças com sorrisos,
Semeias alegrias aos incertos;
Pressinto esses manás dos paraísos,
Na força com que salvas dos desertos...

Amiga, nos meus versos, te dedico;
Conheço essa vital sabedoria,
Tornando o meu viver sempre mais rico.
Vertendo minha dor em fantasia.

Amiga, nos caminhos complicados,
Teus braços sempre são meus aliados...

X

Nossos prazeres, tantos, insensatos...
Trazendo fantasias incontáveis
Nas ruas, praças, pátios, camas, matos;
Como em qualquer lugar imaginável.

Prendendo minhas pernas, firme e tanto.
A minha louva deus me devorando;
Cobrindo meus desejos com seu manto,
Aos poucos minha pele tatuando...

A noite que tivemos, nossa noite!
Nos sonhos, fantasias, nosso abismo.
Amor que vai queimando qual açoite,
Aos poucos se tornando fanatismo...

Nosso amor é tão grande e nos consome,
Pois nem mil vidas matam nossa fome!