sexta-feira, dezembro 21, 2007

SONETOS 013


Amor que desde tempos mais antigos
Caminha com amor que sempre quis
Vivendo dos amores dois abrigos
Nas camas e nas tramas fui feliz...

Efêmeros segredos que disponho
Não ponho mais meu barco no teu mar.
Amar quem tanto amei durante o sonho,
Durante muito tempo quis amar...

Mas foste tempestade de verão,
Achavas meu amor de brincadeira
Verdades que vive com emoção
Os sonhos dessa vida assim inteira...

Não deixe mais o sol que tanto ardia
Morrer completamente em fantasia...

X

Ferido por Cupido, num vacilo,
A flecha bem de perto ele atirou,
Contágio sempre feito por bacilo
Amor de tanto amor já me pegou...

Vacina que deixei lá na gaveta
Achando minha idade protegia.
Agora esse menino com a seta
Mirando no meu peito a fantasia...

Doente dessa praga quero cura
Mas vejo que não tenho mais remédio
Achando triste cada noite escura
Vivendo em teu prazer sem ter mais tédio...

Porém logo percebo, estou neurótico.
Solução? Vou tomar antibiótico!

X


Olhos formosos belos luz e lume.
São cores dos amores mais profanos.
Das flores dos desejos teu perfume
Dos sonhos e dos cantos, desenganos...

Por vezes te desejo toda nua
Deitada em minha cama, tão bonita,
Porém o que fazer se continua
A boca em tua boca sempre agita...

Mas temo que isso seja só um tema
Não seja amor tão verdadeiro assim...
Trazendo a cor do amor no teu emblema
A fome de te amar morre no fim...

Olhos formosos roubam sanidade
Mergulho nesses olhos a saudade...

X


Coração quis isenta uma saudade
Nos versos que compunha em ousadia
Viver
sem conhecer a liberdade
Que mata e que morde todo dia...

Coração se despede do meu peito
E voa sem saber para onde vai
Agora coração ‘stá satisfeito
Mas se fizer besteira logo cai,

Depois não reclama coração,
Moleque tão traquinas bem levado...
Agüenta com firmeza essa emoção
E nada de ficar meio de lado...

Agora que procura sempre amor
Não venha reclamar se espinha a flor!

X

Amar quando foi doce, já faz tempo
Agora me amargando tanto engana
Forjando uma esperança, contratempo,
Que sempre se demonstra soberana.

Soberba desse amor que tramo tanto.
Deságua na tristeza deste mar.
Que morre sem saber de amor que espanto
Nas ondas e na areia sem parar...

Quem pensa que esse amor já traz mudança
Se cansa, na verdade, magoado...
Amar quando não some da lembrança
Melhor deixar ficar lá no passado.

Passados tantos anos sem te ter,
Amor me acostumei, que vou fazer?

X

Guardada no meu peito tal fortuna
Que sempre se posou de soberana.
A noite que te trouxe tão soturna
Espera nosso amor numa cabana...

Despisto mas não posso me calar...
O canto que promete não me alcança
Memória bem podia se matar
Assim não cairia noutra dança...

Meu sentimento espera nova vida
Na vida que se mostra mais sensata
Agora que esperança não duvida
Amor quer embrenhar por outra mata...

Vivendo o sofrimento de saber
Que amor demais já faz amor morrer...

X


Há tempos que ventura me domina
A mesma que te trouxe junto a mim.
A vida quando boa me alucina
E brota novamente em meu jardim

As flores doloridas das saudades
Murchando não permitem mais um canto.
Porém depois dos sonhos, liberdades,
Trazendo nossas vidas novo encanto...

Viver sem ter amor não é u’a farsa
Espelha teu retrato na parede...
Amor quando em amor sempre se esparsa
De tanto amor na vida tenho sede.

A sede do que trama essa emoção
Infarta qualquer dia: coração!

X

A roupa que trazias vai jogada
Num canto deste quarto onde estivemos.
Varando sem ter tréguas, madrugada,
Do amor que tantas vezes nós fizemos...

Eu me lembro de teu corpo sobre o meu
Nesse jogo que excita e dá prazer
Do tanto que sonhamos, flor morreu,
Regada em outras mãos, quis esquecer...

Mas tenho uma lembrança bem feliz
Do tempo em que tivemos nossa lua.
Agora que embrenhaste outro matiz,
A noite sem ter lua continua...

Mas sei que amanhecendo um outro dia,
De novo vou amar a poesia...

X


Destoucando os cabelos tão dourados
Em raios tão divinos vem aurora,
Transformando esses sonhos esperados
Em prisão mais dorida e tentadora...

Acorda minha amada com seus raios
Lembrando que é chegada essa partida.
Cavalos esperando, mansos baios,
De novo recomeça a nossa vida...

O tempo que tivemos já passou,
Meu canto continua tanto quanto
Aquele que em espanto já cantou,
Não resta nem a sombra do quebranto.

Assim amor, renasce nossa vida,
Na aurora que marcou a despedida...

X

Os desenganos todos que já tive
Em terrível coleta pela vida.
São marcas que ficaram donde estive
Cada qual tramando uma ferida

Envolto nestas trevas sem ter fim,
Vencido por tamanha insanidade
Vivendo simplesmente vou assim
Vou buscando encontrar a liberdade...

Meus passos tropeçando nos teus passos
Espaços que não cabem mais nós dois.
No fundo desta estrada sem abraços
Morrendo pouco a pouco sem depois...

Mas sonho com um tempo mais feliz
Quem sabe terei sorte por um triz?

X

Não penses que estarei sempre sozinho...
Meus passos são gigantes como a lua.
Em Marte construí meu novo ninho,
Minha alma tão serena já flutua...

Não quero que revolvas céu e mar
Apenas não desejo o sofrimento.
Sorria novo canto para amar
Que eu sigo esse meu mar em movimento...

Esculpi meu sorriso de Carrara
No mármore mais duro que conheço,
No meu tombo, minha asa me antepara,
Por isso nunca temo meu tropeço.

As asas que roubei da poesia,
Permitem no meu vôo, autonomia...

X

Quem manda passarinho criar asas?
Voando sem gaiola que detenha
Pisando calmamente sobre brasas
No vento que ventava fogo e lenha...

Sou parte do conjunto de mim mesmo
Não faço do meu canto liberdade
Liberto já nasci vivendo a esmo
Levando minha própria claridade.

Desculpe-me se mostro tantos dentes
No sorriso que engana minha boca
Nascendo meus amores no poente
A vida se mostrando muito louca...

Não paro um só momento de sonhar,
As asas continuam no lugar...

X

Batuca o coração tamanho trem
Que sobra tanto espaço não se cansa.
Às vezes a saudade vai e vem,
Mas chega num momento não me alcança.

Nascido de Mercúrio com Iansã
Sou rápido e trovejo meu caminho.
Renasço em minha luz toda manhã,
Pior, nunca temi andar sozinho...

Bebendo a tempestade abrindo o peito
Vou sempre sem sequer olhar prá trás.
Na dor e na saudade já dei jeito,
Agora vou caçando a santa paz...

Por isso minha amada me perdoa,
O tempo que voei, tomado à toa...

X

Preciso faxinar meu coração!
Os restos que ficaram dão trabalho...
Depois de tanto tempo em solidão
Agora
que vivi já me amortalho...

Também não tem juízo, paga caro.
Pior de tudo é sempre ser teimoso.
Não tenho para amor o menor faro,
Vivendo minha vida sem ter gozo...

Gozando cada dia que se passa
Das sombras que deixei na caminhada...
O resto que vier, faz uva passa,
E joga nessa mistura frita, assada...

Mas deixe um bocadinho prá gelar,
Quem sabe voltarei de novo amar?

X

Fiei-me no traçado que legaste
Aos olhos que seguiram os teus passos.
Amor que não se erguia nem guindaste
Consegue te elevar aos meus espaços...

Mas quero teu amor do mesmo jeito
Sem asas e sem sonhos terra a terra...
Amor eu sempre soube insatisfeito
Mas sempre tá ligado ao fio terra...

As asas que proponho são reais
Nos sonhos que tu tramas, liberdade,
Mas sei que liberdade em ti, jamais.
És crua e tão sensata na verdade...

Teu canto tem beleza como o quê,
No fundo te procuro mas cadê?

X

De tanto que tramei em solidão
O
verso vai saindo qual espirro,
Falar de poesia e de perdão
Só serve quando, amor, eu já me embirro...

Teimoso como um asno que se empaca
Não deixo mais chegar a ventania...
Nos gumes que conheço dessa faca
Sentidos que se perdem, poesia...

Vagando nas vacantes cercanias,
Cerrando tais fileiras com a sorte,
Encaro assim, portanto as alegrias,
Como um belo prenúncio para a morte...

No fundo faço versos por fazer,
Buscando um bom motivo pra viver!

X

Procuro por meu bem em meio a flores
As cores se misturam, nada vejo...
O tempo que me engana sem amores,
Apenas uma flor inda desejo...

Mas nada dessa flor no meu jardim...
Procuro por perfumes, reconheço,
Naquela densa moita, estás enfim.
Sentindo teu aroma te obedeço...

Mas quando chego perto... Que surpresa!
Estava diferente a mansa flor...
Agora se vestia em tal nobreza
Que espantava meu triste e velho amor...

Descubro; minha sina é ser sozinho,
Aroma que senti? Somente espinho..

X

A chuva disparando nesta tarde
Inunda tantas ruas, tantos sonhos...
A cor do meu amor, decerto encarde,
Meus olhos nessa chuva estão medonhos!

São olhos tão perdidos, de quimera...
Olhando sempre a esmo, sem sentido.
A morte deste amor em primavera
Deixando
uma saudade, triste olvido...

Mas sei que a tempestade passará
Trazendo uma bonança em alegria.
O sol do novo dia me trará
Uma explosão de cores, fantasia...

A chuva, quando forte, faz limpeza
Minha alma renovada quer clareza!

X



Subindo por montanhas mais distantes
Amor e solidão, meus companheiros,
Buscando por meus sonhos mais constantes
Se amaram, com carinhos verdadeiros...

Deixado pelo amor e solidão
Por onde sigo agora sem sonhar?
Vivendo sem qualquer uma emoção
Procuro por sereias, pleno mar...

Parecem com teu peito sempre aflito
Metade vai querendo me levar
Mas quando sonho, enfim, vem o conflito,
Outra metade, nada vai deixar...

Depois de caminhar tamanha trilha,
De amor e solidão, sereia é filha!

X


Na briga da parede com o mar
Não quero ser uma ostra na parede...
Só tenho mais pancadas pra tomar,
Morrendo no final, de frio e sede...

Maré quando subia me avisava
Cai fora qu’uma noite não é nada,
Teimoso, bicho burro, que ficava,
Se não morrer agora, madrugada.

Não quero mais ficar exposto tanto
E tomo meu partido, tô partindo...
Mas, pena que te amei, prá teu espanto...
Uma onda arrebentando vem surgindo...

Depois de tanto tempo sem amor,
Destino inda me faz esse favor!

X

Ditoso caminheiro, tanto engano!
As pernas andam bambas, disso eu sei...
Renovo a cada dia um velho plano...
Fantasias de amor? APOSENTEI!

Quem faz de sua vida uma promessa
De sonhos que não pode mais cumprir
Depois de tanta vida se confessa
O resto do que fui, e não quis ir...

Mas amiga, te peço uma atenção,
A vida noutra vida se revela.
Meu velho estropiado coração,
Sem dentes vai ficando mais banguela...

Mas trago uma esperança sem malícia,
Viver amor intenso? Que delícia!



X

Eu quero amar liberto das amarras
Sem farras sem ter tramas sem entranhas...
Amar tão livremente sem ter garras,
Apenas nossas noites pouco estranhas...

Amar com gosto leve da maçã
Com cheiro dessa terra já molhada,
Sem medo se terá um amanhã.
Apenas ser amado, minha amada...

Eu quero amor que traga a fantasia
Suave desse canto sem promessa.
No riso se estampando uma alegria
De ser assim somente sem ter pressa...

Eu quero um grande amor que me acompanhe
Que sempre esteja aqui, nem perca ou ganhe...

X

És tão bonita amor de minha vida...
Teus olhos irradiam tanta paz
Tão bom sonhar contigo, enfim, querida...
O canto que prometo noite traz.

E beija minha boca, manso vento,
Deitada do meu lado, assim desnuda,
Procuro por teu colo em pensamento,
A noite sem resposta, fica muda...

Amada como é bom falar teu nome,
Embora tantas vezes sem resposta.
Depois vem alvorada e tudo some,
Apenas no meu peito a mesa posta

Procuro te encontrar em cada verso
Nas ondas deste mar, neste universo...

X


Eu amo você, sabes bem disso,
Porém são tantas coisas que magoam...
Palavras escolhidas, compromisso...
As aves sem gaiola sempre voam...

Mas tenho tanto amor que não se acaba...
Meu sonho tem as asas que preciso...
Embora tanta coisa, assim, desaba,
Não canso de buscar o paraíso...

Entendo tanto medo assim da vida,
Entendo a solidão, é camarada...
Mas saiba que busquei em si querida,
O cheiro da manhã toda orvalhada...

Senti tantas promessas em você,
Diga-me, por favor, amor cadê?

X


Ventura que busquei, não achei nada...
Somente o mesmo vento sem demora,
Que vai que vem que volta, em revoada...
Vontade de ficar e de ir embora...

Mas tenho uma esperança, nem te conto...
Numa leveza breve até flutuo
Amor? Conheço a fera ponto a ponto.
Embora muitas vezes inda me suo.

Mas amo-te querida, esteja certa...
Embora muitas vezes não decidas
Às vezes vou mandando meu alerta
No fundo, está em jogo nossas vidas.

Preciso do teu braço, mas bem forte.
Não quero ter amor sem rumo e norte...

X


Amor voava livre, passarinho...
Em busca de quem fosse mais ligeiro,
O canto que esperava ser sozinho,
Depois de tanto tempo em cativeiro...

Chegaste num momento mais azado,
O vôo desse pássaro, tão lento,
Depois de se sentir de novo asado
Liberto das anilhas do tormento...

Não foi um passatempo que tiveste?
Procura suas asas onde estão?
Da plena fantasia se reveste,
As penas espalhadas pelo chão...

Sem penas não consegue mais voar,
Apenas tantas penas para amar!

X


Cupido que é moleque bem sacana
Apronta suas artes e não pára.
De vez em quando chega e logo espana
E nada de livrar nem minha cara...

Cansado de tamanhas traquinagens
Eu falo com menino prá parar.
Useiro contumaz em sacanagens,
Disparando outra seta sem mirar.

Atinge o atingido coração
Que fica paranóico de verdade.
É tanta e tanta flecha meu irmão,
Como posso ter tranqüilidade?

Tá bom que sempre eu viva para amar.
Aliás, manda flecha sem parar!

X


De tanto que sem canto nada encanto
No pranto que rolamos nada tenho...
Amor que sem amor nunca sou santo,
Mas trago tanto amor d’aonde venho...

Amor vai num crescendo que me assusta
Não cabem mais angústias nem tristezas,
Amor quando se tem medida justa
Invade vários rios, correntezas...

Não deixo mais ficar no pensamento
As farsas que este amor me preparou.
Amar é sempre ter merecimento,
Amado vou amando quem amou.

Buscando tanto amor com liberdade
Vivendo deste amor tranqüilidade...

X

Não deixo o pensamento mais liberto
Pois trama sutilezas que não caio.
Esfinge que se finge mais esperto
Depois de tantos planos eu me espraio.

E peço tanto mel por solução
Em vastas amplitudes mais sensatas,
Se quero receber o teu perdão,
Aceno com centenas vãs erratas.

Agora não me deixe mais dolente
Que busco natural uma armadura.
Indo como qualquer um ser vivente,
Respiro meu segredo em mata escura...

No canto mais gentil que me reservas
Amores que guardaste nas conservas...

X

Os peixes escondidos neste mar
Depois das tempestades, maremotos,
São restos de esperança de voltar.
Amores que se foram tão remotos...

Depois de tanto tempo sem sonhar,
Vivendo meus amores sempre rotos
Buscando nos teus olhos encontrar
O quando que vivemos boquirrotos.

Não deixe que se torne mais incrível
Repasto que deixei tão simplesmente.
Amando o que parece mais possível,

Derramo meus desejos totalmente,
Vivendo tanto sonho mais cabível,
Meu canto que suprimo, de repente...

X


Eu quero tanto amor com tal carinho
Que seja sempre assim, tão bem amada,.
Sabendo que vivi assim sozinho,
Te busco na manhã, cada jornada...

Desejo tua pele em meu calor,
Vasculhar teu corpo por inteiro
Depois de tantas ondas deste amor,
Fazer do teu prazer meu derradeiro,

Bebendo teu licor em plena fonte,
Cobrindo-te de beijos tão vorazes,
Abrindo as belas portas do horizonte
Salivas e desejos mais audazes...

E dormir sobre teu corpo, minha amada,
A noite em pleno gozo, tão cansada...

X

Celebrando divino pensamento
Que me embaça qualquer nova empreitada
Levando meu canto sem tormento
Passeando sem rumo pela estrada

Que me guia sem planos de partida
Nas celestes visões angelicais,
Caminhando porquanto longa vida
Embalando meus sonhos no teu cais.

Neste caos absoluto, sem amor,
Num momento fiando minha história
Na procura de ter novo sabor,
Encontrando amor em plena glória.

Descrendo te encontrar após distância,
Mas amor que se preza, traz constância!

X

Caminho cabisbaixo, vou cismando
Buscando teu retrato, bem guardado
A vida pouco a pouco vai passando,
Meu peito em sofrimento, torturado...

Meus males são reféns do nosso amor
De tantas amarguras que carrego.
Dizendo que te encontro em cada dor
Que tento e não consigo, nunca nego.

Desdéns colecionados pela vida,
Nos temporais ferozes que enfrentei,
Minha alma sem sonhar segue sofrida
Por campos e montanhas que nevei

Com lágrimas e frio, vento forte,
Sentindo esse bafio, minha morte!

X


Procuro pelo amor em tantos trilhos
Sem ter sequer notícia desespero...
Durante meu caminho, os empecilhos
Tornaram tal procura um gesto fero...

Amor nunca encontrei nessas viagens
Em busca dos meus sonhos, só quimeras,
São secas essas sendas e paragens,
Que sempre me negaram primaveras...

Os olhos enlutados, sem destino,
A voz tão embargada nega o canto.
O mundo se desaba em desatino,
Cessando de uma vez qualquer encanto...

Amor que procurei, alegre ou triste,
Restando perguntar: será que existe?

X

Amando quem vivera em agonia
Na
busca tão amarga pela vida.
A noite se promete tão vazia
Vivendo em cada canto a despedida...

Um passageiro triste não suporta
A dor de se saber bem mais sozinho,
Amor quando demais arromba a porta
Revolve totalmente um velho ninho...

Nas sombras e nos troncos do carvalho
Na proteção dos galhos da figueira,
Por tanto tempo trago um fundo talho
Que brota da paixão, a derradeira...

Não sei se me diviso com a sorte
Que leva, finalmente, à minha morte!

X



Amando quem vivera em agonia
Na
busca tão amarga pela vida.
A noite se promete tão vazia
Vivendo em cada canto a despedida...

Um passageiro triste não suporta
A dor de se saber bem mais sozinho,
Amor quando demais arromba a porta
Revolve totalmente um velho ninho...

Nas sombras e nos troncos do carvalho
Na proteção dos galhos da figueira,
Por tanto tempo trago um fundo talho
Que brota da paixão, a derradeira...

Não sei se me diviso com a sorte
Que leva, finalmente, à minha morte!

X

Cheguei de tua vida neste passo
Que passo no compasso mais ligeiro
Procuro pelo espaço sem cansaço
E pego num abraço, o corpo inteiro...

Nem tento nem disfarço mas te quero
No verso que diverso tanto fiz...
Vencido pelo canto que venero
Espero que viver seja feliz

Me diz por ondas foste ver o mar
Amar é se saber tão manso e forte.
Armando minha rede no luar
Na pesca deste amor terei mais sorte..

Brincando nessas rédeas sou corcel
Procuro nossa estrela em nosso céu...

X


O cheiro que me traz o teu perfume...
O vento calmamente sopra manso.
Acendo no teu fogo todo o lume
Buscando este teu colo, calmo avanço...

Sussurro meu desejo em teus ouvidos,
As bocas iniciam seus festins,
Os dedos explorando, decididos.
Encontram seus destinos e seus fins...

A língua que passeia nesta rosa,
Nas pétalas macias e dolentes...
Meu rumo, nos teus seios , vaidosa,
Encontram belas fontes duras, quentes...

Jorrando esse prazer que é tão divino,
Nas bocas, tantas bocas, me alucino...

X


Num jardim tão repleto de outras flores
E cores que não posso traduzir
No canto desses pássaros, amores,
Procuro meu amor, venho pedir.

As horas mais doridas que hoje passo
São passos que perdi na longa estrada
Deitando meu cansaço em teu cansaço,
Depois de certo tempo, quase nada...

Bem sei que tanto insistes em dizer
Das
dores que penamos na distância,
Agora, meu amor, eu não vou crer
Nos medos que tramaram discrepância...

As flores tão formosas no jardim,
Amores machucando tanto em mim...

X

Distâncias alongadas que me tramas
Em versos e desejos mais ciganos
Que sonham dividir milhões de camas,
Com planos e armadilhas soberanos.

Amor sem ter remédio me vicia
E torna nossa vida num inferno...
De todo grande amor se propicia
Os lumes que incendeiam meu inverno...

Amor que sempre trama uma esperança
Nas horas mais difíceis, nunca falha...
Amor que persevera sempre alcança
Mesmo depois de tempos em batalha.

Portanto minha amada não mais tema,
Amar sem ter limites, o meu lema!