sexta-feira, dezembro 21, 2007

SONETOS 012


Perdoe meu amor se magoei
Àquela a quem desejo de verdade...
Meus passos são erráticos bem sei,
Mas tento te trazer a claridade...

Meu vício e precipício são teus olhos,
As tramas tantas chamas camas, amas...
Nos amores as moras vêm em molhos.
Perdoe se me embrenho lamas, bramas,

Talvez seja meu canto meio torto.
Mas falo deste amor com fino trato,
Embora meu caminho que é mar morto,
O sonho sempre amar que sei abstrato,

É tudo que mais quero e que detenho,
O beijo sempre trago, aqui o tenho...

X


Eu canto meu espanto e meu afago
No campo das estrelas e de Marte
Depois deste terceiro ou quarto trago
A mão tremula em sonhos a minha arte.

De ser um aprendiz a cada dia
E nunca ser feliz por um segundo.
Mas tendo como amiga a poesia,
Enfrento todos males deste mundo...

Não sinto mais o frio nem calor,
A morte não me traz nem mesmo treva
A sorte de viver um grande amor,
O tempo, sem juízo, logo leva...

Mascote de mim mesmo, sem ser dono,
Na cama irei dormir pleno abandono!

X

Plantei uma enxurrada no meu peito
Desfeito foi teu pleito meu penar...
Estampo minhas dores, satisfeito.
Apenas sem ter penas, solto ao ar.

Nos bancos tantas ancas mais morenas,
Acenas com retalhos, alhos, dentes.
Serpentes e correntes tantas cenas.
Em pântanos caminhos previdentes.

Plantel de tontos sonhos sou decerto
O certo que querias duvidoso
Nodoso coração vira deserto
Desperto meu amor em pleno gozo.

Plante uma enxurrada, tanto amor...
Brotou a madrugada em mansa flor...

X

A rosa tão vaidosa quão ciumenta
A fera que a pantera tanto esconde.
Paixão quando demais tudo arrebenta
O mundo, vou perdendo, mas aonde?

São fases que se mudam com a lua
Poeta nunca soube quem eu sou,
Se marco meus caminhos alma nua
Nos marcos sinto tanto mar eu vou...

Eu quero dessa rosa tal perfume
No gozo desta fera meu prazer
Persigo qual falena brilho e lume
No fogo, com certeza irei morrer...

Mas deixe que eu te cuide, minha amada.
Que a noite sem amor, é sempre nada...

X


Se te quero e não me queres
Se te tenho e não me tens
Garfo e faca são talheres,
Nossos amores, meus bens...


Eu canto nosso amor com liberdade
em volta das lanternas, borboleta.
Que sabe que viver é claridade
A vida noutra vida se completa...

Nas horas que pensando vou te ter,
Penando tanto tempo sem ninguém
Saudade que me invade todo o ser
Procuro neste escuro por meu bem...

Não falo dessas nossas diferenças
Bem poucas que nos possam destroçar
Amar é não sonhar com recompensas
Embora tanto pensas me deixar...

Mas tudo que esta vida me deixou,
Teu coração depressa me tomou...

X


Na rua da saudade te encontrei
Andando sem sequer olhar pra trás
Caminhos, bem distantes, vasculhei;
Em busca da danada dessa paz.

Saudade quando brinca não se cansa
E roça nosso corpo sem parar.
Depressa, devagar ninguém alcança,
Depois de certo tempo descansar...

Amor tão dividido, velho canto,
Que encanto mas não posso mais viver.
Se imanto no teu manto tanto pranto
As horas demorando a percorrer...

Na rua da saudade nosso amor,
No frio vai morrendo de calor...

X

Se canto com teu canto que me encanta
Meu verso te parece mais sensato
Porém quando te canto logo espanta
Parece que não vês o teu retrato.

Um trato assim contigo vou propor
Não pense que te tenso por que quero
Intenso tanto penso em nosso amor,
Amor que vem da veia e que venero...

Não passo sem pensar e tanto penso
Que peno por que penso não penar.
Se rumo meu caminho já me imprenso
Nos passos que precisam caminhar.

Na cama que me chama tanta chama
Da brasa que te queima e não reclama...

X

Vestido de vestígios de saudade
Quem há de imaginar meu sentimento.
Revestes tanto tempo em liberdade
Tão
tarde prá te arder invento o vento.

Que acalma toda chama de quem ama
Reclama se não vens ou se não vou.
E tenta tanta teia em tonta trama
Soluça desta louça que quebrou.

A febre que me queima, da terçã,
No terço em que te peço teu perdão.
A manha da manhã minha maçã,
Decoras com as cores coração...

Eu amo tanto amor com harmonias
Nos montes e montanhas, tu me guias...

X


Não quero mais meu verso vão, sozinho,
Meu ninho sem disfarce eu mesmo pinto.
Meu canto sem encanto, passarinho,
Meu vinho que é suave, branco e tinto...

Diverso desse avesso do meu verso
Sou parte sem ter arte do teu sono.
Unidos pelo umbigo do universo
Vivendo e conhecendo o abandono...

Eu quero teu veneno em meu veneno
Assim vamos viver tranqüila idade
No fim ramos caídos, fogo ameno,
Poroso amor terá perenidade...

Mas venha minha amada te preciso,
Na nossa madrugada, paraíso...

X


Nas raras emoções que nunca tive
Revivo redivivos pensamentos.
Estando neste amor como quem prive
Da vida de quem ama bons momentos...

Eu quero desfrutar do que se planta
Sem pranto sem martírio e sem quimera
Os olhos de quem ama a dor espanta
E fazem renascer a primavera...

Na fantasia ardente que me deste
O tempo se passando na alegria
Se adio meu amor sadia veste
A vida se retorna em harmonia...

Amor demais nem sempre amor me entorna
Porém se falta amor tudo transtorna...

X

Ferida que causaste minha amada
Do nada que surgiu tão de repente
Engano meu passado com guinada
Ufano de viver tão displicente

Se sinto o que tu sentes somos par
Se queres tuas asas alma e anjo
Nos ventos e nos vórtices voar.
Artífice, difícil tal arranjo...

De termos tantos termos violados
As pazes incapazes gelo e selo,
Saber doce sabor amores dados.
Vencido por quem sabe convencê-lo

Amor não morre mais inutilmente
Apenas ameniza o fogo ardente...

X

Amor que me entranhou e me sorveu
Deixou que um triste canto se encantasse
De tanto deste pouco que sou eu
Amando tanto amor sem meu disfarce.

Nos passos nos compassos danças sanhas...
Assanhas teus cabelos nesses ventos.
Acenas tantas cenas plenas manhas
Que tento meu intento em pensamentos

Ausente
do que sente quem te adora
Nas quentes envolventes tardes tontas
Amar é me deixar sabor duma hora
Nas vezes que viemos não aprontas

Pois sabe que não vejo outra saída,
Viver o nosso amor que é pleno de vida...

X


Nas águas cristalinas deste rio
Os cios se misturam no regato.
Resgato nosso caso tão sombrio
No fio da meada me desato.

No ato que constatei nosso perfume
Ciúme tal centelha que incendeia
Candeia que de noite traz o lume
Costume desse amar anda na veia.

Na teia que se trama nessa cama
A chama que te chama também veio.
Receio desse amor que se reclama
Mas ama, descobrindo o belo seio...

Se veio nosso amor flor dessas águas
Anáguas suspendidas cessam mágoas...

X


Torrentes de martírios e de dores
Desvarios soturnos da saudade.
Vivendo minha vida em estertores
Nas
insalubres hostes da maldade.

Ventríloquo da sorte que não tenho,
Num solilóquio louco, em desatino.
Do mundo tenebroso de onde venho,
Cadáveres dos tempos de menino.

Na pútrida inverdade que cerzi
Com partes abortadas de minha alma.
O pântano e charneca estão aqui
Somente a solidão fera me acalma...

Morrendo nos meus versos em mormaço,
Deitando sobre as cruzes meu cansaço...

X

Mesmo quem pensa sempre ser feliz
Às custas desse canto em vão prelúdio
Esquece que tampouco o que se quis
Deitar no manso colo em interlúdio...

Trazendo um sentimento onde se ilude
Ascende por montanhas intocáveis.
Assim quando eu amei bem mais que pude
Passei por tantos mundos improváveis.

Senti que tudo passa nesta vida
Amor, paixão e dor são momentâneos.
Porém tenha certeza enfim querida
Que as fotos nestes casos, instantâneos.

Agora na parede emoldurada
Somente uma amizade bem amada...

X


Feliz de quem sofreu por tanto amor,
Em meio a tanto brilho teve luz.
Sabendo que no fim muito calor
Também certa ferida assim produz.

Não falo em compaixão nem em saudades
Apenas
nos enganos e mentiras
Agruras de quem viu felicidades
Depois de certo tempo em tantas tiras.

Porém quem nunca amor teve cuidados,
Sozinho mesmo aos trancos e barrancos
Deixou os sentimentos mais calados
Nas noites e nos dias todos brancos

Promessas que escutara a vida inteira,
Vazios sem resposta e companheira.


X




Meu filho; em pleno amor foi-me ofertado,
Na sorte tão feliz que Deus me deu.
No beijo que esperança tem me dado,
Em meio a tantas luzes, já nasceu.

Teu pai que sempre foi um homem triste
Nos versos que te faço, eu te agradeço,
Amor igual, maior jamais existe,
De tantos que já tive, eu envelheço...

E sinto que na morte que me toca,
Domando essa minha alma sem sossego,
Amor que d’outro amor não pede troca,
Não cobra nem sequer um aconchego.

Mesmo distante brilhas e és meu céu,
Meu anjo, meu amado Gabriel!

X

Vivendo tantas vezes por viver
Vencido por cansaço e sofrimento.
Espelho onde custei reconhecer
As marcas, cicatrizes do tormento.

Não quero mais um porto, nem um cais,
Seguindo minha vida sem timão,
Um sonho, ser feliz, não sonho mais;
O vento derradeiro, furacão...

Não posso mais falar, vou sem sentido...
Em tudo fracassei, isso é verdade.
Meu mundo, num segundo repartido,
O que posso dizer? Sequer saudade...

E surges mansamente e me domina,
A luz, que ao fim do túnel, ilumina...

X


Não falo dos caminhos mais complexos
Que tramam nos sorrisos, num olhar.
Na sede que devora nossos sexos
Na angústia delicada de se amar.

Não falo desta tal cumplicidade
Que existe tão somente no depois
Nas lutas, nos desejos, vaidade,
Que temos, nos carinhos de nós dois...

Não falo destes mundos de esperança
Que tramas quando enredas no prazer.
Não falo nem sequer desta aliança
Que tanto já pensaste em derreter...

Mas falo deste amor silencioso,
Que pensa noutro amor que foi... Saudoso...

X

Ternura mansidão, minha esperança,
O toque tão sutil deste carinho...
A vida se renova e não se cansa
Não pense em ser feliz assim sozinho...

Trazer toda a ventura deste sonho
Que em sonhos multiplicam tanta luz.
O canto mais suave e mais risonho
De todas as tristezas se produz.

Mais vale acreditar neste impossível
Desejo de viver felicidade
Do que perder assim, tão impassível,
Depois ficar penando na saudade...

Incondicionalmente se entregar
Mesmo que a dor te alcance, vale amar!

X

Nos olhos desta amada brilha o sol
Irradiando luz por toda a terra.
Rebrilha como a lua qual farol
Tanta beleza em lume ali se encerra;

Viver tão plenamente cada dia
Após um outro dia renovado.
Espelho que reflete essa magia
Do brilho deste sol multiplicado.

Forma um caleidoscópio cristalino
Amor que me irradias nesse olhar.
Por vezes eu me sinto qual menino,
Nos teus seios, tu vens me agasalhar...

E sempre lapidando, amor constante,
No brilho dos teus olhos, diamante!

X

No beijo que trocamos, pensamentos..
Molhado, sedutor, tão furioso,
Desejos descobrindo violentos
Explodem no carinho mais fogoso...

Desperta calmamente a emoção
Contida, que se esconde em nossa mente,
Depois de tanto tempo em solidão,
O beijo que sonhamos a dor, desmente.

Queimando nossa brasa verte chama
Que invade todo o mundo de prazer,
Os corpos se procuram nessa cama,
Vontade de gritar e de morrer...

Morrer nestes teus braços já diviso
Entrada do sonhado paraíso!

X


Nosso corpo doído em nossa cama
Nossa chama que queima, nessa brasa,
A vida que se passa não reclama
Amada te desejo amor que abrasa

E rola de prazer sem ter segredos,
A mão que acaricia, tu desejas.
Os olhos te vasculham, mansos, ledos,
Por todas tuas bocas, tu me beijas...

E mansa, se declina pro meu lado,
Sorrindo do cansaço do depois.
Vivendo nesse sonho mais amado,
A noite que sonhamos prá nós dois...

Sentidos desmaiados, eu descanso
Depois que este Nirvana nosso, alcanço...

X


Sentindo estes teus lábios me roçando
No toque de carinho e de desejo,
Aos poucos mil viagens sussurrando
A língua delicada em doce beijo...

Estar mais atrevido e te sonhar,
Aos poucos desnudar –te calmamente,
Tantas palavras loucas, murmurar,
Numa explosão de cores, de repente...

Pedindo que não mais a noite acabe,
Sonhando o que acordado já é sonho.
De tanto amor fizemos que não cabe
Mas mesmo assim, em sonho te proponho,

E a vida se renova em cada dia,
Vivendo deste amor, em fantasia..

X


Nesse amor que sonhamos para nós,
Nocivo e delicado, salvador.
Atamos, desatamos tantos nós
Que tecem nossas teias, nosso amor...

Pois quando te procuro não duvide
Que a noite se anuncia toda nossa.
Amor quando em amor tudo decide
Entranha se deseja e já se empoça.

Vasculho cada canto e cada encanto,
Desejo teu amor sem penitência
Na pura entrega mansa sem espanto.
Mistura de carinho, impaciência...

A noite vai passando sem saber,
Nestas mágicas rédeas do prazer...

X

Lambendo tuas pétalas, ó rosa,
Aos poucos descobrindo teus anseios.
Espinhos escondidos, tudo aflora,
Na mansidão suave sem receios...

Nas hastes, no botão, no teu perfume,
Sabendo transformar tudo em prazer;
Fazendo deste sonho um bom costume,
Renova teu frescor, amanhecer...

O sol queimando lento te enlanguesce
E deitas tuas pétalas serena.
Um anjo disfarçado aos poucos desce
E entranha teu aroma em vida plena...

A rosa desejosa, vai se abrindo,
E o orvalho delicado, vem surgindo...

X

Viajo por teu corpo lentamente
Buscando em cada poro, meu desejo...
Na tarde que promete ser mais quente
Em cada reentrância dar um beijo...

Teu colo, teu pescoço, nos teus seios,
As mãos tão calejadas desta vida,
Esquecem dos antigos, vãos receios,
E criam fantasia mais querida...

Um artesão divino quem te fez
Pantera, rosa, lua, jóia rara...
Mergulho tantos sonhos de uma vez,
Meu coração enfim já se dispara...

Deparo com meu porto e já me atiro,
No cais pleno em prazer, louco, deliro!!!!

X


Ah! Como eu te queria agora, amor...
Poder estar contigo junto a mim,
Sentir o teu prazer, o teu calor...
E tudo o que mereço, creio, enfim...

Poder cariciar teu corpo todo,
Beijar tão mansamente a tua boca...
Depois de tanta dor, de tanto engodo,
A vida se promete livre e louca...

Delírios e desejos se completam
Em cada movimento novo brilho...
Amores em prazeres se repletam
E formam nossos sonhos, nosso trilho...

Ah! Como eu te queria aqui, amada...
Entregue, se sabendo desejada...

X


Te quero e não duvides minha amada,
Se sonho com teus braços todo dia...
Queimando –me na brasa que emanada
De teu corpo, promete essa magia...

Amor que me tortura e que me acalma,
Vivemos nossos sonhos mais bonitos.
Amor que penetrando por minha alma
Transforma teu prazer em nossos ritos...

Amor que não pergunta nem pergunto
Invade simplesmente qual posseiro...
Amar que traz saudade, mesmo junto.
Rebrilha em nossos olhos, qual luzeiro...

Te quero, não duvides meu amor...
Carrego-te em meu peito aonde eu for...

X


Quando te pressenti, no mesmo instante,
A vida em multicores renasceu...
Vivendo, dos amores, tão distante,
Percebo a claridade em pleno breu...

No primeiro momento, te garanto,
Já percebera a força da promessa
De terminar enfim, todo o meu pranto,
Amor que me avassala se confessa...

Inebriado, tonto, em desatino,
Passei a te buscar sem ter sossego...
Sentia que talvez o meu destino
Pudesse te encontrar, com todo apego...

Vejo que estava certo minha amada...
Minha alma de tua alma geminada...

X

A rosa que trouxeste em pensamento
Vibrando
como a flor mais desejada.
Sabendo que viver cada momento
É ser por toda a vida mais amada...

Aromas que procuro em cada flor,
Recendem nesta rosa em meu jardim.
Mostrando que a beleza deste amor
Ressurge de repente sempre, enfim...

Eu quero este perfume que exalavas
Nas horas mais divinas minha rosa...
Vulcânicas delícias, tantas lavas,
Abriam tuas pétalas, vaidosa...

Mas sinto que perdi os meus caminhos,
Nas garras tão cruéis dos teus espinhos...

X

Não há nada no mundo meu amor,
Maior que o sentimento que me traz.
A vida se renova no sabor
Que só um grande amor é bem capaz...

Vivendo simplesmente só por ti...
Sem ter um pensamento que não seja
De ter eternamente o que vivi
É tudo que minha alma já deseja...

Assim nem sinto o frio, nem o medo...
A noite se transcorre em pleno gozo.
Entrego meu amor, não tem segredo,
De tudo que vivemos, orgulhoso.

Eu tenho tanto amor, tanto querer...
E digo, eu nunca mais vou te esquecer...

X


Como farei sem ter os olhos teus?
As trilhas que percorro, tão nubladas,
Envoltas nestas trevas, negros breus,
Por medos e torturas assombradas,

Começam, de repente, a renascer...
Sem teus braços, as pernas que vacilam,
Nos passos que esqueci como aprender.
As dores que em minha alma se perfilam...

Os medos que ressurgem bem mais fortes...
A fria solidão já mostra as caras.
Das cicatrizes brotam novos cortes,
Formando dentro da alma mil escaras...

Amada me responda, por favor,
O que farei da vida, sem amor!

X

De toda essa vontade de te ter
Tão pouco me restou, só a saudade.
Que cisma a cada instante renascer
E destruir qualquer felicidade...

Fomos tão eternos, mas morremos,
Da triste solidão, que vivo agora.
Talvez, noutros braços, buscaremos
O brilho e o prazer que a vida implora...

Vazio, um sentimento me domina,
O canto que cantava se perdeu...
A lágrima caindo, cristalina,
Em rubra solidão se converteu...

Porém num grito amargo te reclamo.
E saibas meu amor, eu inda te amo!

X

Neste silêncio audaz tão envolvente
Rebrilhas sob os raios desta lua,
A camisola branca transparente,
Nesta seminudez alma flutua...

E te desejo mais e mais querida...
Os teus cabelos soltos, sonho insano,
Depois de ter sonhado toda a vida,
Agora no teu corpo sem engano...

A boca que me molha e me tortura
Deixando um belo rastro de prazer...
Cavalgo nosso amor, tanta fartura
Dos gozos e delírios vou colher...

E mostras quando dormes, num sorriso,
A glória de viver no paraíso!

X

meus versos que serão meus companheiros
quando, ao fim desta jornada não restar
nem sombra dos amores verdadeiros
e nem mesmo um amigo eu encontrar...

meus versos são parceiros mais fiéis
fiando nestas letras que misturam
meu barco se perdendo sem convés
as cores com que tramo não me curam

amores simplesmente são falsários
demonstram um sorriso tão jocoso,
depois se transformam noutros vários,
não deixam nem sequer sombra do gozo.

amada, deixo o canto que não fiz,
dizendo que em teus braços fui feliz...

X


Falando dos amores mais ardentes
Que sempre me trouxeram perdição
Agora que não tenho nem mais dentes
Amores que vieram? Solidão!

Mas tenho tanta sorte em minha vida,
Que mesmo assim depois de tanta dor
A noite que temia adormecida
Sem juras ou promessas de um amor;

Vazia como tudo o que vivera
Sem jamais ter sequer uma esperança
Que faça vir, enfim, a primavera,
Resquícios que ficaram na lembrança...

Depois de tantas noites tão tristonho,
Te encontro, meu amor, a vida em sonho...

X

Nas asas deste pobre passarinho
As dores que carrego na minha alma.
Vivendo sem poder ter o meu ninho
Nem mesmo essa saudade já me acalma...

Eu quero seu carinho mas cadê?
Preciso de seu colo, minha amada,
Vivendo tanto tempo sem você
Esqueço, em minha vida, quase nada...

Amada eu sempre quis o seu amor,
Mas sei por isso nunca mais vou ter...
Não quero mais sofrer de tanta dor.
Amada nos seus braços sem viver.

O que me resta enfim, amor apenas...
Se passarinho eu sou, troco de penas...

X

Quem dera primavera retornasse.
Talvez assim seria mais feliz...
Olhando meu espelho sem disfarce
A pele vai mudando de matiz...

Os olhos antes vivos, tão sem vida,
A boca vai perdendo seu turgor,
De todas as entregas desta vida
O preço vou pagando com rancor.

Não tenho mais os braços que sonhara
Na cama que queria fosse minha...
Amar, amar, amar, palavra amara,
Deixando uma esperança mais sozinha...

Mas tenho dentro d’alma tanto desejo...
Morena vem depressa e dá um beijo!