sexta-feira, dezembro 21, 2007

SONETOS 041

Se te peço perdão pelos erros
Cometidos em tempos distantes,
Caminhando montanhas e cerros,
Através de vales deslumbrantes.

Nas estradas mais belas, nas fontes,
Esperanças de céus cor de anil.
As estrelas brilhando horizontes,
Nas carícias do amor mais gentil.

Não se esqueça do amor que te trago,
Nem me fale do que se passou.
Só desejo, carinho, um afago.
Meu amor em teus raios brilhou...

És o sol, poderoso, és a lua.
A rainha que quero; vem...Nua.

X

No mar tempestuoso, um marinheiro,
Tentando contornar uma procela;
Lutando sem sequer um companheiro,
O mesmo sentimento me revela

Amor que sempre quis e nada feito.
Embora eu tenha sido esperançoso,
Por tudo que lutei, insatisfeito;
Guardando esse sabor demais rançoso.

Eu vivo sem ter medo de chegar,
Embora saiba, amor ser violento.
Na luta sem descanso, enfrento o mar.
Meu barco vai seguindo, mesmo lento.

Ao fim de tanto tempo de batalha,
Meu verso em pleno amor, o vento espalha..

XXX

Num sonho tão suave, benfazejo,
Deitado no teu colo, verso em sol;
Levanto e te percebo, meu desejo,
E nada mais escuto, girassol...

Buscando em teu olhar iridescente
Reflexos dos meus olhos, belo lume.
Eu quero em ti viver, mas sou descrente,
A rosa se escondeu, cadê perfume?

A mísera saudade me domina,
Mas sonho com teu corpo, mesmo assim;
Vencendo tal terror que me alucina
Vestido de ternura sem ter fim.

Eu sinto que estarei em teu destino,
Mas tantas decepções, já me mofino...

XXX

De todo belo jardim
Que em flóreas sendas sonhei
De todo amor que há em mim,
De tanto que procurei

Cintilas; estrela guia,
Decorando todo astral
Vivificas fantasia
De tanto sonho, afinal...

Transudando nessa cama
Nos orgásticos caminhos.
Inebrias toda a chama
Incendeias meus ninhos...

Num átimo eu perco o rumo,
E me adoço no teu sumo...

XXX

Assim que me deixaste, não sabias
Que o tempo cicatriza quase tudo.
As noites que passamos morrem frias,
O tanto que te quero, sempre mudo...

As penas deste caso já troquei,
Decerto preparei um novo vôo.
Bem sabes que decerto, tanto amei,
Mas guarde isso contigo: te perdôo!

Não cabe mais falar de triste morte
Nem sorte desabada, nem saudade.
A sensação que trago, a de ser forte,
Invade a renovar: felicidade!

Eu canto sem revés o amor que existe,
Que inflama e não me faz cantar mais triste!

XXX

Essa vontade louca de ficar,
Sabendo que terei que prosseguir.
Os frutos deste amor, nosso pomar,
Impedem os meus olhos de sair...

Eu sinto que terei; na despedida,
O gosto tão amargo da saudade.
Porém, é necessária esta partida,
Embora sem ter mínima vontade...

Mas volto, minha amada, não se esqueça;
O vento que me leva, me trará.
Não deixe que saudade me enlouqueça,
Tua presença sempre estará lá...

Não quero a sensação tão dolorida
Da perda da esperança em minha vida!

XXX

Quando quero encontrar-me contigo,
A distância se torna menor.
Todo amor que carrego comigo,
Com certeza não tenho onde por.

Sei que o mundo se torna pequeno
Com as asas do amor que me leva.
Todo o clima se tornando ameno,
Toda luz acabando com treva.

Não mais temo perigos na estrada,
Nem na vida. Meu mundo é de paz.
Todo o bem que te quero, adorada,
Nem a pedra, conter é capaz.

Carregando, comigo, esperança.
Outro mar, meu amor, sempre alcança..

XXX

Eu quero essa ventura de viver
Trazendo uma esperança que se espalha
Por versos vaporosos vou saber
De toda a poesia que me valha.

Eu quero uma ilusão que irei bebendo
Tragando uma volúpia adormecida
Meu corpo no teu corpo se escondendo,
Na vida que progride noutra vida.

Eu sinto teu suspiro extasiado,
Na morenice bela e tão brejeira.
Pois saiba que por ti, vou encantado,
O sonho que pensei a vida inteira.

Eu amo teu amor em meu amor,
Serei o teu destino, pr’onde for!

XXX

Amiga, sei da dor de uma paixão,
Que queima, nos transtorna e nos desarma.
Envolto na terrível sensação
Amor mal resolvido,vira uma arma.

E sangra, sem sequer pedir licença,
Maltrata, nos corrói e nos castiga.
Amar é ter, por certo, a recompensa,
Que traz uma ternura, tão amiga.

Eu sei que tantas lágrimas derramas,
Por quem jamais devias ter amado.
Latejam as feridas, ardem chamas
Trazendo, um pesadelo des’perado.

Mas quando tu lagrimas, tu te curas,
Pior guardar no peito, as amarguras!

XXX

Os braços que ofereces; meu apoio;
Permitem que eu consiga imaginar
Que a vida não me traga só do joio,
Que o trigo também possa germinar.

Eu sinto nas nervuras contrações,
Doridas e portanto maltrapilhas.
Vivendo por saber que as emoções,
Nos tramam novas formas , novas trilhas.

Tetanizo o sorriso que não sinto
Apenas disfarço o que não quero,
Se vejo teu olhar por vezes minto,
E sangro e no final me desespero.

Nas hordas mais distantes, descontentes
Espalho esses meus versos, grãos, sementes...

XXX

Por tantas ilusões embebedado,
Busquei no belo colo da morena,
Amor que sempre tive em mim guardado,
E agora, um bom caminho já me acena...

Concedes a quem ama tal destino
Que sempre me levou em manso enleio.
Bebendo deste amor tão cristalino,
Deitando esta paixão sobre teu seio...

Eu sinto tanto amor em harmonia,
Sem medo de encarar a realidade.
Jamais terei sequer a noite fria,
Vivendo teu amor, profundidade...

Um coração audaz deita em torrentes,
Mistérios dos amores, envolventes...

XXX

Quando em sonhos de amor já nos perdemos
Falando deste canto que te faço,
Aos poucos na alegria já sabemos
Como foi belo e bom o nosso espaço.

Eu sinto meus acordes transformados
Em versos que te faço com vontade.
Roubando tais encantos disfarçados
Trazendo tanto amor e claridade.

Ouvindo molemente o teu cantar
Que é feito deste mesmo material
Dos dons que nos permitem alcançar
Os rastros das estrelas neste astral.

Eu sei que te desejo sempre mais,
Amar-te totalmente é ser demais!

XXX

Que as mágoas não te tragam desencantos,
Que os versos não pareçam mais cruéis.
Os dias se passando somam tantos
Desejos quanto estrelas, um revés.

Se amor é desgraçado e fere, e mata.
Não temo tal prenúncio de vingança.
Quem beija tantas vezes arrebata
E forma da tristeza uma esperança.

O sol quando raiado já me esquenta
E trama um novo dia mais feliz.
Uma onda nesta praia se arrebenta
E faz da nossa vida o que bem quis.

Eu vejo uma alegria em nosso amor.
Imersa neste verso a ti propor...

XXX


Amor, eu necessito teu amor.
Que é força que me traga e me consome.
Na vida, sempre fui um sonhador.
De tanto amor que tenho, sinto fome...

De ter, nestes teus braços, meu carinho.
Trazer uma esperança no meu peito
Cansado de viver, assim, sozinho,
Sem ter esse desejo satisfeito.

Querida, por favor, nunca me esqueça,
Se te perder jamais serei feliz.
Retorne antes que tudo me enlouqueça,
Desculpe-me as loucuras que já fiz.

Amar demais passou a ser pecado,
Vivendo em teu amor, alucinado...

XXX

Amor faz dos caminhos novas tramas,
Se me perder de amor, não resta nada.
Amor buscando arder-me em novas chamas,
Esquenta, com seu canto, a madrugada.

Amor que sempre foi tão traiçoeiro,
Sabendo que me encanta, me maltrata.
Vencido por um sonho, sigo inteiro,
Na sensação doída e tão ingrata.

Meus versos são as sobras que do que tive
De tantas ilusões que já passei.
Nos braços deste amor não me contive,
E louco, sem pensar, eu me entreguei.

Mas tudo o que me resta são as flores,
Perfumam vida e morte dos amores!

XXX

Qual um pássaro voa no céu,
A minha alma também quer voar.
Ao sentir os teus lábios de mel,
Sensação tão gostosa de amar.

Liberdade traduz esperança
Esperança de ser mais feliz.
Se voando, minha alma te alcança,
Rebrilhando, tão belo matiz.

Tenho o gozo feroz do desejo
Satisfeito demais, em te ter.
Sei que quero viver cada beijo,
Libertário tal qual deve ser.

Nestas asas, minha alma, paixão.
Se sustenta na pura ilusão....

X

Quando guardas as dores no peito,
Tu cultivas as ervas daninhas.
Teu caminho, sem rumo, sem jeito,
Não trará as verdades que tinhas...

A moldura tão dura da vida,
Se não trama sorrisos, nos ata.
Toda vez que esperança é perdida,
Coração de saudade nos mata.

Lembre então da alegria que chega
Com a festa da vida por si.
Todo mal que tristeza carrega,
Com certeza, sem medo, eu venci.

No teu riso, virá fantasia,
Se plantares, amor, alegria!

XXX

Procuro meu desejo em teu desejo,
Desejo teu amor, assim, pra mim...
Vontade de morrer em tanto beijo
Vontade de te ter. Te quero sim!

Se queres quem te quer como te quero,
Por certo tu virás, não tenho medo.
Amar a quem dedico amor sincero,
Amor que nunca foi nenhum segredo.

Paixão tão delicada, a cada dia,
No dia que te vi, não me esqueci.
Amar a quem dedico a poesia,
Que faço e me desfaço, só por ti.

Procuro meu desejo, no teu seio,
Anseio teu amor, sem mais receio...

XXX

Sorria para a vida, se puderes.
A vida te sorri? Às vezes, não.
Nem sempre nesta mesa tem talheres,
Quem sabe se mudar, anfitrião?

O coração, moleque, te atrapalha?
Não creio, é bem melhor que este sisudo.
Quem ri, tanto sorriso bom, espalha.
Embora isso nem sempre é bom, contudo...

Sorriso, se demais, já pensam logo:
-Coitado, não percebe, é tão vazio!
Qual tolo, tresloucado... A vida é fogo!
Se queres cobertor, te negam frio!

Mas viva tua vida em alegria,
Ao menos, se não der... Faz poesia...

XXX

Amor? Talvez... Qual nome, enfim, daria
Ao nobre sentimento que me trazes.
Só sei que tanto sinto essa alegria,
Independentemente do que fazes.

Querida, uma amizade, pode ser...
Porém não só te quero, como vejo
Em todos os momentos, sem querer,
Algo que me domina e que desejo.

Não consigo fazer a distinção,
Apenas eu pressinto que te quero.
Mais além, bem além de uma emoção,
A plena sensação: eu te venero!

É como uma amizade, em fantasia,
Retrata um grande amor? Fotografia...

XXX

Quando te vejo, um sonho de alvoradas
Com brilhos duma aurora inesquecível.
Recebo tuas mãos tão adoradas
Qual sonho que pensara ser incrível.

E sinto teu cantar de cotovia
Trazendo para a vida um novo sol.
Aos poucos me raiando um santo dia
Promessas de viver em ti, farol...

Amor que tantas vezes hipotético
Longínquo nos meus ermos sem paragem.
Olhar que quando emanas, tão magnético,
Tramando pelos astros, tal viagem.

Do corpo desnudado sobre a cama,
Numa alvorada louca, imerso em chama...

XXX

Não farei da saudade meu canto
Pois saudade demais faz doer.
Quero em ti tão somente este encanto
Que me invade, me dando prazer.

Não sei versos que falem tristeza
Esqueci como dói um amor.
Envolvida em teu corpo, a beleza,
Acordado; sou qual sonhador.

Não mais temo as esquinas, as curvas,
Quero o campo florido da paz.
No meu céu não conheço mais chuvas
Teu amor, santo, me satisfaz..

Na verdade tu és minha glória,
Tu mudaste, no amor, minha história!

XXX

Tanta senda florida sonhara
Nos meus tempos de glória e de paz.
Amizade qual jóia tão rara
Reluzindo no amor satisfaz.

São tão raros momentos felizes
Nesta vida de farto sofrer.
Perceber a beleza em matizes
Com
certeza me dá tal prazer.

Encontrar esperanças perdidas,
Escondidas no fundo do peito.
Ilumina a dureza das vidas,
Quem tiver deve estar satisfeito.

Minha glória que trago comigo
É saber que é tão bom ter amigo...

XXX

O cheiro da manhã na tua boca
Mostrando que inda posso ser feliz...
A vida que me resta, mesmo pouca,
Será; assim, com certeza, como eu quis.

Sonhava com a vinda deste amor
Temporão, na esperança mais sagrada.
Qual velho jardineiro espera a flor
Mais linda, mais bonita, mais amada!

O fato de encontrar tal raridade
Nos estertores pálidos da vida,
Demonstra como a doce realidade
Suplanta uma saudade já vencida...

Que bom que te encontrei ao fim do dia,
Encharcando meu mundo em poesia...

XXX

Sorrindo, minha amada, sou feliz,
Pois tenho, sem temor, teu coração.
A noite embriagada tanto diz,
Quanto é divino amor, uma paixão...

Encantam-me as promessas deste amor,
Felizes nossos dias, em ternura...
Nas tramas deste peito sonhador
Que é feito de calor e de brandura...

Te quero, nunca nego, e sou feliz.
Sou feito deste barro, deste chão.
Amar é proteger o que se quis
Amar é conciliar dor e perdão.

Estou regozijando de alegria,
Vivendo tanto amor em poesia...

XXX

Amiga, semeando uma alegria
Por certo encontrarás felicidade.
A vida se refaz a cada dia,
Arar é retratar a realidade.

Semeias ventos, colhes tempestade;
Tendo coragem, beba todo o vento.
Mas se quiser viver tranqüilidade,
Semeie só carinho e sentimento.

Plantando tantas árvores querida,
Algumas urzes sempre brotarão;
Não faças destas pragas sua vida,
Arranque na raiz, não deixe não...

Nos frutos, as delícias que provou
Resultam das sementes que plantou...

XXX

Se quando alma partiu por outras sendas,
Buscando seu espaço, sem temor.
A saudade retira suas vendas
E desnuda, sem medo, o grande amor...

Eu te quero, não pense que isso é falso,
Meu amor se perdeu nos braços teus.
Viverei, minha amada, em teu encalço,
Não suporto pensar mais em adeus...

Tantas vezes perdido, descontente,
Implora um carinho, que não vinha.
Pois amar-te demais, sem medo, urgente,
É salvar a minha alma, pobrezinha...

Mas verei teu semblante em meu semblante,
Neste espelho do amor, tão deslumbrante...

XXX

Desato tantos nós se tanto quero
Quem quero e que percebo também quer.
Se espero teu amor, amor venero,
Nos olhos misteriosos de mulher.

Eu sinto que tu sentes que pressinto
Amor que não deixei nunca de ter.
Bebendo teu desejo, qual absinto,
Inebriadamente vou viver...

Nos nós que nos atamos nossos sonhos,
São sonhos tão sinceros e felizes...
Meus dias, tantos dias, são risonhos,
Nestes teus braços tenros, aprendizes..

Eu quero teu amor, jamais o nego.
Amor que tanto quero e que navego...

XXX

Amor, se me deixares, o que eu faço?
Meus passos sem teus passos descompassam;
Errante; vago o mundo, perco o traço.
Meus erros? Meus acertos não disfarçam.

Sem ter tua presença sacrossanta
Nas noites tão profanas, delicadas...
As horas se passando, tontas, tantas...
As bocas sempre estão extasiadas...

Eu quero estar no manto que te cobre
Deitado em tua cama, sem temer.
Amar, um sentimento puro e nobre
Que sempre nos traduz dor e prazer...

Amor, se me deixares? Me enlouqueço!
Mas sei que, tanto amor, eu não mereço!

XXX

Amor, essa loucura que me toma,
Impede meu respiro sossegado.
Amor só multiplica, mais que soma
Vivendo o grande amor, glorificado...

Eu sinto teu perfume em cada toque
De tuas mansas mãos sobre meu peito.
A vida não permite um outro enfoque
Que deixe-me deveras satisfeito...

Amar é quase sempre um contra-senso
É dor que suaviza enquanto dói,
Prazer que, doloroso, é tão imenso.
É chama que derruba e que constrói.

É ser mais do que tudo, um sonhador
Querer a liberdade num feitor....

XXX

Se nesses campos, nesses arvoredos,
Alamedas floridas, perfumadas,
Nossos olhos perdessem velhos medos,
Viveríamos livres caminhadas.

Mas percebo que trazes outros sonhos,
Destas fases difíceis que passaste.
Teus temores, bem sei, são mais medonhos
Por veredas distantes, caminhaste.

Ao soprar calmamente uma esperança,
De, quem sabe, viver e ser feliz;
Esquecendo esta dor que, na lembrança,
Sei; carregas, e que inda te diz.

Tu verias um pobre sonhador,
Enlouquecido em versos. Só de amor!

XXX

No manso transcorrer destes meus versos,
Buscando a formosura divinal,
Que corre, vaga solta, os universos
Distantes deste amor, grande, abismal.

Eu sinto teu perfume que se espalha
Em todas as estrelas, pirilampos...
A dor duma saudade, qual navalha,
Espalha quando estás longe dos campos

Por onde caminhávamos, querida.
Em meio a tantas flores olorosas;
Minha alma de tua alma, distraída,
Encontra mais espinhos do que rosas...

E quero te inalar, meu louco vício.
Amada, estás comigo, desd’início...

XXX

Como é bom te saber companheira,
Nos meus versos, meu canto é de luz.
Se talvez, esperança estradeira,
Noutro porto se faz, reproduz.

Nunca esqueça que estarei contigo,
Por pior que essa vida pareça.
A certeza de ter um amigo,
Sempre impede que a dor enlouqueça.

Trago em mim a certeza da sorte;
Que esta estrela brilhou meu caminho.
Na verdade, bem sei nem a morte,
Nos trará, nosso mundo, sozinho...

Minha amiga, vivermos sem traumas,
Ter amigo é qual ter duas almas...

XXX

Quanto tempo perdi, esperando,
Que talvez, meu amor fosse vir.
Nas esquinas, nos bares, rondando;
Porém nada deste bem surgir.

Se não vens, minha amada, que faço?
Não consigo mais tempo esperar.
Eu preciso do beijo, do abraço,
Tantas coisas te quero falar.

Somos feitos deste mesmo barro,
Sem ter medo da chuva ou do fogo.
Nos teus laços, meu bem, eu me amarro,
Nós jogamos: amor, nosso jogo.

Encontre-te perdida em meu mar,
Navegando, aprendendo a te amar...

XXX


Galo cantando, manhã,
O sol vem devagar, manso,
Meu amor sem amanhã,
Maremoto no remanso...


Tanto tempo queria teu amor,
Brincando com as ondas do meu mar.
À tarde, se entregando com furor,
E, comigo, aprendendo o que é amar...

Vieste com o gosto deste sal,
Vieste com a força deste sol.
Depois de tanto tempo, bem e mal,
Amor deixou de ser o meu farol.

O mel que se transforma, amargo fel,
Não deixo de lembrar, com emoção.
Olhando aquelas nuvens lá do céu,
Espero te encontrar, meu coração...

Virás com o desejo de voltar,
De novo, no meu mar, morrer de amar!

XXX

Pois sei que tu jamais me deixará,
Estás presente em cada amanhecer.
Auroras divinais; estarás lá,
No vento que me toca, com prazer.

Nas ondas deste mar, na branca areia;
Na moda de viola sertaneja.
Nos raios mais diletos, lua cheia,
Na força deste amor que se deseja.

Na eternidade toda do momento,
Na sutileza bela da mulher
Nesta alegria, puro sentimento,
Que faz do nosso peito o que bem quer.

Amor-eternidade que busquei
Nos passos da mulher que tanto amei!

XXX

Nas praias onde o mar rebenta as ondas,
Fadando por final minha existência,
As luas sempre plenas, tão redondas,
Os sonhos de viver, sem penitência.

Menina; no teu mar, um bom mineiro;
Espera poder sempre naufragar.
Amor que te dedico, por inteiro,
Não deixa de pedir tão belo mar.

Um beijo que penetra o coração,
Erguendo uma bandeira tão fecunda.
Aos poucos este amor, uma ilusão,
No centro do meu peito se aprofunda.

Respiro teu amor, a cada dia.
Certeza de viver pura alegria!

XXX

Querida, como é bom te ter comigo,
Na força que encontrei nos braços teus.
Ajuda a superar qualquer perigo,
Certeza de que existe um grande Deus.

Nas horas complicadas, em que penso,
Que tudo não terá mais solução.
Eu sinto que este teu amor, imenso,
Por certo há de salvar meu coração.

Nas cortes, nos espinhos, tantas urzes,
Feridas terebrantes, nas escaras;
Marcadas pelas duras, tristes, cruzes,
Quando esperanças ficam bem mais raras.

Eu tenho esta certeza que me cura.
As mãos desta divina criatura!

XXX

A saudade machuca quem ama,
Triste flor que nasceu no jardim.
Tantas vezes saudade me chama,
E começa a doer, tanto em mim.

Coração tão saudoso reclama
Se não tem teu perfume, jasmim...
Meu amor, aquecendo na chama
Da saudade, transtorno no fim...

Quero ter o teu corpo comigo,
Me fazendo viver mais feliz.
Se não vens, não mereço o castigo,
Tanto amor que te quero e não fiz...

Mas; espero morena, desejo,
Cada estrela no céu é um beijo...