quarta-feira, janeiro 27, 2010

23674

De dores e terrores são compostos
Os dias em que teimo resistir,
Sabendo do vazio do porvir
As dores são decerto, meus impostos,
E os dedos pouco a pouco decompostos,
Os tempos não serão como há de vir
O canto que não pude mais ouvir
E os ossos cada dia mais expostos.
Na macilenta imagem que ora vejo,
Especulares formas do desejo
Outrora insaciável e hoje morto.
Não tendo outra saída, e ancoradouro,
Nos braços da mortalha em que me douro
Imaginando ainda um frágil porto...