De um caipira, de um peão, do brilho da esperança
Perdão minha Mãe, perdão...
Eu sou um ignorante, sou filho da vida difícil na roça, filho de peão, irmão de peão e pai de futuro peão.
A vida me deu pouco, meu pai foi embora no primeiro rodeio que passou na cidadezinha, meu pai, José, como tantos, um homem forte, mas distante, dele sei que tenho os olhos, os olhos de meu pai.
Tanto tempo distante de tudo, correndo atrás do meu ganha pão, ajudando minha mãe, Maria, Maria Aparecida.
Meus irmãos, filhos de outros pais, filhos da mesma Maria, triste sina.
Na vida, a enxada como caneta, a terra foi o meu caderno, e o suor, a tinta que me ensinou a ler e escrever na sina palavras simples e doídas, como solidão, medo e desesperança.
Aos dez anos, as mãos calejadas, os olhos tristes, olhos de José, o peão, tive vontade de sumir, fugir para outro lugar, longe de Maria, pobre Maria.
Não suportava mais as lágrimas esculpindo as rugas no rosto tão bonito de minha mãe.
Minha mãe, fugindo, percorrendo outras terras, de outros tantos coronéis e de outras serras e montanhas.
Filho de peão, peão sou, como meu pai, hábil peão, poucos me suplantaram na vida, poucos peões como eu, no enxadrezado da vida, dominando os cavalos, tentando dar xeque mate na desilusão.
Vencido por uma dama, doce dama, minha Maria, das Graças, dei graças pelo gracioso presente dado a mim por meu Pai, soberano Pai.
Mas, seguindo o roteiro da vida, o que era doce, foi-se com a doce Graças, desgraçada pelo amor de um Padre, levada para nunca mais, na sela de um cavalo, roubada pelo Bispo que me tirou o sonho, deixando o filho, mais um peão...
Ganhei dinheiro com as vaquejadas, fiz minhas economias, comprei terras, construí meus castelos com as Torres, fortalezas...
Fortaleza, de Fortaleza veio o companheiro, desleal e ladrão.
O castelo e suas torres destruídos, sobrando somente, as ruínas.
A morte seria a solução, o mergulhar no vazio, o salto no espaço, minha sina, caipira sina de um peão, peão mineiro, caipira mineiro.
Mas, ontem me lembrei de ti, Mãe, minha Mãe, Aparecida, tanto quanto Maria, a que me colocou nesse mundo, Maria Aparecida, perdida no tempo, Mãe Aparecida, estou aqui.
Minha oração é a minha vida, a única que sei. A sina da escuridão de uma vida sem sentido, onde mina somente a dor, a dor de outrora e de sempre, a dor desse caipira, de Pirapora, que quer Teu perdão e Tua luz.
Trago-te as mãos vazias e o peito sangrante, mas ainda tenho meus olhos, os olhos de um peão perdido há tempos, os olhos de meu pai e que meu filho herdou, num último brilho de esperança.
Eu sou um ignorante, sou filho da vida difícil na roça, filho de peão, irmão de peão e pai de futuro peão.
A vida me deu pouco, meu pai foi embora no primeiro rodeio que passou na cidadezinha, meu pai, José, como tantos, um homem forte, mas distante, dele sei que tenho os olhos, os olhos de meu pai.
Tanto tempo distante de tudo, correndo atrás do meu ganha pão, ajudando minha mãe, Maria, Maria Aparecida.
Meus irmãos, filhos de outros pais, filhos da mesma Maria, triste sina.
Na vida, a enxada como caneta, a terra foi o meu caderno, e o suor, a tinta que me ensinou a ler e escrever na sina palavras simples e doídas, como solidão, medo e desesperança.
Aos dez anos, as mãos calejadas, os olhos tristes, olhos de José, o peão, tive vontade de sumir, fugir para outro lugar, longe de Maria, pobre Maria.
Não suportava mais as lágrimas esculpindo as rugas no rosto tão bonito de minha mãe.
Minha mãe, fugindo, percorrendo outras terras, de outros tantos coronéis e de outras serras e montanhas.
Filho de peão, peão sou, como meu pai, hábil peão, poucos me suplantaram na vida, poucos peões como eu, no enxadrezado da vida, dominando os cavalos, tentando dar xeque mate na desilusão.
Vencido por uma dama, doce dama, minha Maria, das Graças, dei graças pelo gracioso presente dado a mim por meu Pai, soberano Pai.
Mas, seguindo o roteiro da vida, o que era doce, foi-se com a doce Graças, desgraçada pelo amor de um Padre, levada para nunca mais, na sela de um cavalo, roubada pelo Bispo que me tirou o sonho, deixando o filho, mais um peão...
Ganhei dinheiro com as vaquejadas, fiz minhas economias, comprei terras, construí meus castelos com as Torres, fortalezas...
Fortaleza, de Fortaleza veio o companheiro, desleal e ladrão.
O castelo e suas torres destruídos, sobrando somente, as ruínas.
A morte seria a solução, o mergulhar no vazio, o salto no espaço, minha sina, caipira sina de um peão, peão mineiro, caipira mineiro.
Mas, ontem me lembrei de ti, Mãe, minha Mãe, Aparecida, tanto quanto Maria, a que me colocou nesse mundo, Maria Aparecida, perdida no tempo, Mãe Aparecida, estou aqui.
Minha oração é a minha vida, a única que sei. A sina da escuridão de uma vida sem sentido, onde mina somente a dor, a dor de outrora e de sempre, a dor desse caipira, de Pirapora, que quer Teu perdão e Tua luz.
Trago-te as mãos vazias e o peito sangrante, mas ainda tenho meus olhos, os olhos de um peão perdido há tempos, os olhos de meu pai e que meu filho herdou, num último brilho de esperança.
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