Da curta e pitoresca carreira de uma cabeleireira
Ritinha estava ficando mocinha e, nos seus doze anos, queria porque queria ganhar os seus trocados, para poder comprar um ou outro confeito ou um enfeite, essas coisas de adolescente.
Apaixonada por um grupo musical portorriquenho de triste lembrança para os ouvidos mais apurados, consumia, vigorosamente tudo o que lembrava os miúdos, assim como; pulseiras, anéis, chicletes, entre outras bugigangas.
Maria, sua irmã mais velha, a esse tempo, casada e com duas filhas, havia se mudado para o Rio de Janeiro, e resolvera presentear a irmã caçula com um desses cursos de cabeleireira por correspondência.
Ritinha, afoita para começar a trabalhar e ganhar os seus trocados, fora aconselhada por Maria para que treinasse um pouco antes de começar a dar tesouradas nos cabelos santamartenses.
Gilberto, menino serelepe e último do clã, agrupado a longa fila de filhos de João Polino, chegando a ponta esquerda do time de futebol aos três anos de idade, estava à disposição!
Antes de tudo, vou dar uma pincelada na história de Gilberto: Filho caçula de um casamento entre um senhor já sexagenário e uma morena sestrosa e bem servida em formas e dotada de juízo inversamente proporcional ao corpo, dona da impetuosidade ímpar dos vinte e poucos anos, nascera numa época complicada para o casal. A morena começara a perceber que seu corpo chamava mais a atenção do que imaginara antes de se casar com o idoso senhor.
Num dos momentos de brigas entre os dois, resolvera abandonar o barco, deixando os meninos com o pai.
Acontece que o pai, adoentado, não conseguia mais levar o barco e, vendo que a canoa estava naufragando, a comunidade de Santa Martha resolveu acolher a meninada.
Beto iria para a casa do farmacêutico da cidade, lá em Ibitirama mas, como havia sido criado próximo à casa de Dona Rita, o menino, senhor dos seus dois anos de difícil e complicada existência, firmou pé.
Mordia, dava tapa, chorava, tentava exprimir de todas as formas o seu repúdio com a situação.
Tantas fez que o farmacêutico desistiu e dona Rita, partindo do ditado popular que dizia que onde come dois, come três; aceitou o menino em casa.
Para alegria de Betinho e olhar desconfiado de Ritinha, preocupada em perder o reinado.
A história de Beto inverte um pouco a adoção; na verdade, quem adotou a família de João Polino, foi Gilberto.
Mas, voltando ao disse me disse e ao lero-lero, Ritinha estava aflita procurando uma vítima para que pudesse começar a praticar a nobre arte de ser cabeleireira.
Vendo Gilberto andando pela casa, com seus cabelos compridos e lisos, Ritinha teve uma idéia. Fazer um corte de cabelo original.
Procurando uma cuia que pudesse servir de molde, encontrou algo parecido e, em comum acordo com o menino, às custas de duas ou três balinhas de recompensa, começou a cortar o cabelo da pobre criança.
João Polino, ao ver a cena, estranhou; mas preferiu se omitir, deixando o barco correr.
Quando dona Rita viu o caçula do coração sentado na cadeira, com o penico colocado sobre a cabeça, à moda Menino Maluquinho, e a caçula uterina com a tesoura na mão fazendo o maior estrago nos cabelos compridos e lisos do moleque, não pestanejou: deu a maior bronca na guria que, obediente parou imediatamente de cortar o cabelo do indiozinho.
Conversa vai, conversa vem, que isso não era coisa que se fizesse, tudo bem que o penico estava vazio, mas que o menino não merecia isso, que a menina pegasse uma bacia e que pedisse autorização, etc e tal...
Mas, o que as duas não repararam foi que, durante alguns dias, Gilberto passou a desfilar na casa e nas cercanias com um corte de cabelo extremamente original, na frente, cabelos compridos e atrás, uma deformada linha com altos e baixos, já que o menino não sossegava...
Começou e terminou, por aí, a pequena e turbulenta carreira de Ritinha como cabeleireira.
Por sinal, com um corte original e, no mínimo, esdrúxulo.
Mas, a partir daquele dia, Gilberto começou a ficar meio estranho; segundo João Polino, a única coisa certa dessa história, foi a utilização do penico, já que, pelo que consta, o conteúdo do recipiente, na mudança de função, não modificara tanto...
Apaixonada por um grupo musical portorriquenho de triste lembrança para os ouvidos mais apurados, consumia, vigorosamente tudo o que lembrava os miúdos, assim como; pulseiras, anéis, chicletes, entre outras bugigangas.
Maria, sua irmã mais velha, a esse tempo, casada e com duas filhas, havia se mudado para o Rio de Janeiro, e resolvera presentear a irmã caçula com um desses cursos de cabeleireira por correspondência.
Ritinha, afoita para começar a trabalhar e ganhar os seus trocados, fora aconselhada por Maria para que treinasse um pouco antes de começar a dar tesouradas nos cabelos santamartenses.
Gilberto, menino serelepe e último do clã, agrupado a longa fila de filhos de João Polino, chegando a ponta esquerda do time de futebol aos três anos de idade, estava à disposição!
Antes de tudo, vou dar uma pincelada na história de Gilberto: Filho caçula de um casamento entre um senhor já sexagenário e uma morena sestrosa e bem servida em formas e dotada de juízo inversamente proporcional ao corpo, dona da impetuosidade ímpar dos vinte e poucos anos, nascera numa época complicada para o casal. A morena começara a perceber que seu corpo chamava mais a atenção do que imaginara antes de se casar com o idoso senhor.
Num dos momentos de brigas entre os dois, resolvera abandonar o barco, deixando os meninos com o pai.
Acontece que o pai, adoentado, não conseguia mais levar o barco e, vendo que a canoa estava naufragando, a comunidade de Santa Martha resolveu acolher a meninada.
Beto iria para a casa do farmacêutico da cidade, lá em Ibitirama mas, como havia sido criado próximo à casa de Dona Rita, o menino, senhor dos seus dois anos de difícil e complicada existência, firmou pé.
Mordia, dava tapa, chorava, tentava exprimir de todas as formas o seu repúdio com a situação.
Tantas fez que o farmacêutico desistiu e dona Rita, partindo do ditado popular que dizia que onde come dois, come três; aceitou o menino em casa.
Para alegria de Betinho e olhar desconfiado de Ritinha, preocupada em perder o reinado.
A história de Beto inverte um pouco a adoção; na verdade, quem adotou a família de João Polino, foi Gilberto.
Mas, voltando ao disse me disse e ao lero-lero, Ritinha estava aflita procurando uma vítima para que pudesse começar a praticar a nobre arte de ser cabeleireira.
Vendo Gilberto andando pela casa, com seus cabelos compridos e lisos, Ritinha teve uma idéia. Fazer um corte de cabelo original.
Procurando uma cuia que pudesse servir de molde, encontrou algo parecido e, em comum acordo com o menino, às custas de duas ou três balinhas de recompensa, começou a cortar o cabelo da pobre criança.
João Polino, ao ver a cena, estranhou; mas preferiu se omitir, deixando o barco correr.
Quando dona Rita viu o caçula do coração sentado na cadeira, com o penico colocado sobre a cabeça, à moda Menino Maluquinho, e a caçula uterina com a tesoura na mão fazendo o maior estrago nos cabelos compridos e lisos do moleque, não pestanejou: deu a maior bronca na guria que, obediente parou imediatamente de cortar o cabelo do indiozinho.
Conversa vai, conversa vem, que isso não era coisa que se fizesse, tudo bem que o penico estava vazio, mas que o menino não merecia isso, que a menina pegasse uma bacia e que pedisse autorização, etc e tal...
Mas, o que as duas não repararam foi que, durante alguns dias, Gilberto passou a desfilar na casa e nas cercanias com um corte de cabelo extremamente original, na frente, cabelos compridos e atrás, uma deformada linha com altos e baixos, já que o menino não sossegava...
Começou e terminou, por aí, a pequena e turbulenta carreira de Ritinha como cabeleireira.
Por sinal, com um corte original e, no mínimo, esdrúxulo.
Mas, a partir daquele dia, Gilberto começou a ficar meio estranho; segundo João Polino, a única coisa certa dessa história, foi a utilização do penico, já que, pelo que consta, o conteúdo do recipiente, na mudança de função, não modificara tanto...
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