domingo, agosto 20, 2006

Oitavas camonianas - Meu primeiro amor...

Meu primeiro amor, longe de ti, sei
Das quimeras vorazes da saudade,
Viver sem ter amor, viver sem lei,
Não conhecer nem sombra do que há de
Melhor de nossa vida; triste rei,
Num reinado onde vive sem alarde,
Sem ter paz nem dilúvios nem ter sonho,
É viver e morrer tédio medonho...

Amor, na tempestade, calmaria...
Ilumina com trevas nossa vida,
Eclipse total cega em pleno dia,
Achando que se sabe, mas perdida...
Julgando ser mais plena; mas vazia.
Amor, suor, batalha; dor bandida;
Que acalenta, conforta, me ameniza.
Meu amor vendaval que julgo brisa...

Te busquei sem saber onde encontrar,
Provoquei minhas ânsias na procura.
Fui ao sol, tentativa de luar,
Traz toda claridade, noite escura...
Quero, em pleno deserto, navegar...
Amor és a doença e também cura!
Nada mais que completo, fracionado,
Esperança traduz: desesperado...