Oitavas camonianas - Sertanejo...
Por tudo que passei já nessa vida,
Te peço perdão pelos desatinos,
Sei bem porque nascido em despedida,
Conheci os diversos sóis, meninos,
Navegantes que, errantes nesta lida,
Não conhecem senão nem seus destinos.
Vi tudo quanto posso, nego nada,
Nada nego e sossego, minha amada...
Explodindo balão nem sei junino,
Na festança embolada, penitência...
Meus fracassos selados que eu assino,
Libélula voraz da coincidência.
Salgado em insalubre lar marino,
Balanço, transgredindo essa impotência
Que faz de meus melindres borbotão,
Vou borboleteando essa amplidão!
Moleque; fui sacado, por safado,
Sereno, fui moleque sem paragem.
Nem sabia sertão soubera prado,
Vivendo na completa vadiagem,
Sem nem conhecer fada; quiçá fado,
Pescando no meu rio, velha margem...
Solitárias, lombrigas na barriga;
Por mais que não quisesse, tanta briga...
Decadentes; de leite, caem dentes,
Restando meu sorriso de faminto,
Não quero pretender que tu me esquentes,
Nem que disfarce, finja que só minto,
Finos, nas cabeleiras, passas pentes,
Crescendo molecote, frango e pinto.
Nas penumbras noturnas lobisomem,
As minhas tempestades, todas somem...
Fui crescido na marra, sem pergunta,
Jogando futebol pelas calçadas,
Um menino levado, quando junta;
Preparem-se, nem noites mais caladas,
Resistem aos malandros nem se muita.
Forçando ser feliz nestas estadas,
Criando serpentina faz confete,
Sei, jamais haverá nenhum bofete...
Criado sem tempero nem espora,
Vazando pelos muros do vizinho,
Sem ter tempo perdido, sem ter hora,
Estilingue matando passarinho.
O melhor do viver é sempre agora,
Amanhã, talvez, tétrico, sozinho...
Brincando levarei felicidade,
Quem sabe saberei saber idade...
Sabedoria, sendo meu confeito.
Gosto de podridão deliciosa,
O que fiz, já farei, senão tá feito...
Lúdico esse luar, me trouxe Rosa,
Amor tragado estraga, rasga o peito...
Faz olhar as estrelas, deixa prosa
O calado moleque. Parapeito
Da vizinha mostrada sensual
Mostra blusa entreaberta, casual...
Besteira amar tão jovem! fala o pai;
A mãe, conhecedora da tristeza,
Avisa: Quem está dentro já sai,
Amor significando estupideza,
Trama vazia, tanta dor atrai,
Diga: quem poderá, tal realeza,
Ludibriar, vivendo em tal cenário,
Cantando livremente, qual canário!
Te peço perdão pelos desatinos,
Sei bem porque nascido em despedida,
Conheci os diversos sóis, meninos,
Navegantes que, errantes nesta lida,
Não conhecem senão nem seus destinos.
Vi tudo quanto posso, nego nada,
Nada nego e sossego, minha amada...
Explodindo balão nem sei junino,
Na festança embolada, penitência...
Meus fracassos selados que eu assino,
Libélula voraz da coincidência.
Salgado em insalubre lar marino,
Balanço, transgredindo essa impotência
Que faz de meus melindres borbotão,
Vou borboleteando essa amplidão!
Moleque; fui sacado, por safado,
Sereno, fui moleque sem paragem.
Nem sabia sertão soubera prado,
Vivendo na completa vadiagem,
Sem nem conhecer fada; quiçá fado,
Pescando no meu rio, velha margem...
Solitárias, lombrigas na barriga;
Por mais que não quisesse, tanta briga...
Decadentes; de leite, caem dentes,
Restando meu sorriso de faminto,
Não quero pretender que tu me esquentes,
Nem que disfarce, finja que só minto,
Finos, nas cabeleiras, passas pentes,
Crescendo molecote, frango e pinto.
Nas penumbras noturnas lobisomem,
As minhas tempestades, todas somem...
Fui crescido na marra, sem pergunta,
Jogando futebol pelas calçadas,
Um menino levado, quando junta;
Preparem-se, nem noites mais caladas,
Resistem aos malandros nem se muita.
Forçando ser feliz nestas estadas,
Criando serpentina faz confete,
Sei, jamais haverá nenhum bofete...
Criado sem tempero nem espora,
Vazando pelos muros do vizinho,
Sem ter tempo perdido, sem ter hora,
Estilingue matando passarinho.
O melhor do viver é sempre agora,
Amanhã, talvez, tétrico, sozinho...
Brincando levarei felicidade,
Quem sabe saberei saber idade...
Sabedoria, sendo meu confeito.
Gosto de podridão deliciosa,
O que fiz, já farei, senão tá feito...
Lúdico esse luar, me trouxe Rosa,
Amor tragado estraga, rasga o peito...
Faz olhar as estrelas, deixa prosa
O calado moleque. Parapeito
Da vizinha mostrada sensual
Mostra blusa entreaberta, casual...
Besteira amar tão jovem! fala o pai;
A mãe, conhecedora da tristeza,
Avisa: Quem está dentro já sai,
Amor significando estupideza,
Trama vazia, tanta dor atrai,
Diga: quem poderá, tal realeza,
Ludibriar, vivendo em tal cenário,
Cantando livremente, qual canário!
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