sexta-feira, dezembro 21, 2007

SONETOS 045

Cristais do teu sorriso me tragando
Nas loucas vibrações de nossos beijos
Por rios, oceanos, vou vagando,
No céu destes teus olhos, azulejos...

Fulgindo nosso sol em plena noite,
Reflete no teu corpo em cada raio.
Promessas que em teus braços já me acoite
Na sensação divina de um desmaio.

Os turbilhões girando sem ter nexo,
Nesse canibalismo prazeroso,
Na noite de desejos e de sexo
Neste tropel infindo, nosso gozo.

Te quero minha amada que me afaga
Curando com ternura cada chaga...

X

Que o pólen que emanaste, minha flor.
Nos traga uma promessa original.
Na forma delicada deste amor
Que quero em nossa cama, sem igual.

As carnes desejosas se imantaram
Unidas fortemente se invadindo,
Qual barcas que nos mares penetraram
Aguando este deserto pleno e lindo.

Indefiníveis sons soltos no ar
Mistura de gemidos e de sinos.
Nas horas deste ocaso luz solar
Iluminando calma, esses destinos...

Eu sinto em nosso amor, um caso sério,
Só quero desvendar cada mistério...

X

Formas do amor, longínquas esperanças!
Nas longilíneas mãos, tanto carinho.
Dolências delicadas, longas tranças
Descendo sobre um colo de alvo linho.

Visões de uma alegria sem igual,
Incensos que inebriam vaporosos,
As formas do prazer tão sensual
Promessas de delírios e de gozos...

Infinitos caminhos que percorro
Em cada nova noite radiante
Conheço cada vale, cada morro,
E vejo em ti destino deslumbrante...

Réquiem maravilhoso na alma pura
Embarco nestas formas, com ternura...

X

Hei de encontrar teu cofre delicado
Onde guardas segredos e vontades,
Por mais que tantas vezes bem amado,
Eu preciso saber tuas verdades...

Por este grande amor nem sei quem sou,
Apenas o que resta do que fui.
Sem nexo, sem juízo sempre vou
Descendo a corredeira, mansa flui....

Hei de encontrar o cofre mais sagrado
De tua alma transtornada pelo amor.
Hei de viver um sonho delicado
Envolto nos desígnos sem pudor.

Hei de encontrar o cofre que preciso,
A chave de um eterno paraíso...

X

Amiga que encontrei nesse recanto
E trouxe para mim, muita alegria.
Receba com carinho este meu canto
Em forma de canção e poesia.

Tu trazes em teus versos tal leveza
Que sempre me encantou, amiga minha.
É bom ser teu amigo, com certeza,
Eu gosto do teu canto linha a linha...

Por isso te ofereço este soneto
Que faço neste dia em pleno sol,
Desculpe-me esta audácia que cometo,
Pois sei que merecias um de escol.

Mas saiba que traduz toda alegria
De ter-te como amiga, Ana Maria.

X

Conservo o teu perfume extasiante,
O cheiro desta pela que me atrai.
Rolando em nossa cama, delirante,
Meu pensamento voa, inda me trai.

Eu vejo esta beleza alucinante
Em cada verso meu. A noite cai.
Não deixo de pensar um só instante,
De ti restou apenas um bonsai

Deixado nesta sala da ilusão,
Como um retrato vivo deste amor
Que foi a perdição e salvação.

Mas amo-te eterna e mansamente
Estás dentro de mim. Nenhum temor
Impede que eu te chame, novamente...

X

Quem fora sempre tanto agora não me quer.
Procuro, vou errante, e nada mais percebo.
Em toda fantasia o rosto da mulher
Que quero para mim e, em vão, eu já concebo...

Não trago esta certeza embora minta sobre.
Eu desconheço o canto ingênuo da sereia,
Apenas esta noite, em desejos, me cobre;
Na praia do meu sonho as ondas sem areia...

Mas sei que tu virás, embora não te saiba,
Virás na fantasia ou quem sabe és real?
Não quero te dizer que no meu peito caiba
A dúvida cruel, talvez até fatal.

Mas tenho esta esperança, a última que morre,
Que possa renascer da lágrima que escorre...

X

Amigo quero tanto te falar
Das noites sem disfarce que passei,
Buscando nas estrelas o luar
Depois eu percebi que me enganei.

O brilho da esperança é diferente
Não pude discernir neste horizonte.
Por mais que ser feliz pareça urgente
A vida, quase sempre, nega a fonte.

Amigo, não me escondo da verdade,
Eu sei que me iludi sem perceber,
Por isso, devagar, essa saudade,
Já toma quase todo o meu viver.

Não peço-te conselho, não mereço,
Apenas que me compreenda meu tropeço!

X

Se queres meu perfume, não se esqueça
Que tenho meus desejos incontidos...
Por mais que tantas vezes enlouqueça
Os sonhos que vivemos, divididos...

Eu sinto que tu queres novos mares
Nos ares que voamos, passarinhos.
Se quero me perder nos teus olhares,
Não deixe que meus sonhos vão sozinhos...

Recebo tua mão nas minhas mãos,
Recebo teu carinho como um beijo.
Eu quero me perder pelos teus vãos
E mergulhar meu mundo em teu desejo...

Se veio tanta força no querer,
Não sabe como amar me faz sofrer.

X

Não vivo de mentiras nem fantasmas,
Apenas teu amor eu quero em mim.
Não creio que vivendo com miasmas
As chamas deste amor terão um fim.

Mas peço que tu mates o passado,
Não quero te impedir de se lembrar
Mas saiba como dói ao ser amado
Saber que tu não vais se libertar...

Eu quero ter inteira sem seqüelas
Nem mesmo reviver as cicatrizes,
Esqueça que viveste tais mazelas,
Aí seremos sempre mais felizes...

Não vivo do passado que sei fera,
A flor revive em cada primavera!

X

Não acredito em nada que não seja
Produto do carinho e da verdade.
A noite que não quero me dardeja
Trazendo uma tristeza, uma saudade...

Numa imagem que alberga o sonho meu,
De mágicas lembranças do passado
Do tempo que sem rumo se perdeu,
Vogando pelo amor, apaixonado..

Mas sei que não desisto deste sonho
Pois sei que um desengano custa caro,
Nova realidade me proponho
Trazendo para o amor todo esse amparo

Que só nosso carinho, amor, garante,
Na imensidão divina deste instante!

X

Não me deslumbre o cheiro desta flor
Que sempre me enternece mal a lua
Nascendo no horizonte em esplendor
Traga-me
esta mulher tão bela e nua.

Não me deslumbre o gesto soberano
De quem sempre esperou o meu cansaço
Após ter se coberto em desengano
Desnudo
pela maciez do braço.

Não me deslumbre o canto mais audaz
Em versos e desejos, que me encanta,
A doce poesia já te traz
Qual leve borboleta, livre e santa...

Eu quero deslumbrar-me simplesmente
No amor que pelo amor se faz contente...

X

No meu imenso anseio em poder ter
Carinhos desta flor lá do cerrado,
Levando poesia ao me viver,
Iluminando sempre o belo prado

E as sendas olorosas do meu ser
Deixando um coração emocionado.
Eu canto p’ra jamais ela esquecer:
Só quero o seu prazer: apaixonado!

Esse perfume intenso, flor exala,
Penetra nas narinas, coração.
Adentra minha casa, toma a sala,

Aos poucos invadindo minha vida
Tomando toda a forma de paixão,
Minha alma transparente está vencida..

X

Não faço mais as queixas ao luar
Nem canto mais tristezas e quimeras.
A vida não se pode transformar
Em tantas emoções amargas, feras...

Não temo mais a noite sem estrelas
Nem temo mais as curvas se fechadas,
Espero tuas mãos para aquecê-las
Nas nossas madrugadas tão geladas...

Não canto mais o mote da tristeza
Nem me deixo iludir pelos sinais
Que foram, no passado, correnteza
Agora no meu peito, nunca mais...

Liberto em teu amor tão solidário
Meu peito hoje se mostra libertário...

X

Bocas rubras traduzem meu desejo
Em ter o tom mais perto do prazer.
Na boca carmesim eu já prevejo
O mundo que pretendo percorrer...

O mar cheio de esperanças que navego
Sem ondas, sem procela e tempestade.
Selando um sentimento que carrego
De conhecer, enfim, felicidade...

Eu falo dos festins que nos esperam
Nas noites que trouxeram nossos barcos,
Meus sonhos nos teus portos se temperam
Descrevem nos espaços tantos arcos..

Eu falo destas noites delicadas,
As nossas bocas rubras saciadas...

X

Donde vem este amor tão desvairado?
O sol vermelho queima tuas coxas.
Mergulho neste mar, extasiado,
As flores da saudade morrem roxas...

Meu doido coração bate depressa
Beijando a carne inteira deste sol.
E sinto que minha alma já se apressa,
Morena, teu amor, meu girassol...

Voluptuosamente te procuro,
Sereia que encantou meu coração.
Teu verso enamorado, sempre puro,
Invade meu viver, louca paixão...

O sol vermelho trama nesta praia
Morena meu amor... Coxas e saia...

X

Recebo o teu carinho sem demandas,
Não peço e nem discuto solidão.
Se impeço o me perder por outras bandas,
Quem sabe não me encontre na paixão?

Se sentes compaixão por quem te adora,
Não leves tão a sério minhas dores.
Amar-te é construir o mundo agora
Roubando do arco-íris, suas cores.

Meus versos que parecem mais patéticos
Lançaram novas luzes aos escombros.
Por mais que os sentimentos sejam céticos
Não posso carregar sobre os meus ombros.

E quero teu carinho, minha amada.
Trazendo essa manhã tão ansiada!

X

Todo o calor lá dentro que me espera
Se faz desses carinhos delicados.
Nas garras da divina e louca fera,
Nos olhos desejosos e crispados...

Oculta a lava quente do desejo
Em meio a doces grutas e vulcões.
Reacendendo o fogo neste beijo
Que invoca e que provoca furacões.

Das trevas do passado, nem a sombra,
Agora me perdendo em teu tufão,
A noite devorante não me assombra
Acende essa fogueira: coração!

E ruge num delírio esta pantera
Deitada, mansamente, já me espera...

X

Namorados passeiam sob a lua
Que traz tantos abraços no luar.
A vida sem dar tréguas, continua
Assim como a vontade de te amar!

Oh! Abre-me em teu seio, o coração,
Não deixe que o receio nos domine,
Eu vivo por amor e por perdão
Sem isso não há luz que me ilumine...

Tu falas de alegria e fantasia,
Te falo deste amor sem ter sossego,
Quem dera se pudesse, todo dia,
Viver no nosso amor, com tanto apego!

Se vim deste passado de amarguras,
Espero em ti viver tantas loucuras!

X

Paixão palpita louca no meu peito
E cria estas tormentas tão ferozes.
Sabendo que sem ti, insatisfeito,
Eu perambulo louco, ouvindo vozes...

Sem um tremor sequer tu já me espera
Sem vacilar demonstras teu carinho.
A voz em calmaria me tempera
E mostra meu temor vago e daninho.

Quando a noite chegando traz a lua,
Eu sinto o doce gosto do desejo,
Percebo a silhueta semi nua
E lúbricos prazeres antevejo...

Paixão palpita cega, coração;
Desditas e delírios da paixão!

X

Nos lânguidos clarões da branca lua
Refletidos no teu corpo minha amada,
Cobrindo a silhueta bela e nua
Na forma de uma deusa prateada...

Minha Afrodite meiga do cerrado,
Eu quero que me encontres no caminho,
No sonho mais feliz, enluarado
Envolto nas delícias do carinho...

A prata no marfim de teu sorriso,
Criando uma escultura divinal,
Amor assim demais e tão conciso
Nas formas desta deusa sensual.

E quero neste níveo sonho meu,
Atado ao teu destino, ser só teu...

X

Sonho agita-me, flórea primavera
Vestindo de magnólias e de rosas
Tua nudez prepara a doce espera
Formando novas tramas desejosas.

Soltando teus cabelos ondulados
Tu cobres o meu corpo nas melenas
Qual fossemos unidos, decorados,
Nas formas delicadas, vivas cenas...

Audazes minhas mãos vão percorrendo
E coroando em ti, milhões de beijos.
E neste quadro sinto renascendo
A vida emoldurada em teus desejos.

Vestindo tua pele sobre a minha
Tatuas na minha alma cada linha...

X

No topo da colina, a densa mata,
De verde esmeraldino sob o sol.
Tão espetaculosa me arremata
E rouba a paisagem em arrebol...

Verdejam os meus sonhos mais felizes
Em busca dos limites da esperança.
Recebo desses verdes os matizes
Que guardo nos anseios de criança...

Vertendo tal beleza, os arvoredos,
Na mata que se encima sobre o monte,
Revelam-se divinos os segredos,
E formam um belíssimo horizonte...

Ao ver essa esperança sem adeus,
Relembro, meu amor, dos olhos teus...

X

Na vastidão dos ares te encontrei
Entre marfins e pérolas, estrelas.
Tocando-te suave vasculhei
Tiaras siderais reluzem belas..

Em tua languidez mal disfarçada
Clarões iridescentes deste olhar,
Trazendo o sol em plena madrugada
Convite mais perfeito para amar.

Buscava em cada canto deste quarto
A fonte deste brilho cristalino.
Depois de enfim deitar completo e farto
Eu percebi teu rosto diamantino.

E fico qual falena atrás do lume,
Seguindo por teus rastros, teu perfume.

X

Assim como um guerreiro, lança em riste,
Adentro teus castelos sem temor.
Acordo teu desejo antes tão triste
Mergulho tão insano e sem pudor.

Recebes como um vento de esperança
Salvando-te das dores mais antigas,
Princesa que sonhara, uma criança,
Agora nos teus braços já me abrigas

Assim como um guerreiro que sonhavas
Espero que tu queiras sempre e tanto.
Acalma-te com ondas fortes, bravas,
E quer sempre te ter, meu puro encanto.

Eu quero reviver conto de fadas,
E quero que também meu peito invadas...

X

De finíssimas rendas, lingerie
Que vestes nesta noite tão ansiada,
Desejos explodindo... Estou aqui
Tentando vasculhar cada pegada

E descobri o mapa do tesouro
Em busca desta mina que entontece
Sabendo que terei as jóias d’ouro
Debaixo desta capa que enlouquece.

Se nessas transparências adivinho
A forma tão gentil desta morena,
Eu quero ter o gosto do carinho
Que a lingerie sugere e que me acena.

Permita que eu desfrute deste sonho,
Em que querer demais, já te proponho...

X

Trêmulo, levado à plenitude
De todo este esplendor que tu me destes.
Sabendo que encontrei a juventude
No corpo que desnudo, tiro as vestes...

Na pele tão morena e mais macia,
Nos seios a delícia de encontrar
Motivos para cada poesia,
No templo divinal, sempre te amar.

A flor tão delicada e escondida
Aromática essência do deleite.
Eu quero, minha amada, toda a vida
Que sempre que puder, venha e me aceite.

Eu quero me perder nesta certeza
Deste perfume nobre da pureza...

X

Nesta insensata guerra que travamos
Debaixo das cobertas, ofegantes
Molhando estes lençóis nos devoramos
Rompendo a imensidão, tão galopantes...

Na imaculada lua roubo o brilho
Te oferto como prova de carinho.
Seguimos o luar, tão belo trilho
E rumo ao infinito, nosso ninho.

Verás como é possível ser feliz
E ter a sensação de ser mais plena.
Te quero e sempre mais, de novo, bis,
Por certo nem a lua nos condena,

E cheia nos prepara esta festança
Regada ao bom tempero da esperança!

X

Bandeiras desfraldadas nesta torre
Onde avisto chegarem galopantes
Corcéis no céu que morre
Nas colinas em cores deslumbrantes.

Bandeiras desfraldadas nesta cama
Misturas de perfumes e de sonhos,
A voz aveludada não reclama
Os mantos descobertos e risonhos.

Bandeiras desfraldadas nesta busca
Do corpo pela pele que sonhara.
A mão que acaricia, nunca brusca,
Encontra em quente lago uma água clara.

No visgo deste lago me perdi,
Bandeiras desfraldadas, ‘stou aqui!

X

Carnais, nossos desejos sem juízo,
Os trêmulos carinhos se procuram.
Vivendo sem temer perder o siso,
Os males e as dores já se curam...

Nos frêmitos audazes lácteos veios,
Palpitações felizes e mordazes,
Enveredar meus lábios nos teus seios
Sugando em meus delírios, nossas fases.

Em cada frase sempre te dizer,
Nesta visões secretas, arrepios.
E sempre que sonhar estremecer
O mundo nos atando, nossos fios...

Carnais tocando os sinos da loucura
Na noite que te quero, nua e pura...

X

Nas flamejantes luas que mergulho
O sol que nos invade na manhã.
Transformam cada rocha em pedregulho
Tornando
bem mais leve cada afã.

Os astros distraídos se encontrando
Dormindo neste eclipse sagaz,
Andantes cavaleiros navegando
Buscando nas tormentas toda a paz.

Tu abres os teus braços, me recebes,
Envolvo-te nos meus em harmonia,
Penetro calmamente tuas sebes
E sabes me galgar em alegria...

Nas chamas, vibrações, contigo envolto,
Nosso prazer se escorre, denso, solto...

X

Eu quero te alagar, inundação,
Fazer-te devorar meus sentimentos,
Num canto mais intenso de emoção
Sentir este soprar de loucos ventos.

Louvar cada segundo em harmonia
Rasgar
os meus pudores e segredos.
Vencendo teus receios; fantasia
Que seca e que desmonta nossos medos...

Eu quero a formosura do teu rosto
Beleza sem igual, mais cintilante,
Provar de cada canto todo o gosto
E te fazer tremer, seios arfantes...

Eu quero a cicatriz que nos redime
Deste prazer imenso e tão sublime!

X

As flores delicadas da luxúria
Nascidas no canteiro do desejo,
Num rito de loucura mais espúria
Despetalando em cada novo beijo.

Não quero em teu prazer, uma surdina,
Eu quero que tu grites sem vergonha,
Mostrando tão voraz quanto alucina
Mordendo o travesseiro, rasga a fronha...

Porejem os suores mais brilhosos
Como gotas de orvalho nesta flor,
Aberta aos raios quentes, vaporosos,
Entregue a tais mormaços deste amor.

Neste jardim divino, no canteiro,
Só quero ser, querida, o jardineiro!

X

Da textura da seda em tua pele
Deste perfume doce que inebria,
Aroma que domina e que impele
A te buscar sem medo em alegria...

Dá-me esta esperança de emergir
Neste sacrário louco e mais profano,
Sofregamente quero te sentir,
No enrodilhar de pernas mais insano.

Sorver de tua pérola este sal,
Que me deixa, tu sabes, sempre tenso,
E verter meu carinho sensual
Neste infinito céu de sol intenso.

Ah! Faz surgir a flor voluptuosa
Que tão tropegamente, vem e goza...

X

As fascinantes noites tentadoras
Produzem emoções tão fabulosas,
As coxas que se tocam redentoras,
Jardins que se procuram querem rosas.

As nossas carnes trazem tal perfume
Que vão embriagando em cada toque.
Vencida a tempestade do ciúme
Procuro em tuas formas meu enfoque.

Desejo destas doces, mornas fontes,
Neste mormaço intenso que me queima,
Observo neste sol meus horizontes
Na cama, me ofereces guloseima

Que quero desfrutar cada pedaço,
Sem me importar sequer com o cansaço...

X

Na corrente tão calma deste rio
Coloco meu desejo, embarcação,
Jamais me esquecerei do nosso estio,
O cais onde pretendo atracação.

No tempo mais preciso deste afeto
Abrias para mim o paraíso.
O frio, no teu cio ganha veto,
Calor tão flamejante que preciso.

Ao mar deste delírio, meu destino,
No labirinto perco meus sentidos.
Neste rubi que trazes, perco o tino
E sinto levemente os teus gemidos.

Amada. Neste rio busco o mar,
Imerso em tal fartura, quero amar!

X

Quisera ser vestal pra te cantar
Em versos babujar teu coração,
Deixando-te o desejo de cantar
Uníssona cantiga de paixão...

Quisera ser veneno que inebria
Numa aguardente insana e mais bacante,
Clamar-te meu delírio em fantasia
E
ser, cada segundo, teu amante...

Quisera ter teus seios ofegantes
Nos túrgidos desejos, nossa chama,
E ter eternidade por instantes
E me enredar na louca, intensa, trama.

Quisera conhecer os teus estios
Nos lambuzar do mel de nossos cios...

X

Encontro-te na cama, enlanguescente,
Desnuda serpenteias sedutora.
Vontade de te amar é tão fremente
E salto te pedindo: quero agora!

Tu ris e me desdenhas, ironiza,
Fingindo que não quer o que deseja,
O vento te lambendo leve brisa
Provocando ciúmes; vai, te beija...

Enrosco-me em novelos, tu me travas
Não me deixa sequer pensar partir,
Sofregamente abrindo tuas travas
Aos poucos começando a te sentir,

Nesta voracidade, ondulações,
Das pernas que pressentem furacões...

X

Neste lábio fremente e carinhoso
Uma risada louca e transtornada,
Os olhos revirando em pleno gozo
Vontade de chorar e dar risada.

Dos teus seios escorre o puro leite
Qual fora dum vulcão a quente lava,
No corpo tão suado, um fino azeite
Que molha e que me toca, enquanto lava.

Nas ânsias tão etéreas, amplidão,
No aroma delicado de mulher
Na entrega tão voraz desta paixão,
Certeza de saber o que se quer.

Espasmos, contrações, rumos despertos
Inundações leitosas nos desertos...

X

Em ondas tão convulsas, explosivas,
Fomentando a fornalha desejosa
As bocas tatuando, corrosivas
Deixando a cicatriz maravilhosa...

Da eternidade túrgida, insensata
Sem ter nem nevoeiros, só trovões,
Embrenhar-me na densa e pura mata
Na busca do prazer, escavações.

Nas incursões sedentas e famintas
Ouvindo tua voz quase gemente,
No corpo que esculpi, as tantas tintas
Vontade de saber-te, isso é urgente!

Em ondas me transtorno, em ti mergulho,
Singrando neste mar, forma um marulho...