terça-feira, junho 20, 2006

Sapo na Gaiola. Cuma é o nome dele?

Tem algumas coisas na vida que não nos esquecemos. A infância é uma etapa maravilhosa da vida, onde a malícia é palavra desconhecida.
Quando eu tinha meus cinco ou seis anos de idade, na casa de minha vó, na bucólica Miraí, era uma criança livre, feliz e sem medos.
No rádio e na televisão, tocava-se muito aquela música de Dercy Gonçalves, a da perereca na gaiola, quem não conhece?
Pois bem, havia chovido muito na véspera e a terra extremamente úmida atraíra um daqueles sapos, comuns nos brejos e nas pequenas cidades.
Não tive dúvidas, peguei o batráquio e, me aproveitando de uma gaiola vazia que tinha sido abandonada perto do tanque de roupas, resolvi colocar o bichinho dentro de sua nova casa.
Acredito que ele não tenha gostado muito daquela residência que eu tinha reservado para poder aprisioná-lo.
Sapo na gaiola, gaiola na mão, sai feliz da vida a mostrar para todo mundo meu novo bichinho de estimação.
Minha mãe colocou as mãos sobre a cabeça, minha vó recriminando minha escolha, mas eu estava feliz e isso me bastava.
Meu pai tinha saído para pescar e não se encontrava em casa no momento em que fiz a estranha opção.
Durante o dia todo, fiquei tentando adivinhar de que se alimentaria o anfíbio.
Tentei pegar folhas e nada, tentei colocar um pedaço de carne, neca de pitibiriba.
O pobre animal estava assustadíssimo, pulando toda hora e batendo de encontro a grade da gaiola, inutilmente tentando fugir.
Quando meu pai retornou da pescaria, ao contrário da bronca que eu esperava, teve uma reação diferente.
Sorrindo, me perguntou qual seria o nome do bicho.
Eu não tinha imaginado ainda, parei e pensei, repensei até que ele me deu a sugestão:
“Xoxota”.
Prontamente aceitei o nome, e o eu sapo recém batizado, continuou, mesmo deixando de ser pagão, não gostando da brincadeira.
Mas, para mim aquilo era o êxtase.
Saí pelas ruas de Miraí mostrando a todo mundo o meu sapo Xoxota.
Para todos que passavam, eu perguntava se conhecia o meu Xoxota.
Minha irmã, dona da gaiola, invejando tal sucesso do bichinho resolveu intervir.
“Se a gaiola é minha, quem mora nela também, portanto, Xoxota também!”
Ao ver que o troço ia feder gaiola, Xoxota e a confusão armada, meu pai interveio:
“A partir de agora, para evitar a confusão, vou soltar Xoxota”.
Xoxota livre saiu pulando em direção ao quintal, feliz da vida...