Tucanolândia - capítulo 26 - Caçando os Marajás
Houve um rei, em Tucanolândia, conhecido pela promessa de caça aos grandes salários do funcionalismo público, aos quais denominara de Marajás, numa alusão aos ricos donos do petróleo árabe.Esse rei, Dom Fernando Collo Melloso, conseguira o apoio dos seus súditos com esse programa de governo. Algo genial para quem pretendia assumir um reinado tão importante quanto Tucanolândia.No primeiro ato de governo, confiscou as riquezas da grande maioria dos súditos, que depositavam suas fabulosas fortunas nas cadernetas de poupança e em outras aplicações financeiras. Com esse ato, caçou todos os marajás do reino, inclusive as empregadas domésticas, pequenos comerciantes, aposentados, toda sorte de marajás...Collo Melloso descobriu, então, que os maiores responsáveis pela miséria do país eram os funcionários públicos, multimilionários e preguiçosos, que abundavam no reino. Abundavam e desbundavam, passeando com seus carros importados pelas estradas maravilhosamente bem cuidadas de Tucanolândia.Criou-se o mito de que “funcionário público” é sinônimo de marajá; no que Dom Gerald Aidimin conocorda plenamente, sob inspiração de Dom Fernando Henrique Caudaloso.Sob esta inspiração, além de venderem várias estatais a preço de saldão, resolveram fazer um congelamento de salários que durou todo o reinado de Dom Fernando e o Governo de Dom Gerald, à frente da província de Saint Paul.Como podemos observar, isso teve um aspecto extremamente benéfico para o povo, constituído em sua maioria por investidores nas afamadas Cadernetas de Poupança confiscadas, com justiça, por Dom Fernando Collo Melloso.Se analisarmos com cuidado, veremos que o congelamento de salários afetou somente setores de menor importância para o reino; assim como:Educação, Saúde, Segurança Pública, Setores de Serviço, etc.Realmente, a evasão de vários professores e médicos para o setor privado, abandonando o setor público, foi extremamente salutar para o miliardário povo tucanolandês.Em outra coisa, Dom Gerald foi extremamente coerente: tendo como ídolo Fernando Brant, aquele irmão do Roberto, o mineiro do PFL, tinha como música de cabeceira o sucesso – Canção da América; principalmente na parte onde dizia “amigo é coisa pra se guardar no lado esquerdo do peito”.A coerência se dá, principalmente, quando as contratações suplantaram em muito, os concursos públicos.Aliás, concursos para quê?Sabemos todos que um amigo trabalha bem melhor do que um estranho, sendo essa a principal justificativa para o salutar hábito do nepotismo.A defasagem do salário entre o começo e o final dos mandatos dos tucanos, tanto a nível federal quanto estadual, minimizou, pelo menos em parte, o problema tão bem focalizado por Dom Fernando Collo Melloso.Hoje, os antigos Marajás podem ser considerados, no máximo, como uns paxazinhos de meia tigela.Dom Gerald, assim que assumir o poder como Rei da Tucanolândia, deverá colocar esse pessoal do funcionalismo público no seu devido lugar.Em pouco tempo a meia tigela virará tigela vazia, para regozijo de todos aqueles milionários das cadernetas de poupança.Ah, falando nisso, o governo devolveu, claro que defasado, o dinheiro confiscado; mas, os empréstimos compulsórios da gasolina...Para quem gosta de estatísticas os números que comprovam a história são esses: Em 1998, o gasto com ativos e inativos representava 42,51% das despesas totais do Estado. Em 2004, este gasto caiu para 40,95%, resultado da política de arrocho salarial e redução das contratações via concurso público, porém com aumento dos cargos por nomeação do governador.
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