Trovas a seis mãos
I
Bebi água na torneira,
No riacho me afoguei,
Se já fiz tanta besteira,
É que, menino, fui rei...
Bebi a fresca da fonte
no remanso m'afoguei
para encontrar o amor...
mas como se não conheço?
Bebi tanta água salgada
das lágrimas que chorei
toda a imensidão é nada
deste mar em que afoguei!
II
Sei do seio da saudade,
Da saudade, tão profunda,
A lua, por caridade,
De claridade, me inunda...
Na saudade fiz meu ninho
nas suas penas deitei
afundei em seus espinhos
da lua me distanciei.
A saudade é uma noite
Com luar, clarão e dor
Mas é dona do açoite...
Açoite chamado amor.
III
Beija flor, beijando a boca,
Essa boca que beijei,
Beija flor deixando louca
Tanta boca que amei
Beija-flor não me beijou
na boca que ofertei
acabei ficando louca
por bocas que não beijei!
Beija-flor é traiçoreiro
Trai cantando na alvorada
E prendeu no cativeiro
A boca tão mais beijada!
IV
Beijando a boca da noite,
Cavalgando no cometa,
Constelações como açoite,
Montado nessa lambreta...
Beijou-me a boca da noite,
taciturna e sombria
bafejou-me mil açoites
no dorso de longos dias!
Da noite, fugi da boca
O seu beijo eu não quis
Ainda não estou louca...
O que eu quero é ser feliz!
V
Rosalinda, minha rosa.
Linda rosa, na roseira.
Moça linda, mas tão prosa,
No rosal, és a primeira...
Cravo cheirando a vigor
beija a rosa linda e rosa
viceja as suas cores
mas de amor a rosa morre!
Cravo macho perfumado
meu morango do agreste
Por tanto te ter amado
Vou contigo pro nordeste!
VI
Sou mineiro, de verdade;
Demorei a ver o mar,
Quando vi, me deu saudade,
De quem aprendi a amar...
Sou gaúcha verdadeira
nasci olhando o mar
cá destas serras fagueiras...
de beleza sem igual!
Sulmatogrossense eu sou
nasci bem longe do mar
na planície que moldou
este vasto meu amar!
VII
Lancei toda minha sorte,
Nas ondas do rio mar,
Mariazinha, por sorte,
Tá aprendendo a nadar...
Lancei as cartas na mesa
pra ver a vida girar.
Girou com tal rapidez
que não consegui jogar!
Sete ondas eu pulei
Para ver se dava sorte
E quase eu encontrei
No azul a minha morte!
VIII
Alameda d'esperança,
Criança corre, a brincar,
Vivendo em minha lembrança,
Vai brincando, sem parar...
Cheiro do pão e cafe
emanam das emoções
das sangas molhando os pés,
daquelas saias crianças!
Tamarindo tão formoso
emoções da minha infância
guardo seu gosto cheiroso
nos armários da lembrança!
IX
Bebo a vida sem ter medo,
Posso `té me embriagar,
Quem quiser saber segredo,
Procure conchas no mar...
Dei a volta no meu rancho
campeando a esperança...
penduraram-na num gancho
que ficou cá na lembrança!
Devorando a Vida eu vou
antes me dovore ela;
Sou melhor do que eu sou
se pintada em aquarela!
X
Poetando poesia,
Vivo sempre a poetar,
Quem poeta todo dia,
Conhece manhas de amar...
Penso que faço poema,
mas acho que é engano
o poema é semente,
a poesia é seu chão!
Já não sei mais escrever
escrever eu nunca soube;
A poesia, pode crer
Em meu peito nunca coube!
XI
Vindo de triste partida,
Não pude recomeçar.
Minha sina, nessa vida,
É viver sem te amar.
Por aqui fiz a morada
não me interessa partir,
tão pouco quero voltar,
quero seguir e vou indo...
O que mais amo no mundo
é do amor a sensaçao:
Em bem menos de um segundo
eu encontro outra paixão!
XII
Trevo entre a vida e a morte,
Na curva desta promessa,
Onde a vida teve a sorte,
Onde minha sorte começa.
Entre a vida e morte,
qual a sorte da primeira,
se a outra deita e rola
durante a vida inteira?
Morte e Vida Severina
o poeta não sabia,
Vida é sorte que termina
ou se a morte ali cabia!
XIII
Foste forte fui tão fraco,
Fracassei sem ter perdão,
Pus, na corrente, meu barco,
Embarquei meu coração!
Entre o forte e o fraco
alojei o equilíbrio
quando abri meus curtos braços
só abracei o vazio!
Forte como o vento eu sou
Em noites de vendaval
Varro tudo que encalhou...
tudo o que me fez mal!
Marcos Loures
OlgaMatos
Fátima Cunha
Bebi água na torneira,
No riacho me afoguei,
Se já fiz tanta besteira,
É que, menino, fui rei...
Bebi a fresca da fonte
no remanso m'afoguei
para encontrar o amor...
mas como se não conheço?
Bebi tanta água salgada
das lágrimas que chorei
toda a imensidão é nada
deste mar em que afoguei!
II
Sei do seio da saudade,
Da saudade, tão profunda,
A lua, por caridade,
De claridade, me inunda...
Na saudade fiz meu ninho
nas suas penas deitei
afundei em seus espinhos
da lua me distanciei.
A saudade é uma noite
Com luar, clarão e dor
Mas é dona do açoite...
Açoite chamado amor.
III
Beija flor, beijando a boca,
Essa boca que beijei,
Beija flor deixando louca
Tanta boca que amei
Beija-flor não me beijou
na boca que ofertei
acabei ficando louca
por bocas que não beijei!
Beija-flor é traiçoreiro
Trai cantando na alvorada
E prendeu no cativeiro
A boca tão mais beijada!
IV
Beijando a boca da noite,
Cavalgando no cometa,
Constelações como açoite,
Montado nessa lambreta...
Beijou-me a boca da noite,
taciturna e sombria
bafejou-me mil açoites
no dorso de longos dias!
Da noite, fugi da boca
O seu beijo eu não quis
Ainda não estou louca...
O que eu quero é ser feliz!
V
Rosalinda, minha rosa.
Linda rosa, na roseira.
Moça linda, mas tão prosa,
No rosal, és a primeira...
Cravo cheirando a vigor
beija a rosa linda e rosa
viceja as suas cores
mas de amor a rosa morre!
Cravo macho perfumado
meu morango do agreste
Por tanto te ter amado
Vou contigo pro nordeste!
VI
Sou mineiro, de verdade;
Demorei a ver o mar,
Quando vi, me deu saudade,
De quem aprendi a amar...
Sou gaúcha verdadeira
nasci olhando o mar
cá destas serras fagueiras...
de beleza sem igual!
Sulmatogrossense eu sou
nasci bem longe do mar
na planície que moldou
este vasto meu amar!
VII
Lancei toda minha sorte,
Nas ondas do rio mar,
Mariazinha, por sorte,
Tá aprendendo a nadar...
Lancei as cartas na mesa
pra ver a vida girar.
Girou com tal rapidez
que não consegui jogar!
Sete ondas eu pulei
Para ver se dava sorte
E quase eu encontrei
No azul a minha morte!
VIII
Alameda d'esperança,
Criança corre, a brincar,
Vivendo em minha lembrança,
Vai brincando, sem parar...
Cheiro do pão e cafe
emanam das emoções
das sangas molhando os pés,
daquelas saias crianças!
Tamarindo tão formoso
emoções da minha infância
guardo seu gosto cheiroso
nos armários da lembrança!
IX
Bebo a vida sem ter medo,
Posso `té me embriagar,
Quem quiser saber segredo,
Procure conchas no mar...
Dei a volta no meu rancho
campeando a esperança...
penduraram-na num gancho
que ficou cá na lembrança!
Devorando a Vida eu vou
antes me dovore ela;
Sou melhor do que eu sou
se pintada em aquarela!
X
Poetando poesia,
Vivo sempre a poetar,
Quem poeta todo dia,
Conhece manhas de amar...
Penso que faço poema,
mas acho que é engano
o poema é semente,
a poesia é seu chão!
Já não sei mais escrever
escrever eu nunca soube;
A poesia, pode crer
Em meu peito nunca coube!
XI
Vindo de triste partida,
Não pude recomeçar.
Minha sina, nessa vida,
É viver sem te amar.
Por aqui fiz a morada
não me interessa partir,
tão pouco quero voltar,
quero seguir e vou indo...
O que mais amo no mundo
é do amor a sensaçao:
Em bem menos de um segundo
eu encontro outra paixão!
XII
Trevo entre a vida e a morte,
Na curva desta promessa,
Onde a vida teve a sorte,
Onde minha sorte começa.
Entre a vida e morte,
qual a sorte da primeira,
se a outra deita e rola
durante a vida inteira?
Morte e Vida Severina
o poeta não sabia,
Vida é sorte que termina
ou se a morte ali cabia!
XIII
Foste forte fui tão fraco,
Fracassei sem ter perdão,
Pus, na corrente, meu barco,
Embarquei meu coração!
Entre o forte e o fraco
alojei o equilíbrio
quando abri meus curtos braços
só abracei o vazio!
Forte como o vento eu sou
Em noites de vendaval
Varro tudo que encalhou...
tudo o que me fez mal!
Marcos Loures
OlgaMatos
Fátima Cunha
<< Home