sábado, janeiro 30, 2010

23823

Expondo esta ossatura imagem de um demônio
Estende-se no leito, envolto em ar sombrio,
A morte se aproxima, e enquanto a desafio
O riso em ironia; último patrimônio.

A pele se esgarçando, a vida de um campônio
Entregue à sua lavra, em larvas já desfio
O quanto desejara e o tempo tão vazio
Atônito e voraz aonde eu quis idôneo

Mas quando a vida traz ainda algum suspiro,
Minha alma em forma bruta expõe a sua face
Procura a salvação enquanto a vista embace

Um náufrago somente, e enquanto inda respiro
Bebendo do sarcasmo, exponho-me deveras
Que tanto se fez lobo agora entregue às feras...