segunda-feira, fevereiro 01, 2010

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Crisântemos

Sombrios mensageiros das violetas,
De longas e revoltas cabeleiras;
Brancos, sois o casto olhar das virgens
Pálidas que ao luar, sonham nas eiras.

Vermelhos, gargalhadas triunfantes,
Lábios quentes de sonhos e desejos,
Carícias sensuais d´amor e gozo;
Crisântemos de sangue, vós sois beijos!

Os amarelos riem amarguras,
Os roxos dizem prantos e torturas,
Há-os também cor de fogo, sensuais...

Eu amo os crisântemos misteriosos
Por serem lindos, tristes e mimosos,
Por ser a flor de que tu gostas mais!


FLORBELA ESPANCA


Nefasta humanidade expondo-se deveras
Qual fora a flor pisada, amarrotada sorte,
Aonde poderia, apenas vejo a morte,
E o eterno renascer das pútridas panteras.

Carcaça do que fui, aquém do que inda esperas,
Mistérios mais sutis, a podridão do aporte
Por mais que isto te estranhe é gozo que conforte,
Ascendo ao nada ser, e volto às tais quimeras.

Efêmero e funéreo açoda-me o desejo
De ser eterno enquanto a morte que prevejo
Moldada num escárnio esgota-se em jardins.

Crisântemos já murchos; encontro lírios, cravos,
Meus dias do temor, ainda são escravos,
Dos vermes que virão, vidas feitas dos fins...