terça-feira, maio 30, 2006

DO NASCIMENTO DE UM POLÍTICO

Lembo chama ACM de 'senhor de engenho'
Lideranças do PSDB e do PFL ruminam em segredo a suspeita de que o governador de São Paulo, Cláudio Lembo, perdeu o controle sobre a própria língua. Em sabatina promovida pela Folha, nesta terça-feira, a língua de Lembo voltou a dar demonstrações de rara independência. Ela atacou pefelistas e tucanos e, em dado instante, insurgiu-se contra integrantes da platéia, reunida no Teatro Folha, no Shopping Higienópolis.

Lembo, 71 anos, esforçou-se para demonstrar que, em verdade, a língua segue o seu comando: “Os políticos costumam ser muito pouco claros no seu pensamento. Como eu estou velho, eu falo tudo que penso. Eu estou absolutamente lúcido e acho que a única coisa que posso fazer, politicamente, é ser lúcido e claro". A língua, porém, prevaleceu sobre o político durante toda a sabatina.
Referindo-se uma vez mais à falta de solidariedade do tucanato no auge da crise de segurança que teve de arrostar, a língua de Lembo voltou a ironizar o distanciamento estratégico de Geraldo Alckmin, Fernando Henrique Cardoso e José Serra: “Eu diria que, como toda ave, às vezes o tucano voa fora de hora". A despeito das críticas, a língua disse que votará em Alckmin para presidente e em Serra para governador de São Paulo.

Abespinhada com o fato de Antônio Carlos Magalhães, morubixaba da pefelândia baiana, ter dito que Lembo tem “cara de burro”, a língua tomou as dores de seu dono. Disse que ACM é um dos legítimos representantes do extrato que qualificou de “minoria branca”. Comparou-o a um “um senhor de engenho”. "O nosso senador é um homem de agressividade contínua. Felizmente, não tenho nada com ele".

Inquirida acerca da imagem de “esquerda” que seu linguajar vem imprimindo na testa de Lembo, a língua do governador disse ter enorme simpatia pela senadora Heloisa Helena, presidenciável do PSOL. Mas insinuou que o hábito da senadora de vestir-se ao estilo bicho-grilo a impede de aderir à causa: "Até por indumentária, seria injusto se eu fosse para o PSOL", disse a língua.A língua de Lembo exaltou-se com integrantes da platéia quando questionada sobre a suspeita de que a polícia paulista tenha executado supostos integrantes do PCC. "Não houve execuções. A polícia é equilibrada e racional", disse ela, arrancando risos da audiência. Dirigindo-se a um expectador, a língua desferiu, ferina: "E você, que está rindo, não tem coragem de ser polícia. No dia do pânico você estava dentro de sua casa".




Realmente, estamos vendo o nascimento de um belo político.
Cláudio Lembo, no ocaso de sua vida, aparece com a dignidade e honra de um jovem guerreiro, para surpresa de todos.
Esse homem que, durante toda a vida política parecia totalmente apagado, sendo comparável a um vagão arrastado pelas locomotivas de seu partido político ligado, muitas vezes, ao que mais podre há nesse país, as oligarquias nordestinas e ao coronelismo sanguinário e cruel.
Aparece-nos como um homem digno, com um discurso à altura de grandes libertários como Teotônio Vilela, entre outros.
Surpreendente a cada intervenção que faz, o Governador Cláudio se demonstra muito melhor em todos os níveis do que seu antecessor; covarde e sem ação, um joguete nas mãos dessas oligarquias que Lembo denuncia e ataca.
A maturidade de um homem pode dar-lhe a liberdade que traz a dignidade. É muito bom amadurecer e envelhecer.
A coragem que faltara ao jovem e ao adulto, se demonstra no velho, no idoso.
O fato de termos essas características aflorando nesse homem de 71 anos, nos dá esperanças com relação ao ser humano; nunca é tarde para se restituir ou adquirir a sensatez e a dignificante liberdade ou a libertária dignidade.
Nós outros, que lutamos por um mundo com maior cidadania e igualdade , com respeito pelas diferenças e amor ao próximo, te recebemos com os braços abertos.
Com os mesmos braços que receberam, noutra época, o Senador Teotônio, a luta pela verdadeira democracia nesse país, cada vez mais se sente orgulhosa de te ter como aliado.
Não permita mais que esses senhores de engenho e esses crápulas dessa bem detectada minoria branca que agora se sentindo ofendida; pois a carapuça que lhes cabe é pesada e vergonhosa, te desviem do caminho, companheiro.
Seu discurso não é de direita e nem de esquerda, é o pela justiça e pela dignificação do ser humano.
Governador Cláudio Lembo, a velhice te deu a lucidez e a franqueza, não as perca.
Mantenha-as com todo o afinco que puder, não cedas às pressões desses crápulas que sempre te usaram, perdoe minha franqueza.