ESQUIZOFRENIA
O medo a acompanhava desde menina, medo cruel e tenaz, medo de tudo e de todos.
A voz não a largava nunca, voz intensa e repetitiva, uma voz que, desde seus tempos de adolescente nunca se calava.
A mãe já tinha levado-a a todas as benzedeiras, pais de santo, pastores, enfim a todos os que eram indicados pelos vizinhos e amigos.
Nada adiantava nada; o doutor tinha passado uns remédios, mas também sem efeito.
O efeito máximo que consguia com os medicamentos, era dormir, mas os sonhos repetiam todos os fantasmas do dia.
Nada mais podia fazer. O simples fato de andar já a estava deixando em pânico.
Um caso de possessão demoníaca, por certo, dizia a tia religiosa, o caso mais claro que tinha visto na vida.
As excomunhões se repetiram, a voz parara, mas, agora, não era somente uma, era uma legião de demônios que tomavam conta da pobre endemoniada.
A tia, vendo que as coisas estavam mudando, apavorada com a legião de demônios que, a partir daquele momento, tomaram conta da pobre sobrinha, resolveu consultar um conhecido, autoridade máxima em assuntos de possessão, respeitado até por outras designações religiosas.
A vinda dessa autoridade mexeu com todos na pequena cidade, a ponto de virem pessoas até das cidades vizinhas para presenciar o milagre do pastor.
Esse, ao perceber que o caso era muito complicado até para ele, principalmente pelo fato de que, a menina, ao falar grunhia e gemia incorporando outras vozes e idiomas diversos, incompreensíveis mesmo, além de resistir a qualquer intervenção dele. Então, diante da sensação de impotência, resolveu consultar outra autoridade no assunto.
Essa "autoridade" era um verdadeiro estelionatário, vivia da fama adquirida por “espetáculos” pré montados com "artistas” regiamente pagos para suportarem os tapas e tabefes soltos à revelia.
Vivia da fama adquirida por esses “milagres” e mantida pela divulgação bem feita, principalmente nas cidades menores.
O pastor, de boa fé, obviamente, contactou esse trambiqueiro que, a peso de ouro, se dispôs a ir para “curar” a pobre adolescente.
Ao vê-la, uma coisa o assustou, os trejeitos da menina eram os mesmos de Amélia, o amor de sua adolescência, e a sua primeira vítima.
Do amor impossível ao estupro e desse ao assassinato foi um pulo.
Amor frustrado, o corpo jogado no rio, encontrado poucos dias depois, ninguém suspeitou nem suspeitaria dele, menino tímido e quieto, incapaz de “fazer mal a uma mosca”.
Entretanto, o tempo passara e Melinha tinha sido esquecida e ocultada num canto qualquer de um passado longínquo.
Mas o andar manso da menina e, principalmente o nome dessa o fez ressuscitar essa lembrança;
Amélia esquecia de dizer seu nome, mas agora que tenho a imagem de tudo que aconteceu viva na memória, não posso mais ocultá-lo.
A pobre menina estava exausta, vítima tanto dos demônios quanto dos exorcistas.
Nenhuma lucidez restava mais naquela mente conturbada, doente, sem compreensão e ajuda a não ser o misto de agressões verbais e físicas.
Porém, os olhos parados e resignados, ao verem o milagreiro se transtornaram e um gemido formidável ecoou pelo vilarejo.
Com fúria, passou a xingar e ofender o exorcista, aos gritos de: Assassino! Assassino!!!
Este ficou assustado com tal manifestação associada com a lembrança do passado, recém acordada por uma associação estranha entre aquela Amelinha e a sua, o deixou em alerta.
O que queria dizer isso?
Quando a menina, não sei se por acaso ou se por uma força estranha, entre dentes disse-lhe “Amélia, Amélia”, esse se postou de joelhos e numa atitude surpreendente, beijou-lhe os pés e pediu perdão.
Todos ficaram assustados com a cena, o exorcista havia se rendido ao demônio?
Beijara-lhe os pés e pedia-lhe perdão, o que queria dizer isso tudo!?
Num átimo, para desespero de todos, a menina pulou sobre ele e agarrou-o pelo pescoço.
Não iria mais tirar suas mãos, até que, numa atitude insólita, sua mãe, a mesma mãe que amava-a tanto, pegando no machado que pendia na cozinha, desferiu golpes a esmo.
De imediato, os dois corpos quedaram-se sobre o chão ensangüentado.
Juram que viram os dois abraçados, com as bocas, coincidentemente postadas uma na outra, num enigmático beijo.
A voz não a largava nunca, voz intensa e repetitiva, uma voz que, desde seus tempos de adolescente nunca se calava.
A mãe já tinha levado-a a todas as benzedeiras, pais de santo, pastores, enfim a todos os que eram indicados pelos vizinhos e amigos.
Nada adiantava nada; o doutor tinha passado uns remédios, mas também sem efeito.
O efeito máximo que consguia com os medicamentos, era dormir, mas os sonhos repetiam todos os fantasmas do dia.
Nada mais podia fazer. O simples fato de andar já a estava deixando em pânico.
Um caso de possessão demoníaca, por certo, dizia a tia religiosa, o caso mais claro que tinha visto na vida.
As excomunhões se repetiram, a voz parara, mas, agora, não era somente uma, era uma legião de demônios que tomavam conta da pobre endemoniada.
A tia, vendo que as coisas estavam mudando, apavorada com a legião de demônios que, a partir daquele momento, tomaram conta da pobre sobrinha, resolveu consultar um conhecido, autoridade máxima em assuntos de possessão, respeitado até por outras designações religiosas.
A vinda dessa autoridade mexeu com todos na pequena cidade, a ponto de virem pessoas até das cidades vizinhas para presenciar o milagre do pastor.
Esse, ao perceber que o caso era muito complicado até para ele, principalmente pelo fato de que, a menina, ao falar grunhia e gemia incorporando outras vozes e idiomas diversos, incompreensíveis mesmo, além de resistir a qualquer intervenção dele. Então, diante da sensação de impotência, resolveu consultar outra autoridade no assunto.
Essa "autoridade" era um verdadeiro estelionatário, vivia da fama adquirida por “espetáculos” pré montados com "artistas” regiamente pagos para suportarem os tapas e tabefes soltos à revelia.
Vivia da fama adquirida por esses “milagres” e mantida pela divulgação bem feita, principalmente nas cidades menores.
O pastor, de boa fé, obviamente, contactou esse trambiqueiro que, a peso de ouro, se dispôs a ir para “curar” a pobre adolescente.
Ao vê-la, uma coisa o assustou, os trejeitos da menina eram os mesmos de Amélia, o amor de sua adolescência, e a sua primeira vítima.
Do amor impossível ao estupro e desse ao assassinato foi um pulo.
Amor frustrado, o corpo jogado no rio, encontrado poucos dias depois, ninguém suspeitou nem suspeitaria dele, menino tímido e quieto, incapaz de “fazer mal a uma mosca”.
Entretanto, o tempo passara e Melinha tinha sido esquecida e ocultada num canto qualquer de um passado longínquo.
Mas o andar manso da menina e, principalmente o nome dessa o fez ressuscitar essa lembrança;
Amélia esquecia de dizer seu nome, mas agora que tenho a imagem de tudo que aconteceu viva na memória, não posso mais ocultá-lo.
A pobre menina estava exausta, vítima tanto dos demônios quanto dos exorcistas.
Nenhuma lucidez restava mais naquela mente conturbada, doente, sem compreensão e ajuda a não ser o misto de agressões verbais e físicas.
Porém, os olhos parados e resignados, ao verem o milagreiro se transtornaram e um gemido formidável ecoou pelo vilarejo.
Com fúria, passou a xingar e ofender o exorcista, aos gritos de: Assassino! Assassino!!!
Este ficou assustado com tal manifestação associada com a lembrança do passado, recém acordada por uma associação estranha entre aquela Amelinha e a sua, o deixou em alerta.
O que queria dizer isso?
Quando a menina, não sei se por acaso ou se por uma força estranha, entre dentes disse-lhe “Amélia, Amélia”, esse se postou de joelhos e numa atitude surpreendente, beijou-lhe os pés e pediu perdão.
Todos ficaram assustados com a cena, o exorcista havia se rendido ao demônio?
Beijara-lhe os pés e pedia-lhe perdão, o que queria dizer isso tudo!?
Num átimo, para desespero de todos, a menina pulou sobre ele e agarrou-o pelo pescoço.
Não iria mais tirar suas mãos, até que, numa atitude insólita, sua mãe, a mesma mãe que amava-a tanto, pegando no machado que pendia na cozinha, desferiu golpes a esmo.
De imediato, os dois corpos quedaram-se sobre o chão ensangüentado.
Juram que viram os dois abraçados, com as bocas, coincidentemente postadas uma na outra, num enigmático beijo.
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