sábado, maio 27, 2006

DE FAMÍLIA E DE FAMÍLIAS

Naquela mesma cidade pequena de Minas, onde o Prefeito Francisco tinha tido uma votação expressiva, mesmo das beatas e dos senhores conservadores do local, como eu já citei, havia um prostíbulo famoso, com meninas muito bonitas e de variadas “espécies”.
Clarice era mestra no metièr e sabia que, a melhor forma de manter a freguesia era a variedade.
A cada mês “trocava” as meninas com outras profissionais da difícil arte de amar, por meio de umas relações comerciais que tinha com várias casas em Juiz de Fora e Rio de Janeiro.
Uma nova “estréia” era patrocinada por um dos coronéis da cidade, ou das cidades vizinhas; regada à música, dança e muita alegria.
Pois bem, Francisco, como já havíamos dito, era um dos maiores freqüentadores de tal casa de diversão sabendo, inclusive, quando haveria ou se haveria uma nova “inauguração”.
Quando viajava, principalmente em caráter oficial, pois sabia que as despesas iriam ser bancadas pela municipalidade, Francisco costumava levar consigo uma ou duas das “meninas”, para se divertir e causar inveja aos outros prefeitos das cidades próximas.
Tal variedade de “acompanhantes” dava a Francisco certo ar de virilidade do qual ele tinha muito orgulho.
Mas a verdade é que, nosso amigo e sua amada esposa tinham um casamento feliz.
Pode parecer paradoxal, mas, para a pequena burguesia local, o fato de terem um casal de filhos, irem com freqüência à missa, estarem juntos nas festas da padroeira, no carnaval e em todos os casamentos e aniversários da “high society” do local, os tornava um casal “exemplo”.
E esse aspecto “família” era de fundamental importância para Francisco.
Pois bem, como os mais antigos se recordam na década de 70 a Coca Cola litro ainda era uma raridade.
Mas, tínhamos uma de 750 ml, se não me engano que era chamada de “Coca Família” lembram-se?
Mas, voltando à vaca fria, numa dessas viagens, Francisco levou consigo duas “menininhas” das mais bonitas que tinha aparecido no lugar.
A viagem era longa, se não me engano para Belo Horizonte e, como tinham saído de manhã, Francisco estava com fome e, parando em um restaurante à beira da estrada, foram almoçar.
Francisco fez seu pedido e as meninas também.
Nesse interem, Francisco e o motorista confabulavam sobre outro assunto quando o garçom perguntou o que as meninas iriam beber.
-Coca Cola, responderam.
O garçom solícito pergunta então: FAMÍLIA?
No que nosso herói de súbito, pegando o bonde andando responde revoltado:
-FAMÍLIA O QUE?! ESSAS SÃO LÁ DO PROSTÍBULO DA CLARICE SIM SENHOR! E COM MUITA HONRA!!!!