domingo, julho 16, 2006

Tucanolândia - capítulo 11 - eu assinei isso?


No reino da Tucanolândia, em 1998, a Presidência do Tribunal Regional do Trabalho do Estado de São Justo, achando que o prédio em que estava lotado era pequeno, resolveu construir um novo, grande e moderno.
Como se sabe, a justiça trabalhista sempre foi um dos maiores orgulhos do reino, com uma justiça ágil e competente.
O trabalho escravo, de há muito tinha sido erradicado do reinado, sendo extremamente raro um caso em que o trabalhador não tivesse as garantias trabalhistas.
O presidente do Tribunal, tinha tido a brilhante idéia de fazer essa mudança e, ao contrário do seu homônimo mais conhecido por Papai Noel, resolveu “cobrar” pelos direitos autorais, afinal ninguém é de ferro e uma obra de tamanha importância e relevo não era, assim corriqueira.
Pois bem, os royalties ficaram somente em cento e sessenta e nove milhões de reais, coisa bem pouca para um reino tão rico quanto o de Tucanolândia.
Claro que uma ação assim não seria isolada, teria que ter tido o apoio de outros cidadãos influentes no reinado.
Um deles, senador eleito pela capital do reinado, Tucanolandópolis, teve seu nome firmemente associado ao delito.
No escândalo que se deu, não houve jeito, cassaram o senador e prenderam o juiz.
Coisa rara àquela época, tivemos a punição dos dois.
O problema é que, a obra tinha sido analisada e condenada pelo Tribunal de Contas do Reinado.
E, para que fosse aprovada, tinha que passar pelo clivo do Rei Fernando Henrique Caudaloso Primeiro. Esse, como um dos maiores intelectuais do reino, surpreendentemente afirmou, num ato de auto crítica, que NÃO TINHA LIDO O QUE TINHA ASSINADO!
Depois, um dos analistas mais conhecidos do reino, justificando o fato, afirmou que era compreensível que um homem como aquele, doutor honoris causa de várias Universidades Européias e Nacionais, como a Faculdade de Ciências Ocultas e Letras Apagadas de Piriri do Norte, uma província famosa de Tucanolândia, estava genialmente distraído...
Uma outra coisa interessante ocorreu no julgamento do Senador de Tucanópolis: havia um painel, aparentemente inviolável, de votação; mas, dois senadores curiosos e amigos da turma que programara, eletronicamente, o painel de votação, tiveram acesso à lista de votação, afirmando que sabiam quem votou contra ou a favor da cassação do Senador.
O interessante é que um deles, um baiano famoso, Toninho Bondadeza, disse que uma das maiores adversárias do Governo, uma senadora famosa da oposição, tinha votado CONTRA a cassação do senador.
Depois disso, ambos renunciaram para não serem cassados, coisa em que foram imitados anos depois por outros políticos.
Ah, em tempo, um dos maiores críticos da atitude desses parlamentares foi Patrick “Olha a faca”, neto de Toninho Bondadeza...