segunda-feira, fevereiro 01, 2010

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MONJA

Ó Lua, Lua triste, amargurada,
Fantasma de brancuras vaporosas,
A tua nívea luz ciliciada
Faz murchecer e congelar as rosas.

Nas flóridas searas ondulosas,
Cuja folhagem brilha fosforeada,
Passam sombras angélicas, nivosas,
Lua, Monja da cela constelada.

Filtros dormentes dão aos lagos quietos,
Ao mar, ao campo, os sonhos mais secretos,
Que vão pelo ar, noctâmbulos, pairando...

Então, ó Monja branca dos espaços,
Parece que abres para mim os braços,
Fria, de joelhos, trêmula, rezando...

Cruz e Souza

Amor que tanto amor nos traz e neste encanto,
Mudando num momento, o rumo ao qual o Fado
Entrega-se por certo, um tempo mais amado,
Vivendo tão somente em busca deste canto.

Tendo-vos como a dona à qual eu me agiganto
Já não comportaria amargura, dor e enfado
Aonde o Amor se entrega e deixa no passado
O amargo sofrimento, a dor, o medo e o pranto.

Eu ser-vos-ei então Senhora em magistrais
Momentos qual um servo a quem vós desejais
Seguindo vosso passo; os rastros sendo guias

Lavrando em solo bom; certeza de colheita,
Minha alma enamorada, então em vós deleita
Servindo ao servidor, Amor diz poesias...