A sombra eterna do passado
Não deveria nunca ter te reencontrado, esse foi meu maior engodo. A menina desengonçada, correndo com as pernas tortas pela casa a fora, não existe mais.
Lembro-me quando olhavas para mim, menina precoce nos onze anos incompletos. Lá se vão outros tantos, e te reencontro.
A magrelinha sardenta me fazia dar gargalhadas quando falava de amor.
Amor, palavra difícil e dolorida, e eu sofrera tanto, que nem poderia mais querer ouvir falar nisso; quanto mais na voz de uma criança.
Não fui feliz, nem era feliz naquela época. Os trinta anos se aproximando, um casamento infeliz, e as marcas doloridas da saudade dos meus filhos, filhos que se foram com Tereza.
Tereza, amor de tantos e longos sonhos e angústias. O final do casamento foi muito marcante.
Tereza e Rubens, eu e a saudade. Meus filhos agora eram filhos de Rubens. Mês a mês, ano pós ano, e o gosto cruel da solidão.
Teu pai tinha sido meu amigo de infância e, não sei bem porque vieste com esta fantasia.
O que pode entender de amor essa pirralha, descalça, impúbere, menina...
Subindo nas árvores, brincando com suas colegas, no pique esconde da vida, escondeste e não mais te vi.
Mas, ao reencontrar-te agora, juro que senti saudades, não de tua presença, mas de tua voz, falando timidamente de amor.
“Eu te amo”, soava tão ridículo na boca da menina, quanto soa no meu pensamento.
Mas, sinceramente, te amo.
Descobri, ao te rever, que te amo, e desejo essa mulher maravilhosa em que te transformaste.
Longe de mim acreditar que te terei, és outra, outra mulher.
Sei que te endeusam, e com justiça. Mas, o fato de saber que participei da manhã dos teus sentimentos, me dá o conforto para que eu possa entardecer minha vida mais em paz.
Quem dera se pudesse recuperar o tempo e acompanhar-te, congelando teus pensamentos e sentimentos e poder ser teu, como nunca poderia imaginar, tempos atrás.
Mas, seria um delírio, um tormento e uma angústia.
E hoje, te amando no que és com a esperança do que sentiste quando não eras ainda.
Desejo e sonho, sofrimentos...
Ao ver meu filho, há uns dias, entendi que o tempo passou...
E, ao perceber teus olhos e os dele se encontrando no vazio, fiquei com ciúmes. Morrendo de ciúmes, não de meu filho, mas de mim mesmo.
Bem sei que hoje, os cabelos embranquecidos e as pernas cansadas não poderiam mais te acompanhar.
E o meu tempo passou nada restando senão a voz distante da criança que me jurava amor...
E meu riso, atravessado, hoje, por uma lágrima presa na garganta.
Peço-te, não venhas mais aqui, te imploro. Não quer mais te ver, nunca mais...
A minha vida se perdeu num dia, lá no longínquo passado, na voz e nas palavras de uma menina que nunca mais será minha e que hoje, com certeza, nem se lembra de que um dia, mesmo sem ter nunca sido, quis ser minha...
Lembro-me quando olhavas para mim, menina precoce nos onze anos incompletos. Lá se vão outros tantos, e te reencontro.
A magrelinha sardenta me fazia dar gargalhadas quando falava de amor.
Amor, palavra difícil e dolorida, e eu sofrera tanto, que nem poderia mais querer ouvir falar nisso; quanto mais na voz de uma criança.
Não fui feliz, nem era feliz naquela época. Os trinta anos se aproximando, um casamento infeliz, e as marcas doloridas da saudade dos meus filhos, filhos que se foram com Tereza.
Tereza, amor de tantos e longos sonhos e angústias. O final do casamento foi muito marcante.
Tereza e Rubens, eu e a saudade. Meus filhos agora eram filhos de Rubens. Mês a mês, ano pós ano, e o gosto cruel da solidão.
Teu pai tinha sido meu amigo de infância e, não sei bem porque vieste com esta fantasia.
O que pode entender de amor essa pirralha, descalça, impúbere, menina...
Subindo nas árvores, brincando com suas colegas, no pique esconde da vida, escondeste e não mais te vi.
Mas, ao reencontrar-te agora, juro que senti saudades, não de tua presença, mas de tua voz, falando timidamente de amor.
“Eu te amo”, soava tão ridículo na boca da menina, quanto soa no meu pensamento.
Mas, sinceramente, te amo.
Descobri, ao te rever, que te amo, e desejo essa mulher maravilhosa em que te transformaste.
Longe de mim acreditar que te terei, és outra, outra mulher.
Sei que te endeusam, e com justiça. Mas, o fato de saber que participei da manhã dos teus sentimentos, me dá o conforto para que eu possa entardecer minha vida mais em paz.
Quem dera se pudesse recuperar o tempo e acompanhar-te, congelando teus pensamentos e sentimentos e poder ser teu, como nunca poderia imaginar, tempos atrás.
Mas, seria um delírio, um tormento e uma angústia.
E hoje, te amando no que és com a esperança do que sentiste quando não eras ainda.
Desejo e sonho, sofrimentos...
Ao ver meu filho, há uns dias, entendi que o tempo passou...
E, ao perceber teus olhos e os dele se encontrando no vazio, fiquei com ciúmes. Morrendo de ciúmes, não de meu filho, mas de mim mesmo.
Bem sei que hoje, os cabelos embranquecidos e as pernas cansadas não poderiam mais te acompanhar.
E o meu tempo passou nada restando senão a voz distante da criança que me jurava amor...
E meu riso, atravessado, hoje, por uma lágrima presa na garganta.
Peço-te, não venhas mais aqui, te imploro. Não quer mais te ver, nunca mais...
A minha vida se perdeu num dia, lá no longínquo passado, na voz e nas palavras de uma menina que nunca mais será minha e que hoje, com certeza, nem se lembra de que um dia, mesmo sem ter nunca sido, quis ser minha...
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