sexta-feira, dezembro 21, 2007

SONETOS 051 E 052

Que acenda, na fagulha, imensa chama

Que faça nosso amor mais envolvente,

Aos poucos, devagar, tudo se inflama,

A noite se devora mais ardente...

Na proporção exata de quem ama,

O templo da paixão, se mostra quente,

Maravilhoso altar em nossa cama,

Paraíso em pecado, de repente...

Amar não é nenhum erro ou defeito,

É simplesmente a cura da tristeza,

Lutemos sempre, amor, pelo direito

Deixarmos nos levar na correnteza

Que faz do nosso amor, a cachoeira

Num véu de tal beleza verdadeira...

X

Deixei minha alma presa em tuas mãos,

Morena tão formosa, flor tão bela,

Meus dias sem teus dias passam vãos,

A vida em teu sorriso se revela..

A mulher que me encanta está distante,

Mas mesmo assim não canso de querer,

Te peço o teu amor a cada instante,

Sem ele como poderei viver?

O vento num lamento já me disse

Que é triste tanto amor não andar perto

É como se uma estrela assim se visse

Em meio à noite clara de um deserto...

Se um bem te vi pousar nos teus umbrais,

Sou eu que estou mandando meus sinais...

X

Que o amor nos traga em flor, a primavera

Nos enfeitando sempre em mil carinhos,

De tudo que bem sei, amor espera,

As flores também querem passarinhos,

Nos beijos nesta flor, um colibri

Se mostra em primavera, mil fulgores,

Assim como te vejo bem aqui,

À espera desses beijos, como as flores,

Como prova de amor me dou inteiro,

Nos versos, nas cantigas, nas canções,

Fazendo o coração como um canteiro,

Aberto às mais divinas emoções...

Espero que possamos cultivar

Com toda uma alegria, o nosso amar...

X

Mesmo distante, quero o teu amor

Em forma de ilusão ou de verdade,

Sabendo do teu jeito encantador

Que traz tanto prazer, felicidade,

Eu quero teu amor de forma amiga

Com gestos delicados de fineza,

Embora, eu sei, saudade sempre abriga

Algumas cicatrizes da tristeza...

Não me abandones, venha para mim,

Na noite benfazeja e desejada,

Te quero em nosso mais belo festim,

A boca me mordendo, apaixonada...

Mais tarde, quando a morte enfim chegar

Eu posso assim, dizer: foi bom te amar!

X

Espero a primavera em tuas mãos,

Trazida como um bem recém nascido,

Depois de tanto tempo em sonhos vãos,

Eu vejo o meu destino ser cumprido...

Na doce maciez de tua pele

Em todo este carinho destas flores,

Aos braços deste amor, amor compele

Te sigo, minha amada aonde fores...

Uma esperança nasce novamente

Em notas de ternura e de amizade,

Preciso deste encanto, é tão urgente,

Só nele posso ter felicidade...

Trazendo a primavera em mil carinhos,

Te peço, só não traga mais espinhos...

X

Fugindo deste caos no coração
Depois de me perder em desamor,
Criando, novamente uma ilusão
Que refaça meu canto sonhador,

Na mata tão cerrada da saudade,
Imiscui-me inteiro sem saber,
Que a fonte do desejo e da vontade
Se encontra neste bosque do querer...

E dentro dele mora um anjo amigo
Que veio ao meu encontro e me salvou,
Amada, nos teus braços meu abrigo,
Minha alma, teu querer azulejou...

E agora que tenho, minha amada,
A estrada em minha vida, ladrilhada...

X

Canto tanta saudade da morena

Que foi a minha flor tão delicada,

Trazendo esta beleza da açucena

A mais cheirosa e sempre desejada...

Morena que se foi e quer voltar

Na tarde desta vida que se acaba

Promessa da grandeza do luar,

Que à noite em minha cama se desaba.

Morena como é bom saber que tenho

O gosto desta boca é chocolate,

Do tempo mais tristonho donde venho

Nem mesmo uma tristeza mais se abate.

Seu nome eu conto à lua bem faceira,

Paixão tão poderosa e derradeira...

X

Só quando relampeia no meu peito

Eu sinto essa tristeza que dá dó,

Eu quero seu amor de qualquer jeito

Eu não agüento mais viver tão só.

Viola que ponteia a noite inteira

Chamando o meu amor prá vir prá cá.

Não quero mais sofrer dor matadeira

Saudade já mandei cantar prá lá.

Não quero mais aguar o meu quintal

Com lágrimas sentidas da paixão,

Eu quero o nosso amor fenomenal

Batendo qual bigorna, o coração.

A seca no sertão virou enchente

De tanto que foi bom o amor da gente!

X

Eu fico a suspirar quando não vejo

Aquela que desejo mais que tudo,

Amor, tanta saudade deste beijo

Que deixa o coração dum homem mudo.

Não sou um passarinho na gaiola

Que canta tão distante do seu bem,

Meu peito no seu peito quando cola,

Nunca mais vai dar bola pr’outro alguém.

Minha alma na sua alma se consola,

Depressa meu amor que a chuva vem,

No barro da paixão, amor se atola,

Não penso, amor te juro, em mais ninguém.

Depressa vem pra casa, vem ligeiro,

Deixa eu te carinhar, te dar um cheiro!

X

Eu desde molecote já sabia

Que a gente, nesta vida, vai sofrer,

Às vezes se iludir com a alegria

Impede de sabermos do prazer.

Quem sabe, meu amor, a fantasia

Talvez seja difícil compreender

Arroz com o feijão de todo dia

Parece que prá alguns é seu prazer.

Quem teve resfriado e catapora

Bem sabe do valor que tem carinho,

Por isso minha amada vem agora,

Eu quero no teu colo, passarinho...

Vem logo, meu amor, seu bem já chora,

Não deixe um coração bater sozinho!

X

Aboiando o passado dolorido

Mugindo essa saudade no meu peito,

Num choro lamentoso e tão comprido,

Achando que talvez tenha o direito

De ter o meu destino, assim, cumprido

Na sorte que me deixa insatisfeito,

Por muitas vezes, nunca, ter agido,

Conforme a consciência, quando deito...

Nas quebradas da sorte te encontrei,

Com força e a coragem feminina,

Quem fora só vaqueiro vive rei,

Agradecendo a Deus, a nova sina,

Depois desta amargura que passei,

Doçura, na menina, descortina!

X

Menina traz na boca doce mel

De abelha, de uruçu, cana caiana,

Nos olhos tão azuis reflete o céu,

Calor quando é demais, amor abana

E traz essa menina pro meu lado

Na nossa noite amada e soberana,

Não quero mais correr desembestado

Pois sei que nosso amor nunca se engana.

Não posso prometer nem céu nem mar,

Apenas uma casa de sapê,

Já basta pra esse amor comemorar

Meu peito apaixonado vive nu,

Penando? Nunca mais... Só quer você,

Gostosa como a carne do caju!

X

Morena, te encontrei num São João

Dançando tão bonita, uma quadrilha,

De fitas enfeitei meu coração,

E vi, nessa morena, a maravilha

De fogo de artifício em explosão,

Beleza da morena tanto brilha

Meu peito vai se enchendo qual balão,

Atrás desta menina, sigo a trilha...

Foi no change de dame que senti

Esse perfume doce que me encanta,

Agora meu amor, que sou sem ti,?

Fogueira me incendeia noite e dia,

A dor que machucava, amor espanta,

Deixando essa morena. Que alegria!

X

Na carta que mandaste para mim

Segredos escondidos, revelados,

Neste perfume doce de jasmim

Saudades dos meus dias já passados...

Eu sempre desejei ser teu jardim

Com beijos os meus sonhos sendo aguados,

Depois de ter sofrido tanto assim,

Por fim os nossos dias; são contados

Na carta em que me falas deste adeus,

Palavra tão difícil de dizer,

Matando assim, depressa os sonhos meus...

De tanto que aprendi, a ser amado,

Não deixe meu amor, acontecer;

Que em lágrimas, jardim seja regado...

X

Eu quero este namoro tão gostoso

Formado por carinho e liberdade,

Andando no teu passo vigoroso,

Depois da nuvem, claridade...

Teu jeito tão moleca e tão dengoso,

Brincando já me traz felicidade,

Depois, em nossa cama, tanto gozo,

Fazendo amor em plena santidade...

Recebo cada beijo como afago,

Depois te acaricio e solto fogos,

Dos sonhos mais audazes que te trago,

Tu tragas meu amor com mansidão,

Assim ao desfrutarmos novos jogos,

Estamos nos caminhos da paixão...

X

Eu quero misturar os nossos somos,

Fazendo deste caso um sumo só,

Diversas emoções são como gomos,

Unidos pelo amor sem pena e dó.

Enciclopédia imensa, vários tomos,

Nascemos deste mesmo chão e pó,

Juntamos nossas cores, belos cromos,

Agora somos laços sempre pró.

Eu vejo teu retrato entranhado

Somados nos formamos quase que um

Ávidos de nós mesmos, um só fado,

Sem medo e sem pavor, temor nenhum,

Te digo que eu estou apaixonado,

Contigo o meu prazer, imenso zoom...

X

Ouvindo essa buzina do seu carro,

Meu coração depressa, se agitou,

Acendo, disfarçando esse cigarro,

O vento pros seus braços me levou.

Na noite tão vazia eu já me esbarro

E penso neste amor que não voltou,

Meu sonho derretendo que nem barro,

Apenas a saudade me restou.

Mas vejo que inda tenho uma esperança

Depois da chuva sempre vem céu claro,

Na casa da menina hoje tem dança

Quem sabe, meu amor, não fique só,

De seu amor eu vivo e vou no faro,

Que bom que eu aprendi dançar forró!

X

Recebo este bafejo da saudade

Batendo no meu rosto como o vento,

Do tempo em que sonhava liberdade

Bem antes de encontrar duro tormento

Que quase me levou à insanidade,

Não fora o teu amor, um santo ungüento

Talvez não visse mais a claridade

Que vejo em nosso amor, cada momento...

Restituída a força já me invade

O gosto deste bom pressentimento,

De que jamais terei outra verdade,

Senão a luz de nosso sentimento,

Sem medo, sem tortura e sem maldade,

Um puro amor que mata o sofrimento!

X

Na moreninha linda eu sempre vejo

O seu sorriso doce que me encanta,

Um beijo nesta boca é o que desejo,

Saudade da morena é tanta, tanta...

Amor bonito assim eu já prevejo

E quero que esta noite seja santa,

Meu coração menino sertanejo

Aguarda simplesmente e não se espanta

Apenas quer a boca da morena,

Vermelha tão cheirosa, carmesim.

A mão vem me chamando e já me acena,

Mostrando com certeza, o bom caminho,

No ninho que montou; amor, prá mim,

Coração vai voando, passarinho...

X

Eu fiz este versinho pra você

Com todo o meu carinho e amizade.

Fazendo esse carinho sei por que,

Eu quero só prazer, felicidade...

Eu sinto que você gosta de mim,

Da mesma forma eu quero o seu amor,

Vem logo, moreninha, vem assim,

Não deixe mais um peito sofredor.

Vou indo caminhando pela rua,

O vento levantando a sua saia,

Eu fico imaginando você nua,

Gostoso esse tomara que já caia...

No verso que cantei com sentimento,

Morena não me sai do pensamento!

X

Encontro em teu olhar tanta ternura

Que deixo-me levar sem ter por que,

Numa amizade eterna que é tão pura,

Amiga, tu és mais do que se vê,

Escoras minha quedas e tremores,

Apóias cada passo mais ousado,

Acolhes os meus medos, meus rancores,

Alerta-me se estive, assim, errado.

O teu olhar me acalma enquanto guia,

É pleno em sensatez, e me conforta,

Me traz o contraponto em harmonia,

Não fecha o coração tampouco a porta...

Amiga, te agradeço em cada verso,

Um anjo que Deus pôs neste universo...

X

Deitado em teu regaço tão macio

Ouvindo esta canção que me acalanta,

As águas vão descendo pelo rio,

Aguando em suas margens, cada planta,

Assim como este sol que esquenta o frio

Assim como a saudade não me espanta,

Meu coração batendo tão vadio,

Sentindo o teu carinho já se encanta

E se acomoda manso no teu colo,

Sentindo tuas mãos nos meus cabelos,

Os sonhos mais bonitos vou vivê-los

Fechando os meus olhos, me consolo...

E sinto que sou forte, teu guerreiro,

Teu par, amante, eterno companheiro...

X

Eu quero o nosso canto em liberdade

Em meio a tantas cenas de violência

O rosto deformado da verdade

Impede que tenhamos consciência

Das causas da cruel insanidade

Da nossa virtual incompetência

Não pode-se acusar a mocidade

Dos erros cometidos, sem clemência...

A falta de amizade entre nós tantos,

Permite que se sangre a juventude,

Depois já nos somamos em espantos,

Buscando sempre a mesma direção

Esquecemos ao léu e sem saúde;

O povo sem comida e educação...

X

Ah! Meu amor... Eu sempre lembro, sim,

Desta primeira noite que tivemos,

Um mundo em convulsão dentro de mim,

De todos os carinhos que tecemos

A noite parecia não ter fim,

O dia amanheceu, nem percebemos,

Tu eras minha... Quanto quis... Enfim...

E nunca mais, depois disto, nos perdemos...

Eu te amo e cada vez te quero mais,

Naquela camisola transparente,

Guardada na memória feito um cais

Que sempre quando estou mais vacilante

Ressurge na lembrança novamente,

E traz de novo o amor, a cada instante...

X

Quando te vi chegando de mansinho

De tão desprevenido nem notei,

Que aos poucos invadias o meu ninho,

E sem notar, aos poucos me entreguei.

Ao perceber, amor já me tomava,

Em cada pensamento meu, vivias.

Bem mais do que pensei que sonhava

Agora o teu sinônimo: alegria...

Não paro de sonhar, mesmo acordado,

Não deixo de viver a cada instante,

Te quero, companheira, lado a lado,

Não deixe que a tristeza nos espante

E traga toda a dor da solidão;

Querida, detonaste uma explosão!

X

Eu te daria as noites se pudesse,

Te daria esta lua em plenilúnio

Te daria meu canto, sonho e prece

Assim acabaria o infortúnio

De ser tão solitário e sempre ver

A dádiva divina desta diva;

Que passa sem talvez me perceber,

Nem sabe que esta vida morre viva

Em cada melodia que te faço,

Distante, mas tão perto sinto o vento

Do sopro que vem lá do teu regaço,

E que nunca me sai do pensamento...

Eu te daria a vida, até mil vidas,

As luas vão passando... Sós, vencidas...

X

Morena quando passa pela rua

Desfilas tal desejo em cada passo,

As coxas tão roliças, semi-nua

Meus olhos te seguindo, traço a traço...

Ah! Quem me dera estar num lago azul

Beijando a minha Iara, sob o sol,

No corpo de Iracema, brônzeo, nu,

Enfeitiçado como um girassol...

Vibrando de vontade da morena

Que passa tão depressa e nem me vê,

Guardando na retina a bela cena,

Procuro-te ao meu lado, mas cadê?

Na graça da morena, enfeitiçado,

Acordo e ninguém vejo aqui do lado...

X

Aquele amor que sonho, sei, virá

Trazendo um manso beijo, tenso e puro

Aos poucos, meu destino mudará

Remédio que entorpece onde me curo..

Da moça, da menina que me anseia

O gosto desta flor, perfume e cor;

Invade o coração, penetra, ateia

Neste fogão de lenha, imenso ardor,

E vai queimando lento, devagar,

Seu nome em minha boca, quase explode,

Um dia com certeza, vai chegar,

No templo deste amor, altar, pagode,

Que a chama deste amor já se revele,

Neste ar, no mar, no céu, nossa alma e pele...

X

Nesta canção de amo; eu te proponho

Dançarmos esta noite sem parar,

Minha esperança nos teus braços ponho,

E esta canção vai solta; ganhando o ar,

Te pega pelas mãos e te convida

Ao sonho que pretendo realizar;

Vivermos tão eternos nesta vida

Nos passos desta dança, flutuar...

Com palavras sinceras, eu desejo

Te fazer mais feliz a cada passo,

Em cada novo canto um novo beijo

E juntos, navegamos pelo espaço,

Eu te proponho agora uma canção

No compasso ritmado da paixão...

X

A chuva que caiu naquela serra

Caiu dentro de um peito sonhador

Molhando, com carinho toda a terra,

Matando, no meu peito, um grande amor...

Você fugiu depressa e me deixou,

Sozinho nesta estrada tão comprida

O tempo foi passando e só restou

Tristeza dolorida em minha vida...

Mas hoje que eu lhe vejo tão distante

E sinto no meu peito cicatriz

De novo vou querer por um instante

Que seja, novamente ser feliz...

Agora ela já veio, eu esperava;

A chuva que hoje cai, tristezas lava...

X

A noite é linda; amor, nos sonhos meus

Eu vejo em teu olhar, a clara lua,

Não quero nunca mais ouvir adeus

Tua alma em minha vida continua...

Não deixe pra depois, te quero agora,

Quem sabe faz seu tempo de viver.

Não deixe que a alegria vá embora

Eu vejo, neste amor, o sol nascer...

A lua enamorada não nos deixa,

Apenas acalanta o nosso amor.

Que eu saiba nosso caso não se queixa

De tanto que se faz encantador...

A noite é tão bonita, minha amada,

A vida é sempre nossa camarada...

X

Não deves magoar quem te quer bem

Apenas por que o amor já se acabou,

Na vida, tantas vezes sem ninguém,

Somente esta amizade te restou.

Não quero que me vejas como farsa,

Tampouco quero o mal a quem amei,

Não uso subterfúgio que disfarça,

Mas todo esse refúgio te darei.

Telhado que quebrou-se, consertado,

Também protegerá na noite fria,

Apenas não sou mais teu namorado,

Pr’a ti irei pedir muita alegria...

Embora mais distante, assim prossigo,

Na hora que precisar, sou teu amigo!

X

Me lembro da balada que tocava

No dia mais feliz de minha vida,

Te juro que eu jamais imaginava

Que a sorte que eu julgava já perdida

Pudesse, na balada me trazer

Uma esperança toda renovada

Dizendo: na alegria volte a crer,

Escute tão somente esta balada...

Meu coração defronte ao peito teu

Trespassados na mesma direção

Por esta seta que Eros concebeu

No fervilhar intenso da paixão...

Neste total eclipse uma emoção,

Juntando em nossos dois, um coração!

X

A lua vai surgindo atrás do monte

Que banha o horizonte de beleza,

De todo o meu cantar mais mansa fonte

A lua se demonstra na clareza

Que forra nossos trilhos deste amor,

Deitando sobre as folhas no quintal,

Eu olho para a lua, sonhador,

E sonho meu desejo sensual

De ter essa mulher amada, nua;

Rolando nestas folhas sem juízo,

Minha alma em teu céu, louca flutua

Encontra este portal do paraíso...

A lua é companheira dos desejos

Quem sabe testemunha dos meus beijos?

X

Sim, querida, eu estou apaixonado,

Nem penso mais em nada, vivo assim,

Olhando para ti, extasiado,

Querendo que tu olhes para mim...

Eu sonho com teus lábios, com teus seios,

Não tenho outro motivo pra viver,

Estás nos meus desejos, meus anseios,

Meu Deus! Nunca permita amor morrer...

Se penso em cada instante desta vida

Apenas na mulher que eu encontrei

Quase que no final, na despedida,

Com teu amor, querida, remocei...

E volto a ser feliz depois de tanto,

Me pego até cantando, e não me espanto...

X

Depois do triste inverno que passei

Distante deste amor que é plenitude.

Agora que, de novo, te encontrei,

A sorte vai mudando de atitude.

As flores do jardim já vão se abrindo

Em novas primaveras ansiadas,

Revendo este sorriso manso e lindo

As mãos tão delicadas, perfumadas...

Que bom poder saber que estás aqui

Promessa de verão, de quente estio,

Depois de tanto tempo que perdi

Nas noites embaladas pelo frio...

Meus olhos que morriam tão tristonhos,

Parecem que estão vendo velhos sonhos...

X

Nosso amor nasceu naquele beijo

Trocado numa festa de São João,

Foguetes e fogueiras do desejo

Um beijo que queimou meu coração...

Nasceu dos olhos teus, intensa brasa

Que aos poucos me invadiu, e me tomou,

Agora que comanda a minha casa

Por todo nosso amor, sou o que sou,

Palavras mensageiras de esperança

Trocadas bem em frente ao teu portão,

Sentindo em teu amor tal confiança

Bem cedo me entreguei, louca paixão...

Na chama deste beijo sou feliz,

E canto em cada verso que te fiz..

X

Não quero piedade nem vingança

Apenas muito amor, viva amizade,

Quem pensa que na dor de outrem alcança

A vitória e também felicidade

Não sabe desta luz em aliança

Que forma a sem igual fraternidade

No Deus, o vero Pai de uma esperança

Que traz em tanto breu, a claridade.

Por mais que isso pareça uma mentira

O tempo vai mostrando uma lição,

Quem rouba as esperanças, sempre tira

A própria num futuro tão incerto,

A vida sempre dá contradição

Sozinho, tal ladrão segue o deserto...

X

Meu corpo que se aquece nos teus braços,

Aos poucos me tornando um dependente

De todo esse carinho dos abraços,

Enlaces que me prendem totalmente.

Eu tenho uma vontade quase louca:

Falar pra todo mundo que me escuta,

Como é gostoso o cheiro desta boca

Que roça minha boca sem disputa.

Amor tão soberano e vagabundo,

Rolando em qualquer cama, sem pensar,

Não há maior amor, eu sei, no mundo,

Amor que não se cansa de cansar

Em tantas maravilhas que o amor tem,

Nas noites, nesses dias do meu bem...

X

Matando estes desejos mais sedentos,

Rolando em nossa cama noite e dia,

Aberto o coração sujeito aos ventos

Que forram nossa vida de alegria.

Me deixo seduzir por teu encanto,

E deito-me em teu colo tão macio,

Depois do nosso amor, um acalanto,

Não deixa mais espaço para o frio...

Eu sei que sem te ter eu já não vivo,

Apenas sobrevivo e nada mais...

Não quero e não procuro mais motivo

Eu vivo por amar assim, demais...

Não quero mais deitar em outra cama,

Apenas no teu corpo encontro a chama...

X

Natura quando te fez quis mostrar

A força soberana e sem igual,

Aos poucos começou a lapidar

Sorriso tão bonito e sensual,

Nos olhos, dois luzeiros que, sem par,

Parecem pendor sobrenatural,

A boca tão carnuda quis pintar

Com belo carmesim fenomenal...

Teus seios são maçãs esculturadas

Em marmol delicado de Carrara.

As coxas tão morenas torneadas

Com precisão divina, em carne dura,

Sorriso num colar, só perla rara,

Uma obra-prima feita p’la Natura!

X

Talvez só te entender fosse tão pouco

Tampouco me perder em falsos sonhos...

Agora vou gritando, quase louco,

Em busca destes mares mais risonhos...

Vencido por segredos, cicatriz,

Calada no meu peito esta vontade

De ser cada vez mais, bem mais feliz,

Poder cantar meu sonho em liberdade...

Quero saborear o que deseja

Que é feito na medida para mim,

Assim talvez, de noite inda te veja,

Deitada em nossa cama, quero sim...

Amada como é bom saber perfeito

O gosto deste amor, mais satisfeito...

X

Cantar a alegria que sempre me traz

Amor todo dia roubando meu sono,

Perdendo o sentido, te quero demais,

Amor tão doído, cheirando abandono...

Mas sinto o perfume da rosa vermelha

Se tenho ciúmes, desculpe querida,

Te quero comigo, fogo quer centelha

Senão não consigo, perco minha vida...

A boca que beijo, morena fogosa

Trazendo um desejo de ser mais feliz

Tu serás só minha, rosa vaidosa

Meu canto se aninha, somente te diz

Que nada seria sem ter teu amor

De noite e de dia, me dê teu calor!

X

Eu sinto o teu perfume nesta carta

Que me mandaste amor, em despedida,

Dizendo-me que estavas já bem farta

De ter que repartir, comigo, a vida...

Mas saiba que minha alma não descarta

Nem vê a nossa história assim perdida,

Antes de tu saíres, não reparta

Uma emoção que sabes tão sentida.

Não respondo esta carta com promessas,

Apenas eu te espero e nada mais;

Depois de termos tido tais conversas

Quero a tua presença em minha cama,

Sabendo; não te esquecerei jamais,

Ainda permanece acesa a chama!

X

Caiu um aguaceiro dos meus olhos

No dia que a morena foi embora,

Tristeza eu colhi em tantos molhos,

Meu peito foi sozinho e chora, chora...

Saudade é como um trem desgovernado

Não deixa mais a gente nem dormir,

Lembrando do seu beijo tão molhado,

Perdão, morena, agora, vou pedir...

Eu sei quanto que errei; morena linda,

Fiz tanta bobageira pela vida...

Meu coração, morena, é seu ainda,

Sem você, minha estrada vai perdida...

Não deixe que a saudade matadeira

Acabe com paixão tão verdadeira!

X

Não quero mais te expor minhas entranhas,

Nem mesmo transcender sobre teus atos,

Sou vale povoado por montanhas

Que formam os milhares de regatos

Das dores que traduzem minhas sanhas;

Os erros cometidos, meus retratos,

As horas que passamos não são ganhas

São ermas e não dizem novos fatos...

Por isso não te quero conduzir

Por vagas tempestades da existência,

Nem quero em teu olhar reproduzir

Toda essa obscuridade que há nos meus,

Te peço, meu amor, tenha clemência,

Jamais permita um fim em vago adeus...

X

Era tarde! Não mais eu te veria

Andando pela casa, desfilando

Um último sorriso de alegria...

O tempo foi assim, se transbordando...

Restava simplesmente a fantasia

Jogada pelos cantos, demonstrando

Que fomos mais felizes, algum dia...

Nada mais restaria, nem o brando

Desejo de se estar mais à vontade,

Vestida da ilusão que te roubei.

Pois disso, pelo menos, hoje eu sei,

Agora deste tempo que passei,

Não resta mais sequer a claridade,

Apenas o murmúrio da saudade...

X

O tempo é o senhor de todos nós,

Não deixa restar pedra sobre pedra,

Atando e desatando tantos nós,

E mesmo ao mais valente o tempo medra,

Não deixa mais restar nenhuma dúvida,

Transforma nossos sonhos, muda tudo...

A sensação mais pura e mesmo cúpida

Morrendo dia a dia. Eu não me iludo...

Porém somente o fogo da amizade

Resiste às tempestades que virão,

Se queres conhecer eternidade

Guarde esta claridade, esta emoção...

Amiga me permita agradecer,

Esta oportunidade de te ter...

X

Tanto desejo ver-te, minha amada,

Em novas sensações bem mais felizes,

A força da paixão vem renovada

Depois de termos tido cicatrizes...

Se neste puro afeto eu me encontrei

Por pouco nosso caso não se esvai,

Tu sabes os caminhos que te dei,

Bem mais do que a mentira que te trai,

Mas nada vou fazer senão mostrar

Em cada novo canto esta esperança

De estarmos sempre juntos, a lutar

Pelo futuro eterno em aliança.

Quem sabe possa assim viver em paz,

Remanso que a alegria sempre traz...

X

O amor nunca se acaba, se transforma...

As rugas não o calam, dão a forma,

O verdadeiro amor não se deforma,

Jamais amor negado se conforma...

O amor nunca se forma em usurários

Precisa-se pra amar, o dividir,

Amor não é só um, amor são vários,

Se multiplica quando repartir...

Nem mesmo se distante; amor não morre,

Nem mesmo as diferenças sempre afetam,

Amor quando transborda, sempre escorre

E toca os que persegue e os completam.

Amor imobiliza, motivando,

Amor nos eterniza, e vai matando...

X

Não tenho mais o tempo de ir embora

Eu quero aqui ficar ao lado teu,

Amada como é bom saber agora

Que o nosso amor enfim, tudo venceu...

Venceu as profusões em mil ciúmes,

Venceu as tempestades do deserto,

Morria simplesmente sem perfumes,

Puros queixumes sempre andavam perto...

Amada não te esqueças de lavar

A porta deste amor com água benta,

Nem deixe mais por certo se levar

Por dor tão sem motivo e violenta..

Te amo e nada mais posso dizer,

Apenas que ao teu lado, irei morrer...

X

O tempo de saudades vai isento,

Qual barco que soltou-se das amarras,

Levado pela força deste vento,

Agora nosso amor não quer mais garras

Fincadas nas entranhas sem perdão,

Assim como não quero mais as dores,

Que ferem sem motivo, o coração,

E causam maremotos de temores.

Amor quando se sente ameaçado

Se formam tantas ondas incontáveis,

Depois deste tormento já passado,

Voltamos a viver dias amáveis...

Amada, agora estou muito contente,

Minha alma pro infinito já se estende...

X

Da boca benfazeja e tão formosa

O beijo se disfarça e quase foge,

O rumo desta noite presunçosa;

Trazer tantas estrelas neste alforje

Chamado coração. Neste embornal

Carrego todos, vários sentimentos

Do amor que prometia sensual

Agora se esgarçando perde o vento

Se torna burocrático demais,

Apenas escolhemos nossas armas

Amor vai se esvaindo sem ter paz,

Envolto em milhares desses karmas

Que pesam sobre nós tal qual a cruz,

Restando tão somente a fraca luz...

X

Eu peço-te clemência, minha amiga,

De tanto que eu errei, peço desculpas.

Não deixe que a saudade, em vão prossiga,

Perdoe, por favor, todas as culpas

Que sei que hoje carrego, fui cruel,

Por vezes egoísta; outras, boçal,

Tentando te impedir de ver o céu

Em atitude estúpida e banal...

Eu sei que sempre posso confiar

Nesta amizade imensa que me dás,

Sei também; é difícil perdoar,

Mas creio minha amiga, que és capaz...

Mesmo que não consigas, eu te digo,

Terás sempre meu braço mais amigo...

X

Um raio cristalino que se estende

Dos olhos da mulher a quem adoro,

Por vezes o meu canto não te entende

Mas sei qual o motivo por que choro.

Eu quero o teu olhar bem junto a mim,

Viver neste sereno sol luzente,

Eu sinto tanto fogo arder em mim,

Quando me olhas c’olhar deveras quente

E deixo-me levar por esta luz

Qual fora duma aurora marchetada.

Acalma tanta dor, faz leve a cruz,

E torna nossa vida em paz banhada,

Um raio cristalino trama a trilha

Que leva à eternidade em maravilha...

X

Recolho estas estrelas quando passas

E esparramadas ficam pelo chão,

São laivos de esperanças e de graças

Surgidas deste belo coração...

Os fios conectados com futuro,

As lições aprendidas no passado,

Por mais que nos pareça um alto muro,

O amor precisa ser bem conquistado

Tu és uma galáxia tão brilhante

De estrelas radiosas e possantes,

É bom te ver seguindo sempre avante

Por conta destas contas deslumbrantes

Que trazes nos teus olhos de princesa,

Deitando neste mundo uma beleza...

X

O fogo da paixão ardendo em brasas

Me queima simplesmente e nada mais...

Meu coração se perde em tantas asas

Voando só buscando um novo cais...

Por sobre mil cidades, tantas casas,

Sem medo de ferir-se ou coisas tais,

Vontade de sentir quanto me abrasas,

Vontade de querer-te por demais...

Na flama deste amor incandescente

Que faz com que eu me perca, num furor,

Aos poucos te deixando enlanguescente,

Roubando sem juízo, os teus beijos,

Rondando nossa cama sem pudor,

Inflama teus ardores e desejos...

X

Eu não quero estas juras que fizeste

Amor quando é sincero não quer juras,

De tanto sentimento se reveste

Não digo que por isso tu perjuras.

Apenas não precisa ajoelhar-se,

Eu sei quanto te quero e quanto queres,

Não cabe em nosso caso algum disfarce

Conheço este banquete e seus talheres...

Não faço nem promessas, sei que te amo,

E basta pra que eu seja mais feliz,

Bem sabes que teu nome sempre chamo,

Por isso, meu amor, sempre te quis...

Tu és toda a certeza de uma paz,

Te amo e simplesmente, quero mais...

X

Quando quero não quero o que queres

Se tu feres sou fero contigo

Se te espero te peço que esperes

Encontrar um recanto, um abrigo.

As palavras que cortam são facas

Penetrando maltratam demais,

Quando fincas no peito as estacas

Os espinhos nas mãos, o que traz.

Percebendo que estás bem armada

Me escondi dos teus olhos sombrios,

Mas assim que voltar; verás nada,

Vão distantes, meus olhos tão frios.

Neste jogo onde estamos armados,

Sairemos, daqui, machucados...

X

Quando te vi pensei amor incrível
Trêmulo mal podia te dizer,
O teu olhar sereno e impassível
Aos poucos tanta coisa por fazer...

Sabendo dos teus passos, doce fada,
Vencido pela ausência de emoção.
Sentindo uma ilusão tão abrasada
Forjada na fornalha- coração...

De tudo me sentindo mais nervoso
Nas ânsias esperadas, sublimado.
A véspera da sorte penso em gozo
Esqueço
os dissabores do passado...

E sinto que tu vens, ao fim do dia...
Irrompes, em prazer, a fantasia!

X

Balançando na rede com meu bem,

Vontade preguiçosa de ficar,

Gostoso, nosso amor no vai e vem,

Chegando, de mansinho, devagar...

Como é bom, nessa vida ter alguém,

Que a gente sempre possa confiar

Depois de tanto tempo sem ninguém

Só quero, meu amor, te namorar...

A rede, de repente, se rasgou

Na queda, tua saia levantou,

Mostrando este lugar belo e preciso,

Desculpe meu amor, vou te dizer,

Quando a rede rasgou eu pude ter

A mais bela visão do paraíso!

X

A seiva extravasada traduzindo
Desejo magistral de ser feliz.
Aos poucos teu prazer vai esculpindo
Na forma desejada que mais quis...

Desnudo tua pele, mansamente.
E vejo em teus anseios, tal nudez
Transpiras neste afã mais indecente
As tramas nessas transas que se fez...

Avanças mansas loucas mais tenazes
Refletes tentação a cada espasmo.
Pressinto tais vontades mais audazes
E sinto a contração do amor, vou pasmo...

Na língua que percorre o paraíso,
As estocadas no ponto mais preciso...

X

Não falo deste amor como mentira
Nem como uma esperança derradeira
A lua nos teus braços já me atira
E forma esta canção tão verdadeira.

Preciso te encontrar no fim da estrada
Que leva-nos aos céus em sonho alado,
Na sensação divina e, assim, sagrada,
Quem dera se por ti eu fosse amado!.

Teria eternidade num segundo,
Materialização dum grande sonho,
Teria meu amor maior do mundo
Da forma que desejo e que proponho.

Mas sinto que tu queres calmaria,
No mar em que navego, ventania...

X

Eu peço-te clemência, minha amiga,

De tanto que eu errei, peço desculpas.

Não deixe que a saudade, em vão prossiga,

Perdoe, por favor, todas as culpas

Que sei que hoje carrego, fui cruel,

Por vezes egoísta; outras, boçal,

Tentando te impedir de ver o céu

Em atitude estúpida e banal...

Eu sei que sempre posso confiar

Nesta amizade imensa que me dás,

Sei também; é difícil perdoar,

Mas creio minha amiga, que és capaz...

Mesmo que não consigas, eu te digo,

Terás sempre meu braço mais amigo...

X

Eu canto o nosso amor por sob as fráguas

Da lua que se encanta e se abandona;

Ouvindo, ao fundo, o ritmo destas águas

Que correm devagar, amor à tona.

Embora estejas perto, não me escutas

Ou finges que não ouves meu cantar,

As chances deste amor são diminutas

Mas tenho um aliado: este luar;

Que entrando no teu quarto já te banha

E beija-te nas coxas, boca e seios,

Vontade de te ter já é tamanha

Que perco meu juízo e meus receios,

Mergulho no luar, invado o quarto,

Depois deito ao teu lado... Morto... Farto...

X

Quando eu te vi, querida, estava certo

Que a lua finalmente eu encontrara

Meu coração sem travas vai aberto

Na busca desta deusa, perla rara...

A boca tu me deste em mansa entrega

Beijei-te calmamente e pude ter

A sensação do barco que navega

Em ondas mais suaves de prazer...

Sentia que tremias e eu também,

Na sensação mais plena de alegria,

Sem medo me entreguei. A vida vem

E forra meu sonhar em fantasia...

Quando eu te vi, querida, descobri

Que todo o bem da vida estava ali...

X

Não falo desta dor de te querer

Embora, tantas vezes, magoaste

Quem sempre só buscou compreender

Que, aos poucos, tudo tem o seu desgaste.

Mas quero que tu sejas mais feliz

Em cada novo amor, bem mais que fomos...

A vida não se leva por um triz

A fruta se apresenta em vários gomos...

Que a sorte benfazeja te sorria,

É tudo o que mais posso desejar.

Depois da tempestade, noutro dia,

Velho sol, com certeza vai brilhar...

De mim, leve meus votos de amizade,

E torço para achar felicidade...

X

Tua presença, angélica figura,

Rondando cada sonho que preparo,

É mostra mais real de uma ternura

Num sentimento belo, porém raro...

Impede com clareza, a noite escura,

O teu sorriso manso, que me é caro,

Certeza, em tantas lutas, da brandura,

Nas quedas, me servido de anteparo.

Tua presença amada foi-me dada

Por um anjo feliz, num sonho em paz;

Na natural beleza da alvorada,

A promessa do fim das noites brancas...

Agora em tuas asas sou capaz

De voar pelas rotas do céu, francas...

X

Eu não serei apenas o que queres

Tampouco o que sonhaste para ti.

Cada ser tem os próprios caracteres,

Também não busco em ti o que perdi.

Na mesa dessa vida mil talheres

Vivo banquete imenso encontro aqui,

Mas não serei apenas o que feres,

Nem sob os teus olhares me escondi.

Sou livre e quero ter tal liberdade

Que jogue meu futuro contra o teu,

Em ti, meu grande amor, felicidade

É mais do que pensara e procurei,

Embora, tanta coisa aconteceu

O amor da minha vida eu encontrei...

X

No brilho desta faca que te corta,

O jeito de carinho mais mordaz,

Meu barco no teu mar quando se aporta

Trazendo um sonho atroz e tão voraz...

Mordendo nossa boca pouco importa

Se queres o que tenho ou queres mais,

Apenas a carícia é que sai torta

Com força e com loucura de animais...

Meu peito convulsiona tão ardente

O coração se explode e se alucina,

Já fora assim calado e até dormente,

Agora se transforma em sonhador,

No rastro que deixaste em mim, menina,

Promessa de viver um grande amor!

X

Minha noite se torna mais confusa

Milhares de estampidos e de gritos,

O peito aberto, a bala encara a blusa

E forma estes espectros mais aflitos,

Minha vontade sempre mais obtusa

Esquece que o desejo tem seus ritos

Embora tantas vezes a alma reclusa

Se esquece das algemas, velhos mitos...

À noite se procura por alguém

Envolta em meus formatos de desejo.

Ás vezes sim ou outras sem ninguém,

Mas quase sempre nunca sobra nada,

Talvez uma esperança feita em beijo,

Talvez encontre enfim, a namorada...

X

Girando em rodopio perco o rumo

Espero teus carinhos a girar,

Amar é mais que apenas manter prumo,

Amar é quase em seco, naufragar...

Não sei se nesta dança me acostumo,

Nem sei se sigo sol ou o luar,

Minha alma se elevando, fátuo fumo,

Meu mundo se perdeu ao te encontrar...

Passando pelas ruas, mares, bares,

Voando simplesmente qual cometas

As asas deste amor vão aos luares

E voltam no arco íris que te encanta,

Flutuam como fossem borboletas

Beijando cada parte desta planta...

X

Quando tinha, seu moço, uma lembrança

Dos tempos que se foram e não voltam,

Trazendo, no meu peito, esta esperança

Que as mãos desta mulher, agora soltam...

Voando qual balão, se foi pra onde?

Depois da capinzeira, lá no pasto,

Eu grito, mas viva’alma não responde

Meu peito sofredor, ficando gasto...

Sobrou a braquiária da saudade,

Mas mesmo assim, eu penso em resistir,

Amar, como é tão bom se é de verdade,

Traçando um bom caminho para onde ir.

Quem sabe outra morena vem pra cá?

Quem sabe? Meu amor... Te espero e já!

X

Não quero mais sentir tanta tristeza

Como eu sentira há tempos, me abrasando.

Saber que se encontrar tanta incerteza

Por certo meu caminho irá guiando...

Não sei se por temor ou por defesa

As dores se chegavam como em bando,

Minha alma já pesando, muito obesa,

Em todas as amarras fui me atando.

Depois que te encontrei, amiga minha,

A vida foi rompendo estes grilhões.

Do resto de esperança que inda tinha

Fizeste real possibilidade

De poder libertar-me dos senões

Trazendo a força imensa da amizade!

X

Eu tenho a fantasia envolta na poesia

De dar tanta alegria a quem eu quero bem...

Beijar a sua boca, amando todo dia

Toda saudade é pouca, eu vivo por alguém

Que tanto quero bem; e sinto que sabia

Que quando a noite vem sou seu amor também...

Nesta vontade imensa imersa em fantasia

Eu tenho a recompensa à noite com meu bem...

Que sabe como é bom amar amor demais

Amar é mais que dom, amar é como um cais

Que sempre nos protege do frio e do tormento,

Amor sempre me rege, é sonho que me enleva

Amor é como luz a proteger na treva

O sonho que conduz a vida e o pensamento...

X

Só quero te falar de todo o sentimento

Que sinto a me tocar quando estou mais distante.

A tua voz, querida, entorna o pensamento

Por toda a minha vida, aguardo pelo instante

De poder te encontrar, quão belo este momento!

Por certo irei ficar deveras radiante...

A que julguei perdida, era um pressentimento,

A sorte devolvida, amor tão deslumbrante...

Nunca me deixes mais, te peço; por favor,

Não poderei jamais viver sem teu amor,

És mais do que pensava, és tudo o que sonhei.

És tudo o que esperava; o porto que eu pedia

Não deixe que se acabe a luz do novo dia,

Agora só nos cabe amar. É nossa lei!

X

Eu fico assim, parado, abestalhado,

Quando essa moça passa por aqui,

Meu coração batendo maltratado,

Se perde nesse jambo-sapoti...

Morena como eu quero o teu querer,

Te levo para casa e dou carinho,

Eu juro que não vai se arrepender,

Te dou o meu regaço, o meu cantinho...

Toco viola, amor, a noite inteira,

Cantando tanta musga só pro ocê,

Faço batata-doce na fogueira,

Depois, nós dois juntim, ocê vai ver!

É fogo se espalhando no paiol,

Quentura mais maió? Nem a do sol!

X

Não deixe que esta noite, em vão, termine

Preciso de teu corpo junto ao meu,

Te peço que me ganhes, me domine

Sem ter o teu carinho, quem sou eu?

Apenas uma vaga sem sentido

Morrendo numa areia sem sereia,

Jogada ao infortúnio, neste olvido

Sem ter jamais o brilho em lua cheia...

Não deixe que esta noite seja branca,

Preciso de teu corpo, como a um cais

Náufrago em tempestade forte, franca,

Pois se não for agora... Nunca mais...

Não deixe que esta noite morra agora,

A noite se esfriou. Chove lá fora...

X

Meu canto te propõe um novo sonho

Que é feito goiabada pão e mel,

O gesto mais divino te proponho

Abrindo com certeza um vão no céu.

Amigos quando encontro pela vida

São raros e merecem meu cuidado,

Por isso não aceito despedida,

Nem quero este caminho sepultado...

Meu canto te propõe a nova luta

Que temos pela frente, companheira,

Lutando contra a força sempre bruta

Daqueles que se destroem terra inteira,

Lutemos pelos nossos semelhantes,

Irmãos e camaradas sempre e antes...