sexta-feira, dezembro 21, 2007

SONETOS 061 e 062

Loucuras e volúpias da paixão...

Em nossas roupas soltas pelo quarto

Sintomas da total revolução

Do amor intenso, imenso, doce e farto.

As marcas de batom, a sedução;

Na vontade de estar... Amor, não parto

Deixando aqui contigo o coração,

Nesse amor que é só nosso e não reparto;

São tantos os momentos que vivemos,

São tantos os prazeres que sangramos...

Se tudo que há lá fora já perdemos;

Se nada mais serei. O que fazer?

Em tantas fantasias nos cortamos...

Me diz, como eu irei sobreviver?

X

Viajo no teu corpo, sei-te inteira

Em cada novo toque te conheço,

Esta ânsia de viver tão verdadeira

Revira nossos corpos, põe do avesso...

Nos lânguidos momentos de paixão

Neste mergulho intenso ao infinito.

Em cada fantasia, a sedução,

Mudando sempre em nós quebrando o rito.

Não sabes o quanto amo e te desejo.

Não fujas deste amor que é todo nosso,

Eu quero te invadir em cada beijo,

Bem mais do que pensaste. Mais que posso!

No fundo; nos queremos e sonhamos...

Nos versos derradeiros, nos amamos...

X

Quero desfrutar cada momento

Sem tréguas me entregar ao teu prazer.

Na profusão do intenso sentimento

Nos devorando inteiros, chama a arder.

E deslizar sem arrependimento

Tocando cada parte do teu ser,

Desejos devorando, sem tormento,

Sentindo-te voraz a enlanguescer.

Nas mãos eu sei que tenho a mansa fera

Que morde com doçura e com paixão.

Em todo nosso amor, calor tempera

Com ânsias e vontades, maciez,

Num misto de brandura e de tesão,

No amor doce-feroz que a gente fez...

X

s versos são meu vício e minha fuga

E neles me realizo por inteiro.

Em cada solidão u’a nova ruga

Amando e me entregando por inteiro.

Eu bebo desta vida sem dar tréguas,

Correndo sem parar atrás do bem

Mesmo distante andando tantas léguas

E às vezes retornando sem ninguém.

No meu bornal carrego as esperanças,

De um dia, receber o teu carinho.

Se fui feliz? Não tenho mais lembranças

De tanto que caminho assim, sozinho.

Mas sei que tu virás menina linda,

Por mais que o tempo passe; espero ainda...

X

Nas horas mais difíceis desta vida

Quando quase nada nos traz paz

Estrada já parece tão perdida,

Nem mesmo de lutar sou mais capaz

Parece que esta sorte decidida

Apenas negritude a noite traz

Não vemos mais sequer uma saída,

Aí é que amizade então se faz.

Amigos são pouquíssimos e raros,

São quase imperceptíveis por vezes,

Porém são preciosos anteparos

Que impedem nossa queda de verdade.

Às vezes tão distantes, anos meses,

Mas nunca abandonando uma amizade.

X

Perdoe meu amor, pelos enganos;

A noite traz loucuras e néons

Mudando nossos rumos, nossos planos,

Perdidos entre danças, sonhos, sons..

Em bares, em boates, num festim,

O risco de alegria e de tristeza.

Só pude perceber quando, no fim,

Nada mais haveria sobre a mesa

Senão a conta inteira p’ra pagar,

Das ilusões jogadas como certas.

Nos rastros das estrelas, do luar,

As ruas aparecem mais desertas.

Esqueça, por favor, tanta revolta.

E se puder amor, venha de volta!

X

Amor tomando tento em minha vida,

Depois de tanto tempo em sofrimento;

A mão de uma esperança distraída

Abriu-se e permitiu este momento.

Na luta por achar uma saída,

Perdido, solto ao gosto pego o vento

E deixo a sorte em tuas mãos. Decida!

Quem sabe findará o meu tormento...

Passei minha existência sem ninguém,

Na espreita deste amor que nunca vinha.

Agora que recebo um manso bem

Eu creio que jamais serei tão só.

Espero que tu sejas, enfim, minha;

Quem sabe renascer,amor, do pó?

X

Amigo, sei tampouco de teu dia,

Mas sinto que tu tens honestidade,

Aprendo que viver em harmonia

É princípio vital de uma amizade.

Embora tantas vezes a alegria

Nem sempre quer dizer felicidade

Assim como uma plena sintonia

Não pressupõe qualquer sinceridade.

Porém sinto o bafejo dos bons ventos

Trazendo esta presença tão suave.

Espero que também esses momentos

Sejam de total aprendizagem.

Peguemos amizade, boa nave,

Que possa traduzir boa viagem...

X

Amigo, não permita que a avareza

Tome conta da vida que terás.

Tomando-te, roubando uma clareza

Depois de certo tempo, matarás

A razão que nos permite ver beleza

Nas coisas que este mundo sempre traz.

Quem vive sem se dar, terá certeza

De como é impossível se ter paz

Aquele que não vive prá se dar

Não merece viver felicidade.

Tentando se esconder da luz solar

Mal sabe que sozinho, ninguém brilha.

Esquece que somente uma amizade

Constrói em fina troca, a bela trilha...

X

Colhemos; isto é certo, o que plantamos,

Cuidar é necessário, e sempre bem.

Às vezes sem querer nos deparamos,

Sozinhos precisando de um alguém

Que seja companheiro. Se tentamos

Fugir desta verdade nada vem,

Decerto muito mal nós cultivamos

O jardim que a amizade mostra e tem.

Semeando ternura e compaixão

Teremos a resposta na colheita.

Amar é conhecer todo o perdão.

Não é difícil. Pense como é fácil

Seguir tranquilamente esta receita.

Porém muito cuidado: amor é frágil...

X

Falar de uma amizade é ser bendito,

Quem tem um grande amigo tem saveiro

Que cruza por mil mares. Mesmo aflito,

Sabe que terá um timoneiro.

Amizade nos leva ao infinito

Mesmo que o temor, tão verdadeiro,

Transtorne; um bom amigo cumpre o rito

De ser assim completo, por inteiro.

As horas tão difíceis, como as vagas

Presentes no oceano desta vida,

Amigo, sei o quanto tu me afagas

E torna meu futuro mais sereno.

Uma amizade é sempre tão querida

Pois torna- me mais forte, livre e pleno.

X

Nestes céus mais azuis, de brigadeiro,
Um puro imenso gozo de alegria.
Meu canto se demonstra em fevereiro
O
mundo passa a ser alegoria.

Amiga não se esqueça deste bem
Que sempre vencerá o torpe mal,
Meu peito em sintonia sempre vem
Com ares de ternura e carnaval.

Guardando a castidade da ilusão
De ver humanidade mais sensata,
Eu sei que quem nos salva, o coração,
Floresta que se planta e não desmata.

Uma amizade acima das montanhas
Onde eu não vença e tu nunca me ganhas...

X

Eu te ofereço amor, se tu quiseres,
Eu te ofereço o sonho, se pedires.
Eu te ofereço a luz quando vieres
Eu te ofereço espelhos onde mires.

Eu te ofereço a força nos halteres
Eu te ofereço luas onde gires,
Eu te ofereço a festa em mil talheres,
Eu te ofereço saudades se partires.

Eu te ofereço a mim, como refém
Eu te ofereço o canto do prazer
Eu te ofereço assim, todo o meu bem,

Eu te ofereço o riso, e a gargalhada,
Por não ter mais nada amor, a oferecer,
Por fim eu me ofereço a ti, amada...

X

Minhas palavras perdem seus sentidos
Quando distantes vão da realidade.
Meus olhos, minha boca e meus ouvidos
Percebem o valor de uma amizade

Real que impeça mundos divididos
Vencidos pela dura crueldade
Que faz com que morramos distraídos
Sem conceber sequer tanta maldade.

Palavras vão ao vento se não feitas
Para nos unir e nos salvar.
Covardes escondidos nas espreitas

Espalham tanta dor em triste seta.
Talvez meus versos possam ajudar
E valerá a pena ser poeta!

X

No teu olhar provocas; tão lascivo;
Num simples movimento, num meneio,
Desejos de viver, em ti, cativo;
Deitando toda noite no teu seio...

Contemplo tuas formas desejosas,
E sonho com venenos e perfumes.
Sinto-te assim, querida; tão formosa,
Erguendo sensuais, nevados cumes...

Sua nudez oculta se revela
Nas leves transparências que adivinho.
Bem sabes meu amor, o quanto és bela.
Mergulho alucinado em teu carinho...

Nos ombros, cabeleira cai esparsa,
Olhando, provocante, mal disfarça...

X

Teus olhos são cristais, são diamantes
Dotados deste encanto em sedução,
Ao longe quando os vejo deslumbrantes,
Percebo toda a força da paixão.

Encantos que me fazem ver bem antes
A sorte que tramou uma ilusão.
De sermos novamente, por instantes,
Maiores que o infinito na amplidão.

E sigo seus lampejos pelas ruas,
São tochas que iluminam minha vida.
Ao ver que neste sonho continuas,

Luzeiros cristalinos, meus faróis,
Eu peço-te este encanto: amor; querida,
Mais forte do que dez milhões de sois...

X

Desejo-te, querida, a cada instante,

De todas as maneiras hei de amar

Mulher que veio vindo, deslumbrante

E agora me decora qual luar

Com raios penetrantes, me acarinha,

E rola nessa cama, me ilumina.

Bem sei que nessa noite; nossa... Minha...

Deitada aqui na beira, essa menina

Consegue me fazer voar sem asas,

Num átimo, mergulho sem temer,

Os olhos, nossas peles... Chamas... Brasas,

Maravilhosamente, meu prazer...

X

Não resista aos desejos, tentações,
Se entregue sem temor, a vida pede.
De tudo o que vivi; estas lições
Nos mostram; só recebe quem concede.

Por isso não se negue, a vida é breve,
E cada novo dia nunca volta.
Viver é navegar com alma leve
Todas as amarras; vê se solta!

Amiga não se deixe que tua alma
Se perca por total inanição.
Apenas a certeza que te acalma
Só vem do sim e nunca vem do não.

Os dias foram feitos pra viver,
Nunca deixe a tua alma adoecer...

X

Regue as plantas, querida, com cuidado,

São elas testemunhas mais fiéis

De quanto tempo estive abandonado

Levando minha vida de viés...

Bem sei que tanto tenho reclamado

Saudade desta boca e dos seus méis...

Mas finja que isto tudo foi passado...

Não guardo uma amargura. Esqueço os féis.

Eu sei que te amo muito. Isso não nego.

Representas bem mais que imaginais.

Entre dores, amores, eu trafego;

Buscando explicação. Não sei de quê...

Só sei que ainda te amo. Amor demais.

Mas nunca pergunte mais por que...

X

Saudade me levando em outras eras

De um tempo mais feliz que se acabou.

Outonos valorizam primaveras

Depois de que a bela flor morreu, murchou...

Restaram só saudades... Tais quimeras

São marcas de um desejo que passou,

Nas lágrimas o sal que me temperas,

Distante, bem distante... Amor ficou...

Mas sempre é muito bom lembrar de tudo,

Da boca tão macia e perseguida.

Coração apressado fica mudo...

No cheiro do desejo, ingenuidade...

Aos poucos descobri que em toda a vida,

É bom ter destes tempos, a saudade...

X

A flor da juventude renovada

Depois desta outonal desesperança,

Traz-me primaveril manhã raiada

Ao fim desta jornada, longa andança.

Na mão a bela rosa que, encanada,

Convida novamente para a dança

Depois de tanto tempo abandonada,

Ciranda retocando esta lembrança.

Florindo no jardim quase deserto,

Os olhos da menina me convidam.

Como voltar de um sonho, estar desperto,

No retorno aos vinte anos, quem me dera!

Os cantos juvenis já se deslindam

Volvendo para a vida, em primavera!

X

Andara tanto tempo em luz sombria

Invernando esta dor dentro de mim.

Somente um tristeza em agonia

Matando pouco a pouco, tudo enfim...

Quem dera se soubesse onde alegria

Escondera um sorriso, mesmo assim

Esperança voltava noite e dia

Anunciando uma glória. Bem no fim...

Ao te ver, percebi que estava ali

A total redenção de minha dores,

Depois de tanto tempo que perdi

Procurando nos bares, luas, trilhas...

Nos jardins infinitos, tantas flores,

Mais que todas, sozinha amor tu brilhas!

X

Nesses cigarros que fumo,
Te vejo nas espirais,
Meu amor grudou, fez grumo,
Não te deixarei jamais...

O tempo se esfumando pelas mãos

Distante de meu bem, a tarde cai.

Será que todos sonhos foram vãos?

Somente este cigarro me distrai...

O cheiro da aguardente me convida,

O bar estando aberto, a noite passa.

Não me interessa nada mais na vida,

Tragando já te vejo na fumaça...

Mas sei que tu virás noutra manhã,

Refazendo toda a força que perdi.

Tu sabes, minha vida será vã

Se não vieres logo, morro aqui.

Em meio a mil fantasmas e delírios

Não posso mais viver estes martírios...

X

Amigo, nunca tema ser feliz,

Felicidade; um bem que não tem preço.

É tudo o que na vida, eu sempre quis.

Talvez bem mais que tudo o que eu mereço.

No amor que não me quer qual aprendiz

Buscando qual a causa do tropeço.

Que fez com que perdesse seu matiz

Meus erros, eu bem sei cada tropeço.

Amigo, por favor; diga a quem amo

Que tudo que mais quero é seu carinho.

Por isso tantas vezes eu reclamo

Saudade de quem quero e me quer bem.

Quem dera se pudesse; um passarinho

Chegando ao seu ouvido, dizer: Vem!

X

No brilho de teus olhos, diamantes

Imensos, que me fazem delirar.

Meus dias sem teus olhos? Inconstantes...

Prometem tempestades sem luar.

Banhado pelos prismas tão brilhantes

Que trazem, com certeza, luz solar.

Me guiam pela estrada, deslumbrantes

Teus olhos... Como é bom poder te amar...

Nos dias solitários, caço estrelas

Nas ondas, nas areias, sem destino...

Não posso; Meu Senhor, mais esquecê-las.

Ao ver o teu olhar, minha querida,

Revejo um belo mar tão cristalino,

Tornando mais bonita a minha vida...

X

Mal sabes quanto amor eu te dedico,

Não posso suportar a tua ausência.

À espreita dos teus passos, sempre fico,

Retorne para mim; peço clemência!

A todo instante como na tocaia,

Espero que tu venhas, minha amada.

Do meu mundo, te imploro amor não saia,

A vida sem amor; passa a ser nada!

No meu amor, que sabes ser sincero,

Entrego-me sem medo e sem pudores.

Recebo no teu canto que eu espero

O brilho de teus olhos sedutores,

E digo: meu amor, o que mais quis

É ser nos teus carinhos, tão feliz...

X

Se trago uma esperança libertária,

Os meus pés vão atados em correntes.

Liberdade por vezes temerária,

Conseguida com sangue de outras gentes.

As lutas, mortes na reforma agrária,

No grito dos famintos, descontentes;

Sua faceta negra e sanguinária

Aberta em várias chagas, noutras frentes.

A liberdade, utópica esperança,

Nas guerras impedida pela lança

Marcada pela morte e por terror,

Se lança como um grito em desatino,

Surgido em podridão, cristal tão fino,

Só tem como aliado, o bem do amor.

X

Recebendo esse vento sem saber
Da direção seguida por você
Depois de tantos dias percorrer
Na base do quem sabe e do cadê.

Amada; a mocidade já me deixa
Não posso mais ficar neste relento.
Não falo que isso seja simples queixa,
Mas cansa-me ficar sabor do vento...

Eu a peço ; não faça mais assim,
Não posso suportar a crueldade
De quem sempre se esconde, pois no fim
Não restam senão marcas de saudade...

Bem sei que em nosso caso mora o tédio,
Que posso se não sei sequer remédio?

X

Qual rio que correndo para o mar

Encontra nas cascatas seus obstáculos,

Assim também ocorre quando amar

Se prende sem querer pelos tentáculos

Dos ciúmes, dos medos... Quero estar

Na boca dos mais lúcidos oráculos

Que possam meu futuro adivinhar

Fazendo dos meus dias espetáculos.

Vem comigo querida; não se esqueça

Do bom que nesta vida hei de viver

Não deixe que esta angústia me enlouqueça;

Não quero mais amor de outra pessoa,

Eu quero só teu mundo no meu ser.

Não deixe mais que vire essa canoa...

X

Não posso destilar o meu veneno
Em coisas que não valem uma rosca.
Pretendo ser, portanto mais ameno,
Nem tudo que se opaca é luz mais fosca...

Se vento ou se não vento, cata-vento,
Peneiro mais palavras se quiser.
Exponho assim o puro sentimento
Que faz da poesia o que bem quer.

Negar uma emoção é ser poeta?
Negar um sentimento é versejar?
A vida talvez seja mais completa
Quando houver liberdade p’ra sonhar...

Achar que amar, sonhar, sofrer é brega;
É coisa de poeta que se nega...

X

Paixão que me domina e me entontece,

Não me deixa pensar em quase nada

Minha alma se agiganta e se engrandece

Ao mesmo tempo morre sufocada.

Por certo, quase nunca me obedece

E segue sem sentidos, transtornada.

Depois por muito pouco se arrefece

E morre, num segundo, abandonada...

Se queres ser feliz, negue a paixão,

Se conseguir me explica como faz...

Vislumbro uma total revolução

Em cada novo dia, um novo encanto.

Loucura que mais nada satisfaz,

Paixão que me domina: riso e pranto...

X

As nuvens deslizando seus poemas
Pintados neste céu, anis-lilás;
Mudando de paisagens e de temas
Promessas e delírios, o céu traz.

Desenho nosso nome em pensamentos
Olhando
para as nuvens que esvoaçam
Mudando com a direção dos ventos
Volúveis se mostraram e se espaçam.

Nas baforadas soltas, as figuras,
Parecem com amor que tu me tens.
Ao mesmo tempo amor, já me asseguras,
Depois com tantas dúvidas tu vens.

Eu torço pra que o tempo esteje firme
Quem sabe teu amor por mim se afirme!

X

Amigo, tantas vezes me perdi

Em meio às mais diversas claridades.

Desculpe se magoei ou te feri

Mentindo ou te dizendo as inverdades

Com toda estupidez, só peço a ti

Que tenhas paciência. Sem maldades

Apenas me enganei e venho aqui

Pedir tua clemência. As liberdades

Permitem que te fale deste jeito,

Abrindo o coração e sendo franco.

Bem sei que não estás mais satisfeito

Mas peço-te perdão, querido amigo.

No lenço que te estendo, todo branco,

Vontade de viver em paz contigo.

X

Desculpe se eu errei; minha querida,

Não posso mais ficar sem ter teu canto.

Teu brilho em si, redime minha vida,

Tu és toda a certeza de um encanto.

Não penso numa triste despedida,

Te quero, muito além das forças. Tanto!

A mão que te acarinha, distraída,

Perdeu-se... O que fazer deste meu pranto?

Amar também se faz no perdoar,

Os erros cometidos, tão imensos,

Servirão p’ra aprender a te adorar

De forma contundente, muito além...

Meus dias vão passando mortos, tensos,

Até a morte luto por teu bem!

X

Na minha mocidade imaginava
Amor como um presente merecido
Portanto a cada dia mais amava
Amor passou depressa, foi vencido...

Depois recompensava a ilusão
Sonhando com amor que nunca vinha
Perdendo meu caminho, em solidão
A
tarde se passava tão sozinha...

Nas curvas deste rio, mergulhei
Sabendo que não pude nem nadar.
Vencido pelos medos eu passei
A mocidade inteira sem amar...

Agora que o outono bate a porta,
Percebo essa emoção quase que morta!

X

Ouvindo o galo cantando
Sentindo o doce carinho
De quem sei que estou amando
Não me sinto mais sozinho...

O vento no milharal
Cabelos de minha amada
Sob o sol tão sensual
Na manhã iluminada...

No brilho do azul do céu
Refletindo na lagoa
Montamos neste corcel
A vida, assim é tão boa...

De noite na branca lua,
Tua beleza; amor, nua...

X

Querida quando beijo tuas mãos

Desculpe mas desejo navegar...

Embora estes meus sonhos sejam vãos.

Vontade de te ter e te tocar.

Amores espalhando tantos grãos

Na terra prazerosa, cultivar.

Desejos tão sinceros, todos sãos

De um dia, no teu corpo mergulhar,

A boca tão distante, mas querida,

Os olhos se perdendo no teu ser.

Um dia se te pego distraída

Talvez tenha a coragem que preciso.

Só sei que quero tanto o teu querer

A boca procurando o teu sorriso...

X

Amigo, nossa vida é uma batalha

Que sempre nos provoca e nos maltrata.

Vivemos neste fio da navalha,

A dor que nos entranha quase mata.

A vida não permite tanta falha

A queda violenta da cascata.

Na carne tantas vezes já se entalha;

As marcas que ficaram nos retrata.

Mas conto com teu braço e teu apoio,

Nas lutas que vierem, companheiro.

Com o tempo sabemos quem é joio

E também quem é útil e bom trigo.

Assim se reconhece o verdadeiro

Eterno companheiro; meu amigo...

X

Tu me deixastes querida

Vivo agora tão sozinho.

O que irei fazer da vida?

Passarinho perde o ninho...

Já te disse de saída

Era teu o meu carinho.

Minha sorte vai perdida,

Sem ninguém, o meu caminho...

Mas meu bem, alguém falou

Esta verdade primeira.

Se o sujeito não prestou

A sorte já vem brilhar

Mas minha alma verdadeira,

Passa no mundo a penar...

X

Bebendo a solidão neste meu verso,

Distante de mim mesmo, tão vazio...

Num vago sentimento me disperso

E vem a sensação de imenso frio...

Cometa que vagueia no universo

Sem nexo, perco o rumo; já me alio

À negra sensação de ser diverso

Do que sonhara um dia. Morto o estio

Retorno, num momento para inverno

Deixado há tanto tempo, no passado...

A vida se transborda em vivo inferno

Que corroendo a paz, transporta a sorte

Bem longe do que quis. E desolado

Caminho em solidão, buscando a morte...

X

Num mar de amor, imenso; mergulhar,

Viajo pelas ondas dos teus braços...

Querida, se soubesses deste amar

Que toma sem juízo, meus espaços

Virias no oceano navegar

Comigo. Não negavas teus abraços...

Depois em branca areia se cansar

Na fome renovada nos abraços...

O mar te espera... Foges... O que faço?

Se tanto quero amar, mas nunca estás...

O teu nome na praia, quando traço

Penso tão somente em te trazer

Momentos de ternura, amor e paz

Regados com mil doses de prazer!

X

Saudade deste amor que procurei
Por toda uma existência e se acabou.
A sorte que pensara, já salguei
E o gosto da amargura, o que sobrou.

Nos veros sentimentos, dura lei
Que diz que quase nada me restou
Senão esta saudade. Pouco sei
Do vento que te trouxe e te levou...

Amor quando termina; o que fazer?
Viver sem ter sentido, caminhar
Na busca deste eterno bem querer

Sabendo que jamais tu voltarás?
Ah! Não... Eu não consigo mais lutar,
Apenas a saudade me traz paz...

X

Ah! Meu amigo, como dói perder
A mulher que sonhamos toda a vida.
A dor vem destruindo todo o ser
Invadindo a nossa alma distraída...

Bem sei como é custoso de se crer
Que uma pessoa amada e tão querida
Se vai. E nem sequer quer mais saber
Da nossa vida, triste e destruída...

Assim também alguém foi meu carrasco,
Deixando quase nada para mim.
Entorna a fantasia e quebra o frasco

Jogando pelo chão, um sentimento.
Vontade de morrer, chegar ao fim...
Creia: nossa amizade é bom alento...

X

O mar tão tenebroso; forte, audaz

Invade a mansa praia, ganha a rua.

O vento na borrasca é tão voraz,

E a tempestade louca, continua...

No sal que esta procela sempre traz

Minha alma se perdendo, não flutua.

Num turbilhão de dores pede paz,

Olhando para a calma, imensa lua...

Buscando o equilíbrio, já tonteia,

E tropeçando cai. Depois levanta,

Também alucinada se incendeia.

E volta calmamente para o chão,

Depois desta loucura; livre, canta.

O que fazer Meu Deus, desta paixão?

X

Esquecer nosso amor? Bem sei, jamais...

Eu amo em cada verso que te faço,

O que fazer se em ti, um sonho a mais

Tomando lentamente todo espaço

Repleta uma existência, louva a paz;

Amarra minha sorte em teu cadarço

Em vívida esperança me compraz.

Tu és toda a leveza do compasso

Que sonho enfim, poder acompanhar

Nas danças pelo céu, ganhando o ar

Com toda uma certeza de viver

Nos braços de um amor celestial,

Além do bem, por certo, além do mal,

Diga-me então, amor como esquecer?

X

Querida não maltrate o bem querer

Eu quero o teu amor junto comigo.

Mas logo que procuro sei não ter

O colo que sonhei ser meu abrigo.

Tu sabes, não consigo te esquecer,

Não quero ser somente teu amigo,

Mas teimas em tentar me convencer

Que amar demais é sempre um mau castigo.

Se falo dos meus sonhos, logo ris...

Rasgando a madrugada, aurora e dia

Bem sabe o que faria mais feliz

E desconversas sempre, me enlouqueces!

Já não suporto, amor, esta agonia,

Escuta por favor, a minha prece!

X

Meus passos imprudentes me trouxeram
As dores e os enganos mais cruéis,
Meus dias insensatos já tiveram
O gosto tão amargo destes féis.

Fiéis, os meus amigos, sempre viram,
Os erros que jamais pude ocultar.
Tentaram sem sucesso. Não partiram,
E nunca se cansaram de ajudar.

Eu agradeço a todos se hoje estou
Recomeçando nova primavera.
Por mares mais serenos sei que vou,
Agora nem tristeza desespera.

O mundo não se mostra mais perdido,
Por isso esse meu verso agradecido...

X

Fecho os olhos, procuro em pensamento

Amor mais que perfeito que encontrei.

Tu sabes deste imenso sentimento,

Que a ti, por toda a vida, eu dediquei.

Não deixo de pensar um só momento

Naquela criatura que bem sei,

Um dia o mar levou, num triste vento,

Além do que sonhara e imaginei.

Mas sei que tu virás; assim espero,

Se vivo de ilusão? Pouco me importa...

Só sei que, meu amor, tanto te quero...

Teu cheiro, o teu perfume... Isso é passado?

Aberto estão o peito, a casa, a porta...

E um coração sincero, apaixonado!

X

Não posso sufocar esta paixão

Que chega e já desmonta a minha base.

Trazendo com sorriso, a sedução,

Transmuda, como a lua, noutra fase...

Às vezes parece alucinação,

Parando a minha vida numa estase,

Em outras vem causar transformação

Muda todo o sentido de uma frase.

Menina o que fizeste assim comigo?

Espero a cada dia o teu prazer,

Mas foges me deixando sem abrigo...

Meu canto te buscando feito um rito,

Meu mundo nos teus braços quero ter,

Soltando esta emoção, busco o infinito...

X

Amor que é tão amigo e companheiro,

Não deixa que as tormentas incomodem.

Num sentimento assim tão verdadeiro,

As antigas poeiras se sacodem.

Não cabem preconceitos... Vou inteiro,

Bem mais que minhas forças sei que podem.

Se no teu coração sou um posseiro,

Não vejo outros perigos que te açodem.

Amantes decididos e sem medo,

Seguimos sem temer as tempestades.

Nas brenhas, nesta mata eu me enveredo

Invado teu juízo, e te atormento,

Na força deste amor, felicidades

Não deixam de viver um só momento!

X

Amiga, estou aqui para te ouvir

Bem sei que um grande amor quando se vai

A casa nos parece, vai ruir,

A sorte desejada já se trai...

Não pude, minha amada, resistir

Ao ver que tua vida já se esvai

Na dor que sei, difícil, repartir,

Mas sei que sou p’ra ti como um bom pai.

Se quer desabafar, conte comigo,

Eu bem sei da importância que ele teve;

Por isso estou aqui. Sou teu amigo.

Não deixe que a ternura que te abriga

Desabe. Boa parte ele reteve...

Mas conte com meu braço, minha amiga...

X

Vivendo a plenitude do otimismo

Sem medo de ferir; ser verdadeiro.

Não crie com ninguém nenhum abismo,

Ser leal, meu amigo, é ser inteiro.

Vamos parar com individualismo,

Em cada ser humano, um companheiro.

Às favas com o monstro do egoísmo

Não haja mais nem último ou primeiro...

O mundo só será um paraíso

Se todos perceberem com amor,

Que a morte chegará sem dar aviso,

E a todos beijará com igualdade.

Contigo, meu irmão, por onde for,

Na força da união. Viva a amizade!

X

Sonhando com teu corpo junto ao meu

Pensando que serei, enfim, feliz...

A luz de teu olhar clareia o breu

Na cor desta esperança por um triz

O verde de teus olhos se perdeu.

Em cada novo tom, novo matiz

O negro de minha alma se acendeu

E o sonho desejado pede bis...

Mordisco levemente tua boca,

Avanço por teu corpo, mil carícias,

Suspiras, alucinas, quase louca...

E tudo o que eu queria, eu desfrutei

No belo altar profano, tais delícias...

Mas logo amanheceu... Eu acordei!

X

Além de todo amor, de toda a vida,

Eu quero eternamente, ser só teu...

Tu és assim, a sorte recebida

Por quem durante a vida se perdeu.

Um dia, ao perceber-te distraída,

Olhando para o longe...O canto meu

Vibrou nos teus ouvidos. Sem saída,

Meu amor no teu peito se escondeu...

E desde então não faço quase nada

Senão viver amor tão desejado,

A voz que te chamava, enamorada

Agora te sussurra bem baixinho,

No verso que dedico, apaixonado;

Somente uma palavra de carinho...

X

A chuva vem caindo mansamente,

Beijando toda a terra, acende o cio.

Brotando nova vida da semente,

Recomeçando o tempo, novo estio...

A paisagem muda totalmente,

Já não parece o campo mais vazio,

O cheiro deste mato, de repente,

Transformação divina em novo fio

De esperança de vida sobre a terra,

Reflexo tão profundo deste amor

Que a vida, por si só, traz e se encerra

No mago sentimento que se fez

Nas mãos do nosso amado Criador,

Que o homem por desleixo já desfez...

X

Achava meu caminho tão incerto

Perdido em fantasias, tantos medos...

Vagando sem ter rumo num deserto

Imerso em meus temores e segredos.

A sorte nunca vinha, longe ou perto,

Apenas sensação de dor,degredo...

Agora em minha vida, estou desperto

Bem sei que poderia ser mais cedo

Mas sinto que inda há tempo de lutar

E arregaçando as mangas, meu amigo,

Não deixo mais a vida me tragar.

Eu te agradeço o apoio, companheiro;

Agora sem temor, venço o perigo

E ao mundo não me nego, vou inteiro

X

Desde a primeira vez, quando te vi;

Percebi que jamais te esqueceria...

Depois, vivendo amor tão grande em ti

Conheci, com certeza, uma alegria.

Em todo o teu carinho percebi

Que a vida, neste instante, sorriria.

Pois todo o bem da vida estava ali,

Ao lado da mulher que eu bem queria...

Nossa primeira noite num motel,

As roupas espalhadas... Belo sonho

Levando em fantasias para o céu...

Os corpos misturados... Que prazer!

O dia mais feliz e mais risonho...

Nossa primeira vez; como esquecer?

X

Minha vida procura por seu norte,
Eu vou sem ter um rumo noite afora...
Quem sabe depois disso venha a sorte
De ter quem tanto amei. Minha alma implora

Um braço que acalante e me conforte
Amiga; por favor, não vá! Lá fora
O vento vem trazendo o frio, a morte...
Peço-te que jamais tu vás embora...

Preciso de teu colo, amiga minha,
Envolto na saudade, perco o cais.
Tristeza em solidão, tão cedo aninha

No coração tão velho do poeta.
O gosto da alegria é do jamais,
Somente esta amizade me completa...

X

Perdemos tanto tempo em nossas vidas,
Procurando um culpado pela sorte,
Das noites tão cansadas, mal dormidas
Da dor que nos invade, sempre forte.

Perdemos tanto tempo procurando
No lixo que alimenta nossos filhos,
Seguimos, sem saber, nos enganando.
Os passos se perdendo noutros trilhos.

Amigos encontrei em cada ser,
Não pude dar a chance de existir
O que já deveria perceber
Que apenas nosso amor pode impedir

O lixo que alimenta teus irmãos,
Servido, sem querer, por nossas mãos...

X

Entre os altares belos dos meus sonhos,
Ergui o meu castelo com carinho.
Tijolos de esperança mais risonhos,
Com beijos e delícias fiz o ninho.

Protegem-me teus olhos, meus faróis,
No pátio, nossa cama, meus folguedos,
Nos holofotes fortes, dois mil sóis,
No cofre, coração, nossos segredos.

Na ponte levadiça do desejo,
No fosso da promessa, teu orvalho,
Das mãos que se procuram, azulejo,
Descubro cada morro, cada talho...

Mesmo que, no castelo, há cicatriz,
Rainha que desnudo... Estou feliz!

X

Invento minhas penas, minhas dores?
Não sei se isso é verdade, mas se dizes...
Só sinto que se tenho meus temores,
Pressinto que isso nos faça felizes.

Amor que não sufoca não permite
Que amar se sinta intenso e verdadeiro.
Amar é perceber sempre o convite
De sermos mais além, além de inteiros.

No diamante raro, tantas trincas,
Aflige a sensatez, insânia cura...
Maltrata a lucidez, decerto brincas,
Louvando esta loucura com ternura.

Se choro de alegria, me transtorno?
Se dou demais, porque de amor me entorno?

X

Não falo dos teus erros, mostro os meus.
Numa omissão terrível, me calei.
Sangrando em cada novo e triste adeus,
Fazendo desta farsa, a minha lei.

Bem sei que me desculpo; mas não creio,
No fundo eu sei que sou bem egoísta.
Negando uma atitude por receio
De ser talvez quem sabe, até mal vista.

Eu não fui este amigo que queria,
Errei ao te negar o braço e o pão.
A noite na minha alma me vencia
Mil vezes nem consigo dizer não.

Fingindo que não tenho compromisso,
Eu mostro uma outra face: sou omisso!

X

Saudade que maltrata e que me beija,
Nas cordas de meu pinho seresteiro.
A lua enamorada me deseja,
Assim como eu desejo o mundo inteiro...

Eu quero ser feliz, amada estrela,
Não deixe que a saudade seja dura.
Permita, por favor, amor, revê-la
Que a noite sem estrelas, queda escura.

Se geme na viola uma saudade
Do tempo que se foi, não volta mais,
Vivendo teu amor, felicidade,
Meu canto, sem demora, quer demais...

E sinto que virás, depois da curva,
Assim como este sol, após a chuva!

X

Este beijo pedido que perdi
Na boca que queria, mas não tive
Sequer a sobremesa que pedi,
Na cama preguiçosa onde eu estive.

Não vive mais sequer esta esperança
Da trança da menina que não veio.
Apenas me restando uma lembrança
Da leve transparência. Um belo seio.

Beleza peregrina não voltou,
O beijo não passou duma ilusão.
O tempo de viver não mais restou
Percebo que foi alucinação.

Depois da tempestade sei das chuvas,
Apenas eram verdes essas uvas...

X

Os dons de amar assim não alcancei,
Porquanto te queria para mim.
Vencendo essa vontade que terei
Nas curvas sem ter medo, vou sem fim.

Derramo meus tormentos em teu céu
Que sei não poderia ser mais claro.
Caminho sem saber deste corcel,
No jeito que queria, manso amparo....

Da graça deste amor que não me trouxe
Amada que se foi sem perceber;
Que a vida que propunha, se era doce,
Agora já começa apodrecer...

Mas tenho uma esperança de voltar,
Aí, talvez, quem sabe, possa amar?

X


Não quero te rever, ó solidão!
Amargas as palavras que me dizes.
Reverto em todo amor esta lição
Que um dia meu causou tais cicatrizes...

Rasgaste num segundo o coração,
Matando toda a cor e seus matizes.
Agora, não permito esta invasão.
Meus dias são repletos e felizes...

Joguei o meu destino bem distante
Dos olhos tão venais de uma saudade.
O beijo que me deste, delirante

Guardado com carinho e com paixão,
Repleto de tenaz felicidade,
Matou e deletou a solidão!

X

Nossa primeira noite... Como é bom
Poder me recordar de cada instante.
Amar, usufruir do belo dom
De ser amigo, amado, teu amante...

Inda me lembro, amor; o vento... O som...
O sonho de te ter tão deslumbrante.
Podendo te tocar, tom sobre tom,
Do paraíso, livre viajante...

A tua camisola carmesim,
Trazia a maravilha transparente,
E o trêmulo desejo... Foi assim...

Aos poucos desabrochas na nudez
Com ânsias de se amar, com fome, urgente...
Assim, na noite calma... amor se fez...

X

Quando tu me deixaste, meu amor.

Mataste o que melhor havia em mim...

Levaste assim contigo o bom sabor

Da sorte que percebo estar no fim...

Espero, no futuro recompor

O sonho que levaste. Nem assim

Conseguiste matar a bela flor

Que faz do meu amar o seu jardim.

Esperança se refaz a cada dia,

Em novas amizades me liberto

Desta prisão terrível: fantasia.

E disso tudo, sobra uma lição,

Por mais que esteja triste, num deserto,

Não deixa de irrigar meu coração...

X

Conheces meus defeitos, mesmo assim

Não me deixaste só na tempestade.

Por mais que me encontraste já no fim

Fizeste bem valer nossa amizade...

Depois de tanta dor, encontro, enfim,

A tão ansiada vida em liberdade...

Perdido neste mundo, num confim,

Recebo em teu calor, sinceridade...

Amigo não se encontra por aí

São pérolas tão raras, disso eu sei.

Por isso, companheiro, digo a ti

Nos versos; admirado e com respeito,

Que eu agradeço a Deus, pois encontrei

Alguém que me compreende desse jeito...

X


Sinto tua presença... Vem chegando,
Tomando em minha boca o teu carinho...
Meu corpo vai, aos poucos flutuando,
Roçando o teu desejo, invade o ninho...

Depois de certo tempo, levitando,
No jogo que se faz sem ser sozinho.
Meu rio no teu mar vai inundando,
Vermelhos nossos sonho, tinto vinho...

Eu recomeço a cada noite este ato
Mas rouba toda a cena, bela atriz.
Amar é se entregar, saber de fato

Que toda esta loucura nos faz bem...
E torna nossa vida mais feliz
Por isso, minha amada... Chega... Vem...

X

No teu retrato sobre a penteadeira

Lembranças deste tempo que passou.

A vida se mostrava verdadeira;

Apenas esta foto, o que sobrou...

Mas sei que voltarás, virás inteira;

Buscar o que deixaste e o que sou.

Se tive em ti, amada e companheira,

Nem mesmo esta distância te roubou.

Eu sei que nesse dia mavioso

O mundo sorrirá, serei feliz,

Viver será de novo tão gostoso...

Porém tu vives mundos tão distantes...

O teu olhar na foto inda me diz

Que tudo mudará, dentro de instantes...

X

Os olhos que lavei em prantos tristes
Agora são faróis tão reluzentes.
Felizes por saberem já que existes
E me olhas com desejos envolventes.

No cimo destas árvores dos sonhos,
Dourando tanta areia em minha praia,
Tramando tantos víveres risonhos
Qual lua que em meu mar sempre desmaia.

Guardando a sete chaves nosso amor,
Caprichos e sorrisos, diamantes,
Eu sinto tal vontade em louco ardor
De sermos, brevemente, mais constantes.

Numa canção sonora, minha amiga,
Nos templos da alegria, amor é viga...

X

Qual vasto plaino d’alma sonhadora
Sem pântanos, charnecas, atoleiros.
A poesia imersa, exploradora,
Procura por meus cantos verdadeiros.

Tripudiando sobre meus temores,
Se ri da vera noite que teimava.
Em meio a tantos gozos dos amores
Sabia que outro encanto me chamava.

Vislumbro a solidão jazendo ali,
Depois de tanto tempo me amarrar.
O medo de viver... Ah! Já perdi,
Agora me deslumbro com amar.

E no planalto belo do cerrado,
Ecoa meu cantar, apaixonado...

X

A minha alma está cheia de alegria

Por que vieste, amor; em redenção!

Passando tanto tempo em agonia,

É bom poder tocar teu coração

E ver que nossa vida, em harmonia

Trará bem mais que simples ilusão.

Será toda a certeza de, num dia,

Viver com toda a força esta emoção

De ser bem mais que sonho, que promessa,

Matando essa amargura tão funesta.

Vem logo, meu amor, eu tenho pressa

De ser feliz. Mereço amor enfim,

Viver em nossa vida; gozo e festa.

Sacramentando amor que existe em mim!

X

Andamos solitários pela vida...
Nos nossos pensamentos, sem ninguém
Que possa acompanhar nossa partida
Ao mundo que talvez ou mal ou bem

Traga-nos toda sorte decidida.
Depois da velha curva, o quê que tem?
Será porta de entrada ou despedida?
Só sei que a solidão, decerto, vem...

Quando esse sentimento é solidário,
Encontra noutro ser um companheiro
O que sempre se fora temerário

Passa a ser bem mais fácil. Na verdade
Juntando dois espelhos num inteiro,
Amigo; já veremos claridade...

X

Vencido pelo mar de tantos medos

Singrando uma esperança sem ter fim.

Na busca por caminhos sem degredos,

Vagando a tempestade dentro em mim...

O cálice partido dos segredos,

Rasgando o que pudera ser assim;

Invento no meu mundo, meus enredos,

Arranco toda a flor deste jardim.

Sou parte inexistente deste sonho

Morto, sem virtudes, esquecido...

Não tenho nem o resto que proponho,

Retrato meu descaso com a vida,

Nem mesmo a sensação: dever cumprido,

Preparo assim, a minha despedida...

X

Me prendendo nos teus braços

Eu não quero liberdade

Esquecendo os meus espaços

Na prisão, felicidade!

Meu amor, estreitos laços

Já me traz sinceridade.

Tropeçando nos meus passos,

Dos teus braços, que saudade!

Minha amada toda a vida,

Procurei por um carinho,

Que bom te encontrar; querida!

Teu amor já me consola,

Deixa eu ser um passarinho

Preso na tua gaiola!

X

Meu amor ninguém me toma,

Quero ver alguém tomar,

Um mais um a gente soma,

Depois quer multiplicar.

Ninguém no mundo me embroma,

Dou rasteira no luar,

Meus olhos? Não há quem coma,

Quero te ver me enganar!

Sou ranzinza. Sim senhor!

Eu dou nó na carrapeta.

Pois em matéria de amor.

De tudo eu sou bem capaz,

Eu dou coça no capeta,

Chicoteio Satanás!