domingo, janeiro 24, 2010

23387

Perpetuando em mim a sanguessuga
Que outrora se fizera amante e amiga,
Expondo no meu rosto cada ruga
A sorte ao mesmo tempo desabriga.

E enquanto a vida aos poucos tudo suga,
Nefasta companheira tão antiga
A pele decomposta já se enruga
Que um andarilho em rotas vãs prossiga

Necrópsia de uma estúpida esperança
Ao férreo percorrer desta lembrança
Lançada num esgoto, em vale obscuro.

A pérfida ilusão velha senhora,
No escárnio derradeiro se demora,
No intenso efervescer que em ti procuro...