terça-feira, maio 02, 2006

TROVISCOS 5

Muita coisa que me intriga,
Não respondo no caminho,
Que é que tem nessa barriga
Desse tal de Garotinho?

PROCURO PELA ESSÊNCIA

procuro pela essência sem clemência, de um canto novo
onde posso escapar devagarinho, como fora um rio
instigado a conhecer o mar, imenso mar onde espero
por doces brilhos de luares mansos, onde espero o que
por ser o que é, só por ser, venero, e não alcanço;
procuro pelo colo amigo, sem perigo, sem transtorno
onde poderia de retorno à vida, encontrar perdidos dias
vazias as mãos, o peito aberto, recoberto, descoberto
insensatamente exposto, num agosto qualquer,
a procura de um silencioso reflexo de um por de sol
nesse mar intenso que penso ser meu porto, onde
vivo ou morto, pouco importa, descansaria
procuro pelo canto singelo de um pássaro, qualquer
pelo afago de mãos carinhosas, quaisquer.
por um trago doce de uma boca amiga
que nada mais faria a não ser abençoar
a força inaudita e bendita que nos faz capaz
de sermos o infinito, um maravilhoso grito
um grito fantástico e formidável
amável, sereno um canto de paz...

SONETO

Eu falo desse povo aprisionado,
No cárcere sangrento de injustiças,
Ouvindo seu lamento, seu recado;
Composto nas tavernas mais mortiças

Nos medos seus segredos e notícias,
Nas dores desse corpo maltratado
Vítima mais cruel dessas sevícias,
Trazendo a cruz nos ombros, vai pesado...

Cravado pelas marcas dos senhores,
Dos donos desses gados, dos humanos
No jogo, já marcados perdedores

Esquecidos por Deus, atrás dos panos
No teatro bem vivo dos horrores...
Das vítimas do olvido, dos enganos...

ESTREITO TUAS MÃOS EM MEU PEITO...

EU ESTREITO TUAS MÃOS EM MEU PEITO

MEIO CONTRAFEITO, MAS CONTENTE

ÉS O NASCENTE, MEU RUMO

ME APRUMO E TE DESEJO

UM SEIXO ROLANDO NO RIO

MEU ÓCIO É TEU VÍCIO

MEU CIO TEU CONFORTO

MEU PORTO O TEU MAR

MEU MUNDO TUA LUA

A RUA QUE TRAFEGAS

ME COMPLETA, ME TRADUZ

SE SOU POETA, TU ÉS LUZ

SONETO

Quanto mais eu pudesse lhe dizer
Do quanto sempre quero seu amor,
Se nada mais me importa, nem viver,
Se nada tenho, tento lhe compor

Nau errante sou, sigo sem saber
Nesse tropismo louco, seu calor
Me leva a procurar, cadê você?
Eu lhe procurarei por onde for.

Nada mais temo, quero sua luz
Quero seu colo, corpo e pensamento.
No reflexo mais belo que produz

O meu olhar transcende sofrimento,
O meu tormento é tanto, minha cruz,
Que transformo procura em alimento...

FECUNDIDADE, O AMANHECER

O amanhecer repete o gosto do desejo reprimido, repetido na boca doce da madrugada,no beijo dado na esperança de uma aurora mais fecunda.
O gosto da vida inunda os pastos, a lavoura, a alma, no pólen que se espalha, preso nas patas das abelhas, no vento na explosão de fecundidade.
A avidez pela sobrevivência confunde pernas e penas, sêmen e sementes, espectros passeiam loucos, desvairados, orgísticos.
Num místico canto, da terra emanam os sons do amor divino, num hino de louvor ao nascimento, ao contínuo ato de amor, orgásmico e acalentador.
Das estranhas do solo, florescem entre poros, os olhos risonhos dos brotos e dos filhos;
Nesse momento místico, o transe da terra, numa transa sem trâmites, sem nexo, o sexo pulula, amanhece o dia e a vaga poesia invade tudo.
Transborda por todos os cantos, num mantra, num cântico, entre tantas esperas, num desesperado gesto, um incesto sem protesto, uma dança profusa, confusa, abusa de tantas rimas e climas, atiça o desejo, sem beijo, sem traumas.
Na aparente calma, um tornado em torno de todos e tudo, transita pelos galhos, pelas folhas, voando nas borboletas, nas asas das libélulas, em todas as células e gametas, cometas são estrelas da vida, dívida paga, da vida devida, afaga e completa-se.
Nessa profusão de cores, de amores e de flores, nessa confusão bendita, neste solo acariciado, marcado por mãos divinas.
Nesse néctar, ser poeta é fácil, vira vício, é o início da revivida manhã, da sortida alegria desse dia, novo dia, novo canto, meu encanto, poesia...
O cheiro do amanhecer me toma inteiro, nesse janeiro do meu país; em busca da farra fantástica da igualdade, da brincadeira à esmo, do gosto do torresmo, do cheiro da dama da noite, da distância do açoite, do vento assoprando suave.
Da chave da felicidade, na feliz cidade, no gosto do beijo da história.
Na vitória inadiável, no amor incontrolável, na paz capaz de vingar.
No fim da noite sangrenta, no dia que arrebenta; que profuso, faz o cafuso sonhar.
Com o gosto da goiabada, o beijo da mulher amada, o cheiro intenso do café, da fé de saber-se imenso, maior que tudo, o mar...
Brasil, me abrasa teu rumo, chegaste, afinal ao prumo, agora ninguém te detém.
Nesse louco cataclismo, o meu, teu socialismo, me traz teu novo refrão; o de fecundar o solo, de transmudar todo poro de tua gente em perfume.
Agora, atrás do teu lume, iluminando o continente, cheio de gente contente, que atravessa por cordilheiras, por matas, abrindo bandeiras, atrás de rica esmeralda;
Esmeras, pois és Eldorado, mundo mais que encantado, é tua a solução.
Para se acabar com os soluços tantas vezes convulso, da triste América católica, extropiada e frágil, agora, correndo ágil, em busca da liberdade.
Da liberdade do solo que, na sua fecundidade transporta o belo amanhã.

SONETO

Meu amor traz no peito bem marcado,
Com garras penetrando, bem profundo
Meu canto, de tristezas, compassado
Um grito, me trazendo o fim do mundo.

Amor meu, de teus beijos sou, me inundo
Meus abraços nos braços teus, atado
Vou, conheço o mergulho em que me afundo,
Nesse louco prazer, desesperado.

Quero, bem mais que tudo conhecer,
Os limites sem rumo da paixão,
Beijando, em tua boca conceber,

Tudo quanto pudera, o coração,
Quero aprender a ler nesse abc,
Vou me perder nas trilhas, teu sertão...

SEXTINAS

Aqui, nesse fim de mundo
Contam histórias estranhas
Contam casos de defunto
Perdidos nas montanhas
Coisa que assustam o homem
Histórias de lobisomem,

Contam contos da saudade
De um tempo que não vivi,
Juram que é bem mais verdade
Que todas as que eu já vi...
Falam das moças perdidas,
De tristezas, de amor, vidas...

Falam de tanta esperança
De esperar por mais alguém,
Que só vive na lembrança,
De quem tanto quis seu bem,
Esquecidos pelo tempo,
Nomes perdidos no vento...

Contam do amor de Maria
Que morreu no meio do mar,
Saudades de quem queria,
Com Maria se casar...
Mas o canto da sereia,
O levou, longe da areia...

Contam desse desespero,
Já nem dá mais pra escutar,
Virou do mar, o tempero
Tanto foi o seu chorar,
Choro tão desesperado
Que tornou o mar salgado...

Por isso, pelo seu pranto,
Pelo seu choro sofrido,
Começando, por encanto,
Por causa do amor perdido,
Tanta, tanta salgaria,
São lágrimas de Maria...

A Pobre moça, assombrada,
Vagueou pelas estradas
Sem rumo, amor, sem mais nada
Perambula as madrugadas,
A procura de vingança,
Só lhe resta esta esperança...

Por isso tudo se sabe,
Antes que o dia comece,
Uma luz azul não cabe,
De tão bela fosse prece,
Quem vê dessa luz padece,
Vai perdido, se enloquece...

COMPADRE TONHO, SEU CORDEL TÁ AQUI

A situação está ficando muito complicada para a oposição, a cada dia que passa, novas denúncias se acumulam, tornando o sonho de “sangria” de Lula, no pesadelo da hemorragia coletiva dos outros candidatos.
A história dessa eleição se aproxima de um verdadeiro lamaçal, sendo que Luis Inácio está acima disso tudo, tranquilamente observando tudo de cima.
O desespero chega ao ponto de termos uma inédita greve de fome, sem pé nem cabeça, histórica mesm, de Baby.
Meu compadre Tonho, ao ficar sabendo das últimas notícas, criou esse cordel e me pediu para colocar aqui no meu blog:


“Seu moço, faz o favor,
De me explicar essa história,
Eu nunca vi, seu doutor,
Se não me falha a memória;
Conta, tim tim por tim tim
O que que fez Garotim?

Me contam, não acredito,
Que esse homem, que é de Deus
Que eles falam que é bendito,
Contam dois amigos meus,
Seguidores dessa trilha
Que fala muito em família.

Me fala que é bom cristão
Que é, de Deus homem temente,
Fala muito de oração,
Conversa com o povo crente,
No rádio toda manhã,
Promete belo amanhã.

Como pode um homem desse
Se meter nessa lambança.
Seu moço, fale confesse
Mas finja que eu sou criança;
Que é pra eu poder entender
Que que ele foi fazer?

Descobriram troço feio,
Coisa pouca é que não é
Tem caroço nesse meio,
Fede pior que chulé;
Ninguém faz essa tal greve,
O pecado não foi leve...

Pelo que eu soube, é verdade?
Que por dentro desse embrólio
Tem empresa, de maldade,
Querendo furar os óio,
Mas descobriram, de fato
Umas contas de contrato

Feitas até com bandido,
Um preso lá na cadeia,
Cabra do povo, banido
Por conta de coisa feia,
Companheiro de campanha
Que bate, mas não apanha...

Dos dinheiro recebido,
Prá fazer o que não fez;
Esses homens mais sabido
Desviava, todo mês,
Pras contas do teu partido,
Um cascalho bem sortido.

A ser verdade o que falam,,
Quero dizer prá você,
Essas coisa toda abalam
Bota seu nome a perder.
Eu já perdi minha calma,
E nem garanto sua alma”

Pois bem compadre Tonho, taí o seu cordel; pode procurar na Interent, espero que o seu Garotim leia e entenda...