quinta-feira, novembro 23, 2006

Salmo 19

Os céus proclamam glória de meu Deus
Sua obra, o firmamento me anuncia.
Um dia se declara a outro dia.
Conhecimento, a noite passa a outra.
Não há palavras, fala, nada escuto...
Mas sua linha e fala: universais!
Qual noivo que se alegra quando sai,
Qual herói a correr sua carreira,
Deus pôs em tudo, tenda para o sol,
Que se estende por todo esse universo,
Ao seu calor, por isso, nada foge!
A lei do meu Senhor, perfeita lei,
Minha alma refrigera e aos mais simples
Já dá sabedoria, Meu Senhor!
Todo o seu testemunho é mais fiel.

Seus preceitos são retos e me alegram.
Seu mandamento é puro e me ilumina.
Temor ao Senhor, limpo e permanente.
Juízos do Senhor veros e justos!
São bem mais desejáveis do que ouro;
Mais doce do que mel que vem em favos.
Para quem os guardar, a recompensa.
Quem pode discernir os próprios erros?
Me purifique então dos que não sei.
Me guarda da terrível presunção
Que nunca se apoderem mais de mim!
Então, serei perfeito em Deus, Liberto!
Os termos que eu disser mais agradáveis,
Assim também meditação perante
A tua face Deus, que é minha rocha
E redentor!

Salmo 18

Te amo meu Senhor, és minha força!
A rocha, fortaleza e liberdade;
Onde está meu refúgio e meu escudo.
Meu Pai, tu és a força e salvação!
Invoco o Senhor digno de louvor
E isso me salvará dos inimigos.

Cordas duras da morte me cercaram
Perdição em torrentes já temi.
As cordas do Seol já me cingiram
Tantos laços da morte, de surpresa...
Angustiado, invoco meu Senhor
Do seu templo divino, ouviu a voz
O meu clamor chegou aos seus ouvidos...
A terra se abalou e se tremeu,
As bases desses montes se moveram
Porquanto meu Senhor se indignou.
Fogo devorador em sua boca
Fumaça das narinas, brasas ardentes!
Os céus, Ele abaixou e veio á Terra,
Sob os seus pés, as trevas mais espessas;
Num querubim montou e voou sim,
Sobre as asas do vento, ele voou!
Seu retiro secreto, fez das trevas,
Escuridão das águas, pavilhão,
Assim como as espessas nuvens, céu...
Do resplendor desta presença santa
Saíram saraivadas chamas, brasas.
Então o meu Senhor trovejou voz,
Por entre tantas brasas, chamas, fogo.
Despediu suas setas e as espalhou
Raios multiplicou e os perturbou
Já vejo os leitos d’águas. Fundamentos
Deste mundo se mostram, descobertos;
À tua repreensão sopro do vento
Das narinas do Senhor, meu Grande Pai...
Estendendo seus braços me tomou,
Me tirando das águas que são muitas!
Do inimigo mais forte me livrou,
E dos que me odiavam e eram fortes!
Quando em calamidade, me flagraram,
Mas o Senhor, meu Pai, foi meu amparo!
Num lugar espaçoso me levou,
Por que tinha prazer também em mim.
E me recompensou o meu Senhor,
As minhas mãos tão puras, a justiça,
As conhecem meu Pai, o Meu Senhor!
Eu guardo seus caminhos, não me afasto,
Por isso sou, do Pai, recompensado.

Eu nunca me afastei dos estatutos,
E todas ordenanças eu conheço!
Fui irrepreensível diante dele,
De toda iniqüidade, me guardei!
Por ser mais justo, puro diante dele,
Eu fui recompensado pelo Pai!
Com o benigno sempre és mais benigno;
Para o homem perfeito és mais perfeito!
Para aquele que é puro sempre és puro;
Para com os perversos, o contrário!
Pois que tu livras o povo tão aflito,
Mas os olhos altivos, os abates!
Acendes a candeia meu Senhor,
As trevas que são minhas, alumias!
Eu salto uma muralha com meu Deus
Também com seu auxílio vejo a tropa.
Seu caminho é perfeito, meu escudo!
São todas as promessas já provadas.
O Meu Senhor é Deus, o meu rochedo
Deus me cinge de força em meu caminho.
Faz dos meus pés como os das corças rápidas,
Nos lugares mais altos, me protege...
As minhas mãos prepara p’ra batalha,
Meus braços vergarão um brônzeo arco...
Da tua salvação me deste o escudo.
A tua mão direita me sustém;
Toda a tua clemência me engrandece!
Alargas os caminhos que já vejo,
Impedindo que os pés meus resvalem.
Persigo os inimigos, os alcanço.
Só retorno depois de consumi-los!
Os transpasso de forma que não se ergam,
Os deixo, então, caídos sob meus pés!
Na peleja, cingiste-me de força,
E prostras sob mim, os inimigos!
Que me dêem as costas, também fazes,
Aos que me odeiam, os destruo, Pai!
Clamam, porém não há libertador,
Clamam ao meu Senhor, não os responde!
Como o pó frente ao vento, os esmiúço.
Como a lama das ruas, lanço fora!
Me livres das contendas deste povo
Me fazes, das nações, sua cabeça.
Quem não me conhecia, se sujeite!


E que eles me obedeçam ao me ouvir
Com lisonja, estrangeiros se submetam!
Estrangeiros, tremendo, desfalecem
Dos seus esconderijos, sim, já saem!
Te exalto, meu Senhor de salvação!
Meu Deus me dá vingança e meu poder,
Livra-me de inimigos e me exalta
Livra-me de ser homem violento.
Por isso, meu Senhor, te louvarei
Entre todas nações te louvarei!
Dá grande livramento pr’o seu rei
Dá benignidade a quem ungiu.
E para com Davi, seus descendentes,
(Para sempre!)
Rastejo meus remendos pela casa,
O gosto sanguinário da miséria.
Um parto prenuncio mas se atrasa,
A faca penetrando minha artéria.

Da cicatriz medonha feita em brasa,
Minha alma contamina-se. Bactéria
Voraz, o corpo traga, tudo arrasa!
A morte, meu remédio, mansa e séria!

Abutres desejosos já me rondam...
Carpideiras audazes já me sondam,
O meu corpo entranhado perde luz.

Imersa neste mar, desesperança,
A noite terebrante e má, avança...
Na boca e nos meus olhos, verto em pus...

Promessa aterradora de vingança,

Promessa aterradora de vingança,
A vida se perdeu sem diapasão.
As flores que não têm caramanchão,
Demonstram seu perfil: desesperança!

Recendem velhos cravos na lembrança,
São formas de total abnegação,
São vasos que se quebram, nosso chão.
No fundo representam arco e lança.

Promessa desmedida, sem critério.
Não deixa que eu vislumbre sequer rumo.
Queima-me, me tortura qual cautério.

Vencido nas batalhas mais venais.
Desejo de viver, tonto, me aprumo.
Em meio a tais promessas, peço paz!

Por qual torpe motivo me beijaste?

Por qual torpe motivo me beijaste?
Deitada, enamorada em mansa rede.
Bem sei que tu jamais tivera sede
Da boca que por vezes, profanaste.

Esse lugar, que me deixaram, vê-de:
Permite tanto sonho e vil desgaste
A noite que me deste, retrataste;
Na vil fotografia da parede.

Beijaste minha boca sem perfume,
Tramaste, com certeza, algum ciúme.
Disputas entre vermes não consinto.

Rascunhos desenhados, garatujas,
Na boca que mordeste, mil corujas,
Inebriadamente, sem absinto.

O meu canto tristonho, outono em primavera...

O meu canto tristonho, outono em primavera...
Promessas deste sol desfeitas num segundo!
Quem dera me esconder desta cruel quimera..
Do brilho da esperança, embalde, já me inundo...

O gosto desta boca, amor enfim, quem dera!
A vida que pretendo esgota num segundo;
Abre, no peito triste, a colossal cratera.
Rasgando o coração, um corte tão profundo!

Sem você, já me perco... O meu rumo, deserto...
Sem você nada tenho, o que resta sou eu.
Sem você o meu canto, em pranto se verteu.

Sem você... Pesadelo... Eu nunca mais desperto!
Sem você : ter um Deus no qual não crê
É triste seguir só, morrendo sem você!
I


Nas horas da manhã, a brisa calma e fresca,
Buscando neste afã, um sonho mavioso.
Não posso me esquecer da cena pitoresca,
Nos teus olhos posso ver futuro tenebroso...

Por certo já te amei, na vida vão momento,
Julgava fosse rei, sobrou saudade imensa...
O vento que me deste, agora é um tormento.
Meu peito se reveste, espera a recompensa...

A lua que morreu, nasceu lá no estrangeiro
O vento se esqueceu buscando este luar
As ondas que conheço, espero por inteiro,
Amor que não mereço, aguarda um novo mar...

Quem dera ser feliz, meu sonho de criança
Felicidade quis, distante está de mim...
Não tenho outra saída, aguardo esta esperança,
O bem maior da vida, a luz antes do fim...

Manhã que me tortura a lua me deixou,
A vida que era pura, espera um novo trilho...
No lume deste dia, meu coração vagou,
Em plena poesia, amor, meu estribilho...

Em vão, persigo agora, a mansidão da vida...
Quem foi feliz outrora, aguarda novo tempo;
Um peito tão errante vivendo a despedida,
Da noite fui amante, agora contratempo!

Mulher, bela visão! Teu brilho se faz cálido.
Em plena solidão, vislumbro meu futuro...
Entretanto, o meu rosto em um segundo, pálido!
Saudade tomou posto, o templo faz-se escuro!

Essa dor que me assombra esconde meu desejo,
Do que já fui, nem sombra, um mendigo andrajoso...
Aguardo minha morte... Inútil, mas versejo.
Quem já perdeu seu norte, a vida não traz gozo...


II



Dos mares que lutei, nada mais resta...
Nem ondas nem falésias, morro só!
Quem sempre imaginara louca festa
Não deixa nem sequer marcas, é pó!
A dor que enfim carrego não contesta
As lágrimas que escondo, negam dó.
Resumo meus poemas em delírios.
Amar não pode ter tantos martírios!

Tragado por quimera, já não luto...
Vestido deste lodo que legaste,
No peito que cravaste, negro luto..
Quem dera fosse colmo, simples haste,
O vento não seria assim tão bruto...
A força do meu peito, já arrancaste!
À noite, nos meus sonhos, solidão!
Embalde bate um louco coração...

Não consigo, jamais, te perdoar,
Sou triste mariposa sem ter lume.
Por vezes imagino onde encontrar
As forças para ter novo perfume.
Minha esperança morre com luar,
Ninguém pode escutar o meu queixume...
Meus versos se perderam, pedem rumo...
Na voz da solidão, perco meu prumo!

No dia que nasci, sorte maldita!
As conjunções astrais, mau veredicto...
Meu mundo se transforma na desdita
Meu grito vai embalde, mais aflito!
A morte dolorosa já me fita
Meu sonho morre em astros, no infinito!
Amor se desenhando qual navalha,
A dor inevitável, nunca falha!

Meu rumo necessita do astrolábio
Perdido em minha luta contra o mal.
A boca que me beija, um frio lábio
Que morde com delírio canibal.
Na vida sempre tento ser mais sábio,
Mas resto parcamente, morte e sal...
Procuro novos braços nova fonte.
O céu já se nublou, sem horizonte...




III








Quem me dera ser feliz!
O meu sonho te esperava,
Deste vulcão foste lava
Na vida, tu foste atriz...
Meu amor, tanto te quis
Mas nunca tiveste pena,
Saudade de longe acena
Tanta alegria de outrora
Há muito já foi embora
Minha morte faz-se plena!

Procurei por novo dia
O tempo foi se escorrendo,
Minha esperança morrendo,
A noite que veio, fria,
Me restou a poesia,
Companheira predileta,
Minha vida está repleta
De tanta desesperança,
Somente em minha lembrança
Minha vida se completa...

Tempo que já se passou
Das águas puras da fonte,
Dessa estrada, dessa ponte
Que depressa despencou
Nada mais me restou.
Da verdura desta mata
Do véu daquela cascata,
Enegreceram essa água
Todo o meu canto de mágoa
Encanto que me maltrata!

Tinha bem perto meu pai,
A minha mãe companheira...
Uma paz tão verdadeira...
Da lembrança não me sai...
Saudade distante vai
Me restando a solidão!
Me arrasta como tufão,
Minha noite faz escura,
Procuro pela ternura
Não encontro solução!

Vencido pela quimera,
Não conheço mais carícia
Da vida a mansa delícia
Já se foi! Ah! Quem me dera!
Morando nesta tapera
Saudade me traz calafrio,
Não tenho manto pro frio,
Não tenho mais esperança.
Eu já matei a criança,
Agora sigo vazio!

Meus bons tempos, quando infante,
Correndo pelo quintal,
A lua, sensacional,
O meu sonho delirante,
Agora nada adiante
Vou seguindo qual funâmbulo
Pelos bares um noctâmbulo,
Embriagado de vinho
Um caminheiro sozinho,
A morte como preâmbulo!

Meu peito que foi sinfônico
Orquestra novas desgraças,
Dormindo no chão, em praças,
O meu canto sai afônico,
Todo o meu amor mecônico
Sou aborto que viveu
No meu coração ateu;
Me elevo como miasma,
Vivendo pobre fantasma,
Não sabe que já morreu!

Minha vida não tem cura,
A morte é minha aliada,
Trazendo na mão, a fada
Se aproveita da loucura
E mata toda a ternura
Se deita na minha rede,
A morte me mata a sede
Companheira dos enganos.
Desfazendo todos os planos,
Me lança contra a parede!

Ah! Meus versos como dói!
O meu barco naufragado,
O meu mundo desmanchado
O tempo negro corrói
Tanta saudade destrói
Quem procurou ser feliz,
A lua por meretriz,
O sol por triste verdugo,
Na vida virei refugo,
Minha sorte não me quis!

Meu canto, minha agonia...
Vai torpe desconsolado.
Um grito desesperado.
É pura melancolia.
É noite má e bravia.
Um canto sem esperança;
Da morte, firme aliança,
Felicidade? Resquício.
Vivendo no precipício
Minha morte já me alcança!


IV



Felicidade some, embalde procurei...
Fogo que me consome em minha vida é lei!
Por vezes, vou calado, esperando o final!
Meu sonho sideral, morre no triste fado.
Procuro pelo prado, encontro podre astral.
Vida que é canibal, meu sonho amortalhado!

O grito da procela, estupenda visão!
O meu barco sem vela, esqueceu direção...
Minha vida, sem ninho, espedaça-se nua.
Minha alma não flutua, explode, vou sozinho..
Qual pobre passarinho, a luta continua...
Minha casa é na rua, o meu remédio, o vinho!

Sou esboço mal feito o resto que se perdeu.
Meu mundo não tem jeito, o que sobrou fui eu...
O meu canto distante embalde nunca ecoa...
Perdi minha canoa, a luta foi constante
Quem se sonhou amante, em gaiolas não voa
Vida? Quem dera boa! A morte é meu brilhante!

Temida podridão devorando-me vivo
Resto de coração finge-se mais altivo...
Minha noite incendeia, a madrugada some...
Já não há luz que assome, enredo-me na teia...
Lume que não clareia, amor sempre consome...
Noite fria de fome, amor morto na veia!

No cigarro que fumo, esperança dilui
Vida, perdido sumo, em fumo leve flui...
Dor, minha camarada, amo-te mais que tudo!
Tantas vezes vou mudo, aguardando esta fada!
Na mão da minha amada o tapa onde me iludo,
Outras vezes, contudo, a dor não me diz nada!

Quantas vezes te quero e nunca estás aqui!
O teu beijo mais fero, o melhor que sofri!
Te canto no meu verso, em onda tão profusa
Minha lua cafuza espalha no universo...
Dor que tanto converso, abre meu peito e blusa...
A vida tão confusa... O meu mundo disperso!




V



A minha dor companheira
Abraça-me docemente,
Girando na minha mente.
Deita na minha esteira
Amante tão verdadeira
Traz a vida de repente!

No brilho da cortesã,
O gosto da minha morte,
Procuro num doce afã
Outro destino, outra sorte...
Quem sonha com amanhã
Não escuta o brado forte
Da dor que sempre domina,
Meu desejo e minha sina!

Vasculho nesta amplidão
A lua que não quis vir.
Eu venho embalde pedir,
Onde está a solidão?
Pergunta meu coração.
Neste breu em vão luzir!

Nunca mais vai me deixar,
Me observa assim, calada
Minha dor é meu luar,
Está quieta ali, sentada...
Em seus raios morro mar
Muda, não me fala nada...
No canto da boca, um riso,
Promessa de paraíso!

Não sei se te queria ou não...

Não sei se te queria ou não...
O certo é que sonhava algumas vezes.
Bem perto, distante, tanto faz
A minha boca te procurava.
Mas, engraçado, meus olhos não te viam...
Era bonita, disso eu tenho certeza.
Sem rosto definido, ou coisa assim,
Mas realmente muito bonita!
Os meus sentidos todos te sentiam.
Menos a visão.
Essa não podia dizer
Se eras branca, negra, morena, asiática
Apenas te desejava.
Tua nudez era ansiada!
Deveras ansiada e
Imaginada!
Teus seios me pareciam deliciosamente
Lactogênicos.
E o sabor deste leite entranhava meus lábios...
O leite que nunca produziste,
Ou quem sabe será meu.
Mel e manto, espantos...
Outra coisa que me chamava a atenção
Era o perfume de teus olhos.
Tinham um quê de pêssego e de maçã.
Transcendiam a um tempo onde fui feliz.
Vestido desta fantasia, não pude deixar de te ouvir.
A tua voz era algo assim como
Se uma sereia.
Serei-a? me perguntaste.
Sim serás...
Sinceras as minhas respostas.
Uma sereia que sabe o sabor do sal.
Do salgado desta vida e dos meus olhos...
Por que não voltas?

Minha musa morrendo... O que faço?

Minha musa morrendo... O que faço?
Não posso permitir que isso aconteça!
Sem a musa é possível que pereça
O sonho que me trouxe um velho traço.

Na morte desta musa, me desgraço,
Que em meu canto ninguém mais adormeça!
A vida só me dá dor de cabeça,
Sem musas meu poema foi pro espaço!

Velório destas musas pede rito.
Meu grito sem atrito no infinito.
Meu canto, seu quebranto, tanto manto...

Depressa, traz compressa tenho pressa!
Meu remo, meu remédio, outra remessa!
Ó musa vê se volta a seu recanto!
Eu não quero dizer medo de morte,
A sorte de viver não mais me encanta.
Me encanta simplesmente minha sorte
O canto que trouxeste, me agiganta!

Garganta milagrosa, canto forte,
A força do teu mundo, na garganta.
Um forte sentimento me levanta,
Levantes que trouxeste, grande porte...

Comportas tantas portas e saídas
Sorvidas minhas sortes já confortas.
Compostas de respostas divididas,

As vidas que divides, vão ao norte.
Norteio meu amor por tuas portas,
Conforta-me não ter medo de morte!

Lúgubre melodia que deixaste

Lúgubre melodia que deixaste
Nos maus momentos, todos, te relembro...
A morte deste amor deu-se em dezembro,
No mais exato instante que chegaste.

Teu corpo tão franzino tal qual haste,
Nas cicatrizes todas me desmembro,
Devorou cada parte, cada membro.
A vida, em podridão, já carregaste!

No beijo viperino, teu carinho,
Nas vísceras expostas, regozijo.
Rapineira, dos olhos forjas ninho.

Vestígios de ilusão, profunda chaga.
Navegas tua carne noutra plaga...
Mas volte, te esperei... Volte,isto exijo!

LARISSA

LARISSA

A noite me convida a passear
Sob as belas estrelas deste céu.
A luz que se reflete no luar
Emana da princesa, branco véu.

Nas ruas onde passo te encontrar
E como desfrutar do puro mel.
Bela noite, passando devagar,
Cometas desfilando, vão ao léu...

Nos cantos mais bonitos, tua voz.
Rainha dos meus sonhos de cobiça!
A boca que me morde tão feroz

Não sabe do prazer que desfrutei,
Da noite de luar quando fui rei,
Nos braços delicados de Larissa!

Lais: Democrática (grego), leoa (hebraico)

Lais: Democrática (grego), leoa (hebraico)

Prevejo minha sorte transformando
A treva do viver em cristalina
Água que me bendiz, se derramando
Na fronte da mulher que me alucina...

As dores se esvaindo, vão em bando,
Em busca de outro templo, de outra sina.
Nos páramos distantes se dourando
O manto que a verdade descortina...

Marmorizado brilho de esperança
Que nas constelações, livre, se avança.
É tempo de tentar ser mais feliz.

Amor que se desfez, podre e disforme;
Renasce nos teus olhos, belo, enorme;
Me leva nos pendores a Laís!

Kelly: Donzela guerreira

Kelly: Donzela guerreira
Não posso mais temer a tempestade,
Decerto me percebes mais audaz.
Não temo nem sequer a claridade
A minha vida passa em plena paz.

Recebo enfim a grande novidade
Que o vento da saudade já me traz;
De novo, pois, passeias na cidade.
Pensava tantas vezes: nunca mais!

Quem tanto amou implora se revele
Verdades que esquecidas me maltratam,
Destinos que se perdem, se desatam.

Quem fora amargurada me repele,
Quem sabe agora amores se relatam
Nos versos que dedico a ti, ó Kelly!

Kátia: Aquela que é nobre, pura e imaculada

Kátia: Aquela que é nobre, pura e imaculada


Por mais que te quisesse não devias
Fazer do meu caminho, minha cruz...
Embora te procure como luz,
A vida me apresenta novas vias...

As ruas que prometo são vazias,
Mas brilho de outros olhos já seduz
Quem pensa ter luz própria e que reluz,
Mesmo que carregando essas mãos frias...

Pensava que podia ser feliz,
Ser feliz, ser feliz! Repito tanto!!!!
Dos beijos que mentiste, peço bis.

Desejo ter fulgor da Via Láctea
No rastro das estrelas meu encanto,
Na espera deste amor que me deu Kátia...

Karina: Aquela que tem graça, delicadeza

Karina: Aquela que tem graça, delicadeza


Mudanças! Necessito de mudanças...
Já me flagraste tonto pelas dores
Que sempre impediram festas, danças...
Agora já não quero mais amores.

Um dia, me recordo das crianças
Correndo no jardim de belas flores.
As luzes que ficaram nas lembranças
Não me deixam sentir mais os olores...

Jogávamos no sonho nossas vidas
Julgávamos viver eternamente...
Histórias deste amor, mal resolvidas...

A noite vem trazendo chuva fina,
Meu mundo se desaba, de repente!
Nos escombros dos sonhos vi Karina...

Karen: Aquela que tem graça, delicadeza

Karen: Aquela que tem graça, delicadeza

Desfilando a beleza da pantera,
Caminha tão distante do meu dia...
A vida de esperanças degenera...
A noite que persigo, está vazia.

Quem dera seu amor ser meu, quem dera!
Os meus mares não passam, simples ria...
Na graça feminina mora a fera,
Que morde, que me rasga... Acaricia...

Nos passos veludosos nem barulho...
Num átimo mergulha, dá o bote.
Ser a caça, seria meu orgulho!

Mas olhares desvia e se disfarça
Na sua vida, simples estrambote
A espero afinal, Karen, minha graça!

Julieta

Julieta

Tempos distantes, longe, pego a pena
E desenho teus olhos radiantes!
Saudade deste tempo nunca acena,
Os ventos me trouxeram dois amantes!

Nas mãos mais imprecisas, triste cena!
As cores juvenis, embriagantes!
Olhos, luar... Amor cego condena
As dores vencerão, são mais constantes!

Um rouxinol cantando, a cotovia...
O sangue enrubescendo toda a neve...
Amor tão furioso morre breve.

Na morte deste amor; a dor, cometa...
Mas sempre viverás; és fantasia!
Amor que já renasce: Julieta!

JULIANA

JULIANA

Enrubescendo a face, envergonhada,
Calada, neste canto, uma menina...
Sonhando com favores de uma fada
A vida, tantos sonhos descortina!

Guerreiros são heróis de capa, espada,
Um príncipe virá! É sua sina...
Em plena fantasia, a madrugada
Num átimo abrirá toda a cortina...

Menina que carrega a dor temprana
Não sabe dos fantasmas que terá!
As sortes escolhidas da cigana,

O sonho da menina morrerá!
Mas, quieta, nos meus sonhos, Juliana,
Eternamente bela, brilhará!

Julia: Aquela que é brilhante, cheia de juventude

Julia: Aquela que é brilhante, cheia de juventude


Quem dera ter a força que me trazes!
Em tua vida, demonstraste gana.
O meu amor, lunar, muda-se em fases,
Desenhou minha sina, uma cigana...

Amor que não perdura, cadê bases?
A dor que não se cura, não me engana.
Nas cartas que escondi, perdidos ases.
Poeira da saudade? Amor espana!

Não posso reclamar tua atitude.
O mar que te deixou me trouxe luz.
Amor que se renova, traz saúde...

Desculpe se pareço meio rude,
A mão que me carinha, me conduz;
Nos olhos trago Julia, a Juventude!

Judite: Louvada

Judite: Louvada


Nos meus caminhos longos e tristonhos
As noites se fizeram revoltosas...
O rumo das estrelas nos meus sonhos,
Passam por essas sendas venenosas...

Deixaste tantas urzes nos medonhos
Rastros que irão levar às nossas rosas!
Por que essas duras sebes nos risonhos
Jardins de luas tão maravilhosas?

Nosso amor necessita dos espinhos?
Tão cruel essa lei que me legaste!
Das gaiolas vislumbro belos ninhos!

As dores nos amores têm limite!
Depois de tantas lutas, o desgaste...
São duros os caminhos à Judite!

Joice: Alegre, divertida, jovial

Joice: Alegre, divertida, jovial



Nesta manhã risonha estou feliz!
As dores se esconderam, nuvem leva...
Quem fora da alegria um aprendiz
Esquece que na noite vive a treva.

Manhã do meu amor, sempre me diz
Que em peito apaixonado nunca neva.
O brilho deste sol, lindo matiz,
É como um pescador com boa ceva...

Nas danças destas nuvens passageiras,
Meus olhos acompanham o festejo.
Reflexos do rei sol nestas ribeiras!

Libélula voando... A lavra, a foice...
Nos olhos regozijos do desejo!
Na minha juventude, um brilho, Joice!

Joana: Deus é cheio de bênçãos, Deus é gracioso.

Joana: Deus é cheio de bênçãos, Deus é gracioso.


O rio deslizando em cachoeira,
O vento assobiando mansamente.
A mata se entregando vorazmente,
Aguarda a noite plena e verdadeira...

Os sapos, as corujas nesta beira
De rio, tanto amor solto se sente
Nas pedras, nos remansos... Claramente,
A terra se enamora mais faceira.

Rios, matas... Meu sonho delirante...
Sozinho, procurando minha amante,
A vida me traz cura, noite sana...

Dois olhos graciosos se debruçam;
Claridade do amor, já me esmiúçam,
Acordo em teu olhar, benção! Joana!

Jéssica: Jeová é salvação

Jéssica: Jeová é salvação


Não chore tanto assim, o dia virá!
As dores são promessas de esperança.
Nas mãos deste teu Deus, de Jeová,
Amor virá com paz numa aliança...

A lua irá brilhar, lado de cá,
Nunca deixe morrer esta criança
Que brinca no teu peito e viverá
Enquanto houver um Deus e confiança!

No brilho das estrelas, o perdão,
Nos raios da manhã, sol gigantesco!
Nosso amor se alimenta de ilusão.

Não de deixe levar em perdição,
Jéssica, um pesadelo assim, dantesco,
Não vive em nosso amor, de salvação!

Jenifer

Jenifer

Recebi sua carta, minha amiga.
Em todas as palavras um adeus...
No fundo de minha alma vá, prossiga,
Consigo não irão os olhos meus...

A sensação que tenho, tão antiga,
Desfeitos tantos sonhos de himeneus,
E de querer, enfim, que já consiga
Viver mais plenamente os sonhos seus...

Bem sei que depois disso vou sozinho...
É certo que tentamos ser felizes.
O fio deste amor jamais foi linho,

Não quero recordar a nossa dor.
Vivemos nosso céu, vieram crises,
Jenifer me trará de novo amor!

Janine: Deus é cheio de bênçãos, Deus é gracioso

Janine: Deus é cheio de bênçãos, Deus é gracioso


Amor que tão distante, em vão não me compete...
Vestida de saudade, a lua se entristece...
É lagrima que cai, inunda este carpete.
A dor, embevecida, amarga tela tece...

Amor que nunca cura, embalde se repete,
Não adianta crença, esqueça sua prece...
Desfila a solidão, a lua por vedete,
Minha pobre esperança, em lágrimas fenece...

Porém me resta o canto, o meu fiel parceiro...
A benção mais divina inunda o mundo inteiro!
Por tanto tempo quis o brilho da manhã!

O canto abençoado atravessando o mar...
Inunda o sofrimento, acorda o meu luar.
Nas bênçãos de Janine, o meu belo amanhã!

Janice: Deus é cheio de bênçãos, Deus é gracioso

Janice: Deus é cheio de bênçãos, Deus é gracioso

No viço destas folhas, primavera
Reflete-se nos raios deste sol;
Paramento divino, girassol
Altares catedrais, uma tapera.

Tudo reluz, paisagem, quem me dera
Pudesse percorrer, ser o farol.
A natureza orgástica... Na fera
Que repousa, reparo um triste rol.

As marcas tão profundas, dentes, garras.
Escondo-me, sou presa, neste arbusto,
Num átimo rompendo essas amarras

Reparo nos teus olhos, minha fada...
De frágil, num repente, sou robusto.
Na força que me dás, Janice amada!

Janete: Deus é cheio de bênçãos, Deus é gracioso

Janete: Deus é cheio de bênçãos, Deus é gracioso



Fonte límpida e fresca dos amores...
Nos cantos destes pássaros felizes,
As searas prometem tantas flores,
Abraçadas nas asas das perdizes...

Na pompa onde se mostram tais pendores,
Não sei desses receios nego crises.
Os alamos as luzes os odores
No mato se misturam mil matizes...

Neste missal criado por um Deus
Luxuoso desfile se repete,
Nas várzeas e montanhas, olhos meus

Deslumbramento tal que me compete
Pintar na poesia luz e breus,
No centro deste quadro está Janete!

Jane: Deus é cheio de bênçãos, Deus é gracioso

Jane: Deus é cheio de bênçãos, Deus é gracioso



O sol posto, nas nuvens solidão!
Meu verso enamorado de teus braços.
Embalde repetindo esta canção,
Meu sonho procurando teus espaços.

Aguardando-te intero o coração
No tinteiro da tarde nos terraços
Mais altos, nos bordados da amplidão,
Precisamos atar os velhos laços...

Ficavas abrigada das tempestas,
Amor não necessita que se explane
É gás que me cintila em gozos, festas.

Lembrança dolorosa não se acoite
Amor que não se orgulha deste açoite,
Descansando nos braços teus, ó Jane

Jandira: Abelha do mel

Jandira: Abelha do mel




Na brancura, luar, tão mavioso!
A pele me recorda pura seda,
Busco-te, meu olhar vai sequioso,
Nesta grande alameda, na vereda

Florida por jasmins. Neste oloroso
Caminho, minha vida se envereda
Buscando meu futuro glorioso
Esperando que amor divino ceda.

Te quis ó companheira iluminante
Não deixe que essa vida em vão me fira,
Te quero como amigo e como amante.

Me deixe ser deveras teu gigante,
No meu canto amantíssimo, és a lira;
Vereda dos meus sonhos? É Jandira!

O frio penetrante me esmigalha

O frio penetrante me esmigalha
Transforma toda força em simples pó.
Desnudo só me resta esta mortalha,
Não quero mais usar, mas estou só!

Na noite refrigério qual navalha
Escuto lá, distante esse rondó
Um canto tão comprido que dá dó
Minha memória, ingrata, sempre falha...

Sei que não significa novidade,
É bem comum na minha “mocidade”...
O tempo se revela bem pesado!

Voltando ao vento frio que falava,
Pressinto um prato quente, talvez fava.
Nas falta desse dente, um ensopado...

Qual verme que mutila e decompõe

Qual verme que mutila e decompõe
Qual triste podridão que se revela.
A marca da miséria já se expõe
Qual barco no naufrágio perde vela.

A morte anunciada já compõe
O prato que devora, podre tela.
Meu sonho neste verme a vida põe
Quem dera ver-me, enfim, longe da cela.

Medonha que aprisiona meu futuro
Trazendo o vero gozo deste não.
O manto que me cobre, vil, escuro.

Exposto, decomposto, um coração.
O chão que me domina frio e duro.
O beijo que me resta, podridão!

Em meu canto, me espanto e te procuro.

Em meu canto, me espanto e te procuro.
Me curo em tua cura e teu decoro.
A lua em seu encanto me faz coro.
Clareia e me incendeia nega escuro.

Vencido tenho sido mas não ligo.
Me abrigo do perigo em tuas mãos!
Os chãos que da amplidão perecem vãos,
Disfarçam noutra face do perigo...

Vorazes as audazes asas, ases,
Sem freio sem receio, caçam meio
Encontram seus encantos no teu seio.
Os versos que enveredo são mordazes.

Mentiras quando atiras sobram tiras.
Tiaras e searas são serpentes.
Os pentes nos repentes quando sentes
Se entranham e se estranham, ledas liras.

Meu mote neste pote forte fica.
Fortifica quem liça faz a festa.
Me resta tão somente frágil fresta.
Amor que não se entende, não se explica!

Um canto demorado, repetido.

Um canto demorado, repetido.
Nenhuma solidão ronda por perto.
Areia em tempestades no deserto,
O manto da saudade, corrompido...

Não se ouve nem sequer um só ruído,
O vento em seu monólogo comprido,
Trazendo a sensação: dever cumprido.
O mundo dorme em paz, bem repartido...

Distantes os oásis, leda a vida...
Minha alma desprendida, a cordilheira
Espera calmamente que decida

Caminho que percorra, leve e inteira...
O vento no deserto, minha cama...
De longe a cordilheira... No Atacama...

Amor que me transcende sem queixume

Amor que me transcende sem queixume
Buscando em qualquer flor, o seu perfume.
É vaso que transpira uma esperança.

Abraça, carinhoso, minha musa.
É minha melodia mais difusa,
É doce que carrego na lembrança!

Um passageiro busca, de viagem,
Viver felicidade, bela imagem.
Retrata tantos brilhos de criança!

Jamais a solidão será seu fardo,
Em seu caminho, nunca mais um cardo.
A dor, em sua vida não alcança.

Um som que ao longe escuto, cantoria.
É pleno de verdade e fantasia.
Convida-me feliz à nova dança!

Brincando de poeta solto um verso,
Que sempre te procura no universo.
Será que encontrará em plena França?

Um lírico desejo, ser feliz...
Em toda minha vida, sempre quis...
Não temo sofrimento nem vingança!

A moça dos meus sonhos me renova.
É brilho nos meus olhos, nova trova.
É pacto divinal, linda aliança...

Teus olhos desfilando na cidade,
São lumes que me trazem claridade.
Trazendo a toda gente essa bonança!

Meu verso renitente, nunca pára.
A dor não se avizinha, já se apara.
Amor e alegria na balança...

Não tenho nem terei, na vida, medo.
Conheço seus caminhos, seu segredo.
A vida corre plena, na abastança.

A vida passageira sem ter pressa,
Amor venha correndo aqui, depressa.
Senão a poesia já se cansa!

Espreitas meu cadáver, disso sei.

Espreitas meu cadáver, disso sei.
Necrófagos mistérios deste amor!
Envolta na promessa, novo alvor;
A morte dolorosa, tua lei,

Na lívida figura me encontrei,
Sem gosto perfumado, morre a flor,
Os olhos que demonstras, de torpor,
No pavor que traduzem, mergulhei!

As larvas generosas companheiras,
Na temperança, amantes mais fiéis.
Nos lábios destas bocas derradeiras,

Um beijo mais soturno e demorado,
Do látego, o castigo, sina e fado.
Na abelha que me pica, doces méis...

O meu afrodisíaco perfeito...

O meu afrodisíaco perfeito...
Deitada se esmiúça em desafio.
É fera que amedronta, em pleno cio,
Proclama-se senhora do meu leito.

Sem hora chega, vê-se no direito
De vasculhar meu mundo fio a fio.
É vela que devora o meu pavio,
É rasto que me leva e rasga o peito!

Na lúbrica ternura, tantas unhas...
As garras incrustadas entram fundo.
Amor que tanto quis, sem testemunhas;

Nos jogos sedutores, entrelaces...
Nas ânsias me devoras, perco o mundo,
Nos nossos loucos gozos, tantas faces...

Janaina

Janaina Rainha do mar

O mar, tempestuosa divindade
Habita essas entranhas colossais
Distante de qualquer u’a claridade,
Nestes abismos, seres abissais...

Redescubro, enfim, toda a mocidade,
Na busca dos amores que jamais
Encontrei, puros, livres de verdade,
Sem temer tempestades, ondas, cais...

Vagando pelos astros nada tive,
As estrelas disfarçam sentimentos..
Mergulho por gigante mar, declive...

As águas, todo o mar já me domina,
Penetro nas entranhas, rasgo os ventos,
Em busca da Rainha Janaina!

Jaqueline!

Jacqueline: Aquela que supera

Tantas dores a vida nos promete
São montanhas diversas, ventanias...
Ao passado, a tristeza me remete
Fazendo transtornar as melodias

Da festa, serpentina com confete
Nos meus ultrapassados carnavais.
O tempo que se foi não mais repete,
A alegria vivemos, nunca mais!

Das dores que acumulo pela vida,
A ausência desta luz que já morreu,
Da minha mocidade, despedida...

Não há mais sequer lua que ilumine
O meu céu sem estrelas, puro breu,
No brilho dos meus olhos, Jaqueline!

Jacinta

Jacinta: Nome de uma pedra preciosa

Deus me fez tão feliz por conhecer
A beleza estampada neste astral,
Toda a força do lume sideral
Encontro em fatal brilho de prazer.

No mundo, simplesmente quero ter
De todo esse universo, num aval,
Fortaleza que invade todo o ser
Fazendo meu viver sensacional.

Quero o gosto das fontes maviosas,
Quero essa sutileza que domina;
As noites de prazer, voluptuosas.

As cores do infinito que Deus pinta
Com o brilho dos olhos da menina
Que achei; eternidade. Amo Jacinta!

salmo 17

Atenda ao meu clamor, ó meu Senhor!
Ouça a minha oração, pois não engano.
Tua sentença aguardo pois é justa.
Pois pode procurar iniqüidade
E transgressão que nunca encontrará!
Os meus passos se apegam as veredas
Tuas, como também minhas pegadas.
Clamo-te meu Senhor, por isso me ouça!
Tuas beneficências, Salvador,
Aos que se refugiam ao teu lado,
Tem feito maravilhas meu Senhor.
Me esconda na sombra das asas
Tuas contra inimigos que me cercam.
Fecham seus corações e são soberbos.
Andam rondando os passos e me miram
Prontos a me atirarem sobre a terra.
Tal qual leão que quer matar a presa
Com leãozinho pronto de tocaia.
Derrube-os Senhor, me livre de ímpios
Por tua mão Senhor de homens do mundo.
Nosso maior quinhão está aqui.
A ira entesourada de meu Pai
Lhes encherá o ventre. Fartarão
Dela os filhos, as sobras por herança.
Minha satisfação na semelhança
Que encontrarei quando acordar em Ti...

Salmo 16

Em ti, Ó meu Senhor, me refugio!
Tu és o meu Senhor, único bem!
Aquele que escolher um outro Deus
Terá multiplicadas suas dores.
Não tomarei seus nomes em meus lábios
E nem me lembrarei ao sacrifício.
És a porção da herança, meu quinhão;
Tu és o sustentáculo, meu cálice.
Sortes que me caíram em lugares
Deliciosos, a formosa herança!
Bendigo esse Senhor que me aconselha.
Está sempre diante do meu ser,
É minha mão direita, não me abalo!
Meu coração alegra e a minha alma
Se regozija sempre, estou seguro.
Não deixarás minha alma ao relento,
Nem me permitirás a corrupção
Nem que teu Santo possa vê-la. Nunca!
A vereda da vida mostrarás!
Pois na tua presença, a plenitude
Da alegria, delícias são perpétuas!

Salmo 15

Na tenda do Senhor, quem morará?
E quem habitará teu santo monte?
Quem pratica a justiça e é verdadeiro,
Seja irrepreensível nos seus atos!
Aquele que jamais usa de infâmia
Nem faz o mal ao próximo, nem afronta.
Quem desprezar o réprobo também,
Quem honrar os tementes ao Senhor!
Mesmo que seja contra si não muda
Na jura que fizer. Que não usura
E não recebe peitas contra o puro.
Nunca terá abalos, sendo assim.

Salmo 13

Ó meu Pai! Até quando esconderás
De mim teu santo rosto. Esquecerás
De mim eternamente meu Senhor?
Até quando minha alma se encherá
De cuidados; tristezas cada dia.
Até quando o inimigo sobre mim
Se exaltará? Pergunto-te meu Pai.
Alumia os meus olhos, que eu não morra,
Para não permitir ao inimigo
O grande regozijo da vitória!
Tua benignidade não permite
Que tal coisa aconteça és salvação.
Cantarei ao Senhor todo esse bem
Que a mim, meu Grande Pai tem dedicado!

Salmo 14

O coração do néscio nega Deus.
Abomináveis homens corrompidos,
Em suas obras, não fazem o bem.
Para os filhos dos homens, Deus olhou
Procurando entre tantos quem O buscasse,
Todos se desviaram, são imundos!
Acaso não percebem? São iníquos !
Devoram o meu povo e negam Deus!
Terão grande pavor pois Deus é justo!
Nunca conseguirão frustrar, dos pobres,
O conselho, pois Deus é seu refúgio.
Que de Sião viesse a salvação
Quando o nosso Senhor, enfim, voltar!

Salmo 12

Nos salve, Meu Senhor não há piedoso
Dentre os filhos dos homens, infiéis!

A falsidade impera e a lisonja.
Corte Senhor os lábios lisonjeiros
E as línguas que estão plenas de soberba!
Acreditam,pois, serem seus senhores!
Por causa opressão aos miseráveis
E do gemido atroz dos que preciso,
O Senhor se levanta e os protege.
Suas palavras puras como a prata
Refinada em fornalha que é de barro
Também purificada sete vezes!

Salmo 11

No meu Senhor, em toda plenitude,
Confio cegamente, por completo...
Eu não irei fugir para este monte
Como se fosse um pássaro inseguro!

Os ímpios armam arco, põem a flecha
E tentam atirar nos homens bons
Às ocultas, tocaias, escondidos...

Mas, se os fundamentos destruir
O quê que poderá fazer o justo?

O Senhor permanece no seu templo
Santo, pois o seu trono está nos céus,
Os seus olhos contemplam lá de cima,
Todos os filhos do homem, provação.

O Senhor prova tanto o que for justo
Como aquele que for ímpio, em pecado...

A alma divina odeia o violento.

Enxofre, fogaréu irá chover
Sobre os ímpios. No copo, um vento forte
Terrível vento, forte e abrasador!

Ivone...

Ivone


Não quero a solidão como parceira;
É águia desdenhosa que se ri
Do sofrimento amargo, vida inteira,
Que longe dos teus braços, eu vivi...

Na embriaguez dos sonhos, a videira.
Meu mundo sem sentido estava ali
Deitado, em vão, com outra companheira
Achando; me encontrava, e me perdi...

Não quero a solidão nem a saudade!
Preciso urgentemente te encontrar!
Viver sem ter amor como?Quem há-de?

Não posso suportar este ciclone,
Solidão, que jamais quer me deixar.
Ser feliz? Só contigo, amor Ivone...

(Retorne, se não der, mande teu clone!)

Isaura

Isaura: Igual aos outros


És minha áurea manhã, vivo teu brilho.
Respiro enfim teus ares, sou feliz!
A dor, durante tempos, estribilho,
Distante dos sonhos já não diz.

Escassas provisões , perdido o trilho,
O rumo das estrelas sempre quis.
Ao deus do amor sincero já me humilho:
Não deixe retornar um céu tão gris!

Tens a beleza rara de quem ama.
Tens a fortuna imensa na bela aura!
Da vida que persigo, fogo e chama.

Perdido sem teu olhos, vago o mundo.
Perdoe se te canto assim Isaura,
É que de amor, enfim, meu mundo inundo!

Isabel: Deus é a minha aliança

Isabel: Deus é a minha aliança
Isabela: Deus é a minha aliança

Isabela, bela Isis, minha luz!
Abelha-mel que adoça e que maltrata.
No mel desta colméia se produz
Enigma que me educa enquanto mata.

Desejo de deslumbre, de alcaçuz.
Na picada feroz amor retrata,
Carinho de guerreira, de um obus...
No verso que lhe faço, me destrata...

Beijando e me mordendo sem pudores
Amante desejada, quero o mel!
Vasculha por destinos, fossem flores...

É manto que me caça e que me alcança.
Amor tão mavioso de Isabel,
Pacto que fiz com Deus, nossa aliança...

Íris

Íris: Anunciar

Velhas embarcações, mar tenebroso...
Os ventos e tufões, as tempestades.
Um coração vazio e andrajoso
Esmola pelas ruas das cidades...

Deseja desfrutar de todo gozo
Prometido nos sonhos. Liberdades
Seus desejos. Porém, é perigoso
Amar, trará os ventos das saudades...

Um sonho acalentado nunca morre.
O mundo é tão pequeno pr’a quem sonha
Loucura apaixonante deste porre.

O brilho se reflete n’olhos, íris...
A dor de não amar já me envergonha...
Espero alucinado um sinal: Íris!

Irene

Irene: Pacífica

Quantas vezes na guerra e na saudade,
Trincheiras diferentes ocupamos.
As armas mais diversas que enfrentamos
Jamais nos esconderam claridade...

Palavras mal usadas, na verdade,
São armas que no fim, sempre que usamos,
Ferem-nos, nos maltratam e nos cortamos...
Depois de tantas lutas, liberdade!

Mas, como viciado não resiste
À distância daquilo que vicia,
A noite que retorna encontra triste

Amor que se transforma, mas perene...
Depois de tanta guerra, novo dia,
Procuro me aninhar, teu colo, Irene...

Iraci

Iraci: Mãe do mel


Doçura de teus lábios, minha amada!
Promessas de luares sobre a terra.
Tantas vezes sonhei, não deu em nada,
A vida prometeu a paz na guerra.

Amor que traz carinho, também ferra;
Amor que traz aurora e madrugada
Desmaia no luar detrás da serra,
A mão que acaricia anda cansada...

Não quero o sofrimento que vivi
Na ausência da mulher que cedo quis...
A verdade da vida estava em ti.

Ao mesmo tempo inteira e por um triz,
Me trazes tanta mágoa e sou feliz.
No doce de teus beijos, Iraci...

Iracema

Iracema: Anagrama de América


Amor tão delicado nunca vi...
Andávamos felizes, flutuando.
O melhor desta vida estava aqui!
Consigo ser feliz, somente amando...

Mas, tantas tempestades, me perdi.
Com todo esse meu mundo desabando,
Os olhos lacrimejo, só por ti!
As dores retornaram, cruel bando...

Amor é sentimento tão fugaz!
Ao mesmo tempo livre, está cativo.
Se temos ou não temos, cadê paz?

Amar é simplesmente um velho tema
Que por ele remoço, sonho e vivo...
Procuro por teus olhos, Iracema!

Ione

Ione: Violeta

Minha casa vazia, nada resta...
Poeira se acumula no meu quarto.
A vida se mostrando pela fresta
Como um raio solar! Eu vivo farto

Das noites que pensei viver em festa,
Das lutas incessantes, não me aparto.
Pretendo certo dia, já me molesta,
Viver a sensação do amor, do parto...

Meu lar abandonado, vida seca...
Na vida sem amor, como se peca!
Espero teu chamar, ao telefone.

Do que tínhamos, vida em paz, completa,
Sobraram as lembranças e a violeta
Vermelha que esqueceste aqui Ione...

Iolanda

Iolanda: Violeta


Por vezes esperei felicidade,
Tantas manhãs perdidas sem ninguém!
Queria teu amor; isso é verdade,
A paz tão esperada nunca vem...

Olhava para os lados... Quero alguém!
Mas a vida negava a claridade;
Meus olhos procurando, nada além!
Não posso nem sequer sentir saudade?

Embalde, tantas noites sem perfume,
Quem dera te sentir doce lavanda.
Repetindo, a toda hora, meu queixume...

Meus olhos esperando na varanda,
Uma violeta resta sob o lume.
Mas quando enfim virá a minha Iolanda?

Inês!

Inês


As mãos macias desta deusa nua
A passear tanto carinho insano.
Minha alma satisfeita então flutua
Das santas alegrias já me ufano.

A boca me promete e morde, crua,
Viajo por espaços outro plano;
E a noite encantadora, continua...
Não me permitirá jamais engano...

O mundo, quando um Deus amante fez
Não tinha inda metade desta luz
Que, clareando a vida, me conduz

Aos braços desta minha amada Inês
Me rendo aos teus caprichos, teu desejo...
A boca escancarada pede um beijo...
Teu beijo, meu amor, querida Inês!

Ieda

Ieda: Favo de mel



Tantas vezes deixado sem carinho,
Nas ruas e nos bares, solidão!
Madrugadas passadas tão sozinho,
Enlouquecendo, rasgo o coração!

Quem sempre alçou seu vôo, passarinho,
Ter que ficar na espreita do perdão?
Amor assim dantesco, um ser marinho,
Precisa urgentemente solução.

Nem em todas as ruas das metrópoles,
E nem nessas bodegas, botequins,
Encontro a salvação sutil da própolis.

Estrada que me sobra é mais cruel,
Meios se justificam pelos fins?
Onde se esconde Ieda, favo e mel?

Iara...Iara...

Do teu caminho conheci segredo
Dos mansos passos luzes, brilhos, paz...
Penas que foste embora logo cedo,
Deixando apenas a lembrança audaz

De uma guerreira impávida, sem medo.
Tanta tristeza minha noite traz!
Na vida eu merecia um outro enredo.
Será que prosseguir, eu sou capaz?

Pois quando enfim chegar o triste inverno,
O coração vazio, quieto e triste.
Amor que merecia ser eterno;

Jóia entre tantas jóias, a mais rara,
À dor da punhalada não resiste
A ausência deste amor que se foi, Iara...