sábado, agosto 12, 2006

Vivendo só da saudade Décimas

Vivendo só da saudade,
Percebendo a solidão,
Companheira nesse chão,
Onde errante, cedo ou tarde,
Procurei felicidade.
Nada tive, vou sozinho,
Buscando novo caminho,
Partindo pelas estradas,
Nas noites enluaradas,
Vou voando, passarinho.

Décimas - Sou natural das Gerais.

Sou natural das Gerais,
Da terra de Tiradentes,
Lá da Mata e das Vertentes.
E, da vida, quero paz.
Tudo que a sorte me traz,
Eu guardo em meu embornal,
Da terra, Deus é meu sal.
E peço a Nosso Senhor,
Que multiplique o amor,
Para o bem vencer o mal!

Décimas - Minha vida faz sentido

Minha vida faz sentido,
Somente se for você
Quem, comigo, for viver.
Senão, meu mundo perdido,
Perde todo o colorido.
O azul dos olhos seus,
Que, quem dera, fossem meus,
Seriam a salvação,
Pediria, por perdão,
Esses meus olhos ateus!

Décimas - No sertão do Ceará

No sertão do Ceará
Encontrei linda princesa,
Carregada de tristeza,
De tanta dor prá contar.
Beleza igual ao luar,
O luar do meu sertão,
Que, com toda essa emoção,
Não consigo lhe esquecer.
Tão bela quanto você,
Não fez Deus, na criação.

Décimas - Nunca mais saber teu nome

Nunca mais saber teu nome,
Nem querer te conhecer,
Preferia, assim, viver,
Sabendo que tudo some,
Vivendo amor sem ter fome,
Nem escolhendo parada,
Devorando a madrugada,
Da poeira, companheiro,
Seguindo esse mundo inteiro,
Sem ter medo, sem ter nada!

sextilha - De tanto escrever na areia

De tanto escrever na areia,
O teu nome, minha amada,
E, depois, na maré cheia,
Não sobrar, dele, mais nada.
De tanto sonhar contigo,
Buscando teu colo amigo.

De tanto querer em vão,
Poder ter teu pensamento,
Vasculhando todo o chão,
Em busca d’um só momento,
Podendo estar a teu lado,
No final, desesperado...

Por acreditar em ti,
Por não crer mais, nem em mim,
No que fui, tanto perdi,
Queimando a dor, tão ruim,
Quero viver um segundo,
Em ti, o meu novo mundo.

São palavras que lamento,
São verdades que não digo,
Tanto ardor, tanto tormento,
Vida correndo perigo.
Minha sede, no teu beijo,
Matando mais que desejo...

Foi embora, mas, fiquei.
Esperando te encontrar,
Dessas dores, eu bem sei,
Não consigo nem lutar.
Quero afinal, meu descanso,
No mais sagrado remanso.

Teimando em nunca temer,
Achando, sem valentia,
Onde encontrar meu querer,
Seja noite ou seja dia,
Montado nesse alazão,
Que se chama: coração!

Trovas e contra trovas Marcos Loures e Olga Matos

I

Bebi água na torneira,
No riacho me afoguei,
Se já fiz tanta besteira,
É que, menino, fui rei...


Bebi a fresca da fonte
no remanso m'afoguei
para encontrar o amor...
mas como se não conheço?


II

Sei do seio da saudade,
Da saudade, tão profunda,
A lua, por caridade,
De claridade, me inunda...

Na saudade fiz meu ninho
nas suas penas deitei
afundei em seus espinhos
da lua me distanciei.



III

Beija flor, beijando a boca,
Essa boca que beijei,
Beija flor deixando louca
Tanta boca que amei


Beija-flor não me beijou
na boca que ofertei
acabei ficando louca
por bocas que não beijei!


IV

Beijando a boca da noite,
Cavalgando no cometa,
Constelações como açoite,
Montado nessa lambreta...

Beijou-me a boca da noite,
taciturna e sombria
bafejou-me mil açoites
no dorso de longos dias!



V

Rosalinda, minha rosa.
Linda rosa, na roseira.
Moça linda, mas tão prosa,
No rosal, és a primeira...


Cravo cheirando a vigor
beija a rosa linda e rosa
viceja as suas cores
mas de amor a rosa morre!



VI

Sou mineiro, de verdade;
Demorei a ver o mar,
Quando vi, me deu saudade,
De quem aprendi a amar...


Sou gaúcha verdadeira
nasci olhando o mar
cá destas serras fagueiras...
de beleza sem igual!



VII

Lancei toda minha sorte,
Nas ondas do rio mar,
Mariazinha, por sorte,
Tá aprendendo a nadar...


Lancei as cartas na mesa
pra ver a vida girar.
Girou com tal rapidez
que não consegui jogar!



VIII

Alameda d'esperança,
Criança corre, a brincar,
Vivendo em minha lembrança,
Vai brincando, sem parar...


Cheiro do pão e cafe
emanam das emoções
das sangas molhando os pés,
daquelas saias crianças!



IX

Bebo a vida sem ter medo,
Posso `té me embriagar,
Quem quiser saber segredo,
Procure conchas no mar...


Dei a volta no meu rancho
campeando a esperança...
penduraram-na num gancho
que ficou cá na lembrança!



X

Poetando poesia,
Vivo sempre a poetar,
Quem poeta todo dia,
Conhece manhas de amar...


Penso que faço poema,
mas acho que é engano
o poema é semente,
a poesia é seu chão!



XI

Vindo de triste partida,
Não pude recomeçar.
Minha sina, nessa vida,
É viver sem te amar.


Por aqui fiz a morada
não me interessa partir,
tão pouco quero voltar,
quero seguir e vou indo...



XII

Trevo entre a vida e a morte,
Na curva desta promessa,
Onde a vida teve a sorte,
Onde minha sorte começa.


Entre a vida e morte,
qual a sorte da primeira,
se a outra deita e rola
durante a vida inteira?



XIII

Foste forte fui tão fraco,
Fracassei sem ter perdão,
Pus, na corrente, meu barco,
Embarquei meu coração!


Entre o forte e o fraco
alojei o equilíbrio
quando abri meus curtos braços
só abracei o vazio!


Marcos Loures

Olga Matos

Ao Amigo Moacir


Meu querido Moacir,
Me emocionas, de fato.
Que bom é poder sentir
A doçura do regato,

Onde a brisa bela ondeia,
Por onde passa esse vento,
Que alimenta, na veia.
Água benta pro sedento...

Teus versos são melodias
Trazendo emoção, calor
A Musa, nas fantasias,
Se entrega por tanto amor...

Companheiro, que beleza,
Teu cantar belo, reluz.
Espanta toda tristeza,
Traz para as trevas, a luz.


Muito obrigado, Moacir.

Com um abraço Marcos Loures

Sobre Sextina Tereza Do Amigo Moacir I. Costa Jr.

lamentação de uma alma dorida
mas que se faça logo esquecida
somente o vero Amor dá Guarida
enquanto se vive na humana lida

belos versos, ó Amigo Poeta.
que a inspiração seja como a brisa,
um vento suave que o cabelo alisa,
como uma Musa, formosa e dileta.

um fraterno abraço

Moacir

sextilha - Na curva da saudade

Nessa curva da saudade,
Encontrei meu bem querer,
Procurei felicidade
A razão para eu viver.
Mas, me deixaste sozinho,
Coração tão miudinho...

Foste buscar n’outros braços,
Aquilo que eu quis te dar,
Meus olhos ficando baços,
Silêncio no meu cantar.
Me negaste teu anel,
Por que foste tão cruel?

Quis te dar minha amizade,
Nem isso quiseste ter,
Para falar a verdade,
Eu preferia morrer,
A viver sem teu carinho,
Meu coração pobrezinho...

A vida segue doendo,
Eu, na vida vou tão só,
Na vida, sigo morrendo,
E ninguém, de mim, tem dó.
Quero somente te ver,
Não consigo te esquecer...

Marcada por essa sina,
Minha vida não tem graça.
Sem saber, és assassina,
Culpada pela desgraça,
Que se abate sobre mim,
Não sabes que és tão ruim...

Meu amor, por caridade,
Não me deixe morrer não,
Me mande essa novidade,
Ajude meu coração.
Fale que gosta de mim,
Não me deixe, triste assim...

A cruz - Soneto

A cruz abandonada no caminho,
Traduz a sorte; morte sem perdão.
Quem passa e nem percebe, vai sozinho,
Riscando pelas trilhas, novo chão.

Mal sabe que viveu, nesse sertão,
A dona dos meus olhos, meu carinho,
Razão de vida, pobre coração.
Que teima , vai batendo, passarinho...

Essa cruz foi fincada por alguém,
Que nunca poderia imaginar;
Que ela também fora meu triste bem.

Mas, meu Deus, nunca posso revelar,
Nem a Ti, nem sequer mais a ninguém,
Esse amor, segredado ao luar...

Pai

Tens a força , gigante tão sereno,
Que sabes conquistar sem ser tirano.
Carinho, sentimento que sei pleno,
Amores que já tive, ledo engano.

Tantos colos, jamais um tão ameno.
E, nos tropeços, tuas mãos. Insano
Coração procurando por veneno,
Encontrando, deveras, abandono...

Eu sei, sempre estiveste me esperando,
Teu apoio, na queda, me levanta.
Pois quanto mais a vida, magoando,

Mais a tua presença a mim, encanta.
A teu nome, meus versos, dedicando;
Pai nesse dia teu, minha’alma canta!

No contrapé dessa saudade insana,


No contrapé dessa saudade insana,
Eu percebi teus passos, titubeias...
Vencer todos os medos, tanta gana,
No final disso tudo, novas teias,

Emaranhadas, fétida cabana;
Onde, meus pobres sonhos, incendeias.
Mas, no fundo, pasmada dor sacana,
Percorrendo silente, minhas veias...

Eu mal sei nomear teus artifícios,
Nem ceder aos teus caprichos,
Se queres, não terás meus sacrifícios.

Pois procure encontrar, teus novos nichos,
Aonde cultivar teus velhos vícios
Sumas, de ti não quero nem indícios...