domingo, agosto 13, 2006

Trovas

Querida, te quero tanto,
Como é grande o meu amor,
Só em ti vejo esse encanto,
Só de ti quero o calor...

Nas águas daquele rio,
Encontrei bela sereia,
Meu coração tão vadio,
Batendo forte, incendeia...

Nesses cigarros que fumo,
Te vejo nas espirais,
Meu amor grudou, fez grumo,
Não te deixarei jamais...

Minhas mãos estão cansadas,
De procurar por carinho.
Perdido nas madrugadas,
Vou andando assim sozinho...

Trovejando tanta trova,
Levando a vida contente,
Vou feliz e isso prova,
Que trova faz bem pra gente!

Nas minhas matas mineiras,
Nunca fui um caçador,
Nas minhas noites festeiras,
Eu perdi um grande amor!

Amor doendo de leve,
O frio dessa garoa,
A solidão é tão breve,
No fundo, essa vida é boa...


Essa cachaça danada,
Arrepia o coração,
Eta vidinha safada,
Faz tão bem, às vezes não!

Conheci bela morena,
Que no Tororó deixei,
Sua lembrança me acena,
Me dizendo: Já fui rei!

Hoje tenho tantos medos,
Isso confesso, sem dó.
O maior dos meu segredos:
Não me deixes ficar só!

Trovas e Contra trovas Marcos e Olga Matos

Cabem tantos pesadelos,
Nos sonhos da minha amada,
Quem dera pudesse vê-los
Não sonharia mais nada...

Lá vêm eles despontando
das cavernas mais profundas...
peçonhentos os pesadelos
nos bebem da borda ao fundo!


A viola ponteada,
No canto do boiadeiro,
Viajando, corta estrada,
Nesse sertão brasileiro...


uma viola ponteada
chama uma gaita chorona,
se acompanham abraçadas
pespontando a milonga!


Rosa vermelha seduz,
A branca acalma o sentido,
O meu amor já reluz,
Sem ele, sigo perdido...


Se nosso amor fosse lume
toda a nossa amargura
seria facho de luz
quando brotasse o ciúme

Trovas faço sem parar,
Meus versos trago n' alforje,
Quero montar, no luar,
No cavalo de São Jorge...

Cavalgo crinas da brisa
sopro no vento meu verso
colho da rima um sorriso
que me espia pelas frestas!


Mariana passa leve,
Leve Maria pro mar,
Maria, a vida tão breve,
Mais breve, quero casar...


Uma pomba lerda voa
traz a tristeza nos pés
perto de mim não pouses
lepra fétida não quero!!

Temporal tem tempestade,
Raio, corisco e clarão,
O amor tem tempestade,
Faz tremenda confusão...


Ventania escureceu
o azul que escapuliu
pois o amor não socorreu,
era fraco e se sumiu!


Quero beijar sua boca,
Mas você não quer mais não,
Minha amada ficou louca,
Maltratou meu coração...

Um louco entende outro
na loucura de querer,
pois se um querer se for,
é por que de amor morreu


Trago a tesoura do tempo,
Para cortar a paixão,
Não posso ter contratempo,
Vou cortando de raspão...


O tempo tem parentesco
com a vida e a morte
na morte vê um pretexto
para acabar com a sorte!


No meio da capoeira,
Caipora se escondeu,
Meu amor, na vida inteira,
Caipora já fui eu!


As asas do grande vento
a Teiniaguá desejou
para encantar um Romeu,
mas foi má e não logrou!


Me disseram, que maldade,
Que não posso mais amar,
Me negaram claridade,
Se esqueceram do luar...

Disseram-me, ora veja,
que não devo mais amar!
Mas como resistirei
se o luar me banhar?


Espada corta fundo,
Machucando de mansinho,
Tanta espada nesse mundo,
Mas me inundo de carinho...


Os punhais são traiçoeiros
se impondo como espadas.
Mas qual nada... a pequenez,
quanto maior mais se apaga!



Marcos Loures
Olga Matos

Eu ando procurando meus disfarces Soneto

Eu ando procurando meus disfarces,
Em meio a tantas vidas que passei.
Milhares, diferentes, tantas faces.
Fugindo, procurado, sem ter lei.

Não pude nem tentei que me amasses,
Somente teu sofrer, pelo que sei,
Seria tua herança, meus enlaces,
Sofrimento, matéria em que sou rei!

Nos túmulos cativos que carrego,
Correntes me ataram pela mão.
Em meio a tanta luz, seguindo cego,

Nos fúnebres delírios do perdão,
Não posso nem desejo, tudo nego,
Seria tão somente uma ilusão.

Trovas

Não serás minha semente,
Pois não aprendi plantar,
Minha vida vai contente,
Tanta luta por lutar.

Amando de tarde e noite,
Consegui sobreviver,
Solidão foi meu açoite,
Foi embora, ao ver você!

Da dama amada da festa,
Nada ajuda a recordar,
A tristeza abriu a fresta;
Essa porta, vou fechar...

Computador que computa,
Computador esqueci,
Computada a força bruta,
Vou computando daqui...

Bocas beijo sem ter nojo
Bocas que riem de mim,
Nessas bocas vou ao bojo,
Bocas vermelho-carmim...

Tens tentado me iludir,
Eu bem sei que isso é verdade,
Tanta vida só por ti,
De falsa felicidade...

Vascaíno, é meu cunhado,
Mas já me deu outra pista,
Vivendo assim, enganado,
Ele é anti-flamenguista...

Trovas

Nasci na terra mineira,
Na pequena Muriaé,
Minha sina verdadeira,
Tá nas mãos duma mulher…

Faço versos, brincadeiras,
Canto no meu poetar,
Alegrias verdadeiras,
Só encontrei no luar…

Tucanolândia - capítulo 39 - Da saúde das cadeias.


Uma coisa que chama a atenção no reino da Tucanolândia é a falta de capacidade de percepção da oposição xexelenta ao grande Gerente Gerald (GGG), o famoso extragrande.
Reclamaram muito do que poderia parecer a ilógica contabilização como gastos de saúde os serviços públicos a detentos nas penitenciárias.
Para quem sabe ler um pingo é letra e nada melhor do que escrever certo por linhas tortas.
Obviamente o investimento em penitenciárias tem tudo a ver com a saúde pública.
Como todos sabem, o sistema prisional de Saint Paul é um dos mais avançados e salutares do mundo, com a distribuição justa de presos por cela, com uma das alimentações mais saudáveis possíveis e com um tratamento sobremaneira digno dos presos.
Os serviços prisionais das cadeias de Saint Paul são elogiados por todos os defensores dos direitos humanos.
O preso em Saint Paul tem uma qualidade de vida exemplar, podendo ter o uso de celulares, podendo comprar e vender todos os tipos de mercadoria, dentro da cadeia. Tendo acesso livre a mulheres, televisões de plasma, advogados exclusivos, entre outras mordomias.
Será que essa saúde do delicado sistema penitenciário não é visto por esta oposição absurda e sem caráter?

Vai meu mar amar maré Décimas

Vai meu mar amar maré
Maresia mar e sina,
Amando Mar e Marina,
No meu mar, morreu a fé,
Nadava, mas não deu pé.
Fui tragado por sereia,
Que cantando, fez a teia,
Que prendeu seu grande amor,
Nem por reza ou por favor,
Cessou brasa, que incendeia...

Um dia a mais, noutro tempo Décimas

Um dia a mais, noutro tempo.
Noutro tempo fui tão só,
Doendo a vida, dá dó,
A quem tempo e contratempo,
No meu tempo, passatempo,
Foi solitária agonia
Que me fez perder Maria,
Que me trouxe solidão,
Nunca sim, somente não,
Naufragando a poesia...

Na casa antiga, de telha Décimas

Na casa antiga, de telha,
Rede posta no quintal,
Roupa quara no varal,
Amor traz forte centelha
Trazendo a lua vermelha;
Fazendo brilhar o sol.
Tudo vai agindo em prol
Da felicidade ativa,
Dos meus olhos és cativa,
Nossa vida no arrebol...

Sextilhas a quatro mãos Marcos Loures e ZF Marques

Nessa curva da saudade,
Encontrei meu bem querer,
Procurei felicidade
A razão para eu viver.
Mas, me deixaste sozinho,
Coração tão miudinho...



Me deixaste a saudade
Quando te dei meu amor
Pagaste com crueldade
Mergulhaste-me na dor
Porque és só vaidade
Peito frio, sem calor



Foste buscar n'outros braços,
Aquilo que eu quis te dar,
Meus olhos ficando baços,
Silêncio no meu cantar.
Me negaste teu anel,
Por que foste tão cruel?


Mas irás buscaf em vão
Procurando sem achar
Quem te dê ao coração
A certeza de amar
Pois quem vive sem paixão
Seu destino é penar


Quis te dar minha amizade,
Nem isso quiseste ter,
Para falar a verdade,
Eu preferia morrer,
A viver sem teu carinho,
Meu coração pobrezinho...


Não entendes sentimento
És apenas carne fria
Espalhando sofrimento
Sem jamais ter alegria
Não terás o meu lamento
Pois me salva a poesia


A vida segue doendo,
Eu, na vida vou tão só,
Na vida, sigo morrendo,
E ninguém, de mim, tem dó.
Quero somente te ver,
Não consigo te esquecer...


Já passei pela tortura
De buscar-te como louco
Vou em busca da ventura
De chamar-te fiquei rouco
Sei que vou achar a cura
Não és mais o meu sufoco



Marcada por essa sina,
Minha vida não tem graça.
Sem saber, és assassina,
Culpada pela desgraça,
Que se abate sobre mim,
Não sabes que és tão ruim...


Gostarias de saber
Que ainda penso em ti
Te apraz o meu sofrer
Tal frieza nunca vi
Consegui te esquecer
O meu peito agora ri



Meu amor, por caridade,
Não me deixe morrer não,
Me mande essa novidade,
Ajude meu coração.
Fale que gosta de mim,
Não me deixe, triste assim...



Podes ir, não voltes mais
Pra bem longe, eu espero
Me esquece, se és capaz
Mas te lembres, não te quero
E na hora maias fugaz
Te desprezo, isto é vero!


Marcos Loures

ZF Marques


13 ago 2006

Trovas a seis mãos

I
Bebi água na torneira,
No riacho me afoguei,
Se já fiz tanta besteira,
É que, menino, fui rei...


Bebi a fresca da fonte
no remanso m'afoguei
para encontrar o amor...
mas como se não conheço?


Bebi tanta água salgada
das lágrimas que chorei
toda a imensidão é nada
deste mar em que afoguei!



II

Sei do seio da saudade,
Da saudade, tão profunda,
A lua, por caridade,
De claridade, me inunda...

Na saudade fiz meu ninho
nas suas penas deitei
afundei em seus espinhos
da lua me distanciei.

A saudade é uma noite
Com luar, clarão e dor
Mas é dona do açoite...
Açoite chamado amor.


III

Beija flor, beijando a boca,
Essa boca que beijei,
Beija flor deixando louca
Tanta boca que amei


Beija-flor não me beijou
na boca que ofertei
acabei ficando louca
por bocas que não beijei!


Beija-flor é traiçoreiro
Trai cantando na alvorada
E prendeu no cativeiro
A boca tão mais beijada!



IV

Beijando a boca da noite,
Cavalgando no cometa,
Constelações como açoite,
Montado nessa lambreta...



Beijou-me a boca da noite,
taciturna e sombria
bafejou-me mil açoites
no dorso de longos dias!


Da noite, fugi da boca
O seu beijo eu não quis
Ainda não estou louca...
O que eu quero é ser feliz!


V

Rosalinda, minha rosa.
Linda rosa, na roseira.
Moça linda, mas tão prosa,
No rosal, és a primeira...


Cravo cheirando a vigor
beija a rosa linda e rosa
viceja as suas cores
mas de amor a rosa morre!


Cravo macho perfumado
meu morango do agreste
Por tanto te ter amado
Vou contigo pro nordeste!


VI

Sou mineiro, de verdade;
Demorei a ver o mar,
Quando vi, me deu saudade,
De quem aprendi a amar...

Sou gaúcha verdadeira
nasci olhando o mar
cá destas serras fagueiras...
de beleza sem igual!


Sulmatogrossense eu sou
nasci bem longe do mar
na planície que moldou
este vasto meu amar!

VII

Lancei toda minha sorte,
Nas ondas do rio mar,
Mariazinha, por sorte,
Tá aprendendo a nadar...


Lancei as cartas na mesa
pra ver a vida girar.
Girou com tal rapidez
que não consegui jogar!


Sete ondas eu pulei
Para ver se dava sorte
E quase eu encontrei
No azul a minha morte!



VIII

Alameda d'esperança,
Criança corre, a brincar,
Vivendo em minha lembrança,
Vai brincando, sem parar...


Cheiro do pão e cafe
emanam das emoções
das sangas molhando os pés,
daquelas saias crianças!


Tamarindo tão formoso
emoções da minha infância
guardo seu gosto cheiroso
nos armários da lembrança!



IX

Bebo a vida sem ter medo,
Posso `té me embriagar,
Quem quiser saber segredo,
Procure conchas no mar...



Dei a volta no meu rancho
campeando a esperança...
penduraram-na num gancho
que ficou cá na lembrança!


Devorando a Vida eu vou
antes me dovore ela;
Sou melhor do que eu sou
se pintada em aquarela!


X

Poetando poesia,
Vivo sempre a poetar,
Quem poeta todo dia,
Conhece manhas de amar...


Penso que faço poema,
mas acho que é engano
o poema é semente,
a poesia é seu chão!


Já não sei mais escrever
escrever eu nunca soube;
A poesia, pode crer
Em meu peito nunca coube!




XI

Vindo de triste partida,
Não pude recomeçar.
Minha sina, nessa vida,
É viver sem te amar.


Por aqui fiz a morada
não me interessa partir,
tão pouco quero voltar,
quero seguir e vou indo...


O que mais amo no mundo
é do amor a sensaçao:
Em bem menos de um segundo
eu encontro outra paixão!



XII

Trevo entre a vida e a morte,
Na curva desta promessa,
Onde a vida teve a sorte,
Onde minha sorte começa.


Entre a vida e morte,
qual a sorte da primeira,
se a outra deita e rola
durante a vida inteira?



Morte e Vida Severina
o poeta não sabia,
Vida é sorte que termina
ou se a morte ali cabia!



XIII

Foste forte fui tão fraco,
Fracassei sem ter perdão,
Pus, na corrente, meu barco,
Embarquei meu coração!


Entre o forte e o fraco
alojei o equilíbrio
quando abri meus curtos braços
só abracei o vazio!


Forte como o vento eu sou
Em noites de vendaval
Varro tudo que encalhou...
tudo o que me fez mal!



Marcos Loures

OlgaMatos

Fátima Cunha

Menina, me dê licença... Resposta - Olga Matos

Minhanossassinhorinha,
desceu tudo redondinho,
fazendo cosquinha aqui,
na palma dos meus dedinhos...

o pensamento rebola,
mando a peraltice imbora,
amarro os braços na hora
que a insensatez explode!

E então pacientemente
gatafunho inocente
versos insonsos, descrendo
que assim sejam para sempre!

Trovas

Cabem tantos pesadelos,
Nos sonhos da minha amada,
Quem dera pudesse vê-los
Não sonharia mais nada...

A viola ponteada,
No canto do boiadeiro,
Viajando, corta estrada,
Nesse sertão brasileiro...

Rosa vermelha seduz,
A branca acalma o sentido,
O meu amor já reluz,
Sem ele, sigo perdido...

Trovas faço sem parar,
Meus versos trago n’ alforje,
Quero montar, no luar,
No cavalo de São Jorge...

Mariana passa leve,
Leve Maria pro mar,
Maria, a vida tão breve,
Mais breve, quero casar...

Temporal tem tempestade,
Raio, corisco e clarão,
O amor tem tempestade,
Faz tremenda confusão...

Quero beijar sua boca,
Mas você não quer mais não,
Minha amada ficou louca,
Maltratou meu coração...

Trago a tesoura do tempo,
Para cortar a paixão,
Não posso ter contratempo,
Vou cortando de raspão...

No meio da capoeira,
Caipora se escondeu,
Meu amor, na vida inteira,
Caipora já fui eu!

Me disseram, que maldade,
Que não posso mais amar,
Me negaram claridade,
Se esqueceram do luar...


Espada corta fundo,
Machucando de mansinho,
Tanta espada nesse mundo,
Mas me inundo de carinho...

Trova

Teu senão foi meu talvez,
Nunca mais quero teu sim,
Pois, desde a primeira vez,
Tô sofrendo, triste assim...

Décimas - Não quero falar teu nome,

Não quero falar teu nome,
Tenho medo de lembrar,
Da vida que tive lá,
Dessa tristeza e da fome,
Tenho medo que me embrome,
De novo tal tempestade,
Que com toda falsidade,
Machucava sem perdão,
Destruía o coração,
Sem nenhuma piedade...

Sina




Tanto medo sem motivo,
Eu garanto pro senhor,
Que, por mais que esteja vivo,
Nunca mais incomodou,
A gente tem, com certeza,
Um pé atras, posso crer.
Mas, em toda a natureza,
Outro igual nunca vai ter.
Nascido de mãe nervosa,
E de pai desconhecido,
Vivendo a vida tão prosa ,
Tendo esse olhar mais perdido.
De menino, ele assombrava
Quem passasse no caminho,
Nunca que ele descansava,
Mesmo que andasse sozinho.
Criado por tia tonta,
Sem ter noção do pecado,
Qualquer coisa que se apronta,
Nem adivinha o recado.
Sendo feito de garrucha,
A caneta que escrevia,
Se esfregando, usando bucha,
Pele dura, nem ardia.

Sem medo de bala ou faca,
Sem temer Deus nem diabo,
Fincando o chão com estaca,
De vivente, dando cabo.
Foi moleque temerário,
Dono de todo o sertão,
Não precisava honorário,
Nem tampouco gratidão.
A morte feito lazer,
Não precisava pagar,
Não queria nem saber,
Tinha prazer no matar...
Pouca gente duvidava
De toda essa valentia,
Sua fama já se dava,
Pelo sertão, percorria…
Mas, na semana passada,
Um fato então lá se deu,
Nas matas das Embolada,
Onde o capeta nasceu.
Tocaiaram Chico Bento,
Deram três tiros de sobra,
Fora esse envenenamento,
Da mordida duma cobra,
Cascavel que deu o bote,
Mas um cabra sertanejo,
Resistindo até a morte,
Na desgraça dando beijo,
Mas, para azar do destino,
Dessa ele não escapou,
Foi-se embora tal menino,
Que a desgraça carregou;
Por cima das tempestades,
Que a vida madrasta armou,
Esquecendo as crueldades,
Que falam que praticou.
Na verdade era um garoto,
Morte sempre bafejou,
Da sorte só teve arroto,
Inté que um dia, voou…

Irresponsabilidade

O descalabro absoluto tomou conta de São Paulo, a ponto de termos dois governos no Estado, um omisso e outro atuante.
Quando vemos um Governador de Estado, por meros interesses políticos de preservar uma candidatura fadada ao insucesso, expondo a riscos gigantescos toda uma população indefesa, podemos perceber, as causas da desestruturação do Estado Paulista.
A inoperância e a fragilidade se demonstram em cada atitude do Governador, herdeiro da mesma inoperância e incapacidade dos governos anteriores.
O poder efetivo, em São Paulo, se faz por detrás das grades de um sistema penitenciário corrupto e ineficiente.
O Governador de São Paulo, Marcola, conta com o apoio das atitudes omissas oriundas do Palácio dos Bandeirantes, desde há muitos anos.
Como se pode tentar negar a incapacidade de um Governo que, várias e várias vezes se viu mercê dos aprendizes da FEBEM?
A negativa de se aceitar o apoio do Exército sob a efígie do medo de se submeter a um Governo Federal politicamente adversário, denota a falta de responsabilidade de Cláudio Lembo e da cúpula governamental paulista.
A atitude do Secretário Saulo de tentar transferir as responsabilidades ao PT e ao Governo Federal, dá a dimensão exata da tentativa de Geraldo Alckmin, representante do que há de mais podre na política nacional, tentar transferir todas as culpas das corrupções usuais nos governos tucanos e pefelistas, para os petistas.
Vergonhosa e absurda atitude, de uma infelicidade a toda prova. Dando a real dimensão do que esperaria o nosso povo se, por uma destas desgraças irrecuperáveis, tipo tsunami, a candidatura dessa turma vencesse de novo.
Isso teria conseqüências avassaladoras sobre a economia e a soberania nacional.
Tanto descaso do Governo Paulista já está ultrapassando as raias do bom senso, cabendo, inclusive, por total irresponsabilidade, abrir-se um processo por crime de responsabilidade.

Passando pelo céu, vai viajante louca Soneto alexandrino

Passando pelo céu, vai viajante louca.
Correndo sem parar, cometa sem destino,
Quando for misturar, minha na tua boca,
Regressarei, vou ser, novamente um menino.

Minha voz, noutro mar, noutro tempo, mais rouca;
Já poderá cantar, no dobrar desse sino,
Em cujo badalar, minha dor se fez pouca
E a alegria, verão, foi grande desatino...

Passageira a temer, tantas as desventuras
Que na vida irá ter, quem nunca pode amar.
Para quem, caminhar nas noites mais escuras.

Buscando do luar, farol para guiar,
Os passos a fugir de tantas amarguras.
A viajante vai, nem sab’onde parar...

Falando de você, por todo canto Soneto

Falando de você, por todo canto,
Não quero nem consigo mais mentir,
Seu nome, traduzindo tanto encanto,
O rumo, onde pretendo prosseguir.

Seus medos, e segredos, acalanto
Para as noites difíceis que vivi
Gritando aos céus perdido, cego. Tanto
Quanto sei, tão sem nexo, por aqui.

Senão é seu talvez, fazendo sina
Trazendo essa menina, que alucina.
Que me dá da suave rebeldia,

Acima do meu Deus, já me irradia,
No cálice vertido da sangria.
Que tanto me maltrata e desatina.

Menina, me dê licença...

Menina, me dê licença,
D”eu contar a minha história ,
Enquanto a cabeça pensa,
Vou falando de memória.
Nasci nas terras do Juca,
Lá pras bandas do Meião.
Saudade quando cutuca,
Maltrata meu coração.
Minha mãe foi benzedeira,
A melhor que havia lá,
Curava qualquer besteira,
Qualquer doença que há.
Com a fé de quem rezava,
Dia inteiro, se preciso,
Tanto mal ela curava,
E tá lá, no Paraíso.
Foi embora, a dor é tanta,
Mas, bonita sua cruz,
Morreu sexta feira santa,
Mesmo dia que Jesus.
Lá no Céu teve festança,
Movida a muito forró,
Teve prenda e teve dança.
Teve tudo o de melhor.
Meu pai, foi sertanejo,
Lavrador com muito orgulho,
Lutando com tanto pejo,
Viveu sem fazer barulho,
A morte também, destino,
Levou meu querido pai,
Deixando, tal desatino,
Que, da lembrança, não sai.
Fiquei sozinho na lida,
Sem mulher ou companheira,
Tudo que tenho na vida,
É a viola, estradeira.
Tenho o sol como meu guia,
A lua por namorada,
Vou cantando todo dia,
Canto só, sem ter parada.
Não quero cantar tristeza,
Nem tampouco solidão,
Vou cantando essa beleza,
A beleza do sertão.
A vida deu regalia
E tomou, sem perguntar,
Se era isso o que eu queria,
Mas não posso reclamar.
Foi Deus quem me deu o dom,
Dessa viola tocar,
Quando dela, tiro um som,
Canto sem pestanejar.
Não quero amar a ninguém,
Nem me prender a Maria,
Preciso de ter um bem,
Que a mim, não pertencia.
Pois somente assim, menina,
Não tendo amor que se implora,
Nem tendo vida que atina,
A minha viola chora...

João Polino e o Lobisomem

A lua em Santa Martha tem uma beleza ímpar. À época dessa historia, então, era de uma claridade ofuscante, ainda mais se fosse cheia.
Lua cheia inspira todos os poetas, ainda mais quando não há além dela, senão as bruxuleantes luminosidades que vêm dos candeeiros a querosene.
Isso era o que acontecia na década de quarenta, quando a iluminação tanto pública quanto nas residências era somente uma utopia.
João Polino, nesse tempo um jovem de pouco mais de vinte anos, dono de uma invejável valentia e de uma força inigualável, um verdadeiro sertanejo, acompanhado de uma indefectível garrucha, para o caso de ter que usar contra cães do mato, onças pintadas ou jagunços, reis da emboscada.
João era de boa paz, mas nada impedia de que houvesse alguma tocaia, por quaisquer motivos, ou mesmo sem.
A terra era sem lei, não tinha ninguém para coibir a violência que campeava, ainda mais por que a sede do município, Alegre, distava mais de cinqüenta quilômetros de terra batida e, muitas vezes, intransitável.
Noite de lua cheia, numa sexta feira, não tinha erro: lobisomem na certa.
E, em Santa Martha não era diferente. O lobisomem local era um jovem estranho: calado, ensimesmado, não se dando com nenhum morador do vilarejo, exceto João Polino, pois esse não tinha medo de nada e de ninguém.
Nos últimos meses, começaram a aparecer sinais da presença do Lobisomem. Durante a madrugada, várias vezes se ouvia um uivo longínquo, acompanhado do grito desesperado das galinhas e do gado.
No dia seguinte, a constatação: algumas cabeças de gado desaparecidas e muitas penas de galinha com o sangue espalhado sobre o chão, sinal da passagem do bicho.
Todos os habitantes começaram a olhar desconfiados para o pobre Joaquim, o nosso suspeito de lobisomagem.
Este, acuado e tímido, não respondia a nenhuma insinuação que fizessem, conversando somente com João Polino, a quem negava qualquer participação nos acontecidos.
João, entre preocupado com o gado que mantinha numa pequena propriedade próxima ao distrito e com o pobre Lobisomem, resolveu tentar tirar a limpo a história.
Corajosamente, resolveu amarrar seu amigo Joaquim numa pilastra, dentro de sua casa, e esperar pelo que aconteceria.
Naquela noite, ao ver que seu amigo mantinha-se acorrentado e ouvindo, distante os sons costumeiros, chegou a uma conclusão. Realmente, seu amigo não era lobisomem.
Mas, se não fosse ele, quem seria e como descobriria?
Astuto como ele só, João resolveu armar uma arapuca para descobrir o malfeitor e o malfeito.
Durante um mês, espalhou que tinha comprado umas vacas holandesas para leite, que eram campeoníssimas, tendo vencido exposições de gado até na longínqua São José do Calçado.
O assunto em Santa Martha não era outro, quando é que vinham as vaquinhas, quanto custou, etc.
João, perspicaz, ao ver na folhinha que a próxima lua cheia seria em cinco de agosto, deu a data do dia cinco, como a da chegada do gado.
Na data marcada, em conluio com o seu amigo Joaquim Lobisomem , ficou de tocaia à espera do maldito lobisomem.
Para sua surpresa, o que viu o deixou de queixo caído.
Um dos mais importantes coronéis de Santa Martha, seu Leôncio, estava chegando, disfarçadamente, com mais dois jagunços, na sua propriedade. Traziam algumas facas e, ao começarem a uivar alto, um deles foi até o galinheiro e matou algumas das mais gordas galinhas de João Polino.
Com o alvoroço formado, correram até ao curral, onde principiaram a laçar as vacas, pobre vaquinhas...
Nesse ínterim, João Polino, abismado com o que vira, partiu em direção ao curral e, garrucha em punho, começou a xingar e desafiar o coronel trambiqueiro.
Sem perceber, João foi agarrado e amarrado pelos jagunços do Coronel, que se preparava para esfaquear nosso herói.
Mas, subitamente, se ouviu um gemido assustador. Quando olharam para trás, puderam perceber, um lobo gigantesco, de pé, uivando e babando.
Em pânico, largaram João e saíram correndo, em desabalada carreira.
Quando João ficou a sós com o lobisomem, sem apresentar nenhum sinal de medo, chamou-o, carinhosamente, pelo nome.
Surpreendentemente, Joaquim se abaixou e começou a lamber, carinhosamente, as mãos de seu amigo.
E partiu, para nunca mais voltar, nas noites de sexta feira de lua cheia em Santa Martha...

Tucanolândia - capítulo 38 - quem tem Joseph não precisa gastar na saúde


O investimento em saúde no desgoverno de Geraldo não atinge sequer 12% da receita de impostos, desrespeitando assim o mínimo que foi determinado em lei a ser investido no setor. Este escândalo a tucanagem sorrateiramente maquia, retirando dessas receitas estaduais os R$ 1,8 bilhão que o governo estadual recebe pela lei Kandir. Desta forma a saúde paulista deixa de receber R$ 1,8 bilhão graças à péssima gerência de Geraldo Alckmin.


Essa oposiçãozinha não tem a menor idéia do que seja relação causal.
Tivemos, em Tucanolândia, o maior Ministro da Saúde da História da Humanidade, desmoralizando todos os incompetentes que trataram do assunto, através dos tempos, já que Dom Joseph Mountain na verdade, nunca tinha tido contato com saúde, a não ser quando lia o elucidativo Almanaque do Biotônico, famoso compêndio sobre o assunto publicado há décadas no Reino.
Dom Joseph era um renomado economista, com cursos e mais cursos, sendo reconhecido internacionalmente como tal.
E, mostrando sua genialidade, foi o maior destaque do Reino, na área da Saúde; imaginemos do que seria capaz tal celebridade à frente do Governo... Mas, como nada é perfeito, o povo de Tucanolândia preferiu aquele molusco barbudo...
Mas, voltando ao tema, havia uma lei que exigia um investimento de doze por cento da receita dos impostos na saúde.
Para que? Me responda com honestidade, depois de uma administração tão perfeita quanto da Dom Joseph Mountain , com resultados tão maravilhosos, tem cabimento se gastar tanta grana com a saúde?
Pensando nisso, dom Gerald Aidimin, desviou, sutilmente, a quantia de um bilhão e oitocentos milhões de reais, da saúde para outros setores mais importantes e mais urgentes, como a salvação do sistema bancário, entre outras coisas...

Tucanolândia - capítulo 37 - Quem tem um Gerente desses...

Tinha um pessoal em Tucanolândia que teimava e insistia num tal “Orçamento Participativo”. O que vinha a ser isso?
Nesse tipo de gestão, haveria uma participação da população em audiências públicas para a elaboração do Orçamento provincial.
A Assembléia Legislativa da Província de Saint Paul votou e aprovou uma lei que dava garantias de que a população participaria das decisões relacionadas à dotações orçamentárias.
Obviamente, como bom gerente e auto-suficiente nos assuntos ligados á província, Dom Gerald Aidimin não poderia aceitar uma idéia dessas.
Imaginemos que, como o bom Deus não dotara a todos da mesma genialidade administrativa de nosso amado líder, fosse facultado a um povo tão medíocre quanto o tucanolandês a escolha das prioridades.
Teríamos situações de extrema desvirtuação das funções do Estado.
O zé povinho iria querer, com certeza, mais escolas, hospitais, praças de lazer, essas coisas inúteis...
Com o veto do Presidente Provincial a essa absurda lei, o orçamento,
Para sorte do contribuinte, ficou absolutamente sob o controle de Dom Gerald que, assim como Dom Joseph Mountain foi considerado um dos mais representativos e geniais tecnocratas da História do Reino e, quiçá da humanidade!

Trovas

Trago meu tempo e ternura,
Esperando convencer
Quem, tanta paz e brandura,
Trouxe para o meu viver.

Foi magia e desencanto,
Que me roubou de você,
Nosso amor pegou quebranto,
O quê que eu posso fazer?