domingo, junho 04, 2006

Quero teu cheiro

Quero teu cheiro, desejo e chama, no beijo que chama e clama e aclama, teima e me traduz. Na luz serena da morena, que acena com a vida, ávida e vadia, audaz e perene.

Quero teu sentido, ameno e amoral, amargo delírio, nos lírios do campo, nas sendas e searas. Quero o amares nos mares e marés, na trilha do sol, no arrebol e na terra, treino e acento, aceito e assento, assertiva que mente e remete à mente que traz o audaz que seduz, em tua luz e amplidão.

No chão que pisas concisa e complexa; nos plexos e praças, nos arredores dos lugares por onde flutuas, delicias e deliras os olhos perdidos, os medos perdoados, denodados dos nós dados de nós atados em nós, urdidos e ungidos num ágil e frágil pendão.

Quero o acero de teus lábios, sábios e cruéis, de viés, ao revés ao invés. Desviados das vias onde voas, onde havia a harpia que devora. Voraz e virtuosa, com as mãos mais audazes, velozes, audaciosas, cônscias e cientes, do que, de repente, no repente, repetidos atos atam em nós.

Minha amada nada mais quero e espero senão o teu perdão, pendão e acórdão, cordão que ate e que arremate, maltrate e acaricie. Vicie e delicie quem quer que se veja, na mesma peleja, na mesma cantiga, antiga e perene.

Amo teu amor, amo e escravo, me lavam e me levo me deixo ao teu rumo, no aprumo que decidires, nos dizeres que conjugares, nos ares que voares nos mares que nadares, onde quiseres por onde vieres e para onde fores.

Nas flores e odores, nas dores que escolheres, nos mesmos motivos que sirvam de tema. Que sejam teu lema e tua gema. No mesmo leme, no mesmo cerne, que concerne a quem ama.

Na vida que queima na curva do rio, na trilha da estrela, ao vê-la me perco.

Na vela que consome que some e bruxuleia, no brilho dos olhos, na filho que teremos, no amor que produz e reproduz, na noite das estrelas, desse hotel onde estamos nos amores que tragamos e estragamos pela vida afora.

Mas, agora , nada importa, tranque a porta e abra o peito.

Teu confete, teu confeito somos ambos nesse tempo. Nosso tempo nesse templo em que contemplo e perpetuo nosso duo, nosso dia, na poesia que derramas, nessa cama, nossa chama, nos chama e declina. No declínio da noite, o arremate, o combate, nada abate nosso trato, no contato, no contrato, contralto e contrabaixo, nosso facho, acho que a lua, a rua e a cachaça, nosso pia batismal.

Nosso doce carnaval, canavial dos desejos, nos beijos e afetos, nos perpétuos ósculos e ócios, vícios e delícias.

Nos teus seios que sei-os tão meus, nesse momento são regaço, meu cansaço, onde lasso, teus laços e meus traços são um só.

Amo-te, desse amor tão mais urgente que necessito ardor, que transmite a dor, e consola minha perda, minha perca e minha musa, minha medusa.

Abra a blusa e, confusa, com fusão, entre lábios e delírios, somos todos um só corpo, absorto e absurdo, surdos e semimortos, filhos dos mesmos tratos, entre Hermes e Afrodite, acredite minha amada, aceite essa madrugada, como estrada e madrigal. Nesse doce precipício, o fim de tudo é o início, o meu renascimento, o momento mais sublime, o suplício, a súplica, o início, a última esperança!

DAS BASES DA DEMOCRACIA

Quinta, 18 de agosto de 2005, 01h53 Atualizada às 05h24Ibope: Lula perderia para Serra, Alckmin e FHC
A crise política, no que depender das mais recentes pesquisas eleitorais, está realmente ameaçando o projeto de reeleição do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Levantamento parcial feito pelo Ibope, que deve ser concluído até sexta-feira, indica que Lula perderia o pleito de 2006 para três pré-candidatos do PSDB: o prefeito de São Paulo, José Serra; o governador paulista, Geraldo Alckmin; e o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso. Nos três cenários, a derrota se daria por larga diferença.

Quinta, 1 de junho de 2006, 20h59 Ibope: Lula vence no 1º turno em todos os cenários
Pesquisa Ibope divulgada nesta quinta-feira pelo Jornal Nacional aponta a vitória do presidente Luiz Inácio Lula da Silva já em primeiro turno em todos os cenários. Sem candidato do PMDB, Lula teria 48%; Geraldo Alckmin (PSDB), 19%; Heloisa Helena (Psol), 6%; Enéas (Prona), 2%, Cristóvam Buarque (PDT) e Jose Maria Eymael (PSDC), 1% cada; brancos e nulos, 14%; não souberam ou não opinaram, 9%. O levantamento foi encomendado pela Rede Globo e realizado entre os dias 27 e 30 de maio. Foram ouvidos 2002 eleitores em 140 cidades do País. A pesquisa foi registrada no Tribunal Superior Eleitoral sob o número 7728/2006. A margem de erro é de 2 pontos percentuais para mais ou para menos.



Observem as duas notícias; em comum, somente o dia da semana, de resto, podemos perceber a evolução da candidatura de Lula em 10 meses, desmentindo toda essa falácia de que : “Escolhemos o Alckmin pois já sabíamos da impossibilidade de Ganhar Lula”.
Na verdade, temos a sabedoria bíblica como explicação para essas disparidades entre dois momentos distintos da avaliação popular do Governo Lula.
“A casa construída sobre a rocha resiste a todas as intempéries, enquanto a construída sobre a areia não resiste à primeira tempestade”.
As denúncias feitas sobre o Governo Lula não foram confirmadas, embora as tentativas de transformar, à custa de uma repetição exaustiva, tenham sido EFETIVAMENTE feitas, DIARIAMENTE, em todos os canais de Mídia.
A história de “vamos sangrar o Lula” demonstra efetivamente que a tentativa era a destruição de uma imagem, sabendo-se da morosidade da justiça no país e associada com a superexposição da “crise” numa mídia absolutamente tendenciosa e sedenta de “novidades e escândalos”, mesmo que sem comprovação ou mesmo coerência.
Nunca houve nenhum motivo jurídico ou mesmo político para o impedimento de Lula, e isso seria um golpe branco que, com a resposta imediata da população e sem a aprovação do mundo civilizado, mergulharia o país em uma crise sem procedentes, visto que : ou o Brasil se guinaria verticalmente para um totalitarismo de Esquerda ou de Direita.
Acontece que, com o passar dos dias, e a percepção da população que a crise se limitava a um setor do governo, mesmo que não comprovada, e ao Legislativo, agravada pelos conchavos para pouparem deputados ligados ao “mensalão”, figura de retórica criada pelo bandido Jefferson, deu ao povo a dimensão real de que Lula não participara efetivamente de nada.
Uma análise mais profunda não permite que concebamos em “mensalão”, e sim num Caixa 2 e sobre isso já falei exaustivamente.
A absolvição em série de vários deputados relacionados diretamente a esse Caixa 2 e a condenação de Dirceu, cuja relação com o fato, se houve, foi absolutamente indireta e sem comprovação, denota o caráter político exclusivo de toda essa História.
Em momento algum, diga-se de passagem, ninguém poupou Lula, isso é desculpa de quem construiu uma casa sobre a areia.
Já a História de Lula é a de um lutador, quer queiram ou não, e toda a argumentação contrária denota um preconceito que denuncia a “burrice e a ignorância” de quem a demonstra.
Respeito a todos os argumentos sólidos contra qualquer pessoa, mas as afirmativas de que “pobre não sabe governar”, quando “pobre entra no poder, entra para roubar”, de que Lula é “cachaceiro e analfabeto”, de que vive dando “voltinhas com seu brinquedinho, o aero-lula” são os “argumentos” de quem não tem argumentos!
A história pessoal de Lula é uma das mais belas que conheço; a do retirante nordestino que se torna presidente de um povo como o nosso é marcante.
Além disso tudo, temos que Lula é um dos mais respeitáveis políticos do mundo, nos dias de hoje; inclusive por adversários políticos e isso não pode ser negado.
A arte de conviver é difícil, principalmente a de aceitar as diferenças e, nesse aspecto, Lula é mestre.
Foi burilado pelos anos e anos do amadurecimento relativo ao convívio com os empresários, políticos e operários.
Hoje percebo, e não nego, que o amadurecimento desse homem foi muito importante. Inclusive as derrotas foram extremamente enriquecedoras para a consolidação e formação de uma base sólida.
Não digo base partidária, pois essa até o aventureiro collorido conseguiu, mas sim a base da personalidade e do caráter do cidadão.
Muitas vezes me irrito com o “jogo de cena” promovido pelos políticos, quaisquer deles, mas sei que isso faz parte de uma estratégia a qual, embora não me agrade, compreenda.
E até nesse mister, foi importante esse amadurecimento.
Percebo o quanto estamos em crescimento com relação à democracia, feita de crises e de muito suor.
Nossa tradição em assuntos democráticos é quase nula, se observarmos nossa história e, todos os aspectos ensinados por essa crise são salutares para esse aprendizado.
A mídia teve seu papel extremamente questionado e deverá passar por mudanças estruturais importantes, se quiser continuar a representar, com credibilidade um contraponto a qualquer Governo.
Os políticos também tiveram seu quinhão nesse amadurecimento, tendo várias vezes, seu papel questionado, assim como os aspectos morais que envolvem toda a classe.
O aceitar como denúncia qualquer disse me disse, deve ser pesado e muito bem pesado, antes de ser aceito, senão corre-se o risco do efeito bumerangue, desmoralizando quem apresentou a denúncia.
Outras lições, assim como a necessidade urgente de uma reforma política, se não forem aprendidas criarão, para os políticos um alçapão do qual poucos escaparão.
A imunidade parlamentar para crimes comuns também deve ser revista e com urgência.
O fato de sob qualquer, ou mesmo sem nenhum sólido, argumento, tentar medidas de força como “golpismos” também deve ser muito bem pesado; correndo-se o risco do feitiço voltar-se contra o feiticeiro, assim como aconteceu com Bob Freire.
Outro aspecto interessante a ser visto está ligado á estrutura do poder e das relações entre os poderes.
Houve até o absurdo ataque à instituição do hábeas corpus, instrumento elementar de qualquer estado de direito. Creio que tais colocações foram feitas ao calor dos debates, sem nenhuma análise prévia.
Outra coisa a ser aprendida é sobre a necessidade e o objetivo de CPIs, perdidos em meio a uma troca de acusações que tocam ao absurdo.
Um crime comum, com aspectos claramente ligados a interesses pessoais, como o de Santo André passou a ser usado como se estivéssemos num estado de guerra.
Acusações até de dinheiro mandado pelo “quintal americano” da ilha de Taiwan para o esquerdista PT, foram feitas. Delírio PURO!
Dinheiro das Farc, de Cuba, misturados com uísque escocês, só faltou dinheiro da “União Soviética”!
Até denúncias feitas por doleiros foram aceitas, só faltou algum Elias Maluco “denunciar” alguma coisa.
Caseiros, cozinheiras e motoristas, além das indefectíveis secretárias e ex-mulheres pipocaram de todos os lugares possíveis e imagináveis.
Honestamente, esse vendaval de acusações, sem comprovação e, muitas vezes, sem nexo, encheram a paciência do povo, muito mais preocupado com o dia a dia do que “nesse papo de políticos”.
Restando a imagem de que, todos são bandidos, todos!
Que essas lições sejam aprendidas e que sirvam para o nosso amadurecimento enquanto pátria e nação.
Não esqueçamos de que isso ocorreu e ocorre em todas as democracias do Mundo.
Obviamente, como esses países já sabem lidar com isso, o impacto é menor.
E, por que não dizer, que isso tudo é muito salutar.
Afinal, precisamos fazer de nossa democracia o que Lula, independentemente do que falem dele, ensinou: que a nossa democracia se construa sobre uma base sólida, para termos NOSSO PAÍS, NOSSA PÁTRIA, NOSSA CASA!

DOS POBREMAS QUE ADAPITO

O Português é um idioma muito complicado e traz algumas armadilhas que são extremamente freqüentes e até aceitáveis, tanto que uso a linguajem coloquial e dialética em muitas coisas que escrevo.
Mas, no dia a dia, temos que tomar muito cuidado com as palavras.
Principalmente de acordo com a função social que exercemos.
Conheci um professor de português que não conseguia falar PROBLEMA, sendo inevitável o POBREMA, embora escrevesse corretamente.
Da mesma forma, conheci um outro que pela dificuldade de falar com o p mudo e, mantendo o paroxítono falava invariavelmente os opito, adapito, rapito etc...
Um dia, estava o mestre numa reunião informal com seus alunos, após uma prova que tinha sido extremamente difícil.
Daniela era uma das meninas mais bonitas da turma e por isso, mas não tão somente por isso, era uma das mais assediadas por todos, inclusive pelo mestre, meio solteirão, mas de passado conhecido como namorador e com relativo sucesso com a mulherada, entre alunas e professoras.
Entre as críticas feitas e as respostas competentemente dadas, bem no instante que Daniela estava se aproximando, o nosso Mestre, ao ser perguntado sobre como ele tinha visto o aproveitamento da turma saiu-se com essa:
-Eu capito que tenha sido bom...
Daniela, ouvindo tal resposta e sem estar inteiramente inteirada sobre o assunto, responde de bate pronto:
- É verdade professor, o CAPITO de ontem da novela das oito foi muito bom mesmo!