domingo, junho 11, 2006

LATINO AMERICA

Na fumaça do cigarro
Que se queima entre meus dedos
Nessa penumbra me agarro
Vou fugindo de meus medos
Quero a sensação perfeita
De poder seguir em frente
A felicidade é feita
Do sangue e carne de gente.
Como a liberdade é flor
Quer precisa pra brotar
De suor sangue e terror,
Pois senão ela não dá.
Meu canto de liberdade
Tem mais lágrimas que riso
Atravessando a cidade
Traz muito pouco sorriso,
Reflete a melancolia
Que se fez neste país
Trazendo pouca alegria
Quase morrendo por triz;
A vida essa fantasia
Essa pobre meretriz
Que tampouco poderia
Sonhar em ser mais feliz.
Não podendo mais arcar
Com essa dor que apavora
Nessa luta por lutar
Bem antes e mais agora.
Nossa luta é tão constante
Vem de tanto tempo atrás
Transformando esse gigante
Que aprende a ser tão capaz
Quanto os velhos continentes.
Trazendo nas mãos cansadas
Sonhos de seres contentes
Pela lua, iluminadas.
As marcas de todos nós.
Caminhamos de viés,
Trazendo essa dor atroz
Cortados, sangram os pés.
Nossa luta mais certeira
Da guerra que não engana
Essa batalha altaneira
Da latino americana
Vida, como essa bandeira,
Que carregamos sem jeito
De todas és a primeira,
Pesando forte no peito.
Terra de tantas batalhas
Das antigas injustiças
Trazes nos olhos mortalha
Vítima dessas cobiças
Que sangraram os teus sonhos
Em troca de prata e ouro
Transformaram em medonhos
Tua carne, pele e couro.
Estropiaram teu povo
Exterminaram teus cantos
Extorquiram-te de novo
Tenazes foram teus prantos.
Agora, que tentas ser,
De novo esse amanhecer
Um amanhecer mais justo,
Mãe que acalanta no busto
Teus filhos mais sofredores
Buscam todos teus amores
Procuram beijo da paz
Lutam pra serem bem mais
Que simples melancolia
Quiçá nesse novo dia
Nessa brisa que acalenta
Nesse canto que se assenta
Sobre tuas mãos feridas
Possamos nós teus meninos
Esquecer das despedidas
Cantando de novo esse hino,
Um hino de amor a ti
Terra onde sempre vivi
Onde nasceram meus filhos
Por onde seguem meus trilhos
Iluminados ao sol
Que traduz tua esperança
De ser de novo a criança
Dona do teu arrebol.
Brincando nas cordilheiras
Nas tuas florestas tantas
Fazer dessas brincadeiras
Ungindo tuas mãos santas.
Surgindo de novo a vida
Onde sangraste, ferida.
América mãe de todos
Que Deus ouça nossos rogos
E te permita viver
Sem ter que filhos vender
Sem ter que, prostituída,
Expor-se tão nua em vida.
América, nosso lar,
Nossa casa verdadeira.
Que o brilho do teu luar
Ilumine a terra inteira.
Que nunca mais te maltrate
Nem nunca mais te destrate
Quem nunca te conheceu
Quem jamais te concebeu
Povo de terra estrangeira
Que suga tanto teu sangue
Atolando-te no mangue
Te escarrando por inteira.

DO BESTEIROL E DA GRANDE IMPRENSA

Ronaldo ataca imprensa e anseia jogos por "fim das besteiras"

"Para mim, até agora, não existiu nenhuma polêmica. Vocês [jornalistas] criaram polêmicas. Independentemente disso tudo, eu me preparei para estar bem e espero corresponder dentro de campo"


Essa afirmativa de Ronaldo, o Fenômeno, mostra bem o mal que assola a imprensa brasileira.
A fofoca, o disse me disse, o tititi tomou conta da grande imprensa em todos os níveis.
Muito mais importante que a notícia e análise desta é a manchete, muitas vezes sem pé nem cabeça.
Uma opinião dada por alguém sobre assunto que não interessa, na verdade, a ninguém a não ser às comadres fuxiqueiras tão ridicularizadas no passado e agora figuras constantes na Imprensa dita séria desse país.
Temos, portanto, o beisteirol midiatico. Isso é ridículo e temerário.
A apuração dos escândalos de corrupção descambou para um disse me disse, onde até historietas de bordel tomaram assento.
Fatos como o da cozinheira ter ouvido planejamentos de crimes feitos, obviamente, na mesa de café, para quem quiser ouvir sem nenhum cuidado, às claras; malas de dinheiro circulando entre serviçais e motoristas, sendo que estes sabiam até a quantidade e o tipo de moeda; são de uma criatividade que nem a carochinha poderia imaginar.
O bom senso se afastou da grande imprensa e, ouso dizer que a própria inteligência também.
Perdoem-me os jornalistas, mas acho que, além de relação de nexo entre causa e efeito, falta cérebro, massa encefálica mesmo para a maioria dos profissionais da área.
O jornalismo brasileiro está de tal forma deturpado e sem moral que eu votaria, sem nenhuma dúvida do programa “De olho nas estrelas” do Leão Lobo ou no TV fama, de Nelson Rubens numa eleição que perguntasse qual o melhor perfil do jornalismo no Brasil.
A transferência desse tipo de programa para as áreas de comentários políticos demonstra o nível cultural de quem se diz “formador de opinião!”.
São incapazes de enxergar além de quem matou ou deixou de matar Salomão Ayala.
Em nenhum momento eu vi algum jornal ter uma linha qualquer de raciocínio seletivo sobre o que interessa ou não interessa ao País e seu povo.
As preocupações do povo são bem mais amplas do que quem comeu quem ou com quem fulano ou sicrano conversou ou se o caseiro estava certo ou mentindo. De qualquer forma ninguém disse que o simples fato de aparecer alguém coparticipante da intimidade de um Ministro ter denunciado fato que não importa a ninguém, a não ser ao próprio e sua família, demonstra que esse denunciante é per si MAU CARÁTER.
Ou o porteiro de um Motel ou de um prostíbulo tem o direito de vir a público e sair espinafrando quem quer que seja?
Por essa visão hipócrita e crápula, aconselho a todo mundo que evitem motéis, boates, prostíbulos ou mesmo bares e restaurantes de qualquer cidade desse país. Essa moral torpe e canalha criada por essa imprensa absurdamente inepta e formada, já que incompetente e analfabeta, pelas “Candinhas metidas a besta” que pululam nos jornais e revistas.
Ronaldo está certo em afirmar que está de saco cheio. Todos estamos.
O fato de se ler um jornal ou uma revista, que sempre foram o diferencial entre quem pensa ou quem capta somente, hoje se deturpou tanto que, o que simplesmente se omite está mais bem informado do que o idiota que comprou o jornal ou a revista.
Está na hora de se dar um basta nisto, nós não somos bestas e nem devemos ser tratados pelos “reis do besteirol”, os jornalistas “sérios” do País.

TE QUERO, NEM SEI SE QUERO...

Te quis tanto, cada canto meu era teu, teu encanto meu alento. Meu conforto e serventia. Tanto te queria que não seria fantasia simples alegoria de um coração sem alegria.
Tua boca, fonte e porto, açoite e voracidade. Na saudade de tua distância tão aconchegante, cada galante verso, inverso e amante.
Quero o perverso e complexo abraço, no cansaço deste traço que ameaço, com o compasso da vida.
Marina cheia, salina pele, delícia de sol, arrebol, mas armadilha.
Na ilha de tuas pernas, mina de tanta riqueza, aurífera beleza de fera holandesa.
te quero tanto, não temo nem teimo. Apenas queimo.
Ardendo e me devorando, me decoro com tuas penas. Tanto penar e tanto mar. Mar e maré, mundo sem fé, seca e sorvete, solvente me dissolve e corrói e como dói.
Um vasto pasto da alma, sem calma nem chama, me chama e nem percebo.
Te concebo e te traço, contrastes e tentativas. Preto e branco, o retrato na parede é tão antigo. Contigo nada mais, nada a mais que a mais voraz saudade.
Saudade do que nem há de, nunca guerreando, sempre andando, adiando para sempre o que nunca foi nem seria.
A cada dia a voracidade, a espera sem esperança, a espreita, caçador.
Com trato e com tato, sem tempo para ser. Nunca seria sério, seria?
Se ria se ris, nada diz e nem pretendo, mesmo tendo o porquê sugerir, sugere ir para o jamais.
Já mais antiga que a própria vida. Sem sentido, sortido, e talvez sórdido; sempre ardido, urdido e esquecido.
Nunca viveria o que viver seria se pudesse te ter.
Talvez seja por isso que esqueci de te chamar, clamar, esperando o momento inevitável do que nunca viria ou se vier, não sei mais o que faria.
Agora o tempo vai embora e, embora te quero, sinceramente, a mentira mais sincera é essa. Depressa que a vida passa e não cansa de passar.
Mas pra que te ter se nem te quero? Ou quero, mas não venero, nem espero nem espreito mais. Meu defeito talvez seja o de te amar demais...

redondilha

Quero teu corpo querida
Desfrutando toda a vida
Que ele poderia dar
No céu, luz e luar
Na vida sem ter parada
No sentido dessa estrada
Que no final dá em nada
Sentir tua madrugada
Nos braços de minha amada
Na canção desesperada
No tão ser e nem ser nada
Nem tentar te conhecer.
Quero muito de tão pouco
Querida, teu grito rouco
Muita grana e pouco troco
Sangrando após cada soco
Morrendo sem poder ter
Nem podendo mais conter
O que já fora veia ver
Nessa centelha viver
E em cada instante morrer
Morrer sem ter você.

EM ALGUM LUGAR DO PASSADO

Observando a maneira como a oposição de hoje atua, tenho saudades dos tempos em que eu era oposição. O discurso é muito parecido. As ofensas de hoje me lembram as do passado.

Só falta aparecer algum pefelista gritando: “Arroz, feijão, saúde e educação” ou” O povo unido, jamais será vencido”.

A diferença é que, por mais que a gente chamasse a turma do poder de corrupta, safada, ladra, eles não se abalavam, mantinham trancados a sete chaves os cofres da informação e da investigação.

Essa é a diferença crucial.

A permissão de se fazer CPIs, investigações e a exposição de tudo ao público é a grande novidade. Grande e benfazeja, pois nos permite partir do pressuposto de que há mais transparência hoje, e isso é bom.

Agora, a forma de agredir é basicamente a mesma.

Adoro quando escrevo e aparece alguém ou me ofendendo ou ofendendo o governo que defendo. Isso me traz muita saudade.

Essa observação se faz pertinaz ao momento em que vivemos por alguns aspectos muito interessantes sobre o comportamento humano, em seu âmbito pessoal e social.

Obviamente, nem tanto o governo passado foi feito somente por coisas espúrias e nem tanto o atual é perfeito.

Mas, toda essa balbúrdia é de vital importância para o amadurecimento da democracia.

O PSDB e o PFL estão tendo seu momento de “oposição raivosa” e improdutiva, da mesma forma que fomos acusados no passado.

A tática de trancar a pauta do Congresso, ter que obrigar o Governo a vetar projetos irrealizáveis, bloquear a aprovação do Orçamento da União, vociferar a qualquer preço contra qualquer coisa, me lembra algum lugar do passado.

E é bom aprendermos a lidar com isso, fomos um pouco assim, assim como eles também tiveram seus tempos de sufoco, como os que passamos.

Ver o Picolé de Chuchu, mais para poodle, tentar imitar PITBULL também é extremamente cômico. O Dr. Geraldo não tem o menor cacoete para parecer agressivo. A voz pausada e em tom mais baixo, com a falta de carisma que determina sua personalidade, o faz parecer totalmente mentiroso quando tenta agredir.

Até por que, pelo que me consta, a relação pessoal entre ele e os petistas paulistas nunca foi de inimizade.

O fato de parecer que está forçando a “barra”, demonstrado pela, digamos, mansidão no falar não coaduna com as palavras ditas.

Parodiando a velha máxima, não basta falar que está indignado, é necessário parecer estar.

E, nisso, a realidade parece bem distante do que pretende ser demonstrado.

Ser chamado de petralha, de corruPTo é tão bucólico quanto chamá-los de tucanalha. Isso tudo faz parte dessa coisa maravilhosa que juntos, petistas e tucanos, além dos comunistas, socialistas e peemedebistas lutaram: O ESTADO DE DIREITO E A DEMOCRACIA!

Por isso, afirmações estúpidas e canalhas como as dadas por Antonio Carlos Magalhães devem ser repudiadas por todos, sem exceção.

Aí já ultrapassa todos os limites do bom senso, a única coisa que é pior do que qualquer estado democrático, por mais frágil que seja, é a ditadura.

Ditadura de qualquer tonalidade ou “ideologia”. O amor ao próximo e a igualdade de direitos são totalmente incompatíveis com os estados de exceção.

DO DIA EM QUE MOBUTO QUASE FOI PARAR NO FLUMINENSE

Nesta época de Copa do Mundo, me lembro da copa de 1974. O futebol mundial estava encantado com a seleção holandesa e a seleção Brasileira que vinha de um excelente time em 1970, acomodara-se e, com excesso de auto-suficiência não se preparou muito bem para enfrentar os europeus, principalmente os holandeses e os poloneses.
Na primeira fase, tivemos dois jogos muito ruins contra a Iugoslávia e a Escócia, devidamente empatados com placar oxo, como dizia um comentarista paulistano à época.
No Brasil, vivíamos uma das mais difíceis fases da ditadura militar, sob o governo do “pastor alemão” Geisel.
E, como a Copa de 74 foi a primeira com transmissão totalmente colorida, íamos ver os jogos na casa do meu tio Celso, um dos poucos proprietários de televisão a cores. Produto extremamente raro e caro naqueles tempos de exceção.
Um dos adversários do Brasil era o Zaire, país famoso pela ditadura violenta e tão ou mais cruel do que a nossa.
O Brasil teria que ganhar com mais de dois gols de diferença, o que conseguiu graças a um gol “espírita” de Valdomiro, ponta direita do Internacional de Porto Alegre.
Recordo-me de meu pai conversando com o meu tio, após o jogo, sobre a situação política do ex – Congo Belga, e sobre seu ditador, Mobuto.
Sanguinário e cruel era sinônimo de despotismo e de desrespeito aos direitos humanos.
Francisco Malhado era um “pseudo intelectual”, tão comum naqueles tempos quanto hoje. Militarista ao extremo, acreditava que meu pai fosse subversivo e, portanto, persona non grata ao país e à sociedade.
Ao se aproximar dos palestrantes, Francisco sutilmente silenciou-se e, ouvidos atentos quis captar sobre o que falavam.
A conversa girava sobre política internacional, como dito, e comparavam ambas as ditaduras, a brasileira e a do Zaire.
Porém Francisco chegou na hora exata em que criticavam Mobuto, do Zaire.
Ao que Francisco, prontamente reagiu:
- Não concordo com vocês não, esse tal de Mobuto ainda é o que se salva nesse time, pra falar a verdade eu bem queria que ele fosse o lateral esquerdo do meu amado Fluminense!

DO DERBY IBITIRAMENSE

Final de campeonato, jogo duro entre Pedra Roxa e Santa Marta. No gol do time de Santa Marta, o reabilitado Pedro Gambá.
No time de Santa Marta, Betinho, o nosso craque da ponta esquerda, recém contratado ao Pedra Roxa.
Betinho estava ansioso para poder mostrar ao ex-time que fora injustiçado; craque que era, ao ser retirado do time.
O apelido de “Cagão” fora incorporado ao nome. Era conhecido como Betinho Cagão e isso o deixava extremamente irritado.
Todo mundo estava consciente disso, do ódio que tinha ao apelido e, se alguém quisesse briga com ele, era só o chamar pelo apelido que tinha.
Como Betinho tinha quase dois metros de altura de ignorância pura e fama de bom de briga, nem a torcida adversária ousava provocá-lo.
Contam que já tinha feito muito cabra valentão virar sócio de dentista por conta disso.
Voltemos então ao jogo. Dessa vez, por precaução, Betinho não procurou ninguém, nem dona Filinha nem ninguém mais.
Pedro Gambá, como todos sabem, era um excelente goleiro, afilhado de João Polino, ex-técnico do time; famoso pelo tiro que deu na bola, impedindo a maior goleada da história entre os dois times.
Os tempos eram outros, Pedro parara de beber e, todos dizem, se fosse mais jovem teria ido para o Rio, defender um time grande.
O jogo transcorria tranqüilo, o time de Santa Marta estava ganhando de um a zero, num golaço de Zeca Aipim, centro avante que viera do Rio passar umas férias e, por conta do futebol, acabara ficando em Santa Marta.
Quando, aos trinta minutos do segundo tempo, num lance estranho, Leozinho Patada, ao bater uma falta, a bola milagrosamente bateu na trave e depois nas costas do goleiro e, na bunda de Betinho, saindo milagrosamente pela linha de fundo.
O goleiro Pedro Gambá, ao comemorar a ajuda do ponta esquerda e sorte salvadora deste, caiu na besteira de fazer o seguinte comentário:
-Ainda bem que você é muito cagão, Betinho.
Antes não tivesse feito. O sangue ferveu e Betinho, sem perceber o que estava fazendo partiu para a agressão contra o pobre goleiro.
Um soco só e o pobre infeliz estava desmaiado, com a boca estourada e os dentes, os pouco restantes, espalhados pelo gramado.
Os dois expulsos, um preso e outro no Hospital.
O jogo terminou para desespero de João Polino em três a um para Pedra Roxa.
A partir daquele dia, realmente Betinho, espera um pouco preu ver se ele não está perto, Cagão teve que encerrar sua carreira.

A CARREIRA RELÂMPAGO DE UM PONTA ESQUERDA

Durante praticamente toda a sua carreira como jogador de futebol Betinho sempre deu muito azar.
Reserva do melhor jogador do time de Pedra Roxa, o famoso Léozinho “patada”, por ter o chute mais poderoso do Sul do Espírito Santo, esperava ansioso pela oportunidade de poder mostrar o seu talento, ou em busca da posição de titular ou, quem sabe, poder ser visto por outro clube e se transferir.
Betinho era um canhoto muito habilidoso e tão supersticioso quanto.
Nos seus tempos de menino, sonhava sempre com a camisa 11 da seleção brasileira, mirando sua carreira na de Zé Sergio, famoso ponta esquerda do São Paulo e da Seleção Brasileira.
Dormia e acordava pensando em futebol, sua paixão pelo Vasco da Gama tinha lhe dado muitas alegrias, principalmente quando o Flamengo perdia.
Aí se realizava totalmente, ficava a semana inteira sorrindo, mais feliz até do que quando o vascão lograva ganhar.
No infantil e no juvenil, a carreira ia de vento em popa até que, numa hora maldita, o tal do Leozinho, camarada nascido lá em Caiana, Minas, se mudou para Pedra Roxa.
Daí em diante, somente decepções.
Mas, como o sol nasce para todos, um belo dia apareceu a oportunidade que Betinho tanto esperava.
Leozinho que quase nunca se machucava teve um estiramento muscular, não foi um estiramento comum, havendo até ruptura muscular e logo da coxa esquerda, a da “patada”.
Betinho, com toda a superstição desse mundo, resolveu procurar uma mãe de santo para poder se aconselhar como poderia aproveitar melhor aquela chance.
A mãe de Santo foi inexorável – teria que colocar dois bombons caseiros dentro da sunga e jogar com os bombons, sem poder retirá – los.
Esses “bombons” santificados pela dona Filinha eram a chave do sucesso.
Betinho, muito crédulo, assim o fez.
O jogo era contra Limo Verde, clássico intermunicipal; sempre envolto em muitas confusões, principalmente se o jogo fosse ao campo do Limo Verde e esse era o caso.
Como o uniforme do Limo Verde era obviamente verde, o Pedra Roxa resolveu jogar com o seu uniforme reserva; totalmente branco.
O dia estava muito quente e o sol estava escaldando, mais de trinta graus à sombra.
Betinho, empolgado com a oportunidade, obviamente não se esqueceu dos bombons.
O jogo começou muito corrido, e com o calor e a transpiração, os bombons começaram a derreter.
Bombom dentro de sunga branca em calção branco, derretido; imagem como ficou.
O técnico ao ver a cena nem pestanejou: “esse menino não tem condições de jogar no meu time” e, imediatamente sacou-o do jogo.
Assim, nesse mal entendido, mas nem tão mal cheiroso, a carreira promissora do nosso ponta esquerda, acabou.
Ao sair de campo, foi direto à casa de dona Filinha, que disse o seguinte:
-Mas vancê é munto burro mesmo, pru não feiz com os bombons com chocolate branco?