quinta-feira, setembro 14, 2006

Cantos I, II, III , IV , V, VI e VII - Esperança Virando Realidade

CANTO I

No sertão do Brasil, a fome impera,
Devora mais solene, nada resta...
O sol que se transforma na quimera
Que traga, maltratando toda festa,
A miséria cruel, qual fosse fera
Não deixa nem sequer abrir a fresta
Da esperança sutil. Porta fechada,
A vida transcorrendo desgraçada!

Amor pernambucano, sertanejo,
As dores são sentidas sem ter pena,
A chuva salvadora traz desejo.
Mas tanta chuva assim, tudo envenena,
Nos céus a tempestade, relampejo...
Enchentes vão roubando toda a cena!
Nasceste neste chão bem brasileiro,
Misturas infernais, dor e braseiro...

Cruel fome imperando sobre a terra,
Nada mais restaria por fazer...
Descer, subir, procuras outra serra;
Onde enfim poderias lá viver...
A noite tenebrosa, grita, berra...
A luta é por poder sobreviver...
Sertanejo, homem forte de verdade,
Procura novo canto: liberdade!

Irmãos são tantos, todos sonhadores.
A terra amada fica para trás,
Poder saber jardins, colméias flores,
A rapadura doce satisfaz...
A terra seca, guarda seus rancores,
Noite escura promete ser capaz
De trazer esperanças de melhora.
A vida necessita aqui, agora!

O cachorro latindo, a casa fica,
Os olhos marejados, sofrimento.
Estrada mais comprida, longa, estica...
A dor cruel, terrível, do momento...
A mãe tão pobre, sempre muito rica
Do que importa na vida. Toma assento
No pau d’arara pobre nordestino,
Abandonando tudo, vai menino!

A morte que rondava cada casa,
Nos filhos desses pobres lutadores,
Injustiça cruel, vem, tudo arrasa,
Não deixando senão os seus horrores...
O chão queimando, mata, velha brasa,
A vida recordando seus valores:
Amizade, carinho ao companheiro,
A sina desse grande brasileiro!


Foi, pelas mãos d’Eurídice saber,
Conhecer a verdade dessa vida,
Que mais importa a luta que vencer,
A dor cruel, que corta, despedida...
O mundo inteiro iria poder ver,
Das terras do sertão vir, ressurgida,
As lendas dos caboclos corajosos,
Os mal vestidos, pobres, andrajosos...

Dos oito que nasceram, oito filhos,
Sétimo. Tinha sete anos, quando,
Das terras sequiosas, andarilhos,
Partiram para o Sul, lá procurando
Caminhos para a vida, novos trilhos.
A sorte, sobrevida, já raiando...
Deixando as marcas: fome, sede, pranto.
Nas tardes, nas auroras, novo canto!

Treze dias, viagem complicada,
Cruel fome espreitando cada curva,
Sete anos, menino pensa em nada,
Cada noite, visão ficando turva.
A vida se parece com estrada,
Quem dera meu Senhor, viesse chuva!
Nunca precisaria se mudar,
Do sertão brasileiro, seu luar!


A miséria campeia, traga tudo,
A fome que vagueia, tudo mata,
No peito do moleque dói. Contudo
Uma nova esperança qu’arrebata,
Esse menino forte, parrudo.
A vida não seria mais ingrata.
Poder ajudar mãe, vencer os medos,
Conhecer dessa vida, seus segredos...

Ao chegar em São Paulo, o nordestino,
Encontra, nas promessas renegadas,
Outra luta cruel pelo destino,
A vida não deixara nem pegadas,
Arregaçando as mangas, o menino,
Procura, nas esquinas, nas calçadas,
A forma de melhor sobreviver.
Trabalhando, laranjas prá vender!

Para muitos, parece muito fácil,
Para quem nunca a vida foi cruel.
Um menino pequeno, forte, grácil,
A distância d’inferno até o céu,
Logo deu-se a saber. Luiz Inácio,
Garoto inteligente, perspicaz,
Soube, bem cedo a luta que se faz,

Para poder viver nesse Brasil,
Cantado em versos prosas, desumano...
Num hino que sugere varonil;
Enluta, ao transformar-se num engano.
Seu brilho entre milhares, outras mil,
Se perde na miséria. Noutro plano,
As riquezas levadas dos mais pobres,
Fizeram os palácios... Ouros, cobres...

País de tantas lutas, liberdade,
Buscaram teus antigos sonhadores,
Nos campos, pelas ruas e cidade,
Torturas que geraram sofredores...
A lua que enebria de saudade,
Vermelha, testemunha nossas dores...
Nordeste, valentia nos sertões,
Canudos, virgulinos Lampiões!

Brasil, da escravidão todas as raças,
No cárcere da fome e da miséria.
Os olhos marejados, todo embaças,
Latejas vais pulsando cada artéria.
Nas crianças famintas, nossas praças,
Decompostas são frágeis, na matéria,
Mas as almas sedentas de justiça,
Sobrepõem-se por sobre essa carniça!

Um novo nordestino, velha sina.
As bocas procurando uma saída,
A morte, se renova, severina.
Quem dera converter em nova vida,
Quem olha, nem sequer pensa, imagina.
O futuro fará da dor contida,
Esperança feliz de novos tempos,
Sobrepujando, assim, os contratempos!

História, nas memórias mais antigas,
As guerras, foram marcos, velhas lutas...
Sorrisos de crianças, nas cantigas,
As dores escondidas nessas grutas
Da alma, que tenta brilho. Nas intrigas
Dos poderosos, nada mais escutas;
A não ser essa sede de poder.
Tantas vezes restou sobreviver!

“N’ auriverde pendão de minha terra,”
Tanto sangue inocente avermelhou!
Gado, povo marcado, o rico ferra
Cravando as suas marcas. Já roubou,
Matou, trucidou. Nossa terra encerra
Somente a esperança que restou.
Novos mundos, antigas tempestades.
Brasil, vivem em ti, desigualdades...

Era preciso, estava escrito assim;
Que, nascido do povo, um operário,
Trouxesse a esperança para, enfim,
Moldássemos da dor, um relicário.
Tivéssemos dureza do marfim,
Na beleza gentil de ser contrário
Ao rumo percorrido no passado;
Por um povo sofrido, abandonado!

CANTO II


Nas vilas periféricas, favelas,
A vida se demonstra mais cruel,
Quem pintou dos subúrbios belas telas,
Não tem noção sequer desse escarcéu.
Tantas pessoas boas moram nelas,
Porém se distanciam deste céu
Cantado por poetas e cantores...
Coexistindo as flores, muitas dores...

Injustiças parecem muito fortes,
Distâncias gigantescas entre vidas,
Parecem bem distintas várias sortes.
Caminhos tortos levam despedidas;
São diferentes rumos, sinas, nortes,
As lágrimas iguais são bem sortidas...
Se morre baleado, ou prisioneiro,
D’outra forma, escraviza o brasileiro...

Nossas grandes cidades são infernos!
Na discriminação, o nordestino,
Vestidos pobremente sem ter ternos,
Soam como se fossem desatino,
Famintos sertanejos... Dos modernos
Prédios, os escultores. Um menino,
Sete anos, já conhece muito bem
Como é dura essa vida... Ser alguém,

Pensava esse moleque sonhador.
As laranjas vendendo na cidade;
Vicente de Carvalho, sim senhor,
Logo o trazem de volta à realidade...
Estudar, trabalhar, ser um doutor.
Poder subir, viver na claridade...
Mãe está esperando lá me casa...
Mas, quando acorda, a vida tudo arrasa!

Jogando futebol, sonho acalenta.
Quem sabe jogaria no seu time.
Mas um corintiano, tudo agüenta,
Não há nada no mundo que se estime
Mais que a vitória firme nos noventa
Minutos. A derrota é como um crime,
Teimosamente nunca campeão,
Assim vai se treinando um coração!

Periferia, fera que devora;
Os sonhos são perdidos na poeira.
A morte violenta que se aflora
Em cada esquina. A gente brasileira
Pobre, vai conhecendo assim nest’ hora,
O quanto que é cruel, triste bandeira...
Iguais, no sofrimento, aos do sertão,
São irmãos nessa mesma escravidão!

As laranjas maduras do menino,
Vendidas pelas ruas, dúzias, centos...
Muitas vezes azedam o destino;
Outras tantas, trazendo ensinamentos,
Demonstrando que a vida, sol a pino,
Pelas lutas se transforma, novos ventos...
Nessas mãos tão pequenas, tanta luta.
No caderno, no lápis, força bruta!

Nas batalhas do pai, estivador;
Nos carinhos da mãe mulher zelosa,
A vida acaricia, traz o odor
De alegrias cheirando a flor, a rosa...
Aprender, conhecer que só o amor,
Uma força maior, misteriosa,
É capaz de vencer dificuldades.
Dar, ao final do túnel, claridades...

No Rio de Janeiro, capital
Do país, bem distante do menino,
Em meio aos festejos, carnaval,
Um homem batalhava seu destino...
Trazia nos seus olhos, brilho tal,
Legando ao nosso povo novo tino.
Serpentes perseguiam o velhinho,
Espremiam, deixando-o sozinho...

Quem lutara feroz, estava só...
O poder se tornara uma desgraça,
Quem fora bem mais forte dava dó,
O povo ia perdido pela praça...
Pouco a pouco apertavam forte nó,
Aumentavam criavam nova farsa.
O Brasil, choraria com certeza
A perda de quem fora fortaleza!

Encurralado como fora um cão,
Não vê outra saída mais honrosa.
Aquele que passara, furacão;
Deixando a vida, passa a ser u’a rosa
A brilhar. Verdadeiro coração
Batendo fortemente. Dolorosa
História... Nosso herói, Getúlio Vargas,
As minhas emoções, vozes... Embargas...

Outro herói, Tiradentes... Temos poucos;
Na verdade, esperanças são bem raras...
Liberdade traz gritos belos, roucos,
As nossas lutas sempre foram caras.
Alguns sangrados vivo; outros loucos,
As noites mais escuras serão claras,
A mensagem virá do nosso povo.
Do nosso sofrimento, vem o novo!

Zumbi lá dos Palmares. Liberdade.
O negro, nordestino, índio e pobre,
Nos trarão, com certeza, a claridade.
De tanto sangue e lutas, terra cobre,
Sabermos, bem de perto, essa verdade.
Pois antes que, de novo, o sino dobre,
É preciso lutar, sem descansar.
A vitória final, irá chegar!

CANTO III




Brasil, em teus contrastes, tanta luta...
A mão que acaricia é logo morta,
Em teus sonhos, polui a força bruta.
Calam sempre quem tenta abrir a porta.
Conselheiro, Canudos. Funda a gruta
Onde enterram teus sonhos, vida torta...
Trucidaram Getúlio, esses farsantes...
Só o tempo revela tais gigantes!

De Minas aparece um sonhador...
D’outras terras famintas das Gerais,
Um médico, mas também um cantador,
Peixe vivo não canta nunca mais...
No Planalto central plantou u’a flor,
Ninguém esquecerá dele, jamais...
Tantas vezes maldito para os vermes,
Nas batalhas, surgia um novo Hermes!

Elites brasileiras são gulosas;
Não permitem ao pobre nem um sonho...
Não querem ver nascer jardins e rosas,
Onde sempre viveu povo tristonho.
As plagas brasileiras maviosas,
Divididas serão sonho medonho!
Matam, destroem, colhem sem plantar,
As roças dos famintos. Explorar!

Nosso sangue só serve: transfusão!
Nossas filhas só servem para a cama,
As mulheres sagradas, sem perdão,
Acendem todo dia nova chama;
A chama desse forno, do fogão...
De resto, só nos resta então a lama...
Analfabetos, simples brasileiros,
Para eles, somos palha nos palheiros!

Deus, permita em tua glória, meu Pai,
Que nosso massacrado povo tenha,
Algo mais que essa chuva que descai.
Que não seja madeira, pó e lenha,
Acesos nos porões onde se trai
As lutas que marcaram. Ó Pai, venha
Dar alento aos sofridos pequeninos,
Nas mãos desses meninos, desatinos...

Não permita que matem o botão,
Não deixe que torturem quem não fere,
A marca da pantera, solidão...
As noites que surgiram, dor confere,
As luas que brilharam no sertão,
Não deixe que se morra nem que espere,
Os humildes precisam de comida,
Trabalho dignidade, enfim, de VIDA!

O povo que escolheste para a glória,
Não pode perecer sem esperanças,
As mortes que sofremos, velha História,
Não podem macular nossas crianças,
Que nunca mais percamos, na memória,
As dores que curtiram as lembranças...
Nos passos desses velhos sofredores,
Derrame tua glória, tuas flores!

Brasil, filho do branco, índio e do preto,
Num povo glorioso, vira lata,
Das festas, carnavais e do coreto,
As costas já lanhadas na chibata,
No sonho de igualdade que me meto,
Um Eldorado novo, d’ouro e prata!
Traduzo em pão e vinho, nossa luta,
Onde estás meu Senhor, que não me escuta!

O menino nordestino engraxate,
As dores por herança, mas não cansa,
Tanta fome rondando, faz biscate,
Para ver se a miséria não alcança...
Um coração pequeno, teima e bate,
Sem nunca desistir dessa esperança!
Cresce menino, o tempo não irá
Deixar de seguir, nunca vai parar...

Escola, mãe zelosa, traz futuro,
Emprego necessita profissão,
Tão difícil transpor um alto muro,
Faculdade? Doutor? Uma ilusão...
Melhor do que tentar salto no escuro,
Não podendo voar, os pés no chão...
O que fazer então? Um brasileiro
Se forma, metalúrgico torneiro...

Enquanto isso, Brasília a capital,
Dos sonhos dum mineiro diamantino,
Construída, Planalto bem central,
Coração do Brasil, d’outro menino,
É possível, falaz, isso é real!
As mãos tão delicadas do destino,
Iriam transformar a realidade.
Esperança traduz felicidade!

Porém, a vida trouxe tempestades,
Piores que pensavam pessimistas,
Nos campos, pelas ruas e cidades,
Mataram, torturaram, sequer pistas;
Tantos breus esconderam claridades,
A voz calada, sangram os artistas...
Esperança brotava no começo,
Mas a dor salpicou, criou tropeço...

O Brasil que pensava, enfim, sonhar,
Reformas necessárias planejadas,
Brilhava, enfim, um belo, bom luar,
Esperanças parecem vir raiadas,
O povo pensava enfim em cantar,
O sol a percorrer novas estradas...
Mas a mão das elites é pesada,
Destrói feroz, não deixa quase nada!

Elegeram um louco presidente
Que, tentando tornar-se ditador,
Num dia, sem porque, nem que se tente
Explicar, tal boçal conservador,
Deixando a todo mundo, toda gente,
Boquiabertos; renúncia traz torpor!
Os mesmo que mataram velho Vargas,
Novamente detonam suas cargas...

E tentam impedir essas mudanças,
Que poderiam dar uma igualdade.
Tentaram proibir as novas danças,
Lutaram contra a nossa liberdade,
Fizeram tantas torpes alianças,
Vedaram desse céu a claridade...
Fizeram plebiscito pra calar,
Mais forte, nosso povo foi gritar!

Os tanques invadiram nossas praças,
As ruas se transformam num deserto,
Montaram diferentes, velhas farsas,
Mentiras inverdades, longe e perto,
As vozes duma treva nas trapaças,
A noite devorando, o chão aberto,
Tragando quem pensava e não queria,
Satanás delirava nessa orgia!


CANTO IV



As trevas carcomendo todo sonho,
As noites tenebrosas sanguinárias.
Pesadelo vivido tão medonho...
As ruas que perderam luminárias.
Um grito tresloucado mais medonho;
Expõe a carne podre, dores várias...
Das fúnebres prisões um só lamento...
A vida se tornando sofrimento...

As marcas da chibata, do fuzil,
As costas tão lanhadas, cicatrizes...
O peito que antes fora varonil,
Carrega descoradas tais matizes.
A noite se quedou sobre o Brasil.
As esperanças foram meretrizes.
Os corpos nos galpões da ditadura.
Testemunhas cruéis da noite escura!

Os generais perdidos, tresloucados.
O povo amordaçado num segundo...
Os pobres outra vez abandonados,
Nosso povo, alimária desse mundo...
Os sonhos mais gentis, despedaçados.
O corte penetrou, largo e profundo.
Vivíamos penumbras e fantasmas,
Dos corpos emanavam os miasmas...

Estudantes cantando liberdade,
As elites defendem os carrascos;
Onde houvera esperança, crueldade.
A revolta contida sob os cascos:
Dos cavalos, dos donos da verdade.
Aos céus subindo o nojo, vergonha, ascos...
Só tínhamos certeza da vingança.
A liberdade, nunca que se alcança!

Nas mortes de meninos sonhadores,
Orgulho para tétricos verdugos.
Nos sorrisos cruéis, torturadores.
Para o povo sequer restos, refugos.
Nossa pátria perdida sem amores,
Submetida, “gentil”, a podres jugos!
Fagulhas explosivas dor remove,
Um resto de esperança nos comove...

Vertiginosamente tudo cai.
As tropas derrubando sem perdão;
A lágrima caída, o peito trai
As sobras do que fora coração.
A noite intransigente, nunca sai...
Ao povo não restando solução.
Uma mancha tenaz cobre a bandeira,
O sangue dessa gente brasileira!

“Pelos campos a fome”, plantações,
Nas escolas fuzis tomando assento...
Nas ruas, as elites, procissões.
Nunca mais pararia tal tormento?
A quem sonha só restam decepções.
Decepados os pés, cessado o vento...
Lutadores se exilam poucas ilhas,
Alguns tentam lutando nas guerrilhas!

Em São Paulo, o menino atento assiste,
Frei Chico, seu irmão; um comunista.
Um sonhador que nunca mais desiste,
Por mais que a noite venha, que se insista.
Um resto de esperança ali resiste;
Esta vida, altaneira, deixa pista.
Com olhos perspicazes um portal,
Na batalha da luta sindical.

O menino, já moço, inteligente,
Percebe bem profunda essa esperança.
Nas lutas vai buscando outra vertente;
Da justiça mantida na lembrança...
A sua mão cortada em acidente,
Trabalho, metalúrgica Aliança...
Aliança também trouxe Marisa,
A mansa companheira, doce brisa...

Nascia assim, o líder brasileiro.
Testemunha real das injustiças.
Nas veias corre sangue verdadeiro
Das vítimas mais frágeis das cobiças.
No peito avermelhado, tal braseiro;
Que não teme sequer batalhas, liças...
Mais forte então, surgia a esperança.
Mais alto, no horizonte, a vista alcança!

No país, atolado até o pescoço,
Nas injustas carcaças do poder;
Cada vez aumentando o triste fosso...
O pobre mais faminto, quer comer!
As balas explodiram Calabouço,
O Sangue de estudantes a verter...
Em Brasília distantes da verdade;
As ordens que chegavam: crueldade!

Nas matas d’Araguaia, a resistência,
Caparaó, montanhas lutadoras.
Não deixam nem sequer pedir clemência,
As balas detonadas, matadoras.
Os cães perderam toda a paciência;
Cravaram suas presas sangradoras!
Esperança manchada de vermelho,
Mas o povo jamais dobra o joelho!

Nos exílios, torturas, “suicídios”;
Nas mães desesperadas, nos seus filhos,
Em tantos vergonhosos homicídios.
Nos olhos embaçados, parcos brilhos;
Venenos de serpentes, maus, ofídicos.
O sangue esparramado nos ladrilhos!
Nosso povo sangrado, analfabeto,
Estropiado, agônico, incompleto...

Tantas farsas montadas nas cadeias,
Tantos mortos deixados ao relento...
O sangue percorrendo nossas veias;
Levado por abutres, vai ao vento...
Tantas luzes acesas nas candeias.
Refletem agonia e sofrimento.
Liberdade, pedia-se na rua.
Dos sertões, avermelha-se a lua!


CANTO V


A ditadura trouxe a tempestade,
Deixando muitos órfãos e viúvas,
Nos campos pareciam com saúvas,
A morte destruindo a mocidade,
Não restando sequer felicidade.
Em São Paulo, crescia um operário,
Amante dessa vida, libertário,
No sangue que corria em suas veias,
A chama alimentando essas candeias.
Lutando por justiça e por salários.

Tristes anos setenta, representam
As lutas desse povo varonil,
As dores não calaram o Brasil,
Brados fortes com raça se levantam,
Nos abraços, fantasmas já se espantam...
Resistência mais forte deste povo,
Nossa vida não pode ser estorvo
As gargantas unidas soltam grito,
Deus onde estás? Pergunta o povo aflito.
Liberdade, podemos ver de novo?

A mão pesada quebra toda lei,
Os coronéis submissos do Nordeste,
A vida transformando-se na peste,
Monarquia terrível sem ter rei,
Desse país mais justo que sonhei,
Nada resta senão caricatura,
Essa noite cruel por ser escura,
Não permite sequer benevolência,
Impera Norte Sul, tal violência,
Comum em toda torpe ditadura...

Resquícios de justiça são bem raros,
Prisões se transformando em cadafalsos,
A todos são vendidos dados falsos,
Os corpos esquecidos são bem caros,
Os cães que torturavam, finos faros...
Esgoto cloacal por um momento,
Verdade se perdeu no esquecimento,
As mortes dos meninos sonhadores,
Rasgando, destruindo tantas flores,
De balas de tortura, empalamento...

Nas portas, nos jardins da nossa casa,
As rosas se tornaram puro espinho,
Não resta nem sequer um pedacinho.
As tropas invadindo, tudo arrasa,
A terra que se queima sol e brasa,
Não deixa nem sequer sobreviver,
As plantas que teimavam em nascer.
As mãos dos generais são abortivas,
As pedras atiradas destrutivas,
A vida quer, teimosa renascer...

Vivíamos AI cinco vergonhoso,
As celas entupidas por crianças,
Que tinham ideais e esperanças,
Pensar era um rito perigoso.
O clima que se via, sulfuroso.
Completa dissonância de valores,
A terra que dizia ter amores,
As portas que se fecham para a vida,
Os jardins sem as flores. Distraída
A pátria convivia seus horrores.

Jorrava iniqüidades qual vulcão
Queimando toda forma de esperança,
Realidade morta... Na vingança
O gesto que maltrata sem perdão.
Na boca o sangue jorra podridão,
Brasil não tem sequer uma saída...
Distante, bem distante passa a vida.
Chorando a nossa pátria, mãe gentil,
Deteriorando todo o meu Brasil...

Nas mortes nas cadeias, “suicídios”,
Nas rimas amputadas dos poetas,
As pontas com veneno dessas setas,
Os corpos escondidos, homicídios,
Nas greves começando seus dissídios,
Nas portas das escolas e dos sonhos,
Quem dera se pudessem ser risonhos,
Os dias de tempestas sem futuro...
Jogados violentos, contra o muro,
Os déspotas por certo são bisonhos!

Luis Inácio trava forte luta,
Pelo respeito ao povo e seu salário.
A vida desse cabra, um operário,
Acostumado a glória da disputa,
Não teme nem a dor e nem a gruta.
Na saga dum valente nordestino,
O mundo não lhe nega seu destino,
As portas do futuro estão abertas,
A vida preparou os seus alertas,
Abrindo seus caminhos pro menino!

A lua que brilhava avermelhada,
Do sangue que corria em nossas veias,
Destino preparando suas teias,
Da mancha desta gente torturada,
Os píncaros celestes, madrugada,
Carregam tantos corpos, vão pesados,
Os olhos que choraram marejados,
Os dedos que perdemos nas batalhas,
Segredos se perderam nas navalhas.
O rosto desse povo desgraçado.

A lua vai virando de mansinho,
Vê Surgindo uma estrela em seu lugar,
Mais forte refletindo luz solar,
Estrela vem surgindo do carinho,
Da luta desse povo pobrezinho,
Dos sonhos que fizeram liberdade.
As portas vão se abrindo, claridade.
D’uma estrela vermelha como o sangue,
Nas praças nas estradas, campos, mangue
Esperança conhece realidade!

CANTO VI



A noite escura tantas vezes matou,
Tantas vezes torturas e lamentos,
Nas sangrias terríveis e tormentos,
Que um belo dia a noite clareou.
O povo adormecido, levantou
E viu que a noite nunca seria eterna.
Liberdade renasce cria perna
E começa de novo a sussurrar,
Num gemido; difícil segurar
A manhã renascendo, mansa terna...

Em São Paulo, o menino aparecendo...
Presidente sindicato, liberdade!
Gritando o nosso povo, na cidade
As flores vencerão! De novo tendo
A possibilidade renascendo,
O sol que já raiou brilhando forte.
Não temendo dor, guerra nem a morte,
Acorda a nossa pátria mãe gentil.
De novo a liberdade no Brasil!
Os dados são jogados com a sorte...

Os que se foram, voltam...São heróis,
O povo num só canto nas diretas,
Nas lutas por justiça, velhas metas.
Unidos representam u’a só voz!
Quem dera não voltasse noite atroz...
Quem já sofreu não quer essa tormenta!
Coração solidário não agüenta
A dor de se saber sozinho assim...
A noite que morreu, fugindo enfim,
Novos brilhos o céu tão belo ostenta!

As greves por melhores condições,
Trabalho e salário fábricas fechadas,
As mãos pesadas forças mal amadas,
Armadas não conseguem, nos portões,
Conter voz operária. Multidões
Andando pelas praças reivindicam
Direitos esquecidos, modificam
Relações de trabalho escravagistas,
Nos palcos os cantores e artistas,
Nas escolas, vitórias se edificam...

As bandeiras de luta são vermelhas...
Estrelas no céu voltam a brilhar.
A multidão cansada de esperar
Nas ruas e nas fábricas, centelhas...
Cansados de tais lobos, as ovelhas
Resolvem, simplesmente ir para a luta.
Não temem nem sequer a força bruta.
O povo já prepara sua couraça.
A mesma voz que cala, se amordaça,
Não se omite mais, entra na disputa!

O menino lutando então é preso...
Garras apodrecidas o pegaram,
Amordaçar o povo enfim, tentaram...
Mas o povo não cede, vai coeso.
Quem se sentia frágil, indefeso,
Não teme mais nefastas, más chibatas
Nas novas circunstâncias, novas matas,
Vida raiando bela, esperançosa,
A ditadura podre, vergonhosa,
Morrendo aos poucos, restos, lixos, latas...

Eurídice, menino está na cadeia,
Teu guerreiro, Luis, aprisionado...
Um passarinho livre, engaiolado.
A noite escurecendo já preteia
O horizonte na brasa que incendeia!
Eurídice, seu Lula, seu garoto...
Jogado pelos ratos desse esgoto
Vergonhoso que fede, ditadura.
Eurídice mãe, zelo de ternura,
As dores que vieram, não suporta.
A noite prendeu Lula, deixou morta
Guerreira maltratada, vida dura!

Olhos fechados, noite violenta...
A guerra começando, não termina.
A vida do menino, sua sina.
As correntes ferozes, arrebenta.
Na luta que não pára, sempre aumenta.
No dia que promete renascer,
As batalhas difíceis de vencer.
Lutando todo dia, a liberdade,
Parece inda distante realidade.
O novo dia tarda, vai nascer!

Igreja, sindicatos, estudantes.
A luta na harmonia se fez santa.
Vontade de mudar, o povo canta!
Os tempos que não param são mutantes.
Os livros reaparecem nas estantes!
Vermelhos são os olhos que choraram
Vermelho o sangue que já derramaram!
Vermelhos nossos sonhos de vingança;
Vermelha passa ser a esperança!
Vermelhos nossos dias se contaram!

Estrelas no céu, brilhos mais fortes...
Estrelas no mar, belas e sensíveis.
Estrelas nossos sonhos impossíveis.
Estrelas guias, rumos, metas, nortes...
Estrelas divinais nos darão sortes...
Estrelas radiantes lá do céu.
Estrelas nos cobrindo, doce véu.
Estrelas envolvidas de ternura,
Estrelas representam a bravura.
Estrelas avermelham meu dossel!

Nasce nova esperança, um novo sonho!
Noites nunca jamais serão iguais.
No fundo dessa noite brilha a paz!
De novo poderemos ter risonho
O dia que passamos, tão medonho!
Num novo canto, belo amanhecer,
Num novo dia, novo alvorecer.
Estrela avermelhada, nosso guia.
Estrela ressurgida, poesia!
Nascendo nova estrela no PT!


CANTO VII


Depois das tempestades mais cruéis,
Estrela brasileira quer brilhar...
Estrelas lá do céu, refletem mar...
Distantes generais e coronéis,
Os sonhos ressurgiram seus corcéis...
O povo pelas ruas exigente,
Espera ver nascer, tão de repente,
O sonho que sonhara todo dia...
Renascer no Brasil, democracia!
O dia clareou tão envolvente!!!

Nas ruas, batalhões procuram paz.
Diretas eleições prá presidente;
Gritava nosso povo, nossa gente...
Tempos negros, sangrentos, nunca mais!
O povo quer mostrar do que é capaz!
Nas ruas, batalhões foram frustrados,
Últimos estertores, des’perados,
Os donos do poder, podres servis,
Calaram nossos sonhos juvenis...
Os últimos grilhões foram mostrados!

Eleições indiretas novamente...
As portas semiabertas já mostravam,
Que os dias mais felizes,já chegavam
Mas essa ditadura renitente,
Não queria sair impunemente...
Nos plenários eleito foi Tancredo,
Mas a morte mistura-se com medo
E não deixou mineiro governar.
José Sarney entrou em seu lugar,
Estrela começava seu enredo!

Nesses anos confuso presidente,
Momentos belos, triste seu final.
As elites preparam festival.
Criando com sotaque diferente,
Um ser extraterrestre: Minha gente!
Crescia d’outro lado um operário,
Um nome com sentido libertário,
Estrela começando, quer brilhar,
Mas a podridão não quer deixar...
O rio procurando outro estuário!

Imprensa brasileira, tão servil...
Lacerda deixou muita tradição.
Dos nossos jornalistas, traição!
Jornais se transformando num covil.
Os submissos covardes do Brasil,
Criaram criatura mais infame,
Os jornais foram feitos de reclame.
Os vermes vendilhões interessados,
Trafegam com gravadores empunhados,
Estrume cultural há quem declame!

Esses mesmos pilantras de hoje em dia,
Vendidos pra vender uma revista,
Espelham na verdade essa golpista
Visão. Tentam lamber a burguesia...
A verdade? Pra quê? Essa se adia...
Tentam roubar do povo o coração...
Se escondem disfarçados qual ladrão.
Imprensa brasileira, me envergonha!
Tentando distorcer, rouba quem sonha.
O povo que te deu a concessão!!!

Nossa imprensa calhorda e tão safada;
Forjando tempestades num só lado,
Visando destruir sem ter plantado,
Maltrata nossa terra mãe amada,
Ocultando essa faca bem guardada,
Nas mãos que maltrataram, sem afago,
Tubarões e piranhas neste lago,
Empapuçam de sangue essa alvorada!!

Roubada por mentiras e patranha,
Estrela nunca mais irá dormir!
O seu tempo não tarda mais a vir...
Mesmo contra essa gente tão estranha,
Os ladrões e falsários... Arrebanha
O povo mais simplório mais sofrido...
Um país tão cruelmente dividido,
A fome se espalhando pelas ruas...
As lutas verdadeiras são as suas,
Estrela avermelhada do menino...
O Brasil buscará o seu destino..
Nas nossas lutas, bela, continuas...

O boneco criado pela imprensa,
Em flagrante delito já foi pego...
Pelo poder elite tem apego,
Muitas vezes o crime, sim, compensa...
Os jornais não puderam fechar prensa,
O nosso povo, saiu para a praça,
Nas escolas meninos... tal fumaça
Assustou poderosos e canalhas...
Escondidos, os ratos, velhas tralhas,
Disfarçados, misturam-se na massa!!!

Pintura

Adolesceste linda, frágil, mansa...
As hordas te seguiam mais sedentas;
As noites prometiam violentas.
Nas festas, a rainha loura dança.

Aprendiz de mulher numa criança.
Os risos e as lágrimas que inventas
Não deixam perceber no fundo, tentas;
Deixar as tuas marcas na lembrança.

Adolesceste enfim, chega o verão!
Os medos transfiguram belo rosto,
As garras da saudade, da paixão,

Invadem, tempestades e procelas.
Alegria cobrando seu imposto,
Um Deus pintor, fazendo suas telas!

Agonia e Morte

Minha carcaça resta sobre ti;
Maravilhosamente desnudada.
Adormeces, tão bela e descuidada.
Recordando, nest’ hora, o que vivi,

Os prazeres, as dores, que senti,
Desespero ao chegar triste alvorada...
Quem dera não passasse a madrugada!
Teu corpo, livro aberto, que já li...

Belo templo, rosário e monumento.
Deus permita ficar mais um momento;
Mas a manhã chegando irá varrer...

Por que, meu Deus, responda! Eu te suplico...
Por que ter que partir... Aqui eu fico
Agonizando a sorte do morrer!

Prisão

Como um cão, obedeço teus desejos...
Rosnando a quem agride, te maltrata.
Carrego meus fantasmas, seus lampejos,
Nos ossos que enterrei. Dor em cascata,

Recebo teu carinho, espero os beijos,
Mas nada vem, então, levanto a pata,
Lambendo mansamente... Tenho pejos,

Mas nem reparas, segues teu caminho...
Quieto, pálido, ladro...estou sozinho.
Adormeço deitado à sua porta.

Essa prisão eterna m’ alucina...
A cada dia, torpe, me domina...
Quem me dera, Senhor, te visse Morta!

Jogo

Essências indianas, pantanais...
Sacrários cristalinos, alabastros...
Vertiginosamente caem astros,
A vida se reforma e quer bem mais...

Nos templos elegidos, tais cristais,
Persigo teus presságios nos teus rastros,
Quem fora tal bandeira, simples mastros,
Vagando procurei por teus sinais!

Noctâmbulos vampiros bebem sangue.
Crustáceos diversos, podre mangue.
Te quero, meu suor transpiro essa alma!

Pudesse, simplesmente, tua calma...
Respiro teu bafejo, pira e fogo.
Minh’alma se perdendo no teu jogo!

Fera

Em plena sexta feira, noite cheia...
As horas devorando, o tempo passa;
Caminho pelas ruas, sinto a farsa
De todos pesadelos... Incendeia

O luar, tudo claro. Vem, passeia
Pelas vielas, u’a triste carcaça...
A noite clareando não disfarça
A criatura. Peço que não creia,

Mas seus pelos, as garras os gemidos...
As presas procurando presa, ativas...
Quem me dera jamais tivesse ouvidos!

A noite, transformada em infortúnio,
Traz a dor dessa fera que cativas,
Agonizando a cada plenilúnio!

Antítese

A boca que me cospe é a que beija,
Nas horas que procuro, sempre escapa...
A mão que acaricia dá um tapa,
Quem me maldiz também, louca, deseja...

Quantas vezes, carícia que m’aleija...
Quem me segura, cega, me derrapa...
Quando Copacabana finge Lapa.
Se não arranha céu, sempre rasteja...

A rainha se faz de camponesa,
Mal me devora, espera a sobremesa...
Nunca se faz presente, nunca ausência...

Quando ajoelho pede por clemência...
Quando perdoa, nega seu perdão...
Diz mente desmentindo o coração...

Jardim

As tristezas cultivo, minhas flores...
Não quero nem sonhei outro jardim;
Minhas rosas, meus lírios, meu jasmim,
Ficam todos perplexos sem amores...

As esperas sem nexo, minhas dores,
Cultivo mansamente tudo assim,
Sem nada esperar. Resta então, em mim,
As madrugadas frias, seus temores...

Em todas horas duras, enxertia...
As lágrimas que rolam, um esterco.
Enxada, foice, simples poesia...

Minhas dores não são vaga tortura;
Traduzo meu sofrer: semeadura...
Nesse jardim sublime, então me perco...

Contraste

Deixaste amargo gosto em minha vida,
Na despedida foste nada mais.
Nas escaras que trago, Satanás,
A morte não seria dividida...

Meu passado, presente, despedida.
Cada vez mais espero capataz,
Troco meus olhos, peço, ao menos paz...
A solidão cavando essa ferida...

Eu não sei de camélias nem de rosas...
As moitas de capim cobrem as flores.
Não misturarei versos soltos, prosas...

Cantarei o que sempre me negaste,
Ávido perseguido, sem amores,
A morte me seduz, belo contraste!

Necrofílico

Necrofágicas larvas te beijando...
O tempo não mais pára nem repara.
Tua vida esvaída s’antepara
Nesses vermes famintos devorando...

A tua boca aberta se tornando
Uma enorme caverna. Foste cara,
Mas nem uma palavra diz, dispara...
A noite eterna, tétrica, chegando...

Nauseabundos olores te perseguem,
Mergulhaste profundo, negros fossos...
Sequer os que t’amavam mais conseguem

Resistir a tais fúnebres cortejos.
E quando não restar sequer os ossos,
Enfim poderei cobrir-te de beijos!

Estradas

Nas estradas, passando, sigo atento...
Meus caminhos não mudam. Direções
Opostas, são terríveis decepções...
Levo o barco conforme vai o vento.

Não carrego meus medos, sofrimento...
Sinto bater mais forte, corações...
O tempo não me importa, meus verões
Passaram...Tudo ficou, pensamento...

Nas estradas, caminhos são torturas...
Quem dera conhecer tuas branduras.
Minha noite caindo sem estrelas...

Nas estradas, meus medos são passado,
Não consigo sentir mais, ‘stou cansado...
As estradas, quem dera conhecê-las!