terça-feira, março 25, 2008

EU TE AMO! COROA DE SONETOS 156

2171

Deitando meu amor em mansa rede

Não quero mais problemas nem rancores,

A boca que se entrega em tanta sede

Procura nos teus lábios sedutores

A fonte inesgotável de prazer,

Fazendo de teu corpo porto e cais.

À noite lado a lado eu posso ver

Momentos fabulosos, magistrais.

Estampas num sorriso o que tu queres,

Recíprocas vontades, disso eu sei.

Festança no banquete em mil talheres

Durante a vida inteira, amor; busquei,

Do amor que feito luz em nós incide

Já tenha uma certeza, não duvide.

2172

Já tenha uma certeza, não duvide.

De todo o sentimento que alimento.
A luz de teu carinho sempre incide
Sobre o meu corpo e queima em fogo lento.

Porém se tu quiseres incendeias
Em chamas bem mais fortes, nossas noites.
Amor trago comigo em minhas veias
E compartilho assim, nestes pernoites.

Eu quero lambuzar-me no teu mel,
Alçando um vôo livre em tuas mãos,
Ao descobrir teu corpo, mantos véus
Poder usufruir dos belos vãos...

Estou aqui morrendo de vontade
De poder dividir felicidade...

2173

De poder dividir felicidade

Eu sei, não és capaz, o que fazer?

A vida prometendo claridade

Percebe o sentimento emudecer.

Eu vejo desabar o que eu pensara

Pudesse ser a minha redenção

Carinho que se tornou pedra rara

Expressa tão somente a negação.

Eu te amo. Saberás disso algum dia.

Decerto após a chuva uma bonança

Um novo amanhecer já se anuncia

Deixando um sentimento como herança.

O anel que noutro tempo prometeste

Ao me dizer adeus; mal percebeste.

2174

Ao me dizer adeus, mal percebeste
Castelo desabando em movediça
Areia
que decerto tu me deste
Depois de tanto tempo nesta liça;

Amor que se perdendo desperdiça
A chance de viver na qual se investe
O sonho de uma vida que enfeitiça
Aquele que ilusão tanto reveste.

Mas tenho uma certeza que a saudade
Virá só me trazer boas lembranças
De tantas maravilhas nas andanças

Por mares, por estrelas e cometas.
Eu quero só guardar felicidade
Assim será contigo, me prometas...

2175

Assim será contigo, me prometas,

Um dia tu verás quanto eu te quis,

A vida traz em si velhos cometas

Eternamente eu sou um aprendiz

Que tenta vasculhar velhas gavetas

Buscando o que o passado não me diz,

Do amor a sensação feita em lancetas

Deixando a minha sorte por um triz.

Eu tenho, saiba disso, sete vidas,

Renasço a cada novo alvorecer,

Tentando novamente reviver

Por mais que tu me tranques as saídas

Eu tenho no meu peito a poesia,

Tu pensas que me espanta em água fria?

2176

Tu pensas que me espanta em água fria?
O que te fez assim logo pensar?
Eu gosto que me enrosco na bacia
Desde que tenha alguém a me molhar.

Se engana quando diz que estou miando
Cachorro vira lata late à toa.
Nem pensa que isto está já me humilhando
Eu sei tu és morena muito boa.

Bem vale tua vinda na janela
Na camisola vejo a transparência
E um seio tão polpudo se revela

Valeu a pena ter tomado banho,
Só por poder ter visto esta potência
Meu dia, esteja certa já foi ganho...

2177

Meu dia, esteja certa já foi ganho

Depois de te saber enamorada,

Não guardo medos trágicos de antanho,

Apenas percorrendo a mesma estrada

Eu vejo que talvez não me perdi,

Tampouco em cada curva eu capotei.

O quanto que em delírio sei de ti

Eu sei que na verdade eu nada sei.

A boca que hoje beijo não disfarça

Decifro teus enigmas e devoras

Distante dos teus lábios segue esparsa

A vida que se ilude sem ter horas,

Embora caminhando sempre ereto,

Morena balançando o meu coreto

2178


Morena balançando o meu coreto
Quebrando com certeza a sapucaia,
Carinho em profusão eu te prometo
Mas venha assim logo a noite caia.

Eu quero esconderijo predileto
Tu sabes que é debaixo desta saia.
Garanto que o jantar será completo
Dos corpos que caíram na gandaia.

Eu quero me embrenhar em teus cabelos
Fazer de nossas pernas mil novelos
E assim a noite inteira sem descanso.

Dançando este xaxado a noite inteira
Agarro na cintura, companheira
Garanto na verdade que sou manso...

2179

Garanto na verdade que sou manso

Apenas procurando a liberdade,

Ao lado de quem amo, quando avanço

Vislumbro ao fim da curva, a claridade.

Ao ver que o temporal já foi embora

Aberto o tempo, solto o pensamento,

A poesia em festa sempre escora

Deixando para trás um mau momento.

Menina que se fez a companheira

Reparte cada sonho e vem comigo.

Paixão que hoje eu bem sei; a derradeira

Servindo como cais, perfeito abrigo.

Depois da tempestade que hoje vinha,

Espero esta menina de tardinha

2180

Espero esta menina de tardinha
E vamos ver um filme no cinema.
Depois tomar sorvete na pracinha
A vida já não traz qualquer problema.

Tentei passar a mão nas suas pernas,
A moça fez um ar de preocupada,
Nas carnes tão macias, duras, ternas,
Tão tenras que merecem ser tocadas.

Depois um beijo audaz em seu pescoço,
Tomei foi um tremendo beliscão.
O grito quase causa um alvoroço
Ficando bem marcado um vermelhão

Mas vale bem a pena a marca roxa,
A mão escorregou, parou na coxa...

2181

A mão escorregou, parou na coxa

Depois de viajar o corpo inteiro

Vontade sem juízo, heterodoxa

Traduz todo o matiz deste tinteiro.

Homólogo desejo eu catalogo

Etéreas emoções; a noite traz

Desejo o teu carinho e desde logo

Encontro o que eu buscara a pleno gás.

Na frouxidão depois do gozo pleno

Detalhes mais sutis: querer atento,

Prazeres que nos tocam, quando dreno

Tomando com vigor o pensamento.

De um mel feito em fartura, encantador,

Teu colo, minha amiga tem sabor

2182


Teu colo, minha amiga tem sabor
De todas as delícias deste mundo.
Perfume de teu corpo sedutor,
Invade meus sentidos num segundo,

E assim extasiado em teu fulgor,
No fogo que me emanas eu me inundo.
Teus seios no meu rosto, num torpor
Causando assim furor que sei profundo...

No paraíso enfim que me prometes
Eu quero ser Adão serás minha Eva
Provarmos da maçã. Corpos se pedem

Fazermos dos dosséis os nossos sets
Amiga o meu prazer, teu corpo leva
Por todos os jardins do divino Éden...

2183

Por todos os jardins do divino Éden

Percorro quando bebo tua pele.

Vontades e desejos se concedem

Enquanto a solidão, amor repele.

À meia noite, Expresso busca a sorte

Vencendo tantos trilhos, se liberta.

Amor, para o futuro, um passaporte

Tornando a nossa vida enfim, desperta

Alertas espalhados pela vida

Dão conta, com certeza desse fato,

A mão que se demonstra mais querida

Permite da alegria este retrato.

Soletro em quatro letras a esperança

De Deus a mais sublime semelhança.

2184

De Deus a mais sublime semelhança

Amor muda o cenário, traz a luz.

Enquanto o verso manso sempre alcança

O brilho, farto amor o reproduz.

Entrego o pensamento à liberdade

Alçando a mais perfeita redenção.

Amor quando se mostra de verdade

Decerto se faz sempre a solução.

Vencendo em calmaria a correnteza,

Eu tenho dentro em mim, a força plena

Que trama com delícias a beleza

Aonde um bem sublime já se encena.

Distante da saudade que emparede,

Deitando meu amor em mansa rede.

EU TE AMO! COROA DE SONETOS 155

2157

Nos lábios de quem amo mato a sede,

Recebo essa promessa com fervor,

Amor não é retrato na parede

É canto que se faz encantador.

Atrás de cada sonho, não descanso

Invado os oceanos, rasgo as ondas,

No quanto te desejo, sou remanso,

Nas noites solitárias, minhas rondas.

Eu vejo esta presença que persigo

Atada nos meus olhos, sem temores,

Usando o nosso corpo como abrigo

Estendo a noite imensa sem pudores.

Prazeres e vontades, raro bando,

Meu canto em poesia vai buscando.

2158

Meu canto em poesia vai buscando
Estrela radiosa que surgiu
Em noite mais formosa e tão gentil,
Aos poucos em meus olhos penetrando,

Tomando cada espaço, e retornando
Um sonhador que há tempos já partiu,
Agora novamente se entregando
Ao sonho mais perfeito que se viu.

Do amor que me fomenta uma esperança
De um dia ser de novo, mais feliz.
Dançar contigo, amada, a mesma dança,

Na valsa que não cansa, e que eu bem quis.
Voltando a ser do amor um aprendiz,
Concebo o nosso caso em temperança...

2159

Concebo o nosso caso em temperança

Embora a tempestade caia bem.

Quem tem desejos fartos por herança

Procura a noite inteira por alguém

Que traga e seja a fonte inesgotável

Aonde a solidão não tenha vez,

A boca que se mostra insaciável

Permite sem juízo, insensatez.

Uma expressão faminta em cada olhar

Catando a poesia que espalhaste,

Chegando sem ter tempo de voltar

Amor em lua mansa faz contraste

Aguardo a calmaria feita em fera,

Quem dera se viesses, primavera.

2160

Quem dera se viesses, primavera,
Trazendo a flor bonita do desejo,
Bebendo em tua boca, quem me dera,
Matando a minha fome a cada beijo.

Apascentando a fúria feita fera
Desta vontade louca, onde latejo,
Querendo-te desnuda à minha espera,
No gozo deste amor que tanto ensejo.

A vida não seria mais tão pálida
Corada em teus olhares, teus matizes,
A borboleta vale esta crisálida

Que, temerosa foge de meus braços.
Um dia nós seremos mais felizes,
Unindo nossos corpos, firmes laços....

2161

Unindo nossos corpos, firmes laços

Dançando em plena lua, tais magias

Deixando os medos velhos, gris, escassos

Argêntea solução que me dizias.

Entranho o pensamento de quem quero,

Tenazes, os momentos, várias luzes

O gesto mais profícuo, pois sincero,

Em gozos e prazeres reproduzes...

Das cruzes do passado, nem sinal,

O tempo remoçando uma esperança.

Nas peles sem fronteiras, carnaval,

O riso em farto fogo, agora dança.

Vogando neste mar, bela amplidão

Tracejo em meu caminho, a direção.

2162

Tracejo em meu caminho, a direção.

Aos braços de quem amo, e não vacilo.
Tocado pelo fogo/sedução,
Felicidade intensa eu já destilo

Em cada verso meu, prazer e glória
De ser teu companheiro de viagem.
O rumo perseguido em nossa história
Não é somente um sonho, uma miragem.

É verdadeiramente um novo marco
Que traz na travessia um vento manso.
Levando para a praia o velho barco,
Regaços de quem quero; meu remanso.

Assim dois passageiros desta vida,
Encontram neste amor, rumo e saída...

2163

Encontram neste amor, rumo e saída

Perguntas que não posso mais calar.

A sorte em nossas camas estendida

Não vê qualquer problema em se mostrar.

O céu contaminado que deitara

A escuridão por sobre nossos passos,

Tornando uma alegria quase amara

Perdeu, há tanto tempo seus espaços.

Vencendo o vendaval, amor se encanta

Ludibriando os medos, peito em riste

Sabendo da emoção que é farta e tanta

Não deixa mais a vida seguir triste

Seguimos nosso rumo em destemor,

Atados pelos elos deste amor

2164

Atados pelos elos deste amor
Que, intenso, não permite que duvide
Da força em que arrebata, sedutor,
E nele o meu futuro se decide.

Encantos que espalhaste pelo chão,
Estrela radiosa em poesia,
Pendores sem limites da paixão,
Nos laços que este amor, divino, cria.

Tatuas no meu peito as tuas garras,
Reféns do deus erótico, seguimos.
E ao bendizermos sempre tais amarras
Alçamos cordilheiras, e nos cimos

Mergulhamos em busca do infinito
Do amor que em perfeição, divino rito...

2165

Do amor que em perfeição, divino rito

Eterno reviver de uma esperança

No quanto em nosso amor eu acredito

Expresso a cada verso, temperança;

Disperso. Tantas vezes caminhei

Universos distantes, mar imenso.

Agora que em teus sonhos mergulhei

A cada novo dia eu me convenço

Que enfim, depois de tanto agora eu tenho

Um mundo mais pacífico e sincero,

Estrelas no meu peito, eu já contenho,

Sabendo perceber o que mais quero.

A sorte de viver se bendizia

Querida, neste amor com maestria

2166

Querida, neste amor com maestria
Ensinas o poder da sedução,
Moldando minha vida em alegria
No
verde da esperança, a solução

Pras dores que carrego há tanto tempo
E os medos, um flagelo pra quem ama,
Ultrapassando cada contratempo,
Mantendo sempre acesa a velha chama

De uma esperança feita em sonho breve,
Caminhos bem floridos da existência,
E deixando a minha alma assim mais leve.
Ensina-me a ter toda a paciência

Alçando um mundo novo e encantador,
Granando todo dia, intenso amor...

2167

Granando todo dia, intenso amor

Colheita garantida em alegrias,

Um bom e verdadeiro agricultor

Já sabe, o que em carinhos me dizias.

Cevando com fervor este canteiro

Não temo as intempéries. Sigo em frente

As mãos de um delicado jardineiro

Prometem maravilhas, de repente

Assim sabendo disso eu sempre tento

Viver cada momento em plena glória

Protejo contra a chuva, encaro o vento

Sabendo que terei farta vitória

Regando com ternuras e esplendores,

Recolhendo no canteiro as belas flores.

2168



Recolhendo no canteiro as belas flores
Sentindo o teu perfume delicado,
Recebo de teus beijos tentadores
Delícia de sentir o teu recado

Roçando o meu pescoço- sedução..
Tocando no meu peito com carinho,
Beijando devagar – provocação,
Desejo de ficar, assim, juntinho.

E ter os teus regaços como cais,
Volúpias invadindo, em alvoroço.
Querendo estar contigo sempre mais;
Se no teu corpo, amada, eu me remoço

A fonte divinal da juventude,
No amor que verdadeiro, não me ilude...

2169

No amor que verdadeiro, não me ilude

Encontro a perfeição que tanto eu quis,

Eu sempre te amarei mais do que pude

Sabendo que afinal, eu sou feliz.

Eu tenho nos meus olhos a certeza

Do brilho de teus olhos, meus faróis,

A vida vai seguindo em correnteza

Buscando amanhecer, mesmos lençóis

Célere, caminhando sem temores,

Expressa eternidade o teu carinho,

Sentindo em minha pele tais fulgores,

Jamais me imaginei, ledo e sozinho.

Das pedras, dos espinhos, não mais sei,

Amar: a mais sublime e bela lei...

2170

Amar: a mais sublime e bela lei

Tornando a nossa vida mais humana,

Do quanto tantas vezes desejei

Ternura sem igual teu braço emana;

Adentro as paisagens mais perfeitas,

Cenário inesquecível, riso e glória

Enquanto em poesias tu te deitas

A vida renovando a mesma história

Amor que se percebe um andarilho,

Deitando em mansa esteira, faz a festa,

Não tendo, com certeza um empecilho

Felicidade plena nos atesta.

Teu corpo minha cama e minha rede,

Nos lábios de quem amo mato a sede.

EU TE AMO! COROA DE SONETOS 154

2143

O tempo em sofrimento é tão remoto.

Mas volta e meia insiste em magoar

De estrelas os meus sonhos quando loto

Estendo a fantasia e ganho o mar.

Amor não deve ser assim estóico

Nos olhos da esperança, genuíno

Não quero um verso triste e paranóico

Apenas retornar a ser menino

Vencendo os meus temores, sem modéstia

Seguindo cada passo que transforme

Incêndio começando em simples réstia

Olhar em desamor persiste informe.

Informe cada sonho que tiveres,

Amor estende à mesa, seus talheres...

2144

Amor estende à mesa, seus talheres

Fazendo toda a festa que merece,

Pretendo a cada noite que vieres,

Tapetes da emoção; amor nos tece

Sentindo calafrios e vontades,

Desejos respaldando cada riso,

Em ti eu encontrei as claridades

Que sempre me dirão do paraíso.

Outono prenuncia um frio inverno,

As estações não param; disso eu sei.

Porém estando aqui já não hiberno,

Nos braços deste sonho eu mergulhei

Sabendo que nas sendas dos amores,

Meu peito em primavera busca as flores.

2145

Meu peito em primavera busca as flores
Perfeitas pra que possa assim sonhar,
A vida se mostrando em seus olores
Recende à fantasia de encontrar

Tesouros nestas ilhas, neste atol,
Na atlântica passagem do tufão
Ardendo num mormaço, o quente sol,
Invade totalmente o coração.

Nas chamas deste amor que é feito em lava,
Fulgores sem limites me invadindo.
O sonho que ao te ver descortinava
Futuro em emoção risonho e lindo,

Deitando sobre ti em cores tantas,
Demonstra esta grandeza em que me encantas...

2146

Demonstra esta grandeza em que me encantas

O amor que pouco a pouco nos domina,

As dores que passamos, sei, são tantas

Porém esta alegria me fascina

E mostra ser possível novo dia

Ao lado de quem sempre procurei,

A voz que entoa a bela melodia

Espalha fantasia em nossa grei.

Eu quero estar contigo e não disfarço

Vertendo em esperança o meu caminho,

Vencendo a solidão, ganhando espaço

Nos braços deste encanto eu já me aninho.

O dia com certeza é mais risonho,

Seguindo cada passo deste sonho.

2147

Seguindo cada passo deste sonho,
Adentro pelo espaço sideral,
Um dia mavioso e mais risonho
Prenúncio de um momento sensual.

Rolando pelos astros, libertários,
Distantes da terrível solidão,
Vontades e desejos, belos, vários
Ganhando num segundo esta amplidão.

E as sendas delicadas e floridas
Serão nossos caminhos com certeza.
Palavras bem mais meigas e queridas,
Invadem nosso canto e em tal beleza

Encontro mais motivos pra viver,
Cativo deste amor, puro prazer...

2148

Cativo deste amor, puro prazer

Recebo de teus lábios, deusa e diva.

Minha alma concebendo o bem querer

Da tua, prosseguindo em paz, cativa.

A gente não se cansa de tentar

Viver a fantasia, ser feliz.

Deitando sobre nós raro luar

Expressa o que emoção jamais desdiz.

Eu venho sem descansos, noite afora

Buscando tua pele, corpo inerte,

Amor quando demais não se demora,

Fartura em alegrias cedo verte,

A cada instante um sonho moldurando,

Sentindo a tua mão me procurando.

2149

Sentindo a tua mão me procurando,
Passando carinhosa sobre mim.
Aos poucos meu amor, arrepiando,
Vontades explodindo. Quero sim.

As bocas se entregando em beijos loucos,
Desnudo-te e te vejo tão sedenta.
Gemidos e sussurros, longos, roucos,
Sentando sobre mim, prazer assenta

E numa cavalgada noite afora,
Roçando pele em pele, seduzidos,
A ventania intensa, chega agora
E encontra nossos corpos mais unidos.

E assim, sofregamente a noite passa,
Caçando, devoramos nossa caça...

2150

Caçando, devoramos nossa caça

E dela em regozijo faço a festa

Amor que sutilmente ganha a praça

Ternura em fantasia sempre gesta.

Arestas que podamos no passado

Permitem que pensemos no futuro

De um jeito mais feliz, anunciado

Dourando em alegria um céu escuro.

A mão de uma ventura sem igual

Pressente com firmeza, amanhecer,

Bebendo tua pele sensual,

Amor que se transforma quer prazer

A vida estende encanto que deseja

No peito uma alvorada benfazeja.

2151

No peito uma alvorada benfazeja
Promessa de um bom, com certeza,
A boca te procura e te deseja,
No mar de amor, imensa correnteza.

A vida me trazendo tal beleza
Na boca um doce rubro, uma cereja
Deixando tanto amor de sobremesa,
Vontade de te ter, assim poreja

E encharca minha pele em sudorese,
Paixão que não mais sei como represe,
Arrebentando tudo, incontrolável.

Tomando a minha mente e o coração,
Causando em mim um tipo de explosão

Prosseguindo em sonho interminável...

2152

Prosseguindo em sonho interminável

Um rito anunciando a paz perfeita,

Amor que se quer sempre desejável

Em gozos e delícias se deleita.

Sentindo entardecer encanta a lua

Vislumbra a poesia que virá,

Deitando no meu quarto a Diva nua

Eternamente em chamas brilhará.

Arcando com vontades mais extremas

Não teme nem sequer um temporal,

Não deixa para trás quaisquer problemas

Encara com ternura, é triunfal.

Trazendo a claridade de uma estrela

Nas águas deste mar, sereia bela.

2153

Nas águas deste mar, sereia bela,
Estrela dominante dos meus sonhos,
A cada novo canto se revela,
Deixando estes luares mais risonhos.

Vencido pelas ondas na alva areia,
Encontro o meu destino nos teus braços.
À noite me entregar na lua cheia,
Sentindo o teu perfume, teus amassos.

Sou teu; querida amante, lua plena.
Refaço meus caminhos na certeza
Da vida mais audaz e mais serena,
Entregue nos teus passos, fortaleza...

Somemos nossos corpos, somos um,
Não temos que temer perigo algum...

2154

Não temos que temer perigo algum

Se estamos lado a lado, sigo em frente,

Que a vida se promete em claro zoom

Forrando em alegria corpo e mente.

Amor sem desespero pacifica,

Vivendo tão somente este prazer

Tornando a nossa estrada flórea e rica

Mudando toda forma de viver.

Baladas escutamos noite afora,

Dançando com estrelas e cometas,

A fonte que ilumina revigora

Cupido sem juízo, tontas setas

Tramando um Eldorado em descoberta

Amor em alegria é festa certa

2155

Amor em alegria é festa certa
Tornando a vida grata e transparente.
Minha alma se mostrando mais aberta
Encontra-te querida, sorridente.

Não deixe que a tristeza bata à porta,
Fechando uma janela à solidão.
Assim melancolia já se aborta
E sobra tão somente a tentação

De ser teu companheiro, ser teu par,
Andar pelas estrelas lado a lado,
Rasgando este infinito até chegar
Caminho que por Deus já foi traçado

Deixando tantas mágoas para trás,
Felicidade imensa, amor nos traz...

2156

Felicidade imensa, amor nos traz

Forrando em pétalas estrada e rumo

O quanto procurei a vida em paz

Tomando desta sorte todo o sumo,

Aprumo o meu olhar, vejo horizontes,

Verões em fantasias deslumbrantes

O mel de tua boca, raras fontes

Em gozos e delícias provocantes.

Servindo a que nos serve, assim prossigo

Caminho entre crisântemos, jasmins,

Vibrando nosso amor irei contigo

Vencer imensidões, saber jardins,

Distante de procela ou terremoto,

O tempo em sofrimento é tão remoto.

EU TE AMO! COROA DE SONETOS 153

2129

Minha alma no teu cais não mais perdida,

Encontra ancoradouro que buscara

Durante quase toda a minha vida

Nos braços da mulher que agora ampara.

Revendo tantos erros cometidos

Eu sinto ser possível novo dia.

Momentos em penumbra, desvalidos

Adentram noite afora, poesia.

Pesadelos distantes, dentes, fogo.

Velhos ritos satânicos, terror.

Olhar enunciando o mesmo rogo

Procura em outro encanto recompor

O quanto se perdera da ilusão,

Mudando destes ventos, direção...

2130

Mudando destes ventos, direção,

Entalhes no meu rosto, cicatrizes.

Ao menos recolhendo a solidão,

Os olhos vagam velhas meretrizes.

Durante a madrugada, a negra lua

Vencida pelas nuvens me angustia.

Cadáveres de amores pela rua

A boca escancarada, podre e fria.

Temíveis pesadelos, rota estrada,

Olhares me observando, desapegos.

A fonte feita em sonho ensangüentada

Rondando minha cama, mil morcegos...

Esquálida presença ainda dança

Trazendo em suas mãos, velha esperança...

2131

Trazendo em suas mãos, velha esperança,

A moça desdentada me sorri.

Enquanto um infinito não se alcança

Percebo, solitário, eu me perdi.

Carcaças de mim mesmo, o vento leva

Antrazes e vergões adentram a alma

A noite se imergindo em densa treva,

Apenas o vazio ainda acalma.

Um ar fantasmagórico tomando

A cena, promovendo o temporal

Que aos poucos, em loucuras dominando

Gargalha sobre todos. Triunfal...

Incrivelmente eu entronizo o medo

Mortalha a recobrir sela o segredo...

2132

Mortalha a recobrir sela o segredo

Carregando os espectros dos meus sonhos.

O vento balançando um arvoredo

Em ritos, tramas, gritos mais medonhos

Assisto ao funeral da fantasia

Estendo os meus escombros nas calçadas.

A morte em noite negra quer e guia

Imagens de esperanças destroçadas.

Nós somos o que resta, nada mais.

A carne putrefeita em labaredas,

Resquícios estendidos nos varais

Vagando quais zumbis por alamedas

As almas passeando num zoológico,

Resumos de nós mesmos, necrológico.

2133

Resumos de nós mesmos, necrológico,

Notícias estampadas no jornal,

O vento da ilusão, demais ilógico

Permite esta resenha em ritual.

Perene sensação do nada ter,

Vestígios esquecidos, esgarçados.

Vagando o tempo inteiro a se perder

Momentos infiéis e desgraçados.

A faca que cortando a carne podre

Derrama tanta linfa pelas ruas,

O vinho da esperança avinagra odre

As bocas que se mordem, morrem cruas.

Ao ter em minhas mãos, carnificina,

Luxúria em mil orgasmos me alucina...

2134

Luxúria em mil orgasmos me alucina,

Os olhos penetrando nas entranhas,

Cavalgo em liberdade, vento e crina

Por entre vales úmidos, montanhas.

Lambendo todo sal de tua pele,

Suores alagando leito e chão,

Sem ter qualquer pudor que nos atrele

Aos deuses do prazer, invocação.

Gemido, gargalhadas, explosões

Correntes, olhos, bocas, gozos sádicos.

Torrentes transtornando turbilhões,

Distante dos desejos esporádicos

Repetidas vontades enlanguescem,

Os ópios de teu corpo me entorpecem...

2135

Os ópios de teu corpo me entorpecem,

Em lívidos olhares, gozo insano.

Mecânicas diversas obedecem

Prazer além dos sonhos, sobre-humano.

Arranca a minha pele, unhas e garras,

Vergastas feitas dentes cravam fundo

As mãos, pernas e coxas, como amarras

Rocio que profanas, eu me inundo.

Desejo tripudia e nos algema.

Pecados e juízos sonegados,

Enlouquecidos, nada mais se tema

Ribanceiras, barrancos destroçados.

Nos céus buracos negros e quasares,

No quarto latejares e pulsares...

2136

No quarto latejares e pulsares

Restando sobre nós águas e flores.

Levitas sobre a cama, sem esgares

Alçando cordilheiras onde fores.

Extremos concebidos num minuto,

O gosto da mortalha não se esvai,

O tempo tantas vezes mais astuto

Enquanto a fantasia nos atrai

Estende em fanatismo o meu querer,

Encontro nos teus braços, o meu fim...

Vontade inevitável de morrer

Adubando com força o teu jardim.

Alucinógenos momentos nossos,

Juntando num orgasmo tais destroços...

2137

Juntando num orgasmo tais destroços,

Cadáveres que somos; renascidos.

Os olhos comem bocas, rangem ossos

O quanto prosseguimos desvalidos.

Esquálida esperança não diz nada

Apenas restitui um velho gozo

A fantasia; há muito abandonada

Persiste neste sonho sequioso.

Bebendo teus prazeres, um absinto

Vermutes entre coxas entreabertas

No sangue derramado, ora me tinto

As horas preferidas, as incertas.

Assumo cada gota de teu sumo,

Bebendo em teu prazer, caminho e rumo...

2138

Bebendo em teu prazer, caminho e rumo

Esqueço um pesadelo feito em vida;

O quanto necessito e sempre assumo

Expressa toda a sorte já perdida.

Além do que não posso, não mais temo

Vencido pelos erros e besteiras.

O barco soçobrando vai sem remo

Encontra em tuas pernas as bandeiras.

O nada representa o que me resta,

Mergulho em desespero no teu sexo,

À angústia interminável já se empresta

A vida sem razão, juízo ou nexo.

Desesperadamente eu te procuro,

Rasgando cada céu em treva, escuro...

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Rasgando cada céu em treva, escuro,

Miasmas coletando no caminho,

Da morte que desejo, não depuro

O tempo de viver se esvai sozinho.

A boca em desespero quer bem mais,

Mas nada além do corte e da mordida.,

Revivo a cada sonho um Satanás

Que sempre comandou a nossa vida.

Na lívida figura um vão sorriso,

Os olhos que me lambem são vergastas

Da podre sensação de um paraíso

As mãos de uma esperança outrora castas

Calejadas algemas, riscos tolos,

A seca se derrama nos meus solos....

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A seca se derrama nos meus solos,

Ausência de motivos pra viver.

Cativas ilusões, negando colos,

Misturam agonia com prazer.

Agônica manhã se prenuncia

Fazendo deste sonho, um pesadelo,

A boca que destrói decerto ungia

Rasgando minha pele; frio gelo.

Atrocidade inerte e sem limite

A marca da pantera se entranhando,

Amor no qual nem mesmo se acredite

Aos poucos meus caminhos sonegando.

A par da estupidez de cada verso,

Não vejo outra saída, vou disperso...

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Não vejo outra saída, vou disperso

Românticas palavras? Nunca mais.

Apenas estampado em cada verso

Sorriso destes sonhos marginais.

Irônicas senzalas que eu carrego

Não tendem nem permitem liberdade,

O vento que me leva, sempre cego,

Não alça no final tranqüilidade.

As pernas amputadas, meus segredos,

Olhares entre nuvens, risco farto,

Na queda de esperanças, arvoredos

Adentram quais fantasmas, o meu quarto,

A mansidão que um dia eu concebi,

Há tempos nos teus braços, já perdi...

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Há tempos nos teus braços, já perdi

O rumo. Eu necessito te falar

Do sol que nos teus olhos conheci,

Tomando a paisagem, devagar.

Desejo a cada dia sempre mais,

Sorrisos e palavras benfazejas,

Resumos de promessas magistrais

Trazendo todo o sonho que desejas.

Não vejo mais porque temer a sorte

Se eu tenho; junto a ti, o que eu queria,

Amor quando em amor tem seu suporte

Incide sobre nós tanta alegria.

Sabendo que encontrou clara saída,

Minha alma no teu cais não mais perdida.