sábado, julho 22, 2006

Trovas e contra trovas

Mote – Se é verdade que o mundo gira, voltarei a te encontrar.

Trova



Disseram que o mundo gira,
E me custa acreditar;
Se, acaso, não for mentira,
Voltarei a te encontrar...

Contra trova



Nas curvas da minha vida,
Capotei meu coração,
Hoje, nova despedida,
Amanhã, recordação...

Trovas e contra trovas

Mote – O coração é velho, mas a máquina é nova.

Trova

Cuidado, presta atenção,
Eu posso te dar a prova,
-Se é velho o meu coração,
Minha “máquina” está nova...

Contra trova


Na boca, pus dentadura,
Essa é a melhor hipótese,
Para que fique bem dura,
Na máquina, botei prótese...

Trovas e contra trovas

Mote – é de saudades que choro.

Trova

Sem parar, eu vou tocando,
Pelas vias, onde moro;
Enquanto em ti vou pensando,
É de saudades que choro...

Contra trova

A saudade me atormenta,
Maltrata meu coração,
Saudade, doce pimenta,
Temperando esse estradão.

Trovas e contra trovas

Mote – Sogra não é parente; é castigo.

Trova

-Não se engane, minha gente,
Pois é verdade o que eu digo:
-A sogra não é parente;
A sogra é mesmo um castigo.

Contra trova

Não fale assim desse jeito,
O bom cabrito não berra,
Meu casamento é perfeito!
Sogra? Debaixo da terra...

Trovas e contra trovas

Mote – Mulher feia e morcego, só saem à noitinha...

Trova

Não vou perder meu sossego,
Prefiro ficar “na minha!”:
-A mulher feia e o morcego,
Só “vão à luta” à notinha...

Contra trova

Depois de três, quatro doses,
Não reclamo desse fardo,
Passam por metamorfoses,
Todo gato, fica pardo...

Trovas e contra trovas

Mote – Se disserem que te esqueci, saiba que já morri...

Trova

Se, um dia, alguém te disser,
Que o teu amor esqueci,
Reza por mim, Ó mulher,
Pois, nesse dia, morri.

Contra trova

Dessa morte, te garanto,
Que não corro mais perigo,
Viúva, com tanto pranto,
Carrego uma já comigo...

Trovas e contra trovas

Mote – procuro um Doutor para o mal da saudade.

Trova

Procuro por um Doutor,
A maior autoridade,
Que me cure deste amor,
E me livre da saudade...

Contra trova

Não há nada que assegure,
Nem toda penicilina,
Esse mal, não há quem cure,
Mesmo em toda Medicina...

Trovas e contra trovas

Mote – Pinto que não bica não sai de dentro da casaca.

Trova

Da mulher pobre ou da rica,
Se puder, tiro uma lasca;
-O pintinho que não bica,
Não sai de dentro da casca...

Contra trova.

Eu, na verdade não digo,
Sobre esse assunto me calo,
Eu não vou correr perigo,
Do pinto virar um “galo”...

Obrigado, Gianfrancesco


O Brasil perdeu hoje, 22 de julho de 06, um de seus maiores nomes quando falamos em cultura e em luta contra a terrível ditadura que nos assombrou durante décadas.
Gianfrancesco Sigfrido Benedetto Martinenghi de Guarnieri, nascido em Milão, no em oito de agosto de 1934, veio para o Brasil com a família, sendo filho de Edoardo, diretor do Teatro Municipal de São Paulo, maestro e violoncelista, adotou o Brasil como pátria, sendo um dos grandes batalhadores no teatro, tendo como companheiros gente da estirpe de Oduvaldo Viana Filho, entre outros.

Adotando o país, mergulhado numa situação política vergonhosa, sua luta pela redemocratização e a reinstalação do Estado de Direito, rendeu-lhe respeito e admiração nos meios artísticos e culturais brasileiros.
Suas peças, como ‘Eles não usam black-tie, Arena conto Zumbi, entre outras, se tornaram clássicos e referências para quem quiser conhecer o teatro brasileiro nas décadas de 50 e 60.
Uma delas, Eles não usam black-tie, foi magistralmente levada ao cinema, durante o ano de 1981, época em que vivíamos um momento marcante da luta pela redemocratização do país.
A temática da peça, sobre os movimentos sindicais e a utilização das greves como forma de luta contra a repressão econômica e política, foi expressiva, já que, à época, o movimento sindical atingia seu ponto crucial no país, paralelo à criação do Partido dos Trabalhadores.
Pai de cinco filhos, de dois casamentos, deixa-nos com 71 anos de idade.
Seu último trabalho foi na novela Belíssima de Silvio de Abreu.
Com a perda de Raul Cortez e de Gianfrancesco Guarnieri, a cultura e o teatro nacionais ficam empobrecidos, e a luta pela democratização do país perde um de seus baluartes.
Para os mais jovens, fica a lição de amor de um cidadão pela terra adotiva, terra a quem amou como poucos e dedicou uma vida de luta pela liberdade e pela arte, uma das coisas mais essenciais para transformar um país em pátria, com suas identidades e com o respeito do seu povo por ele mesmo, gerando uma auto-estima que, a cada dia, precisamos aprender a desenvolver, para que a cidadania plena, seja exercida por todos.
A luta de Guarnieri não pode ser esquecida e deve ser conhecida por todos os mais jovens, para quem a nossa história não pode omitir.
Pessoas como o teatrólogo e ator, não podem ser deixadas de ser lembradas, assim como Oduvaldo Viana Filho, entre outros, pois é dessa massa que se faz a solidez e ao futuro de nossa terra.
Obrigado por tudo, Gianfrancesco...

Tucanolândia - capítulo 17 - De fazendas e invasões

Estávamos no ano de 2002. No reino da Tucanolândia, havia uma desigualdade social gigantesca e os conflitos agrários se tornavam repetitivos e cada vez mais agressivos.
Tínhamos tido episódios de massacres e mortes, desde os tempos mais primordiais da História do Reino.
A grilagem de terras por um lado e as invasões de propriedades se tornaram assunto de dia-a-dia, sendo que a Reforma Agrária prometida nunca vinha de forma a contentar nenhuma das partes envolvidas.
A partir dos movimentos de base da Igreja Católica, a Pastoral da Terra, surgiu um movimento coordenado de ação para a tentativa de execução da Reforma Agrária, o MST.
Como era de se esperar, as punições aos grileiros eram extremamente raras, e as terras griladas, na maioria das vezes, passaram a pertencer, oficialmente e extra-oficialmente, aos poderosos invasores.
No mês de março de 2002, o MST invadiu uma propriedade particular do Rei Dom Fernando Henrique Caudaloso.
Pela Constituição, os bens privados não poderiam ser tratados como bem público e, pelo que me consta, a propriedade do cidadão Fernando Henrique Caudaloso não era e nunca seria um Bem público, pois se fosse, com certeza, ele teria privatizado-a ou, pelo menos tentado...
Mas, esquecendo-se da Constituição, Dom Fernando, convocou o Exército para efetuar a desapropriação.
Topete primeiro que, naquela altura do campeonato, era o Governador da Província das Gerais, e já estava de relações cortadas com Dom Fernando, motivada pelo que acusava de ser “apropriação indébita” do seu plano econômico, o Real, não gostou muito disso não.
A utilização de tropas federais para a defesa de propriedade privada era um abuso de autoridade inconteste, o que levou à reação da oposição, a quem Dom Fernando acusava de ser a mentora de tal invasão.
Depois de muito disse me disse, com ameaças, inclusive, da utilização da policia militar pelo Governador Topete primeiro, a situação foi superada.
Mas, para muita gente, ficou a impressão de que, para Dom Fernando Henrique, todo o país era propriedade sua, onde poderia fazer o que bem entendesse.
Fato esse comprovado pela venda “a toque de caixa e a preço de banana”, dos bens públicos, ou seja de Don Fernando...