sexta-feira, julho 21, 2006

Candelária, 13 anos

Neste domingo, dia 22 de julho, completam-se treze anos de um dos mais vergonhosos e injustificáveis atos executados pelos órgãos de repressão na História recente deste país.

Em frente a uma das mais belas e representativas Igrejas deste país, a da Candelária, no Rio de Janeiro, duas Kombis, lotadas com policiais militares, executaram, sem justificativa cabal, oito menores que dormiam naquele local.

A execução destas crianças e adolescentes, abandonadas à própria sorte por uma sociedade cruel e dispare, por criminosos pagos com o dinheiro público com a função de proteger o cidadão, demonstra a que ponto o servilismo desta gente e o despreparo para a vida chega.

Servilismo a uma sociedade que não reconhece a sua culpa perante a miséria e a fome, perante a agonia em que vive uma boa parte das pessoas famintas e desvalidas das cidades grandes e suas periferias, perante a sua ineficiência em conter as disparidades sociais.

Despreparo tanto moral quanto profissional pois, tendo a sua origem, na maioria das vezes, em camadas sociais próximas às das vítimas, reage contra os mais indefesos e frágeis, incapazes que são, de entenderem onde estão, o que são e o que representam.

No bojo desta absurda e indefensável atitude, está a visão de grande parte da classe dominante, inclusive e principalmente a classe média, de que a pobreza e a miséria são sinônimo de banditismo.

Ao vermos, diariamente, centenas e centenas de políticos, autoridades policiais, como delegados, inclusive da Polícia Federal, autoridades do judiciário, como juízes, envolvidos em desvio de bilhões de reais, temos a noção de quanto errônea é essa visão.

As vítimas, inclusive meninos de quatro anos de idade, barbaramente atacadas por criminosos de farda, indesculpáveis numa atitude canalha e torpe, são o retrato da terra brasilis.

Onde a vítima é colocada como o algoz e os carrascos ainda posam de heróis.

Tudo isso me enoja ao extremo, e não consigo conceber outra atitude contra esse tipo de ação, a não ser uma exclusão social por tempo extremamente longo, com a aplicação de pena máxima para quem ataca o indefeso e o mais fraco.

A sensação das “cordilheiras” desabando sobre as flores inocentes e rasteiras, muito bem colocada por Paulo César Pinheiro, se aplica totalmente nesses casos.

Alguns hipócritas me dirão: Os meninos eram criminosos.

Isso, na tentativa de justificar o injustificável. Se analisarmos profundamente, criminosos somos, então, todos nós, direta ou indiretamente responsáveis pela produção em série de crianças e adolescentes sem lar, sem família, sem nome, sem escola, sem amor, sem futuro.

E o maior roubo que se pode fazer contra uma criança ou contra um adolescente, é roubar-lhe a esperança.

Assassinar a quem não resta nada, nem a esperança, é um ato de extrema covardia, injustificável e irreparável.

Quando vejo uma criança, de quatro anos de idade, largada ao próprio destino, lutando pela sua própria sobrevivência, me pergunto até onde vale a pena a vida?

Até onde iremos, com nossas atitudes egoístas e hipócritas?

Não estou sendo piegas, embora não possa escapar de certos lugares comuns.

O furto da esperança, o roubo do amanhã, e o assassinato dos sem defesa, pelos agentes remunerados para a defesa da sociedade, me levam a entender os PCCs e os CVs, como uma reação até certo ponto esperada, uma reação a atos que não permitem diferenciar os policiais dos bandidos, bandidos da pior espécie, assassinos de crianças e adolescentes...

A contra reação se torna urgente e inadiável, uma contra reação apostando na Educação, na Saúde, na oportunidade de se devolver a esperança a nossos meninos e meninas, batizados de “menores” pela sórdida imprensa policialesca.

Temos, enquanto país e povo, a obrigação de darmos dignidade a essa gigantesca camada excluída da população brasileira.

Sob o risco de, amanhã ou depois de amanhã, vermos os PCCs da vida, transformarem, não somente o desgovernado São Paulo, mas todo o país em um gigantesco Canudos.

Basta de Antonio Conselheiros na nossa História.

Basta de Vigário Geral, de Candelárias, de PCCs, BASTA!

Erro de estratégia

Lula cometeu um erro inegável ao preterir Itamar Franco quando cerrou fileiras com Newton Cardoso, em Minas Gerais.
Newton Cardoso é um político do nível de um Paulo Salim da vida, sendo um dos piores governadores de Minas, famoso por sua falta de critérios éticos e tendência a se envolver em escândalos, desde os tempos em que era Prefeito de Contagem, a segunda cidade de Minas.
Esse erro se percebe em três frentes: em primeiro lugar, não acrescentou em nada na candidatura de Nilmário Miranda, excelente caráter, ótimo sujeito, mas com insignificante penetração dentro do próprio estado, sendo que o PT mineiro conta com políticos de maior expressão e aceitação, como Patrus Ananias, Paulo Delgado, entre outros...
Em segundo lugar, o afastamento de Itamar Franco da campanha pró Lula, traz um enfraquecimento entre os que admiram e têm em Itamar um homem íntegro e de mãos limpas. A bem da verdade, seu governo foi de uma retidão incomum, culminando com o plano real que, realmente, conseguiu estagnar a inflação.
O principal erro de Itamar foi na escolha de seu sucessor, dando de “presente de grego” para o povo brasileiro, o sociólogo decrépito e falastrão, responsável pelo período de maiores escândalos e desgovernos da história do Brasil, com gigantesca piora econômica do País, como diz Helio Fernandes, “o homem dos oitenta anos de atraso, em oito”.
Em terceiro lugar, a opção por Newton Cardoso, faz com que o, até então, omisso Aécio Neves, passe a ter uma atuação mais contundente na campanha de Alckmin.
Esses erros podem custar muito caro a Lula, podendo reverter uma posição tranqüila em Minas, onde sua vitória se demonstrava clara e evidente.
Há uma possibilidade real do crescimento de Alckmin e, principalmente, de Heloísa Helena, já que Alckmin carrega a “herança maldita” do desgoverno de FHC.
Esses erros se demonstram na última pesquisa que aponta Queda de Nilmário e aumento de Aécio Neves.
Aturar Newton Cardoso é dose para elefante.
Se lembrarmos que, nas últimas eleições para governador de Minas, o Newtão teve menos que cinco por cento dos votos, veremos o quanto foi equivocada esta opção...

Tucanolândia 16 - quem tem amigo, não morre pagão

Capo capixabaTestemunha diz que ex-PM matou sócio do Bingo Arpoador no Rio a mando de José Carlos Gratz
Dono de um império de jogatina e indiciado pela CPI do Narcotráfico, o presidente da Assembléia Legislativa do Espírito Santo, deputado José Carlos Gratz (PFL), está sendo acusado agora de ser o mandante do assassinato do empresário Albérgio Alexandre Araújo, sócio do Bingo Arpoador, em Copacabana, no Rio de Janeiro. As investigações conduzidas pelo delegado de homicídios do Rio, Paulo Passos, apontam como um dos pistoleiros o ex-PM José Renato Maia, integrante do DOI-Codi durante a ditadura e matador a serviço de banqueiros do jogo do bicho. Depois de contar em depoimento à Polícia Federal e ao Ministério Público que Gratz teria mandado matar Albérgio Araújo, a testemunha Geraldo Luiz Ribeiro de Almeida – empregado em Vitória de uma empresa do PM Josias Rodrigues de Oliveira, membro da Scuderie Le Cocq e segurança do deputado – também reconheceu José Renato como participante do Esquadrão da Morte capixaba. A polícia suspeita que a causa do assassinato esteja ligada à exploração das máquinas caça-níqueis por Albérgio no bingo. “O deputado José Carlos Gratz também é proprietário de todas as máquinas caça-níqueis existentes no Espírito Santo, e em cada cidade existe um dono de fachada”, acusou Geraldo de Almeida, que foi incluído pelo Ministério Público no programa federal de proteção à testemunha. “Conforme apuramos, Gratz controla várias casas de bingo como sócio oculto, sempre com contratos de gaveta”, reforça o chefe da Procuradoria da República no Espírito Santo, Ronaldo Albo
Em depoimento gravado e filmado pelos federais, Almeida descreveu como aconteceram 15 assassinatos no Espírito Santo a mando de Gratz e do coronel PM Walter Gomes Ferreira, apontado pela CPI do Narcotráfico como chefe do esquadrão da morte capixaba. Almeida diz também que integram a rede de jogatina de Gratz cinco bingos em São Paulo. No Rio de Janeiro, além da parceria com o banqueiro de bicho Capitão Guimarães, o deputado seria sócio do Bingo Arpoador – formalmente seu nome não aparece na relação dos 21 proprietários da empresa.
Poder paralelo – Mesmo com todas as denúncias, Gratz está aproveitando o enfraquecimento do governador José Ignácio, enrolado com as denúncias de corrupção no Estado, para ampliar sua força no governo. Na primeira semana de julho, ele emplacou Edgard Rocha Filho na presidência da recém-criada Loteria do Estado do Espírito Santo (Loteres). Na sexta-feira 13 de julho, o Diário Oficial do Espírito Santo publicou uma resolução do presidente da Loteres em que libera a instalação de máquinas caça-níqueis no Estado, apesar de elas serem proibidas em todo o território nacional por legislação federal. Na noite da quinta-feira 26, ISTOÉ ouviu o governador José Ignácio, que deixou o PSDB após intervenção do diretório nacional do partido no Estado que o ameaçava de expulsão. “Eu não sabia disso, estou abismado”, reagiu o governador. “Isso é uma loucura, foi feito à nossa revelia”, endossou o secretário da Fazenda, José Luiz Tovar, chefe de Rocha. Na sexta-feira 20, a resolução foi revogada. O episódio serve para mostrar que Gratz comanda um governo paralelo no Espírito Santo em que seus apadrinhados obedecem apenas a ele.
Gratz, no entanto, está enfrentando um cerrado cerco das instituições federais. A Caixa Econômica Federal, por exemplo, só autorizou o funcionamento do Bingo Camburi, em Vitória, depois que o deputado foi excluído da sociedade. O problema de ser dono oculto de um império é na hora de prestar contas à Receita Federal. O Fisco apurou que, nos últimos cinco anos, a evolução patrimonial de Gratz não bate com sua renda declarada. Além de ter sido multado, ele vai responder a processo por crime de improbidade administrativa. Como a situação de José Ignácio está cada vez mais complicada com a descoberta de que o caixa dois de sua campanha alimentava suas contas, o vice-governador, Celso Vasconcellos, poderia encomendar o terno da posse. Mas Vasconcellos – segundo avaliação de políticos capixabas de todas as tendências – não resistiria a investigações. O terceiro na linha sucessória no Espírito Santo é justamente Gratz. Por causa desse complicadíssimo imbróglio, o presidente Fernando Henrique Cardoso encomendou à Advocacia-Geral da União um estudo sobre as possibilidades de intervenção federal no Espírito Santo.

O deputado José Carlos Gratz (PFL), presidente da Assembléia Legislativa do Espírito Santo, foi à tribuna, na quarta-feira 1º, a pretexto de se defender da acusação da testemunha Geraldo Ribeiro de Almeida, que, em depoimento à Polícia Federal, o apontou como mandante do assassinato de um sócio do Bingo Arpoador, no Rio de Janeiro. Dono de um império de jogatina e indiciado pela CPI do Narcotráfico, Gratz distribuiu agressões ao chefe da Procuradoria da República no Espírito Santo, Ronaldo Albo, ao prefeito de Vitória, Luiz Paulo Veloso Lucas, e a ISTOÉ. Inspirado em He-Man, personagem de desenho animado, abusou de baboseiras, como “sou invencível” e “sou mais forte que a fortaleza”. Mas o capo perdeu a força por causa da implosão de seu grupo político: um dia depois, três deputados estaduais se desligaram do PFL. Foi um racha pragmático. Com o aval de Gratz, eles fecharam um acordo com o vice-governador Celso Vasconcelos (PSDB). Aderiram à proposta de impeachment do governador José Ignácio, envolvido em um esquema de propina. Mas Gratz passou uma rasteira na própria turma e se acertou com o governador em troca da colocação de apadrinhados na Secretaria de Educação e nas presidências do Banco de Desenvolvimento do Espírito Santo e da Loteria do Estado.
Fechada a barganha, Gratz mostrou serviço. Vetou a prorrogação dos trabalhos da CPI da Propina, o que fará com que a comissão encerre as apurações antes de receber o rastreamento dos cheques do caixa dois da campanha de José Ignácio em 1998. E escalou para a Comissão do Impeachment apenas deputados dispostos a salvar o governador. A sessão da Assembléia quase acaba em pancadaria e a aprovação da comissão foi adiada para a segunda-feira 6. Mesmo fazendo o jogo do governador, Gratz tem como plano B a conquista do governo, estendendo o impeachment ao vice-governador. “Aí a Assembléia elegeria o deputado Robson Neves”, diz a deputada Fática Couzi. Gratz e Neves dividem um escritório no Palácio do Café, em Vitória.
O cerco contra José Ignácio está se fechando. Seu cunhado, coordenador de campanha e ex-secretário de governo, Gentil Ruy Ferreira foi preso, a pedido do MP, na segunda-feira 30. Outro ex-caixa de campanha, Raimundo Benedito, está foragido. Com pena, a primeira-dama Maria Helena Ferreira, pivô das denúncias, usou um carro alugado pela Secretaria de Governo para visitar Gentil num quartel da PM.



Havia uma província, em Tucanolândia, governada por um aliado do Rei Dom Fernando Henrique Caudaloso, onde a máxima mais usada era a de que a “única coisa organizada em Santíssima Trindade era o crime”.
As reportagens feitas acima pela revista Isto É, demonstram a que ponto chegou o reinado de Dom Fernando Henrique Caudaloso.
Após estas denúncias comprovadas, e confirmadas, o resultado foi a não intervenção no Estado, o término do mandato pelo governador, e a certeza de que, no reinado de Dom Fernando, quem era amigo não ficava pagão...
O desligamento do Governador foi somente, como diz o povo da Tucanolândia, “prá inglês ver”; já que ele, a primeira dama e o genro, saíram todos impunes, felizes da vida...
Observem que o deputado “amigo” do Governador, era do mesmo partido que sempre apoiou Dom Fernando e que hoje apóia Dom Gerald Aidimim...