sábado, agosto 05, 2006

João Polino e Jimico

Naquela tarde, João Polino não queria fazer mais nada, a não ser descansar e olhar para as nuvens.
Aos oitenta e quatro anos, dera para olhar para as nuvens e tentar adivinhar os desenhos que elas, porventura, faziam.
Já se ia muito distante o tempo em que corria atrás dos passarinhos, armando arapucas e alçapões.
Menino ainda, tivera que trabalhar, mas a delícia do correr livre, dono de todas as artimanhas e estradas, sabia todas as manhas dos bichos do mato.
Sabia a luta do tatu pela sobrevivência, cercado pelos cães, cavando rápido o buraco na terra e se tornando inatingível.
Sabia o canto dos passarinhos em busca de fêmeas, encontrando muitas vezes o estilingue certeiro de João Polino.
Quantas rolinhas e inhambus viraram almoço para o moleque descalço que corria pelas cercanias de Santa Martha...
Trazia, do lado, a garrucha velha e quase sem serventia, a não ser valentia. Mas valentia boba, sem necessidade, simples falácia e farsa.
Fora sempre de paz, as confusões em que se metera, foram simples invencionices de menino falastrão.
O vilarejo crescera, nesses quase oitenta anos; já contava com quase cem moradias. Algo extraordinário para quem vira, praticamente, nascer o povoado.
As primeiras casas de pau a pique, com teto de sapé, ( eles insistem em chamar de sapé, embora o dicionário diz ser sapê), sem luz, por onde a cobra entrava para mamar na mulher e deixar a criança mamando, faminta, o rabo; ludibriando, assim, a boa fé da pobre mãe da criança.
O sapo cururu cantando no rio e pulando de frio...
Frio, a casa fria sem luz, sem móveis, sem conforto.
Mas, as crianças cresceram ali, sem luxo mas com dignidade.
A missa aos domingos representava o banho na véspera e os pés tinham que se adaptar aos sapatos.
Sapatos cobertos com as galochas, para não se enlamearem, nos dias de chuva, nem para ficarem empoeirados, nos dias de sol.
O fogão a lenha fazia as delícias que sua mãe e sua irmã, Oracina, tão bem sabiam fazer.
A batata doce assada, o café de guarapa, a lingüiça de porco, a carne de lata, guardada na banha. A broa de fubá quentinha, de manhã, antes de ir para o trabalho.
Delícias que o tempo levara para nunca mais.
Agora, o conforto da eletricidade e do calçamento das ruas, aposentaram a serpentina e a galocha.
João sabia que o tempo era outro, que a vida era outra, mas a saudade insistia em bater na porta.
Saudade da mulher, nova e bonita, a menina que esperara crescer para poder ser sua. Sua mulher, mãe de seus oito filhos.
Seis vingaram e cresceram fortes e trabalhadores.
Mas todos tinham aquele ar de liberdade que João cultivara desde menino.
Nos idos dos anos sessenta, quando os guerrilheiros resolveram invadir o Caparaó, a casa de João serviu de abrigo para aqueles moços que falavam em liberdade.
Do palavreado deles restou o “camarada”, repetido a toda hora pelo velho libertário.
Aprendera a ser, teimosamente, da oposição. A qualquer um, desde que fosse governo.
Nunca se cansava de dizer que tempo bom, “era o tempo de antes”, mal percebendo que falava não do mundo, mas do seu mundo, saudoso dos seus vinte, trinta anos...
Mas, com o nascimento de seu neto caçula, dera para se transportar para a doçura da infância.
O João valentão, temerário, sonhador, dera lugar ao avô extremamente dedicado, apaixonado por aquele menino lourinho, ruço, que andava pela casa a fazer todas as artes possíveis e imagináveis.
O pai do menino, Marcos, permitia uma liberdade absoluta para o garoto, o que trazia, na lembrança de João, seus dias de menino criado pelas irmãs e pela mãe, já quase idosa.
Temporão, avô aos oitenta e dois anos. Tragando de novo, a infância livre nos olhos e gestos do “Jimico”, forma carinhosa que chamava o garotinho.
Agora, não sabia bem porquê, dera de olhar para as nuvens e tentar adivinhar as formas que elas desenhavam no céu, mal sabendo que ali estava o resgate da felicidade escondida, num tempo distante e reacendida pelo moleque ruçinho que anda correndo, solto, pela casa...

Trovas e contra trovas Amita e Marcos

Segredos me traz o vento
rodopiando ao passar
e me leva o pensamento
pelas correntes do mar

Belos e doces momentos
do vento dançando no ar...

Aqui o fado é saudade
Aí se samba alegria
Na distância a amizade
de cor me enche o dia.

Assim meu canto suave
sempre enlaça fantasia...

Amita http://brancoepreto.blogs.sapo.pt


O vento que, em tempestade,
Transforma tal calmaria,
Trazendo felicidade,
Onde mais nada existia...

Vento que queima e que arde,
Transborda na poesia.,.

A saudade é lusitana
E brasileira também,
O vento nunca se engana,
Vento que vai e que vem

Vento me traz, doce nave,
As notícias de alguém...


Marcos

Trovas e contra trovas Amita e Marcos


Te escrevo? Escrevo não!

Vou mandar um segredo
dos que voam sem medo
p'los cantos do coração.

Te escrevo? Escrevo não!
Me perdem palavras tuas
como brilho perde a Lua
ouvindo de ti, a canção.


Se t'escrevo?! Porque não?

Amita http://brancoepreto.blogs.sapo.pt


Tanto canto que me encanta,
Tem teus versos, minha amiga,
Ao lê-los, minha alma canta,
A nau, sem rumo, periga...

Tanto canto que me encanta
Traz, no vento, a poesia.
Tanta vida, vida tanta,
Brilha a luz nesse meu dia.

No teu canto, a fantasia...


Marcos

Trova

Batuca o peito safado,
Não para de batucar,
Meu amor, peito calado,
Não se cansa de esperar...

Trova

Galo cantando me chama,
Acorde, vai trabalhar...
Minha amada me reclama,
Como posso namorar?

Trova

Vai cantando, passarinho,
Vai cantando, curió.
Meu canto está tão sozinho,
Do meu canto tenha dó...

Trova

Pescando por esse rio,
Encontrei falsa sereia,
Coração, bicho vadio,
Tomando paixão na veia...

Trova

Quis teus olhos, poesia,
Nada encontrei, no final,
Minha noite se fez dia,
Acabou meu carnaval...

Trova

O cigarro já me queima,
A cigarra já não canta,
Meu amor, virando teima,
Irrita bem mais que encanta...

Trova

Vi teus olhos, nesse espelho,
Vi neles os meus reflexos,
Olhos tristes e vermelhos,
Traduzindo meus complexos...

Trova

Resta o tempo da saudade
Resta o tempo, solidão,
Resta só felicidade
Escondida no porão...

Trova

Vento norte, vento sul,
Pintando tudo de anil,
Celebrando todo azul
Desse céu do meu Brasil...

redondilhas

Não teimo nem temo a sorte
Do norte perdido em vida
Da vida perdida ao norte...
Dessa morte concedida.
Eu faço dela, meu mote,
Dessa paz, tão ressentida,
Não há dor que me transporte,
Vai a vida, nau perdida,
Procurando velho bote
Por onde possa a partida
Representar tanto porte
Que não seja despedida
Nem vida que mais se esgote.
Que seja luta vencida
A guerra que não suporte,
Que seja minha descida
A subida que comporte,
O meu último soneto...

Divagações



A vida- triste alma louca-
Que percorre nossa boca,
Deixando um amargo fel!
De riquezas, faz-se pouca,
Da desdita, faz seu mel.

Se te procuro, esperança,
Num sorriso de criança,
Faz-se lamento sem fim,
Deixando só a lembrança
Da criança que há em mim...

Se, de amores, faço vida,
Ela, moleca sabida,
Zomba sempre, sempre ri;
E te vejo assim, perdida,
Vida, que tanto sofri!

Procuro um colo materno
Para agasalho, no inverno,
Nada encontro, nada sei;
Percorro então, esse inferno,
Da vida que já passei...


1990

redondilhas

Nunca mais falar teu nome,
Nem tampouco ouvir a voz,
Tudo queima, me consome,
Some o que já fomos nós...
Quero teu corpo somente ,
Semente de tantas esperas,
Minhas feras, simplesmente,
São minhas velhas quimeras...
Nunca mais saber de ti,
Vivi a procura louca,
Bocas tantas que mordi,
Perdido por tua boca...
Nessas horas mais aflitas,
Gritas por meu nome tanto.
Tento o vento que agitas,
Infinitos teus encantos.
Sei que andas tão distante,
Instantes são mais eternos,
Ternos sonhos, constante
Amantes parecem ternos.
Mas a dor que te provocam,
Invoca meu nome, Maria;
Dia a dia eles convocam,
Sentimentos, poesia...
Horas e anos, atrás,
Amores e dores cegam,
Me esquecer, se for capaz,
Todas as coisas te negam
Arrependes? Nada feito.
Não quero mais o perdão
Pela vida, satisfeito
Pelo sim e pelo não.
Nas curvas dessa seara,
Nos medos do meu sertão,
Essa dor? A vida apara;
Sobrevivo ao velho chão.
Sento os olhos no horizonte,
Busco a lua nada vejo,
Subo, enfim, no velho monte,
Onde enterrei meu desejo.
Minha carne vou expondo,
Podre carne sempr’ às moscas,
Meus sonetos vou compondo,
Nessas paisagens mais toscas.
Meu passado não procuro,
Nem escondo por vergonha,
Se passei por medo, escuro,
Nova vida a vida sonha.
Se cansei de nada ser
Não procuro pela culpa,
Me importa, somente ter
A vida como desculpa.
Quero beber nova boca
Quero sorver mais saliva,
Não irei dormir de toca,
Ser do canhão, a ogiva...
Quero ser somente luz
E não ter mais ferimento,
Quero a lua que conduz
Ao azul do firmamento.
Quero o verde matagal,
Amarelo desse ouro
Brincar no meu carnaval,
Procurando meu tesouro.
Quero o sabor como lábio
Mergulhar nesse oceano,
Vida corre, tudo é lábil,
Acaba, descerra o pano...
Não tenho essa pretensão
De viver eternidade,
Quero somente a atenção
Dessa tal felicidade.
Nem que seja pra dizer
Você não merece perdão
Não vou conseguir morrer
Sem ter paz no coração.
Sem a certeza da sorte
De poder ter a certeza,
A de que, na minha morte,
Mesmo com a ligeireza
De quem não quer majestade,
E só quer essa certeza,
Ser amado de verdade...

mote - moto - terra, terremoto...

Quero teu corpo, corpo e alma, alma e sonho
Sonho teu sonho, ponho meu sonho em teu sonho,
Em teu sonho ponho corpo e alma, anima, animal.
Mal sei seu seio, seu ser não sei serei ou não seria.
Se ria e não seria, séria série, sertão.
Ser tão e nada ser, nadar sem ser mar, mar amar...
Amar Maria, amaria, amar e rir, rio e mar...
Quero fero acero e seara, sendo senda renda e venda.
A venda à venda venda os olhos.
Molhos e melões, meus leões e minha lira.
Maria, nada mais mar e ria...
Rindo do vindouro ouro que nunca veria, nem viria.
Varro a sanha e a senha, venha...
Tenha tento, tento tanto, canto e canto encanto...
Em cada canto, celacanto tempestade, peste há de me dar medrar e morder.
Mor de todos os lodos e lados, lagos e afagos.
Alagoas, as lagoas, as algas e águas ardentes.
Dentes entre dentes como dantes, dantesco colosso.
O osso que oprime, primeiro meio e método.
Todo meu antídoto, ante todo e antes de tudo.
Vê ludo vedo veludo, véu e lodo. Odor acre, ocre...
Vi vivi viveria...
Veria se vi o que teria, queria ou não queira.
Na beira dos beirais dos areais reais e fantásticos.
Os estáticos e tácitos táticos tentáculos, oráculos...
Mas, no fundo, oculto meu culto é teu, te amo, ateu coração...

Moto...

Minha vida segue o tempo;
Tempo que não mais termina,
Termina como contratempo
Contratempo que alucina,
Alucina minha vida,
Vida que não mais concebo
Concebo na despedida,
Despedida que recebo.
Recebo doce saudade
Saudade que me maltrata
Maltrata a felicidade
Felicidade me mata,
Mata de dor e de riso
Riso que não me pertence,
Pertence a paraíso,
Paraíso que convence
Convence que mais preciso,
Preciso dessa manhã,
Manhã que brilha, azulzinha,
Azulzinha, a vida vai vã,
Vã esperança, ser minha...

A Raposa e o Galinheiro

Uma das coisas que se debateram durante esta semana, foi a idéia da OAB, abraçada por Lula, da possibilidade se convocar uma Constituinte para a elaboração da reforma política, tão urgente e necessária para a reabilitação dos políticos brasileiros.
Num Congresso Federal assolado por todos os tipo de denúncias e absurdos, realmente não há condições de se pensar em uma reforma política ética feita pelos nossos deputados e senadores.
Qualquer ação será deturpada pela impressão de corporativismo e da legislação em causa própria.
Os julgamentos dos casos de deputados envolvidos no chamado “mensalão” denotam a que ponto isso pode chegar.
Todas as decisões foram, claramente, resultados de acordos feitos entre Governo e Oposição, exceto a cassação ou, melhor a caçada a José Dirceu, por incrível que pareça, o único contra o qual não havia nenhuma prova material.
A reação, prefiro crer que impensada, dos outros candidatos me preocupa.
Quando vemos Geraldo, Heloisa e Cristovam reagindo contrariamente à posição dada pela OAB e encampada por Lula, me vêm duas hipótese:
A primeira é a de que a reação foi simplesmente política, naquela base do “hay gobierno, soy contra” e essa é, francamente, a que me parece mais realista.
A segunda, quero crer que não seja a verdadeira, é a de que não interessa a eles uma moralização real e verdadeira desse Congresso Nacional.
Pois, num terreno onde a criminalidade é ene vezes maior do que no resto do país, com uma percentagem elevadíssima de suspeitos de atos criminosos, a elaboração de qualquer reforma política se torna absurda.
Não creio que os apenados, em nossos presídios, sejam os mais indicados para se fazer uma reforma penitenciária.
Obviamente, a idéia de uma reforma política é imperativa, mas não podemos deixar as raposas tomando conta do galinheiro...

Gratz e Rondônia

PF divulga lista com nomes dos 23 presos em Rondônia
da Folha Online

A Polícia Federal divulgou a lista com os nomes dos 23 presos na Operação Dominó na manhã desta sexta-feira em Rondônia.
Os detidos são acusados de desvio de recursos públicos, corrupção, prevaricação, concussão, peculato, extorsão, lavagem de dinheiro e venda de sentenças judiciais.
Entre os presos na operação estão o presidente do Tribunal de Justiça de Rondônia, Sebastião Teixeira Chaves, e o presidente da Assembléia Legislativa do Estado, José Carlos de Oliveira.
De acordo com a Polícia Federal, os detidos na operação deverão ser transferidos para a Superintendência da PF em Brasília ainda hoje.
Confira a lista divulgada pela PF:Sebastião Teixeira Chaves - desembargador e presidente do Tribunal de Justiça de RondôniaJosé Jorge Ribeiro da Luz - juiz de DireitoEílson de Souza Silva - conselheiro do Tribunal de Contas de RondôniaJosé Carlos Vitachi - procurador estadualCarlão de Oliveira (PSL) - presidente da Assembléia Legislativa de RondôniaHaroldo Augusto Filho - filho do deputado estadual Haroldo Santos (PP)Gebrin Abdala Augusto dos Santos - filho do deputado Haroldo SantosRosa Salomé Soares - assessora do deputado Haroldo SantosCarlos Magno - candidato a vice-governador e ex-chefe da Casa Civil de RondôniaJurandir Almeida Filho Junior - irmão do deputado estadual Amarildo Almeida (PDT)Edons Wander Arrabal - assessor Amarildo AlmeidaEliezer Magno Arrabal - assessor Amarildo AlmeidaAdelino César de Moraes - assessor Amarildo AlmeidaJoarez Nunes Ferreira - assessor Amarildo AlmeidaMarcos Alves Paes - chefe de gabinete de Amarildo AlmeidaJoão Carlos Batista de Souza - assessor de Carlão de OliveiraLizandreia Ribeiro de Oliveira - irmã de Carlão de OliveiraMoisés José Ribeiro de Oliveira - irmão de Carlão de OliveiraMárcia Luiza Scheffer de Oliveira - esposa de Carlão de OliveiraJosé Ronaldo Palitot - diretor da Assembléia Legislativa de RondôniaEmerson Lima Santos - diretor de Recursos Humanos da Assembléia Legislativa de RondôniaMarlon Sérgio Lutosa Jungles - cunhado de Carlão de OliveiraJosé Carlos Cavalcante de Brito - servidor da Assembléia Legislativa de Rondônia



Esse mafuá em que se transformou Rondônia nos dá uma dimensão de, até que nível vão os desmandos e corrupção neste país.
Rondônia apresenta-se totalmente no fundo do poço, assim como o Espírito Santo do Governo de José Ignácio.
Mas, algumas diferenças são substanciais nas ações do governo federal num e noutro caso.
No caso capixaba, o Governador tucano foi mantido até o final de seu mandato, inclusive com a manutenção do seu esquema de corrupção, a partir de Jose Carlos Gratz, do PFL, líder do Governo na Assembléia Legislativo, chegando ao cúmulo de comparar o pobre estado capixaba a um território seu.
E, infelizmente, era.
A omissão do governo Fernando Henrique Cardoso chegou às raias da cumplicidade.
Contra todas as evidências foram, não só mantidos nos cargos mas, contra todas as denúncias do Ministério Público, tiveram o endosso do Governo Federal que preferiu “não acreditar nas evidências”, fato corriqueiro em um governo que autorizou a construção do prédio do Tribunal do Lalau, mesmo com o parecer contrário do TCU.
A prisão de José Carlos Gratz no começo do Governo Paulo Hartung iniciou um período de moralização no Estado.
Em contra partida, no Estado governado pelo ex-tucano Ivo Cassol, o caos se estabeleceu.
A prostituição de todos os poderes, sob a égide do Legislativo e com a contribuição tanto do executivo quanto do Judiciário, denota o total desgoverno...
As semelhanças entre os casos é muito grande.
Mas a ação do Governo Federal é totalmente diversa.
Se, no Espírito Santo tivemos um governo Federal omisso e que, vergonhosamente, deixou que o crime organizado dominasse todo o Estado, em Rondônia a Polícia Federal teve e está tendo liberdade de ação.
É importante para que a democracia se fortaleça, que a punição deste caso seja exemplar.

Soneto

Vão meus passos, no tempo sem medida,
Nos braços de quem fora benfazeja
No cálice servido, despedida,
No brilho da manhã tão sertaneja,

Nos tragos me embriago, tanta vida.
Cruzando espaços, linda, relampeja,
Uma faísca arisca, mas sentida.
Bendita essa que quero, pois que seja.

Cortado a carne, rápida, rapina...
Lavrando o rosto, sangra, me envenena,
Nada temo pois, tudo que s’ atina,

Faz dessa parca vida; vida plena.
Já carrego, sem medo, triste sina...
Perder-te e te encontrar em Cartagena.

Soneto


Eu vou morrer de tanto amar na vida,
Nesses braços que tive, mas, perdida,
Procura em outros braços por prazer,
Buscando, noutras vidas, bem querer...

Amei-te tanto, eterna despedida,
Nos desencontros tantos, vai, fingida
A que eu julgava nunca me esquecer,
A dor pior que tive: te perder...

Mas não quero querer teu sofrimento,
Não me serve, consolo nem alento.
Eu quero teu sorriso e alegria

Quero poder saber da fantasia
Que desfilas, mais bela melodia,
A tua voz, ouvindo com o vento...

O que não será destaque na Imprensa 7 - da inflação

Valor Econômico (03/08/06)Inflação no país já é inferior a de 11 países emergentesA história de que a inflação brasileira é uma das mais altas entre os países emergentes começa a deixar de ser verdade. Nos 12 meses terminados em junho, a inflação medida pelo Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) ficou em 4%, mais baixa que a de 11 entre 27 emergentes acompanhados pela "The Economist" e muito próxima aos 3,9% registrados por três integrantes desse grupo. Um ano antes, o Brasil tinha a quinta inflação mais alta desse grupo, de 7,4%, a mesma da Indonésia. Com base nas previsões do mercado de que o IPCA vai ficar em 3,74% neste ano e em 4,5% no ano que vem, o quadro positivo para os índices de preços deve continuar nos próximos 18 meses.

Pelo que vimos acima, a economia brasileira apresenta-se em um quadro de estabilização do custo de vida com ganho real do salário mínimo.
Isso denota um ganho real do poder de compra do dinheiro, principalmente das camadas sociais mais humildes e necessitadas.
Esse ganho real faz com que as grandes injustiças sociais deste país sejam, pelo menos, amenizadas.
Obviamente, o grau de disparidade social ainda é gigantesco mas, mantendo-se esse viés, podemos ter alguma esperança de que a luz no final do túnel que se acendeu para os miseráveis e famintos deste país, possa ter um brilho mais forte.
As crianças famintas e subnutridas deste país agradecem...

Tucanolândia - capítulo 31 - Da Ciência e da Tecnologia


Dom Gerald Aidimin, grande empreendedor tucanolandês, tinha como característica principal um amor gigantesco à cultura e a arte, além de um interesse exemplar em relação à tecnologia e ciência.
O maior problema é que, havendo uma cultura em Tucanolândia de que tudo aquilo que fosse importado era melhor; lucidamente, Dom Gerald, tão admirador da cultura européia e norte americana quanto Dom Fernando Henrique Caudaloso, achou por bem diminuir os investimentos em pesquisas tecnológicas.
Havia um instituto, o IPT (Instituto de Pesquisas Tecnológicas de Tucanolândia), que durante mais de cem anos financiava pesquisas para o desenvolvimento econômico e fortalecimento da indústria saint-paulina.
Pois bem, tal Instituto começou a agir contrariamente à filosofia de Dom Gerald. Estava começando a criar uma tecnologia tipicamente tucanolandesa o que, como todos sabemos, significa produtos de qualidade inferior ou, pelo menos, sem o charme dos produtos importados ou com tecnologia importada.
Não deu outra, dom Gerald, coerente com sua filosofia de tentar dar ao povo tucanolandês cultura e arte, como vimos no apoio a Dasdu, cortou pela metade os investimentos no tal IPT.
Obviamente não haveria necessidade de tantos funcionários, portanto, dom Gerald reduziu em dez por cento a quantidade de empregados.
Aliás, contasse a boca pequena, e isso parece mais intriga da oposição, que um outro motivo impulsionou dom Gerald na sua decisão.
IPT parece coisa daquele pessoal da periferia saint-paulina, aqueles socialistazinhos de mèrde.
Se ainda fosse IPSDB ou IPFL, ainda dava pra aturar, mas IPT...