quarta-feira, março 10, 2010

25656

Não tanto quanto pude perceber
Vendidas pelas ruas falsas telas
E nelas ilusões tantas revelas
Perpetuando o golpe do não ser.

Escrotas divindades, botequins,
Nas aguardentes todas represento
O peso de um completo desalento
E como se pudessem tão ruins

Os versos que costumo ler. Deveras,
Auto-crítica faço e me permito
Dizer que nem nos meus eu acredito,
Aquém do que precisas ou esperas.

Porém não admitindo uma mordaça
Por mais que escrotidão, eu sei já grassa....

25655

Provavelmente o tempo desconversa
E traz a realidade sobre a mesa,
A par do que se vende por surpresa
A sorte noutra senda segue imersa,

São crápulas deveras, nada mais,
E quando se percebe tais figuras
Diversas das que tanto me asseguras
Serem caricaturas, mas reais.

Embustes entranhados por sucesso
Paspalhos compram luzes dos falsários
E quando se percebem tais corsários
O preço que se paga é retrocesso.

Recebo quem quiser na minha mente,
E assim psicografia se desmente...

25654

O pensamento ronda que ainda
Não pode discernir qualquer verdade,
Aonde se quisera quase abade
A porta se fechara e assim se finda

A luta de um vazio por talvez
Querer ser algo mais e nunca expondo
Realidade aos poucos decompondo
Mesmo que em tal tolice sei que crês

O parto trouxe apenas tosco feto,
Apática figura filosófica
A face se mostrando quase atrófica
E nela com certeza me incompleto,

Purgando dentro em mim a força insana
Aonde em podridão a voz se emana...

25653

Não venha me falar do quanto existe
Do medo ainda vivo nos estúpidos
Momentos onde mesmo em toscos, cúpidos
Olhares se percebe ao fundo o triste.

Esquadros e compassos, réguas tês
E tanta engenharia não permite
Que o sonho ultrapassando algum limite
Diverso do que teimas e não vês,

Acuda esta versão aonde o nada
Transgride e traz no olhar terror e dolo,
E quando vez por outra em vão me imolo
A história há tanto tempo degradada

Esvai-se enquanto a vida se perdia
Na torpe sensação de hemorragia...